Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Lula chama jornais de ‘capengas’ por tom negativo


Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas. 
 


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 9 de setembro de 2009 


 


MÍDIA


Folha de S. Paulo


Em coluna, Lula chama jornais de ‘capengas’


‘O presidente Lula voltou ontem a criticar a imprensa em sua coluna semanal ‘O Presidente Responde’. Sem dar nomes, o petista chamou de ‘capengas’ alguns jornais que, segundo ele, produzem reportagens negativas.


‘Parecem ter se especializado apenas em notícias negativas, de modo que se tornaram capengas, deixando de transmitir as variadas dimensões da realidade’, disse, na coluna publicada em 145 jornais.


A crítica veio na resposta a um professor de Fortaleza que questionou se é verdade que o presidente não lê jornais e tem desprezo pelo conhecimento.


Lula respondeu que todas as manhãs recebe ‘um panorama de tudo o que foi tratado pela imprensa’.


Em relação à indagação sobre ‘desprezo pelo conhecimento’, Lula disse que, se tivesse, jamais chegaria à Presidência.’


 


 


REFORMA


Fábio Zanini


Congresso põe novo freio à internet na eleição


‘A nova versão da reforma eleitoral, que deve ser votada hoje pelo Senado, proíbe sites e portais de jornalismo de ‘fazer propaganda eleitoral de candidato, partido político ou coligação’. Segundo o texto, também fica vedado ‘dar tratamento privilegiado a candidato, partido ou coligação, sem motivo jornalístico que justifique’.


A redação consta de emenda a ser apresentada em plenário pelos dois relatores da matéria, Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Marco Maciel (DEM-PE).


O texto não define propaganda eleitoral ou tratamento privilegiado na internet. Também não diz o que seria motivo jornalístico justificável para privilegiar numa reportagem ou entrevista um determinado candidato. Isso poderá dar margem a que a Justiça Eleitoral restrinja a cobertura jornalística na rede.


Em contraposição à emenda dos relatores, o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), apresentará outra em que suprime as referências à cobertura na internet da nova lei.


‘Estamos esclarecendo um ponto que veio da Câmara, não no sentido de censurar a internet, mas de dar tratamento equilibrado a todos os candidatos’, afirmou Azeredo.


Segundo ele, a liberdade que sites terão nas campanhas será a mesma de que desfrutam os veículos impressos. ‘O que valer para o jornal impresso valerá para o jornal on-line’, disse.


A emenda foi acertada em reunião ontem entre Azeredo, Maciel e o relator da matéria na Câmara, Flávio Dino (PC do B-MA). Mercadante também participou, mas não se comprometeu com o texto.


A emenda de Azeredo e Maciel proíbe ainda que sites divulguem pesquisas eleitorais com ‘manipulação de dados, ainda que sob a forma de entrevista jornalística’. A multa para quem desrespeitar a regra varia de R$ 5.000 a R$ 30 mil.


Também de acordo com o texto, os debates entre candidatos ficam sujeitos às regras da TV, embora a internet não seja uma concessão pública. Devem ser convidados no mínimo dois terços dos candidatos, desde que todos pertençam a partidos ou coligações com ao menos dez parlamentares.


A emenda assegura ‘livre manifestação de pensamento’ em blogs de pessoas físicas e redes sociais, o que inclui a opinião favorável a candidatos.


De acordo com Azeredo, blogs de jornalistas que estão hospedados em portais estão incluídos. ‘Blog jornalístico que faz parte de portal continua sendo blog e portanto está liberado’, afirma.


Mercadante disse que não concorda com a emenda dos relatores e que vai insistir na revogação total do artigo da nova lei que dispõe sobre a cobertura na internet. ‘O homem público que teme sofrer crítica na internet é como o guarda noturno que teme trabalhar a noite. Tem que mudar de profissão.’’


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Tietê e os dois irmãos


‘Na Record e na Band, os telejornais do início da noite narraram, com helicópteros e câmeras por toda São Paulo, a ‘tragédia’ e o ‘caos’.. Abriram pelos alagamentos em diversos bairros, depois focaram a Marginal Tietê, ‘que há muito não vivia situação assim’, segundo o âncora Reinaldo Gottino, no ‘SP Record’. ‘Faz tempo que não vejo o Tietê transbordar’, ecoava José Luiz Datena no ‘Brasil Urgente’.


