‘A criançada brasileira está prestes a contar com uma opção diante da enxurrada de programas estrangeiros veiculados na televisão. A exemplo do que já ocorre com diversos canais a cabo, a Fundação Padre Anchieta deve lançar até o final do ano a TV Rá-Tim-Bum, seu canal infantil 24 horas no ar, o primeiro com um conteúdo produzido exclusivamente no Brasil. Voltado para um público na faixa entre dois e dez anos, o canal manterá uma janela diária em sua programação, entre as 22h e a meia-noite, justamente a hora do ‘soninho’, dedicada a pais e educadores. O conteúdo será centrado no lado educacional dos programas.
Em sua fase inicial, a TV Rá-Tim-Bum planeja cobrir cerca de um milhão de assinantes da NeoTV e da DirecTV e apresentar uma seleção dos melhores programas acumulados no acervo da TV Cultura, no decorrer de 35 anos de funcionamento. Tudo devidamente reeditado, com vinhetas atualizadas. Programetes extraídos da série Rá-Tim-Bum – como Professor Tibúrcio, Família Teodoro -, histórias infantis do Lá vem história e quadros de sucesso da emissora deverão ser veiculados durante os intervalos das atrações. Em fase de produção, os novos episódios de séries como Cocoricó serão exibidos com exclusividade pelo canal, para depois chegarem à TV Cultura e à Rede Pública de Televisão.’
Laura Mattos
‘Ilha da fantasia’, copyright Folha de S. Paulo, 10/10/04
‘Um canal de TV 24 horas com programação infantil de qualidade, teledramaturgia e desenhos brasileiros, programas educativos, dicas para pais e educadores.
Após quase uma década ancorada em reprises e mais reprises, a TV Cultura promete emergir da crise e lançar a TV Rá-Tim-Bum em 12 de dezembro, Dia Internacional da Criança. Importante aposta numa televisão carente de boas opções infantis, o canal será fechado, restrito a, no máximo, cerca de 10% da população brasileira com acesso à TV paga.
Levará ao ar programas inéditos antes mesmo da rede aberta e é uma das prioridades na nova gestão da Cultura, que assumiu no mês de junho. Mantida majoritariamente com verbas públicas, a emissora afirma não ver paradoxo no projeto, cujo sustento virá de anunciantes, segundo o diretor de marketing, Cícero Feltrin.
Ele diz que os recursos gerados com a TV Rá-Tim-Bum poderão fomentar a programação infantil da Cultura, há um bom tempo preenchida basicamente por repetições e desenhos importados.
‘É óbvio que não estamos fazendo um movimento de deixar 89% da população vendo reprise e privilegiar os 11% que têm TV paga. São dois projetos diferentes, e os inéditos também passam na emissora aberta. Alguns programas serão feitos exclusivamente para a Cultura’, declara Feltrin.
A estratégia é aproveitar a força da marca que começou com o programa ‘Rá-Tim-Bum’ (1990) e migrou para o ‘Castelo’ e a ‘Ilha’, na TV e no cinema. Fechado, o canal tem a possibilidade de ser totalmente voltado a crianças, o que não seria viável na aberta. Com isso, poderá atrair a publicidade que busca a TV paga e atualmente se divide entre meia dúzia de importados, como Cartoon, Nickelodeon e Discovery Kids.
A Estrela foi a primeira a apostar na idéia e já assinou contrato de patrocínio, cujo valor a Cultura não revela. De acordo com o diretor de marketing, outras quatro empresas deverão aderir.
A fase atual é de definir quais operadoras oferecerão o canal a seus assinantes. A Cultura reuniu-se na semana passada com a NeoTV (associação de TVs a cabo que inclui a TVA) e recebeu OK para negociar com as 51 afiliadas. Net, Sky e DirecTV demonstraram interessem e têm encontros nos próximos dias. O plano é incluir a TV Rá-Tim-Bum nos pacotes mais básicos -e baratos.
Toda a programação será ancorada pelos bonecos Rá, Tim e Bum -um tatu, um pássaro e uma preguiça, respectivamente (com nomes diferentes, as figuras fizeram parte da série ‘Ilha Rá-Tim-Bum’). Eles servirão para orientar os telespectadores, reforçar a grife da TV e dar uma cara nova ao material de acervo.
Nos primeiros meses, pelo menos, as manhãs e tardes vão ser preenchidas com arquivo ‘repaginado’, segundo Feltrin. Ele diz que vídeos antigos passarão por um tratamento a fim de ganhar qualidade de película (imagem de cinema). Além disso, poderão ser reeditados. O plano é garimpar reportagens ou quadros feitos para diferentes programas, em épocas distintas, e criar, por exemplo, telejornais ‘seminovos’.
