‘Os eleitores de onze capitais brasileiras só vão conhecer o nome de seu prefeito em 31 de outubro, data em que se realizará o segundo turno da eleição municipal. Outras dez capitais saberão a identidade de seu prefeito já neste domingo, 3 de outubro. Há cidades com disputas apertadíssimas. Uma delas é São Paulo, onde a petista Marta Suplicy e o tucano José Serra estavam rigorosamente empatados quatro dias antes da eleição. Outra disputa acirrada acontece em Curitiba, o sexto maior colégio eleitoral do país, onde o petista Angelo Vanhoni, com 28% dos votos, está apenas 1 ponto porcentual à frente do tucano Beto Richa. Entre as dezenas de candidatos a prefeito nas capitais de Estado, dois receberão votação consagradora. A prefeita de Boa Vista, Teresa Jucá, filiada ao PPS, deve reeleger– se com 64% dos votos. O prefeito de Aracaju, o petista Marcelo Déda, pode ganhar um segundo mandato com o apoio de 62% dos eleitores da cidade. Todas as informações publicadas acima foram extraídas de pesquisas – esse produto relativamente recente da ciência estatística que, há menos de um século, não passava de um sonho de mentes delirantes.
Em toda eleição, uma parte dos eleitores sempre acaba, em algum momento da campanha, fazendo a velha indagação – as pesquisas são realmente confiáveis ou existem casos em que são manipuladas para favorecer um ou outro candidato? Hoje, no Brasil, há quatro institutos conhecidos em todo o país e com um histórico de credibilidade e acerto. O Ibope, o mais antigo de todos, fundado em 1942, está fazendo a maior batelada de pesquisas de sua história nesta eleição – serão mais de 800 em mais de 120 cidades. O Datafolha, criado 21 anos atrás, cujo principal cliente é o jornal Folha de S.Paulo, concentra seu foco na disputa na capital paulista. Outro instituto é o Vox Populi, vinte anos de idade, que costuma trabalhar para partidos políticos, jornais e emissoras de TV. O mais novo de todos, o instituto Sensus, fundado em 1987, é conhecido pela regularidade de seu trabalho: periodicamente, atendendo a um contrato com a Confederação Nacional do Transporte, divulga ampla pesquisa que vai da popularidade do presidente da República à opinião dos brasileiros sobre um assunto do momento.
A principal diferença entre os quatro institutos está no local de abordagem dos entrevistados – todos, exceto o Datafolha, colhem a opinião dos eleitores exclusivamente em sua residência. ‘Entendemos que as respostas dadas pelos eleitores dentro de sua casa sãos mais fiéis e mais precisas’, acredita Ricardo Guedes, diretor do Sensus. Já o Datafolha prefere abordar os eleitores na rua, nos chamados pontos de fluxo. Isso tem a vantagem da rapidez. Uma pesquisa com 1.700 entrevistas, por exemplo, pode ser feita num único dia, tarefa impossível para levantamentos com abordagem domiciliar. ‘Nos pontos de fluxo, é mais fácil abordar os extremos da sociedade’, diz Mauro Paulino, diretor do Datafolha. Com a insegurança crescente, os pesquisadores encontram dificuldade no acesso tanto aos condomínios de luxo quanto às favelas. Já em esquinas, restaurantes ou shoppings, é mais fácil falar com ricos e com pobres. Outra diferença: o Datafolha só contrata entrevistadores com nível universitário, enquanto o Ibope prefere secundaristas, por achar que os universitários podem inibir o eleitor mais modesto.
Com metodologias diferentes mas igualmente confiáveis, os institutos brasileiros não fazem feio na comparação com seus congêneres estrangeiros. O professor Marcus Figueiredo, cientista político do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, analisou 469 levantamentos eleitorais, realizados entre 1982 e 1998. Concluiu que as pesquisas no Brasil apresentam o mesmo nível de acerto dos levantamentos americanos e europeus. Isso não quer dizer, é claro, que as pesquisas brasileiras sejam infalíveis. Nesta eleição, com a crescente popularização das pesquisas, tanto entre eleitores quanto entre candidatos e marqueteiros, que as usam como instrumento básico de trabalho, há um fenômeno inédito: o volume de levantamentos cresceu muito e, com isso, aumentaram também as suspeitas. ‘Estou abismado’, diz Francisco Toledo, dono da Toledo & Associados, instituto com quase três décadas de atividade. ‘Em 26 anos de carreira, nunca vi tamanha desfaçatez com pesquisas numa eleição. Além das fraudes, há o surgimento de institutos– fantasma e outras enganações’, afirma ele.