Mas a tragédia maior estava em outra parte. Com câmera no chão, a Record mostrou o ‘desespero’ nas buscas pelos dois meninos soterrados na Zona Leste, quando ‘jogavam videogame’. Por fim, entrou a imagem do corpo pequeno, levado por bombeiros. A Band surgiu depois, sem a cena, mas com drama, ‘quem é que devolve a vida dessas crianças?’.


Na Globo, primeiro surgiu Fátima Bernardes nos intervalos, com a busca pelos meninos e citando que ‘os rios Pinheiros e Tietê transbordaram’. O ‘SPTV’, depois, começou pelas ‘duas crianças’, ressaltando que a subprefeitura ‘disse que tentou retirar, meses atrás, mas a família resistiu’. No ‘Jornal Nacional’, a prioridade mudou para Santa Catarina.


LIXO


No topo do UOL e de outros portais e sites, até a confirmação da morte dos meninos, ‘Chuva interdita as marginais Tietê e Pinheiros’, manchete da Folha Online. Em parte ao menos, pelo lixo acumulado


‘TORNADO’


No alto das buscas de Brasil por Yahoo News e Google News, ‘Tornado e tempestades matam 14 na Argentina e no Brasil’, despacho da AP.. No espanhol ‘El País’, do correspondente em Buenos Aires, ‘Pelo menos dez mortos na Argentina e quatro no Brasil, por tornado’. O texto começa com um relato feito de San Pedro, ‘O vento arrancou o bebê dos braços de uma mulher’.


LULA CAI, EMPREGO SOBE


No meio do dia, as manchetes on-line anunciavam que a ‘Aprovação ao governo Lula oscila quatro pontos para baixo’, segundo UOL e Folha Online, ou ‘cai’, segundo G1 e Terra, com base na pesquisa CNT/Sensus.


Mas o destaque on-line logo passou para ‘Emprego na indústria volta a crescer’, com o levantamento do IBGE, ‘após nove meses de queda’. E no exterior o ‘Guardian’ noticiou que no ‘mercado global de emprego’, segundo o levantamento Manpower com empregadores ao redor do mundo, a Índia surge como país com maior perspectiva de recuperação, pós-crise. O Brasil é o segundo.


E O DÓLAR AFUNDA


No ‘Wall Street Journal’, ‘Dólar afunda diante de rivais’, com ‘aposta de que o resto do mundo sai da recessão antes dos EUA’.


No britânico ‘Telegraph’, o editor de economia opinou que a ideia da ONU de trocar o dólar por moeda global ‘devia ter vindo antes’. No mesmo jornal, ecoando em sites americanos, a China se disse perplexa com a manutenção pelos EUA da política de imprimir dólares para ‘liberar crédito’.


Ao fundo, destacaram ‘WSJ’ e outros, os EUA foram derrubados do posto de ‘economia mais competitiva’ pela Suíça. E ‘líderes emergentes como a China e o Brasil elevaram a competitividade, apesar da crise’.


‘ATOR GLOBAL’


Para o ‘Le Monde’, o acordo Brasil-França sublinha a ‘corrida armamentista’ na região. Como relatou a BBC Brasil , jornais argentinos como ‘Clarín’ e ‘La Nación’ fizeram a mesma avaliação e usaram a mesma expressão, ao informar ontem a compra dos jatos e a parceria.


Também no ‘Clarín’, o analista Rosendo Fraga disse que confirma o Brasil como ‘único sul-americano com vocação de ator global’.


‘DESAFINADO’


No editorial ‘Uma nota de ‘desafinado’ na política de petróleo do Brasil’ [A desafinado note in Brazil’s oil policy], o ‘Financial Times’ segue no questionamento a Lula ‘e sua protegida, herdeira e ministra-chefe Dilma Rousseff’. Ataca a concentração da exploração do pré-sal na Petrobras, sem a ‘disciplina do mercado’. Diz estar em risco o ‘esquerdismo pragmático (e bem-sucedido) do Brasil’.’