As madrugadas também serão de reprises, nesse caso, com rótulo de ‘maratona’. Serão seguidos episódios de teledramaturgia já fora de produção, como ‘Castelo’, ‘Ilha’ e ‘Mundo da Lua’.
Nos períodos matutino e vespertino, a idade do público-alvo aumenta conforme a hora. Quanto mais tarde, mais velha a criança a ser atingida. Das 18h às 22h, horário nobre, vão ao ar os inéditos. Com recursos ainda escassos para projetos mais ambiciosos (como um herdeiro do ‘Castelo’), a nova TV tem confirmado só um pacote de episódios do ‘Cocoricó’ (programa de bonecos premiado internacionalmente), a ser gravado a partir da próxima semana.
Exceto na faixa para pais e professores (após as 22h), não haverá adultos no ar. ‘Queremos criança falando para criança’, diz Feltrin.
A TV Rá-Tim-Bum poderá exibir programas de outras emissoras públicas e educativas do país.
A animação também será um dos principais focos, e um desenho do ‘Castelo’ está nos planos. Não à toa. Além de ter a produção barateada pelo avanço da tecnologia, o cartum é fenômeno mundial de audiência. No SBT, por exemplo, as ‘Meninas Superpoderosas’ deixam para trás no Ibope a Globo e seu programa da Xuxa, a ex-superpoderosa da TV.’
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‘Canal terá publicidade mais flexível’, copyright Folha de S. Paulo, 10/10/04
‘Além de atrair a publicidade da TV paga, a Cultura possui outra razão estratégica para produzir um canal fechado: a possibilidade de impor menos obstáculos à propaganda infantil. O fato de a emissora aberta ser pública impõe restrições a anúncios, especialmente em programas para crianças.
Não é permitido estimular o consumo de produtos, o que deveria limitar intervalos a comerciais institucionais. Já o canal pago estaria submetido a outra legislação. ‘É claro que teremos princípios também para anúncios da TV Rá-Tim-Bum, mas não estaremos sujeitos à regulamentação que cerca a Cultura’, diz Cícero Feltrin, diretor de marketing.
Além da verba de anunciantes, o canal contará com o dinheiro das operadoras, que terão de pagar para levá-lo a seus assinantes.
A TV Rá-Tim-Bum deverá reverter o faturamento para a própria Fundação Padre Anchieta (da qual a Cultura faz parte) e terá à disposição o acervo e a estrutura de produção da rede.’
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‘Semana terá novos programas e homenagens’, copyright Folha de S. Paulo, 10/10/04
‘Enquanto a TV Rá-Tim-Bum não fica pronta, a Cultura programou para a próxima terça-feira, Dia das Crianças, a exibição de ‘O Pequeno Urso – O Filme’, às 10h, e a estréia de dois desenhos animados importados, ‘Os Sete Monstrinhos’ (16h30) e ‘Cyberchase – A Corrida do Espaço’ (18h30).
As comerciais também preparam novidades. A Rede TV! põe no ar amanhã seu primeiro projeto de teledramaturgia infantil, ‘Vila Maluca’, série com humor a ser exibida de segunda a sexta, das 12h30 às 13h e das 16h30 às 17h. O cenário é uma vila operária da década de 50, e a direção está por conta de Cláudio Callao, um ex-diretor de novelas do SBT, que comandou ‘Canavial de Paixões’.
Na Bandeirantes, a programação para a criançada tem horário de adulto. No ‘Boa Noite Brasil’, às 22h de terça, será lançada a campanha ‘Band Vida’, uma espécie de ‘Criança Esperança’, que arrecadará fundos para crianças com câncer. A maratona mesmo só vai ao ar em 7 de novembro, mas os números para doação serão divulgados nesse ‘Boa Noite’ ‘infantil’, cujos convidados vão dos sertanejos Edson & Hudson a Kelly Key, âncora de desenhos animados nas tardes da emissora.
Amanhã e terça, a apresentadora -aposta da diretora Marlene Mattos na sobrevida da ‘era das loiras’- contará histórias infantis no ar.
O SBT também faz homenagem noturna aos ‘baixinhos’. Amanhã, às 22h30, vai ao ar um programa da Hebe temático. No mesmo horário, na terça-feira, será exibido o filme ‘Dálmatas’. Na TVE do Rio de Janeiro, vão ao ar curtas-metragens infantis -entre eles, um ‘O Casamento de Iara’, com Patrícia Pillar- que poderão migrar para a TV Cultura até o final do ano.’