Na semana passada, VEJA levantou o número de institutos em atividade junto aos tribunais eleitorais de dezesseis Estados. Chegou– se à cifra de 121. Entre eles, encontram– se pequenas empresas de opinião pública, com atuação local mas com um currículo de respeito. Em Minas Gerais, por exemplo, o Síntese tem boa reputação. No Rio de Janeiro existe o Gerp, um instituto pequeno mas cujo trabalho é elogiado pelos profissionais do ramo. Em Curitiba, atua o Datacenso, apontado como uma empresa de profissionais jovens e respeitados. Isso sem contar os institutos de pesquisa ligados às universidades federais, que, em geral, desfrutam ampla credibilidade nas comunidades em que atuam. ‘A maioria dos institutos é séria. Quem está no mercado não tem interesse em fraudar, pois a principal propaganda é a credibilidade’, afirma Ricardo Guedes, do Sensus. ‘O problema são os institutos que surgem na véspera das eleições, aproveitando a falta de regulamentação do setor’, acrescenta ele.
Mas, como em toda atividade, sobram suspeitas a respeito da atuação de muitos outros institutos de pesquisa. Na cidade de Dourados, no interior de Mato Grosso do Sul, a Justiça Eleitoral impugnou uma pesquisa do Televox depois de descobrir que a dona da empresa, Maria Antônia Ribeiro Gonçalves, também fazia trabalho de marketing para o candidato petista Laerte Tetila – e a pesquisa, além disso, fora contratada pelo próprio Televox em nome da campanha do candidato. A Justiça achou que havia vínculos indevidos, além de imprecisões técnicas. Em Poá, cidade a menos de 40 quilômetros de São Paulo, um candidato, revoltado com os números de uma pesquisa que o desfavorecia, pediu uma investigação sobre a idoneidade do instituto. Os peritos do Tribunal Eleitoral, ao investigar o caso, descobriram que no endereço oficial do instituto não havia instituto algum. Havia um bordel. Os peritos tiraram fotografias, entrevistaram as trabalhadoras do local e anexaram o material ao processo. O caso ainda não chegou ao fim, mas o instituto não pesquisou mais em Poá.
As suspeitas em torno de pesquisas feitas por institutos desconhecidos chegaram a tal ponto que, em alguns casos, se encontraram soluções radicais e curiosas. Em Montes Claros, cidade no interior de Minas Gerais que tem 206.000 eleitores, o juiz eleitoral Lailson Baeta Neves decidiu suspender a publicação de toda e qualquer pesquisa. ‘Todas estavam sendo contestadas’, diz ele. ‘Como há problemas graves que precisam ser analisados, achei que a única maneira de preservar a independência do voto era suspendendo todas as pesquisas.’ Um caso considerado exemplar pelo juiz foi o de um instituto que entrevistou 200 pessoas num único bairro da cidade e divulgou o resultado como o de uma ampla pesquisa. Em Maringá, no Paraná, o juiz René Pereira da Costa recebeu tantas denúncias de irregularidades que tomou uma decisão original: mandou que cada equipe de entrevistadores fosse acompanhada por fiscais indicados pela Justiça Eleitoral. Os fiscais ganharam o apelido de ‘sombras’ – e, é claro, acabaram atrapalhando a discrição com que a entrevista deve ser feita.
Em Manaus surgiu uma suspeita em relação a uma pesquisa do Ibope que indicava a liderança do candidato pefelista Amazonino Mendes, com 55% das intenções de voto, seguido de longe por Serafim Corrêa, do PSB, com 14%. O segundo colocado desconfiou da diferença, pediu uma investigação, e três doutores em estatística da Universidade Federal do Amazonas examinaram os dados. Descobriram que a pesquisa entrevistou, proporcionalmente, mais eleitores nos redutos eleitorais de Amazonino Mendes, como o bairro Tancredo Neves, na Zona Leste de Manaus. Na pesquisa mais recente, também realizada pelo Ibope, Amazonino Mendes aparece com 47% das intenções de voto, contra 20% de Serafim Corrêa. O caso mais grave de que se tem notícia, porque de dimensão nacional e espalhado por vários Estados, envolve o instituto Databrain, criado há apenas um ano e comandado por Carlos Roberto de Oliveira. O Databrain está judicialmente impedido de divulgar pesquisas em quatro capitais. Em alguns casos, a proibição decorre da suspeita de fraude. Em outros, deve– se à recusa do instituto em fornecer os dados técnicos do levantamento.