 


 


TELEVISÃO


Daniel Castro


Audiência da Record é maior onde Igreja Universal é forte


‘O desempenho da Record no Ibope tem estreita ligação com a presença da Igreja Universal do Reino de Deus. Levantamento obtido pela Folha revela que a emissora tem mais audiência onde a igreja é mais forte e menos onde a instituição tem menos templos.


O Rio de Janeiro é hoje a capital onde a Record tem a maior audiência. Em julho, a emissora marcou média diária de 8,8 pontos no Grande Rio.


Dos Estados em que há medição do Ibope, o RJ é o que tem mais templos da Igreja Universal por habitante. São 26.730 pessoas por templo.


O Ceará, com 30.311 pessoas por templo, é o terceiro Estado com maior penetração da Universal. Não por acaso, Fortaleza é a segunda maior audiência da Record: 8,6 pontos em julho.


O Distrito Federal, segunda maior relação templo/habitante (1 para cada 28.336), foi a terceira maior audiência da Record em julho (7,6 pontos).


Na outra ponta, Belo Horizonte é o pior mercado nacional da Record. Lá, sua média em julho foi de 4,2 pontos, pouco menos da metade de Fortaleza. Em Minas Gerais, a Universal tem, proporcionalmente à população, metade dos templos do Ceará. São 60.525 habitantes por templo.


Nos Estados do Sul, onde a Record têm audiências inferiores à média nacional (7,0 em julho), estão a segunda (RS) e a terceira (PR) menores penetrações da igreja.


Pernambuco tem menos templos por habitante (1 para 91.773 pessoas) entre os Estados com Ibope. Em Recife (5,5 pontos), a Record também está abaixo da média nacional.


VIDRAÇARIA 1


A Globo planeja instalar casas de vidro em cinco capitais brasileiras para selecionar participantes da próxima edição de ‘Big Brother Brasil’. A ideia é colocar um casal em cada casa de vidro e promover uma ‘guerra entre Estados’. O Estado que gerar mais votos emplaca seu casal no reality show.


VIDRAÇARIA 2


O projeto das casas de vidro, no entanto, ainda depende de viabilidade comercial.


OUTRO LADO


J.B. de Oliveira, o Boninho, diretor de ‘No Limite’, nega que produtores estejam deixando o programa, por causa da pressão. Diz que houve uma única baixa na equipe, de um profissional que foi demitido.


VERMELHO


É crítica a situação de Hebe Camargo no SBT. Seu contrato vence no final do ano e ainda não há sinais de que será renovado. Seu programa, que já foi uma das maiores audiências e receitas da emissora, desabou no Ibope. E não reage.


ROXO 1


Em tentativa de melhorar o desempenho de ‘Bela, a Feia’, a Record antecipou o ‘Jornal da Record’ anteontem para as 19h30. Com 5,5 pontos de média, o telejornal teve seu pior desempenho neste ano. E a novela, às 20h15, não decolou.


ROXO 2


A melhor audiência da Record na segunda foi o ‘Repórter Record’, com 8,4 pontos. ‘Poder Paralelo’ teve só 6,7.’


 


 


Thiago Stivaletti


TV paga diminui janela de estreia de séries no Brasil


‘‘True Blood’, a série de vampiros da HBO, estreou em setembro de 2008 nos EUA e demorou quatro meses para estrear na HBO brasileira. Para a segunda temporada, os vampiros atacaram mais rápido: foi apenas um mês de janela entre as estreias americana e brasileira. Enquanto isso, na internet, a série foi a mais baixada na segunda semana de agosto, segundo o site ‘ShowInsider’ (www.showinsider.com).


O mesmo aconteceu ao doutor House, que tem atendido seus espectadores brasileiros cada vez mais rápido: a sexta temporada, que começa dia 21 nos EUA, chega apenas um mês depois ao Brasil.


Essas janelas mais estreitas indicam um esforço dos canais de TV paga em estrear suas séries o mais rápido possível por aqui. ‘Não tem como ignorar o apelo de séries como ‘Heroes’ junto a um público mais jovem e conectado à internet. Em casos como esse, o melhor é exibir o quanto antes’, diz Paulo Barata, diretor de programação da Universal.