AMÉRICA
‘Preta Gil decide se será funkeira em novela’, copyright Folha de S. Paulo, 11/10/04
‘É o papel de cantora de funk da Baixada Fluminense que espera Preta Gil na próxima novela das oito da Globo, ‘América’, de Glória Perez. A substituta de ‘Senhora do Destino’ entra no ar no mês de março, justamente quando vence o contrato da filha do ministro da Cultura como apresentadora da Bandeirantes.
Fora a óbvia tentação de atuar no horário de maior audiência da TV, apesar de sua pouca experiência no ramo, há outro atrativo no convite global: Preta poderá incluir uma música de seu próximo CD na trilha da novela e aproveitar o personagem para ‘turbinar’ a carreira de cantora. ‘Isso tudo é real e muito tentador. O convite me deixou em ebulição e aflição. Quem não quer fazer uma novela da Glória Perez?’, afirma.
A resposta, diz, só virá no fim deste ano ou início do próximo. Mas ela, que começou na TV com um papel secundário em ‘Agora É que São Elas’ (Globo), dá outra pista de que o ‘sim’ é mais provável do que o ‘não’. ‘Estudei para ser atriz e cantora. Já a idéia de ser apresentadora, a princípio, não era minha, foi despertada em mim pela Marlene [Mattos, diretora artística da Band].’
Preta afirma estar bem na Band e tranqüila com o fato de a direção da emissora ter passado a fazer cortes em seu ‘Caixa Preta’ e controlado seu linguajar. Levada à TV por Marlene, ela não é mais a ‘paquita rebelde’ da estréia, há menos de quatro meses. ‘Enquadrada’, evita palavrões e histórias muito picantes.
‘Estou mais consciente do que significa ter programa numa TV aberta. Existia todo um romantismo de que pudesse ser totalmente eu mesma, falar minhas bobagens, palavrão. Tenho de me adequar à Band e me autocensurar sim, porque devo respeito ao telespectador e às regras do canal.’
Coincidência ou não, o começo escrachado -no qual chegou a contar que tentou ‘ficar’ com a modelo Mariana Weickert- rendeu cinco pontos de média no Ibope, e a seqüência ‘comportada’ caiu para algo entre dois e três (cada ponto equivale a 49,5 mil domicílios na Grande SP), abaixo das expectativas da rede.
Preta diz não ver relação entre sua mudança de comportamento e a audiência. ‘Na estréia, existe um público maior que assiste, e quem gosta passa a ver sempre. Pode parecer pouco, mas subimos 0,2 ou 0,3 por semana, o que em TV é muito. O ‘Caixa Preta’ [no ar aos sábados, às 22h] está pegando. O Fausto [Silva] e o Luciano Huck na Band davam média de 1,5.’
A direção da Band corta o que considera ‘excessivo, over’. ‘Se fosse numa emissora fechada ou numa MTV da vida, talvez pudesse falar todos os palavrões.’’
SENHORA DO DESTINO
‘Autor se esconde na abertura de ‘Senhora’’, copyright Folha de S. Paulo, 10/10/04
‘Autor de ‘Senhora do Destino’, Aguinaldo Silva aparece todos os dias na abertura da novela das 21h da Globo. Ele é um dos ‘figurantes’ (como o ‘Casseta & Planeta’ chama as pessoas que surgem em preto-e-branco na vinheta).
‘Sou eu, sim, o Wally que muda de lugar todos os dias. A cada capítulo eu estou atrás de um ator diferente. Foi uma brincadeira que o Hans Donner [responsável pelo design da Globo] quis fazer’, conta Silva.
Nos primeiros 30 capítulos, Silva apareceu no mesmo lugar. Depois, a abertura passou a ser renovada todos os dias (para que todo o elenco aparecesse) e Silva começou a brincar de ‘onde está Wally?’.
OUTRO CANAL
Inusitado
‘Um VJ, um Ator, umas Mentiras…’ é o original nome da série que estréia na MTV no dia 17. Irá contar, com ‘algumas invenções’, segundo o canal, a história de Marcos Mion. E será um teste para a MTV investir em 2005 em novela ou seriado.
Cenário
A última cena de ‘Senhora do Destino’ será gravada em cachoeira de Paulo Afonso, perto de Belém do São Francisco, onde a novela começou. A trama, aliás, será esticada em três semanas. O último capítulo agora vai ao ar em 11 de março.
Campanha
Monique Evans está mobilizando seus amigos para que eles enviem e-mails à produção do ‘Domingo Legal’ (SBT) elogiando seu quadro. Quer ser efetivada.’