O episódio mais rumoroso aconteceu em Curitiba, onde o tucano Beto Richa, candidato a prefeito da capital paranaense, acusa o Databrain de vender pesquisas. Seus advogados, na denúncia apresentada à Justiça, anexaram fitas de vídeo, fitas cassete, fotografias e cartões de visita mostrando que um representante do Databrain ofereceu aos coordenadores da campanha um produto engenhoso – a realização de pesquisas com excelentes resultados para o candidato, incluindo a publicação dos números na revista IstoÉ. Havia o kit ouro, ao custo de 1 milhão de reais, que previa a realização e a publicação de quatro pesquisas. O kit prata compreendia três pesquisas, ao preço de 500.000 reais. Por fim, o kit bronze custava 300.000 reais e incluía duas pesquisas. A pedido dos advogados do tucano Beto Richa, o processo corre em sigilo de Justiça. Apesar da atitude rara de denunciar a tentativa de venda de pesquisa, os coordenadores da campanha e o candidato Beto Richa não querem falar sobre o assunto. O advogado da campanha, Juraci Barbosa Sobrinho, alega que prefere fazer silêncio ‘por uma questão de ética’.
Em Campo Grande, a capital de Mato Grosso do Sul, o Databrain já teve quatro pesquisas impugnadas. Numa das sentenças, o juiz eleitoral Paulo Rodrigues chega a mencionar a possibilidade de que o trabalho tenha sido feito sob encomenda. Diz que o candidato petista Vander Loubet, sobrinho do governador Zeca do PT, demonstrou numa entrevista ‘que, antes mesmo da publicação dos resultados na revista IstoÉ, já tinha conhecimento de seu teor’. Em Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana do Recife, o Databrain causou furor pela disparidade de resultados. Numa pesquisa, apontou que o tucano Pedro Paulo estava em segundo lugar, com 17% dos votos. Outros institutos, pesquisando no mesmo período de tempo, encontraram um resultado estupidamente diferente, informando que o tucano se encontrava na quinta posição, com 5%. Sabe– se que as eleições municipais são mais voláteis que outros pleitos. Nelas, as informações, capazes de levantar ou derrubar um candidato, espalham– se com mais rapidez entre o eleitorado do que em eleições estaduais ou nacionais, nas quais as novidades circulam de modo heterogêneo. Nada disso explica, no entanto, que um instituto atribua uma preferência significativa para um candidato, enquanto todos os outros dizem exatamente o contrário.
‘PESQUISAS INFLUENCIAM POUCO’
O sociólogo Frank Newport é vice– presidente do grupo Gallup, o maior e um dos mais antigos institutos de pesquisas dos Estados Unidos. Há três meses, ele lançou o livro Polling Matters – Why Leaders Must Listen to the Wisdom of the People (Pesquisas Importam – Por que os Líderes Devem Ouvir a Sabedoria do Homem Comum), que disseca o universo das pesquisas de opinião. De Princeton, Newport deu a seguinte entrevista a VEJA.
COMO UM PEQUENO NUMERO DE PESSOAS PODE REPRESENTAR O QUE PENSA UMA POPULAÇÃO?
George Gallup, fundador do grupo, dizia que um médico não remove todo o sangue de uma pessoa para examiná– la. Basta uma amostra. Da mesma forma, não é preciso entrevistar toda a população para saber o que as pessoas pensam. Uma pesquisa deve levar em conta a divisão da sociedade em classes sociais e outros aspectos demográficos.
POR QUE AS PESSOAS TENDEM A DESCONFIAR DAS PESQUISAS?
Porque, como são egocêntricas, acham que suas opiniões não podem ser reduzidas a um número.
E ISSO NÃO É VERDADE?
Não, veja o que acontece nas eleições. Às vezes, há muitos candidatos, mas os votos estão concentrados em, no máximo, três deles. Por quê? Porque as pessoas pensam de forma parecida.
O QUE MUDOU NAS PESQUISAS DESDE 1936, QUANDO O GALLUP SURGIU?
Muito pouco. Outro dia, achei uma pesquisa de 1945. A pergunta era: ‘Nas próximas eleições, seu voto será republicano ou democrata?’. Fazemos essa até hoje.