‘Porém, em outros casos, como ‘Brothers and Sisters’, com roteiro amarrado, vale esperar e sair com bom número de episódios na gaveta para garantir que não haverá intervalos de exibição durante a temporada.’


Barata explica que o tempo de licenciamento, um dos fatores que pode fazer uma janela aumentar, varia entre ‘vendedores’. Licenciar uma série produzida por um canal a cabo pode ser mais rápido que negociar com uma emissora aberta.


Boa parte dos diretores de programação, porém, nega que a popularização do download na internet seja uma das causas desses esforço. ‘Não tem a ver com download. Com o sucesso de ‘True Blood’, tentamos diminuir ao mínimo o intervalo’, diz Gustavo Grossman, da HBO Latin America.


Wilma Maciel, diretora de programação do Warner Channel, explica o caso de ‘Smallville’, que estreou no Brasil com 11 meses de janela, mas cujas cinco temporadas mais recentes chegaram com apenas um mês e meio de intervalo. ‘Na primeira temporada, não sabíamos como o público ia responder. Hoje, por ser um dos nossos maiores ‘ratings’, ela tem tratamento especial.’


Programação rígida


Se Warner, Universal e HBO se esforçam para estrear mais rápido suas séries, canais como Sony e People+Arts seguem estratégia mais rígida. No Sony, séries como ‘Grey’s Anatomy’ e ‘Desperate Housewives’, que estreiam novas temporadas em setembro nos EUA, só começam a ser exibidas aqui em fevereiro. Segundo a assessoria do canal, o objetivo é eliminar intervalos de exibição durante a temporada.


No People+Arts, ‘Rescue Me’ estreou sua primeira temporada no Brasil em maio, enquanto os EUA já exibem a quinta temporada. Por que investir em uma série mais velha? ‘Procurávamos uma série que tivesse grande apelo dramático’, explica André Rossi, gerente de programação do canal.’


 


 


INTERNET


Gustavo Villas Boas e Raquel Cozer


Império dos livros


‘Um vilão a ponto de monopolizar a informação do planeta ou um herói disposto a organizar os livros do mundo? A intenção do Google, anunciada em 2004, de criar uma gigantesca biblioteca virtual ganha agora contornos dramáticos.


Na sexta passada, terminou o prazo oferecido pelo Google para que editoras e autores de todo o mundo se manifestassem contra a sua proposta de digitalizar e disponibilizar, no Google Books, livros que ainda não estão em domínio público, mas que não são encontrados nas livrarias dos EUA. Milhões de títulos caem nessa categoria.


Defensores dizem que o projeto traz à tona volumes aos quais leitores não teriam acesso. Para críticos, ele fará o Google monopolizar o patrimônio cultural concentrado em livros.


O prazo para manifestações contra o Google foi estipulado por um polêmico acordo, no estilo ‘quem cala consente’, firmado entre a empresa e autores e editores americanos.


Pelo texto, o Google ‘poderá vender acesso a livros individuais e assinaturas […], colocar anúncios […] e fazer outros usos comerciais’, e 63% dos rendimentos serão destinados aos donos dos direitos. Em troca, estes abrem mão de processar o Google por já ter disponibilizado livros sem permissão. Em 7/10, a Justiça dos EUA decide a legalidade do termo.


Os livros seriam vendidos só a internautas dos EUA, mas o governo alemão afirma que é fácil driblar esse tipo de restrição na rede e que arquivos poderão ser vistos no mundo todo. Entre os milhões de livros escaneados pelo Google, estão títulos cujos direitos pertencem a editoras e a autores brasileiros -que, em muitos casos, nem sabem o que é o acordo.


‘Um livro brasileiro escaneado pelo Google poderá ser parcialmente exibido e comercializado nos EUA como se fosse publicado por lá’, afirma Rodrigo Velloso, diretor de novos negócios do Google Brasil.


O imbróglio começou há cinco anos, quando o Google firmou parceria com instituições como as universidades Harvard e Oxford para digitalizar acervos. Acontece que a empresa não foi atrás dos donos dos direitos de obras fora de domínio público -dos 7 milhões de títulos parcial ou integralmente disponíveis no Google Books, apenas 1 milhão está em domínio público. Editores e autores dos EUA entraram com ações contra o Google, e depois firmaram o acordo (veja quadro).


