Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Maeli Prado


‘Um texto escrito por uma colunista do diário americano ‘The Wall Street Journal’, condenando a suposta falta de empenho da Argentina em combater o terrorismo internacional, desencadeou uma briga entre o jornal e o governo argentino.


O polêmico artigo de Mary Anastasia O’ Grady, uma ex-analista de investimentos do banco Merryl Lynch e considerada uma colunista conservadora influente nos Estados Unidos, foi reproduzido no jornal argentino ‘La Nación’ no dia 16 de julho.


Intitulado ‘Não esperem que a Argentina ajude a combater o terrorismo’, o texto diz que o governo americano deve ser ‘duplamente cuidadoso’ com a Argentina e afirma que o país é ‘a Arábia Saudita da América do Sul, antes do 11 de Setembro’.


Para embasar a acusação, lembra o fato de a Justiça do país não ter autorizado as extradições do chileno Sergio Galvarino Apablaza, antigo líder do grupo extremista Frente Patriótica Manuel Rodríguez, e de Jesús María Lariz Iriondo, um suposto terrorista do grupo terrorista basco ETA.


‘Para compreender a solidariedade do governo Kirchner, vale a pena prestar atenção a um de seus políticos partidários mais importantes, Hebe de Bonafini, líder do grupo Mães da Praça de Maio, que festejou o que aconteceu no 11 de Setembro’, diz o artigo.


O texto mexeu com os brios do governo argentino. No último sábado, o chanceler argentino, Rafael Bielsa, respondeu às críticas em um artigo no mesmo ‘La Nación’, em que desqualifica a colunista. Afirma que a visão de O’ Grady é igual à dos principais pensadores do neoliberalismo e termina seu rechaço à posição da colunista com as duas seguintes frases: ‘É difícil acumular tantas infâmias em tão poucas palavras’ e ‘Que Deus e a história as julguem por tanta ignomínia’.


Um novo round da briga ocorreu ontem, com um editorial do ‘The Wall Street Journal’.


No texto, o jornal ironiza as afirmações de Bielsa sobre o neoliberalismo da colunista afirmando que os peronistas têm uma ‘filosofia diferente, a julgar por sua recente história de contratos quebrados, destruição de bens em dólares por meio da pesificação e do rebaixamento do preço dos bônus argentinos de US$ 1 para US$ 0,34’.


Um editorial de ontem do argentino ‘La Nación’ também condena as afirmações de Rafael Bielsa. ‘[Bielsa] lamentavelmente, em vez de responder às sólidas questões colocadas pela jornalista, se esforçou por desqualificá-la por sua ideologia’.’


 


CAÇADA NO ORKUT


Luís Ferrari e Kleber Tomaz


‘Polícia caça no Orkut vândalos da Paulista’, copyright Folha de S. Paulo, 21/7/05


‘O Orkut, site de relacionamentos que virou coqueluche no Brasil há cerca de um ano, recebeu confissões de culpa de vandalismo. Revoltados com a polícia, torcedores são-paulinos que participaram de cenas de depredação na avenida Paulista na madrugada da última sexta-feira, usaram a página da internet para se vangloriarem de suas atitudes. E já são investigados por causa disso.


‘Isso é confissão de crime e tem valor de prova. Vamos ouvir essas pessoas para esclarecer’, declarou Mário Jordão Toledo de Leme, delegado da 1ª Seccional. ‘Já pedi cópias das páginas, pois algumas mensagens foram apagadas.’


Segundo ele, o caso será investigado pelo 78º Distrito Policial. ‘Se ficar comprovado que eles causaram danos e lesões corporais, podem pegar pena de um ano. Se fizeram isso e ainda por cima roubaram algo, a punição pode chegar a até sete anos’, disse Leme.


Responsável por outras ações de inteligência policial relacionadas ao Orkut, a delegada Margarette Barreto Gracia, do Gradi (Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância), confirmou ontem que já investiga o caso envolvendo torcedores.


Na sexta-feira, o internauta identificado como Andre Inde, membro da comunidade ‘Torcida Independente’ abriu um grupo de discussão intitulado ‘Paulista Vs Independente’ no Orkut.


No tópico, criticou a atuação da Polícia Militar e assumiu ter depredado estabelecimentos na avenida durante a comemoração do tricampeonato da Libertadores.


Sua mensagem motivou manifestações de outros membros da comunidade, alguns concordando, outros discordando.


Nas duas categorias, a repercussão trouxe uma carga de intolerância. Tanto que o autor do tópico, em outro grupo de discussão, voltou atrás em suas declarações e disse não ter quebrado nada. ‘Falei porque estava nervoso’, escreveu ontem Andre Inde.


Procurada pela reportagem, a Torcida Tricolor Independente afirmou que não tem nada a ver com a comunidade em questão e que as opiniões lá expressas não refletem a posição da entidade.