QUAIS SÃO OS SEGREDOS DE UMA BOA PESQUISA?
Tem de ser feita em cidades, onde está a maior parte da população. É preciso falar com jovens e adultos. Uma entrevista não deve durar mais que quinze minutos. Ninguém está disposto a gastar mais tempo do que isso.
PESQUISAS INFLUENCIAM AS ELEIÇÕES?
Os estudos não são conclusivos. Acho que influenciam pouco. Se fossem determinantes, os eleitores seguiriam as ondas e os eleitos teriam quase 100% dos votos. Mas não se pode negar que as pessoas levam em consideração o que os outros pensam.
EM QUE MEDIDA?
Sabe por que perguntamos a amigos coisas do tipo ‘o que você acha de Lula’? Porque construímos boa parte das nossas opiniões ouvindo as dos outros. Isso, evidentemente, acaba influindo nas eleições.
COMO EVITAR QUE UMA PERGUNTA INDUZA A UMA RESPOSTA?
Os dois lados devem estar representados. Para avaliar um presidente, por exemplo, perguntamos: ‘Você aprova ou desaprova o jeito como ele está trabalhando?’
AS PESQUISAS SÃO FEITAS NOS PAÍSES RICOS E NOS POBRES DA MESMA FORMA?
As perguntas são as mesmas, mas nos países ricos entrevistamos por telefone. No Brasil, como nem todos têm telefone, é preciso entrevistar pessoalmente. Se só os que são donos de telefone fossem ouvidos, isso poderia causar uma distorção na pesquisa.
POR QUE O GALLUP SAIU DO BRASIL?
O Gallup que havia no Brasil, fechado em 1985, nunca fez parte do Gallup americano. Um brasileiro se apropriou do nome, com o consentimento de George Gallup, mas sem nenhuma formalização. Depois, compramos o nome no Brasil, registramos e abrimos uma filial. Começaremos a fazer pesquisas de opinião no Brasil dentro de dois ou três anos. (Juliana Linhares)’
Adauri Antunes Barbosa
‘Ibope e Datafolha explicam erros em pesquisas em SP’, copyright O Globo, 05/10/04
‘A diretora do Ibope Márcia Cavallari admitiu ontem que pode ter havido imprecisão na mostra dos eleitores entrevistados na pesquisa de boca– de– urna em São Paulo. No domingo da eleição, o Ibope deu empate de 40% entre os candidatos Marta Suplicy (PT) e José Serra (PSDB), mas as urnas registraram 43,56% para o tucano e 35,82% para a petista, percentuais que ultrapassaram a margem de erro em 1,7 ponto. Pelo menos quatro hipóteses, segundo Márcia, estão sendo analisadas para explicar o erro.
– As seis mil entrevistas que fizemos no domingo não conseguiram representar o todo do eleitorado paulistano. Houve uma imprecisão no resultado – reconheceu ela.
Segundo Márcia, a primeira hipótese que está sendo avaliada é que as entrevistas não representaram o eleitorado por terem sido feitas até 14h30m:
– A dúvida que fica é esta: Será que o eleitor do Serra deixou para votar no fim da tarde e, por isso, nós não o pegamos na boca– de– urna?
Como conseqüência dessa hipótese, a outra dúvida levantada por Márcia Cavallari é se a mostra foi de fato adequada. Ela também disse que pode ter havido uma migração de votos de Marta para Serra na última hora e, ainda, que a média histórica de abstenção em São Paulo, de 15% dos eleitores, pode não ter sido homogênea em todas as regiões:
– Essas hipóteses são objeto para nossa investigação.
Mais próximo do resultado das urnas, o Datafolha divulgou no sábado 40% para Serra e 37% para Marta, já apontando para a chegada do tucano na frente da petista.
– Nós detectamos este movimento de migração dos votos de última hora – argumenta Mauro Francisco Paulino, diretor do instituto Datafolha, que fez pesquisa sexta e sábado mas não fez outra no domingo.
Serra, porém, teve mais do que previa a margem de erro do instituto Datafolha.
Sobre a disputa em Fortaleza, o diretor do Datafolha diz que não houve erro, mesmo tendo apontado a candidata do PT, Luizianne Lins, em quarto lugar, com 17%. Ela acabou chegando, porém, em segundo. O Datafolha a mostrou atrás de Antonio Cambraia (PSDB), com 20%, e Inácio Arruda (PCdoB), com 19%, em pesquisa feita sexta e sábado. Havia um empate técnico entre os três, com Moroni Torgan (PFL) em primeiro.