Em oposição, Microsoft, Yahoo, Amazon e Internet Archive criaram, no mês passado, a Open Book Alliance. ‘Queremos alertar o público dos problemas que esse monopólio do livro digital representa para a inovação’, diz à Folha Peter Brantley, porta-voz do grupo. ‘A exigência de que autores e editoras estrangeiros precisem reivindicar suas obras revoga convenções internacionais de propriedade intelectual.’


A Amazon, que vende livros físicos e digitais, mandou documento à Justiça criticando o Google. O sindicato dos autores dos EUA, Authors Guild, ex-rival e atual parceiro do Google, viu ‘hipocrisia’. ‘Amazon acusa mais alguém de monopolizar a venda de livros’, ironizou.


Para Velloso, a palavra ‘monopólio’ é exagero, pois ‘o acordo se aplica só a livros não comercialmente disponíveis nos EUA.’ ‘Muito mais poder seguirão tendo os grandes varejistas’, ele diz -um exemplo de varejista é a Amazon. Segundo ele, o acordo beneficia editoras e autores, que terão ‘nova fonte de receitas para obras’.’


 


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 9 de setembro de 2009 


 


LULA


Leonencio Nossa


Presidente critica jornais ‘capengas’, com notícia negativa


‘O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ontem a criticar a imprensa. Na Coluna Semanal do Presidente, informativo divulgado pela Secretaria de Imprensa do Palácio do Planalto, ele qualificou de ‘capengas’ jornais que, na sua avaliação, só publicam notícias negativas.


‘Eu concedo entrevistas praticamente todos os dias e não poderia dar informações se não tivesse informações’, disse Lula, em resposta a um professor de Fortaleza que indagou se era verdade que ele não lia jornais e tinha desprezo pelo conhecimento. ‘Em relação aos jornais: alguns deles parecem ter-se especializado em notícias negativas, de modo que se tornaram capengas, deixando de transmitir as variadas dimensões da realidade.’


‘Na democracia, quem tem desprezo pelo conhecimento jamais chega a presidente’, frisou Lula. Em janeiro, a revista Piauí divulgou entrevista na qual ele afirmou que não lia jornais, sob alegação de que as notícias lhe davam ‘azia’.’


 


 


ESTADO SOB CENSURA


Fausto Macedo


Procurador critica lentidão do tribunal do DF


‘‘O que me estranha nesse caso é que o julgador senta em cima de um processo dessa importância e não leva a julgamento algo que é urgente’, declarou ontem o procurador regional da República Osório Silva Barbosa Sobrinho, referindo-se à censura imposta ao Estado pelo desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF).


A censura foi decretada em 31 de julho. Vieira proibiu o jornal de publicar reportagens sobre a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, que envolve o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).


O jornal ingressou com duas exceções de suspeição do desembargador – ele mantém relações sociais com os Sarney – e um mandado de segurança. Até agora o TJ-DF não julgou. ‘Toda pessoa tem direito de questionar perante o Judiciário aquilo que lhe atinge’, diz o procurador. ‘Ninguém está imune a responder à Justiça. Mas a obrigação do Judiciário é dar uma resposta urgente.’


Osório Sobrinho integra o Núcleo de Tutela Coletiva do Ministério Público Federal em São Paulo. ‘Sem entrar no mérito da ação, digo que não existe direito absoluto. Mas se a pessoa (Vieira) que está julgando mantém vínculos com a família interessada acaba encontrando dificuldades em julgar.’


Para o procurador, ‘caberia a ele (Vieira), a princípio, se afastar’.. ‘Se não o faz demonstra interesse pessoal na causa. Ou então que seus pares assumam o julgamento em caráter de urgência. Não pode demorar tanto tempo. Nada dá direito a um julgador de levar indefinidamente a demanda. Tem mais é que colocar em julgamento para que as partes, inclusive o Estado, possam recorrer a outra instância, se for o caso.’