‘Não é nosso site oficial. Desconhecemos o caso. Se tiver algum membro da torcida envolvido nos casos de vandalismo, será expulso. Alguém se vangloriar por causa disso é ignorância’, afirmou o diretor-geral da uniformizada, Alexandre dos Santos, 28.


Fernando Capez, promotor da cidadania, acredita não ser o caso de uma ação contra a entidade, mas de medidas individuais contra os torcedores.


‘Graças a Deus, o torcedor foi burro e estúpido o suficiente para admitir publicamente o que fez. Isso nos dá elementos jurídicos para buscar uma punição. Além da pena criminal, é importante que paguem pelos danos causados’, afirmou o promotor a respeito dos 31 ônibus, 49 orelhões, vidraças, postos de gasolina e bancas de jornais destruídos.


A PM é outra que começou a avaliar o caso. Ontem, a entidade tomou conhecimento do fato de torcedores terem assumido a autoria do vandalismo na internet e passou a averiguar mensagens no Orkut, assinada por torcedores, sobre a confusão na av. Paulista.


No dia do quebra-quebra, ônibus e estações de metrô foram depredados e lojas saqueadas. Segundo a PM, 32 pessoas foram detidas e depois liberadas -sete inquéritos foram instaurados. Entre os feridos: 15 civis e 14 policiais.’


 


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‘Site já foi usado para acusação de crime de racismo’, copyright Folha de S. Paulo, 21/7/05


‘Os torcedores que se vangloriaram de terem participado de cenas de vandalismo na avenida Paulista não são os primeiros sujeitos a uma acusação criminal iniciada após o monitoramento do Orkut.


No início do mês passado, a polícia concluiu uma investigação que acusou um estudante de 18 anos, criador da comunidade intitulada ‘Sou Contra Pretos’ no site de relacionamento, por crime de racismo.


Ele foi o primeiro acusado de racismo por meio da internet no Brasil. Só não foi preso em flagrante quando acabou intimado para prestar depoimento porque, na época em que criou a comunidade, tinha 17 anos.


No início deste mês, houve outro caso. Um jovem de 20 anos chegou a ser denunciado por racismo, mas a acusação formal não foi recebida pelo Poder Judiciário, que determinou a abertura de inquérito policial para aprofundar a apuração do caso. A mesma decisão obrigou também à retirada de comunidades com conteúdo racista do Orkut.


O turco Orkut Buyukkokten, 30, é o criador do site. Calcula-se que 6 milhões de pessoas tenham páginas com seus perfis ali; desse universo, a maioria (71,92%, segundo os últimos dados disponíveis) é de brasileiros.’


 


GOOGLE


Ana Paula Lacerda


‘Google compra empresa mineira de busca’, copyright O Estado de S. Paulo, 21/7/05


‘A Google Inc., empresa criadora de uma das mais famosas ferramentas de busca na internet do mundo, anunciou ontem a aquisição da empresa mineira Akwan Information Technologies, especializada em tecnologias de busca. A partir de hoje, a Akwan torna-se o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Google na América Latina.


O movimento na Akwan, sediada em Belo Horizonte, era grande. ‘Está um rebuliço aqui, mas é um rebuliço muito bom’, disse entusiasmado Berthier Ribeiro Neto, antes diretor-executivo da Akwan e agora diretor de engenharia do Centro de P&D. Segundo ele, a aquisição ocorreu por reconhecimento do trabalho desenvolvido pela empresa, criada por um grupo de professores da Universidade Federal de Minas Gerais. ‘Eles sempre buscam os melhores engenheiros do mundo.’


Ribeiro Neto ainda não sabia de quais projetos específicos o centro brasileiro participaria. ‘Sabemos que continuaremos desenvolvendo soluções de engenharia web e vamos auxiliar na seleção de novos projetos e funcionários.’ Ele não especifica quando se iniciaram as negociações, mas diz que o processo já se desenrolava há algumas semanas. Nem a Akwan nem a Google informam qual o valor da transação.


A Akwan , além de desenvolver serviços de busca, é responsável pelo site www.todobr.com.br. Os usuários do site serão redirecionados para o site do Google. Com a criação do Centro, o Google deve iniciar contratações em Minas Gerais. Essas vagas – e as já existentes desde a criação de um escritório em São Paulo, em junho – estarão descritas no site www.google.com.br/jobs.


EXPANSÃO


O Centro de P&D do Google no Brasil é o mais novo dentre os outros centros da empresa ao redor do mundo, que se localizam em Nova York e Mountain View (EUA), Tóquio (Japão), Zurique (Suíça) e Bangalore (Índia). ‘A América Latina como um todo é um mercado muito promissor, e por isso a companhia tinha muito interesse de vir para cá’, diz Ribeiro Neto. O vice-presidente de engenharia da Google Inc., Alan Eustace, informou em nota que a empresa vislumbra um grande potencial na região, tanto em termos de recrutamento de talentos locais como na expansão de serviços na América Latina. ‘A tecnologia da Akwan é um excelente complemento aos nossos esforços para oferecer a melhor experiência de busca a nossos usuários em todo o mundo.’’