– A pesquisa deixou claro que, se a eleição para prefeito de Fortaleza fosse naqueles dias, o candidato do PFL, Moroni Torgan, estaria no segundo turno, mas seu adversário poderia ser um entre três dos concorrentes ao cargo – disse Paulino.
Levando em consideração a margem de erro da pesquisa na capital cearense, de dois pontos percentuais para mais ou para menos, Luizianne teria 19%, mas ela terminou a apuração com 22,3%. Segundo Mauro Paulino, a candidata vinha crescendo e, como o instituto não fez boca– de– urna, não detectou a mudança.
Mesmo reconhecendo o problema de São Paulo, a diretora do Ibope Márcia Cavallari afirma que nas outras nove capitais em que fez pesquisas de boca– de– urna os números do instituto foram precisos. Ela citou Salvador, onde havia grande disputa pela segunda vaga no segundo turno; do Rio, onde a dúvida era sobre a eleição de Cesar Maia já no primeiro turno; e de Fortaleza, onde foi registrada a ascensão da candidata do PT.’
Folha de S. Paulo
‘Datafolha detecta onda de crescimento de Serra’, copyright Folha de S. Paulo, 04/10/04
‘O resultado em São Paulo mostra que as pesquisas do Datafolha conseguiram detectar a tendência de crescimento da candidatura de José Serra na véspera da eleição.
Os dois últimos levantamentos do Ibope apontavam para uma tendência contrária: neles, Marta Suplicy (PT) oscilava positivamente, enquanto a intenção de votos em Serra (PSDB) era decrescente. Em ambas as pesquisas, os dois candidatos estavam empatados tecnicamente.
Entre 29 de setembro e 2 de outubro, o Datafolha mostrou que a intenção de voto em Serra oscilava de 34% para 37%; Marta tinha 34% nos dois levantamentos. Já no Ibope, o movimento era inverso – o tucano descia de 37% a 34% e a candidata petista variava de 35% a 36%.
Na última pesquisa, o Datafolha mostrava Serra com 40% e Marta com 37%. Já o Ibope mostrava 40% para Marta e 38% para Serra.
Pesquisa boca– de– urna do Ibope mostrou um empate: ambos tinham 40% dos votos válidos.
Mauro Paulino, diretor do Datafolha, afirma que a tendência de crescimento de Serra pode ter sido resultado do desempenhos dos candidatos no debate da TV Globo.
Pesquisa Datafolha apontou o tucano como vencedor do encontro realizado na última quinta– feira. Debates na TV, de acordo com Paulino, repercutem em ondas e o resultado deles podem ser sentido até o dia da eleição.
O número de indecisos também ajuda a explicar por que o resultado da eleição não coincide com o levantamento do Ibope. Pesquisa Datafolha concluída no sábado revelava que 18% dos eleitores poderiam mudar o voto.
Entre os mais jovens, de 16 a 25 anos, esse percentual subia a 27%. Entre os que têm só ensino fundamental, o índice era de 19%. Pouco mais de um quinto deles (21%) tem renda familiar mensal de até 5 salários mínimos. No grupo dos que têm ensino superior, o percentual baixava a 13%.
Conclusão: o eleitor volúvel é o que tem menos acesso à informação, de acordo com Paulino.
É provável que esse eleitor tenha decidido votar em Serra porque o tucano tinha uma taxa de rejeição menor do que a de Marta.
A rotina das eleições no Brasil é uma das explicações cogitadas por Paulino para o elevado índice de eleitores volúveis.
‘Pesquisa de véspera de eleição não pode ser comparada com a urna porque ela mede intenção de voto’, diz ele. O importante, afirma, é a capacidade de apontar as tendências do eleitorado.
As diferenças de metodologia do Datafolha e do Ibope podem explicar por que os dois institutos captaram tendências contrárias.
O Datafolha entrevistou 4.963 eleitores nos dias 1º e 2 de outubro; o Ibope trabalhou com 1.204 entrevistas nesses mesmos dias. Quanto maior o número de entrevistas em pesquisas de intenção de voto, maior é a probabilidade de detectar variações mínimas.
A Folha não conseguiu localizar até as 23h de ontem Marcia Cavallari, diretora do Ibope Opinião.’