Osório Sobrinho avalia que ‘está havendo censura sem julgamento’. Argumenta sobre o papel dos tribunais. ‘Se o relator não decide, não julga, como é que fica? Os tribunais são colegiados, não pode prevalecer a opinião de um. É questão constitucional. O TJ está tirando atribuição do Supremo Tribunal Federal. São três desembargadores na turma, ninguém pode julgar sozinho. Aliás, ele (Vieira) nem está julgando.’


Quarenta dias de mordaça no Estadão impressionam o procurador. ‘É um caso emblemático que requer resposta imediata do Judiciário porque causa insegurança total.’ O procurador já atuou no Amazonas, onde ocorreu censura. ‘Um desembargador, acusado de venda de sentenças, decidiu em seu próprio favor, mas lá o tribunal agiu rapidamente e cassou a censura. O tribunal tem que ter sensibilidade e não ficar empurrando.’’


 


 


VENEZUELA


Ruth Costas


Filme sobre Chávez revolta oposição


‘O lançamento do filme do cineasta americano Oliver Stone sobre Hugo Chávez foi recebido com indignação pelos críticos do presidente venezuelano em seu país. O documentário South Of the Board (Ao Sul da Fronteira, em tradução livre) – que, segundo Stone, é uma resposta à ‘hostilidade gratuita da mídia internacional’ contra Chávez – foi apresentado no Festival de Veneza na segunda-feira.


O presidente venezuelano assistiu à sessão ao lado de Stone e do escritor anglo-paquistanês Tariq Ali, um dos roteiristas. ‘Chávez é um herói, um fenômeno’, disse o cineasta, num momento em que o líder venezuelano é acusado em seu país de perseguir a oposição, cercear a liberdade de imprensa e sufocar a iniciativa privada.


As reações ao filme começaram na internet. Alguns comentários em blogs e sites de notícias eram furiosos. ‘Oliver Stone devia viver uns meses em Caracas, ao lado de uma família comum, para ver a realidade do socialismo na Venezuela’, escreveu um leitor, identificando-se como Carlos Valderrama, no site do jornal El Universal.


As associações e grupos opositores também se mostraram descontentes. ‘Enquanto Chávez dava autógrafos e era recebido em Veneza com tapete vermelho, aqui na Venezuela os meios de comunicação noticiavam que mais de 50 pessoas foram mortas no fim de semana e dois estados terão de racionar energia porque a infraestrutura do país está em frangalhos’, disse ao Estado o presidente do Colégio Nacional de Jornalistas, William Echeverría, que também vem denunciando as agressões contra jornalistas de aliados do presidente.


‘O filme tem muito pouco valor documental e ao que parece é uma peça de propaganda’, completou Teodoro Petkoff, diretor do jornal opositor Tal Cual. ‘Reflete a típica fascinação de intelectuais americanos e europeus pelos homens de ação. Não acredito que Stone agiu de má-fé, mas seu trabalho é fruto de ingenuidade política.’


A proposta de Stone era mostrar ‘a revolução’ promovida na região por Chávez, com a ajuda do boliviano Evo Morales, o equatoriano Rafael Correa e outros líderes latino-americanos. Até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dá seu depoimento. ‘O cineasta está fascinado pelo personagem (Chávez), mas não dá muita atenção à realidade, ao contexto no qual ele está inserido’, diz Petkoff.


Nos últimos anos, outras celebridades internacionais demonstraram sua admiração por Chávez. O ator Sean Penn, ganhador do Oscar 2009 por Milk, a Voz da Igualdade, visitou o venezuelano duas vezes e não esconde a simpatia pelo seu projeto socialista. A modelo Naomi Campbell entrevistou Chávez em 2008 para a revista britânica GQ e o definiu como um ‘anjo rebelde’. Na época, até surgiram rumores de um caso entre os dois.


Chávez passou por Veneza após um giro por países da África e do Oriente Médio. Ontem, ele chegou à Bielo-Rússia para negociar acordos em diversos setores, como o petrolífero e o automobilístico. ‘Saudações do eixo do mal’, ironizou Chávez, ao cumprimentar o presidente bielo-russo, Alexandr Lukashenko.’


 


 


FOTOGRAFIA


Camila Molina


A arte do portrait pelo fotojornalismo


‘Definir uma pessoa por meio de apenas uma imagem é uma tradição que remonta à Antiguidade. E na fotografia, especialmente no jornalismo, o gênero do retrato, ou portrait, é uma arte e não uma foto ‘instantânea’ que contempla, como afirma o crítico e repórter especial do Caderno 2, Antonio Gonçalves Filho, uma relação muito estreita com os retratos pintados da era vitoriana: os fotorrepórteres traduzem com criatividade a personalidade e a profissão de um retratado se valendo de um cuidado formal tal como num quadro.. Essa é a tônica da mostra Portraits – Fotojornalismo em O Estado de S.. Paulo, que será inaugurada hoje na abertura da 3ª edição da feira SP-Arte/Foto/2009, no Shopping Iguatemi. Com curadoria de Gonçalves Filho, a exposição apresenta dez retratos de personalidades do meio cultural feitos por premiados fotógrafos do jornal.


Quando o crítico foi convidado pela diretora da feira, Fernanda Feitosa, para fazer uma exposição com fotografias do Estado dentro de um espaço cedido pelo evento, a ideia de dar destaque ao portrait surgiu naturalmente. ‘Era uma maneira de fugir do formato das mostras de fotojornalismo, que privilegiam as tragédias cotidianas’, diz Gonçalves Filho. Para a pré-seleção das imagens, todos os repórteres fotográficos foram chamados a enviar portfólio – sem identificação do nome do fotógrafo – com retratos que tinham feito para a área artística. ‘Foi uma seleção no escuro, pelo impacto das imagens’, diz o curador, que, com trabalho, chegou à escolha de dez portraits, assinados por Antonio Milena (da atriz Bibi Ferreira), Eduardo Nicolau (do músico Edgard Scandurra), Ernesto Rodrigues (do escritor José Saramago), Jonne Roriz (da atriz Leticia Sabatella), José Luis da Conceição (do estilista Alexandre Herchcovitch), José Patrício (do ator Paulo Autran), Hélvio Romero (do cantor e compositor Paulinho da Viola), Márcio Fernandes (do bibliófilo José Mindlin), Paulo Liebert (do cineasta Wim Wenders) e Paulo Pinto (dos cantores Seu Jorge e Ana Carolina).


Os retratos foram clicados entre 2003 e 2009 e revelam um diálogo particular entre os modelos e os fotojornalistas. Muitas são as histórias por detrás das obras, mas, como afirma o curador, ‘nenhuma palavra conseguiria ser tão autêntica como documento’. Paulo Autran, pouco antes de morrer, em 2007, se despede de uma plateia. Bibi Ferreira, no camarim meio escuro, tem uma expressão facial ‘que traduz sua carreira’, diz Gonçalves Filho, remetendo à de seu papel em Gota D’Água. Obras de artistas.


Serviço


SP-Arte/Foto. Shopping Iguatemi. Av. Brig. Faria Lima, 2.232, 3094-2820. 5.ª e 6.ª, 15 h/21 h; sáb. e dom., 14 h/21 h. Grátis. Até 13/9.. Abertura hoje, às 15 h’


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Timão vira desenho


‘O Corinthians e seus pequenos torcedores vão virar estrelas de um desenho animado. De olho no público infantil, o Timão planeja a produção de uma série animada para estrear em 2010 na TV.


Segundo fontes ligadas ao clube, a atração, que terá como protagonistas torcedores mirins do Corinthians, já está sendo negociada com canais pagos e abertos, entre eles, o SBT, que demonstrou muito interesse no projeto.


A ideia surgiu após o sucesso do livro infantil sobre a história do time, Meu Pequeno Corintiano, de Serginho Groisman.


O departamento de Marketing do Corinthians ainda não sabe quantos episódios terá a animação, nem a duração deles, mas já está atrás de eventuais patrocinadores.


Outra negociação envolve a criação de personagens baseados em jogadores que fazem parte da história do Corinthians, como o Ronaldo. O clube ainda não sabe se poderá usar a imagem do craque na animação, o que agregaria muito mais ao projeto.


O desenho terá ainda personagens de outros times, como um palmeirense, um são-paulino e um torcedor de um time carioca.’


 


 


 


 


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