Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Marcelo Camacho

‘O SBT acaba de estrear dois novos programas. O primeiro é um reality show bastante instigante chamado ‘O Grande Perdedor’. O segundo, um programa de humor grosseiro e politicamente incorreto intitulado… ‘O Grande Perdedor’.

São dois programas em um. Explica-se: ‘O Grande Perdedor’ é a versão brasileira de ‘The Biggest Loser’, uma produção da rede NBC que fez relativo sucesso em 2004 nos Estados Unidos. Nele, um grupo de 14 pessoas muito gordas – homens e mulheres – é trancado numa casa com o objetivo de perder peso. Ganha 300 mil reais quem, ao fim de dez semanas, tiver emagrecido mais. A idéia é boa e o título, justiça seja feita, melhor ainda.

O problema é que, nas mãos do SBT, o programa já se transformou em outra coisa. Rolou uma certa ‘essebetização’, sabe? Primeiro, Silvio Santos anunciou que o público está diante de uma nova temporada da ‘Casa do Artistas’, dessa vez abrigando ‘O Grande Perdedor’. Como assim? Só porque a nova atração ocupa o mesmo espaço físico da antiga? Quanta pobreza de espírito…

Mas não é só isso. Silvio Santos, naturalmente, é o mestre-de-cerimônias de ‘O Grande Perdedor’. Ou da ‘Casa dos Artistas’, sabe-se lá. E isso diz muita coisa. Ao apresentar, no episódio de estréia, os participantes do programa, SS deu um show de grosserias, com incontáveis perguntas preconceituosas e piadas de mau gosto em torno da gordura dos candidatos. Pareceu esquecer-se, se é que um dia soube, de que a obesidade é uma doença seriíssima, um caso de saúde pública no Brasil. Segue uma breve lista de seus pequenos grandes vexames, sempre em tom jocoso, debochado:

1) ‘Por que você se separou? Seu marido não agüentou você gorda?’ (Para a participante Cristina, 32 anos, 97,7 quilos, três casamentos desfeitos. A moça garantiu que seus relacionamentos acabaram porque tinham que acabar, como tantos outros também acabam.)

2) ‘Pensei que você fosse um bolo fofo!’ (Para o participante Márcio, 28 anos, 154,5 quilos, que, desafiado, fez, sem grandes dificuldades, cinco flexões de braço.)

3) ‘Você conheceu o seu marido num baile para gordos? Existe baile para gordos? Ou foi num clube para gordos?’ ( (Para a participante Carolina, 29 anos, 111,7 quilos, estranhando o fato de ela ser casada com um homem também gordo. A jovem explicou que conheceu o marido num show de Milton Nascimento.)

4) ‘Ficar sentada o dia inteiro só aumenta os músculos das nádegas!’ (Para a participante Andréa, 33 anos, 106,8 quilos, que, há quatro anos, trabalha como operadora de telemarketing.)

5) ‘Você está enorme mesmo! Poucas pessoas no Brasil têm o seu peso!’ (Para o participante Marcello, 36 anos, 193 quilos, que disse que começou a engordar quando teve síndrome do pânico. Minutos antes, num clipe que mostrava sua vida em família, Marcello dissera que esperava que os gordos fossem tratados com respeito no programa. ‘Porque também somos seres humanos’.)

Para completar, foi de chorar de rir ver Silvio Santos chamar de Renner um dos patrocinadores do programa, a academia de ginástica Runner. Repetiu a gafe umas cinco vezes. Hilário! Na certa, Silvio Santos vai continuar aprontando nas edições dominicais de ‘O Grande Perdedor’. Quem tiver paciência para agüentar… Já para alívio de quem se interessou pelo reality show e tem um mínimo de bom gosto, vale o aviso: o apresentador não dá as caras nas edições diárias de 15 minutos do programa, levadas ao ar às 17h45.

No que se refere à competição, o tom do que vem por aí em ‘O Grande Perdedor’ já veio à tona no episódio da última terça-feira. Obrigado a seguir uma dieta rigorosa, o participante Márcio olhou cheio de desconfiança para uma goiaba vermelha. Deu a primeira mordida e fez uma cara feia. Na seqüência, pingou um pouco de sumo de limão na fruta. ‘Acho que vai ficar melhor’, disse. Ele não é o único que está sofrendo com a alimentação controlada por uma equipe de nutricionistas. Natallia, 23 anos, 132,9 quilos, depois de tomar uma gororoba verde que lhe fora reservada, chegou a derramar uma lágrima de desgosto.

Como perder peso é o objetivo, tem ainda as sessões de malhação, que acontecerão numa academia montada na casa e também em ambientes externos. O time vermelho conta com a orientação da personal trainer Melina, da academia Runner (ou seria das lojas Renner?), que, parece, será um tanto tirana no rigor com os exercícios. ‘Você está passeando, andando no shopping, vendo loja?’, perguntou ela para a participante Monique, 19 anos, 118,9 quilos, que ia molengando sobre a esteira. O professor Alexandre, do time azul, revelou-se, por enquanto, mais gente boa.

Diz o ditado que pimenta nos olhos dos outros é refresco. É daí que vem o principal atrativo de ‘O Grande Perdedor’: divertir-se com as agruras dos outros. Ainda mais que, espalhadas pela casa, em pontos estratégicos, há tentações como rosquinhas, bombas de chocolate, pacotes de batata frita, tortas, etc. Quem há de resistir? Que é engraçado é. Porém, rir da tragédia alheia – ainda mais de quem se dispõe a enfrentar percalços físicos e alimentícios em busca de boa forma e dinheiro – é uma coisa. Já impingir humilhações, como anda fazendo Silvio Santos, é bem diferente. Por enquanto, o grande perdedor é ele.’



Keila Jimenez

‘SBT cria código de ética interno ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 9/05/05

‘O elenco de estrelas do SBT se comprometeu na semana passada com um novo código de ética criado pela emissora.

No documento, assinado oficialmente na segunda-feira, a rede estabelece condutas a serem respeitadas pelo cast que vão de atos comportamentais até itens que envolvem o conteúdo da programação.

Um dos principais termos do código diz respeito à participação de políticos nas atrações e ao envolvimento de artistas da emissora em campanhas eleitorais.

Pelo código, os artistas do SBT podem participar de campanhas eleitorais, mas estão proibidos de fazer qualquer menção ao SBT nessas ocasiões. Citar políticos nos programas ou convidá-los para participar das atrações só será permitido fora de temporadas de campanhas eleitorais. Mas exceções podem ser abertas, diz o documento.

Vale lembrar que Gugu Liberato fez campanha para José Serra para a Presidência da República, Hebe e Ratinho a todo momentos fazem citações a políticos em seus programas.

A utilização de imagens da emissora por qualquer candidato fica proibida com o código de conduta – Paulo Maluf, por exemplo, usou e abusou de sua participação no Show do Milhão em suas campanhas.

O documento também é rígido na questão da cessão de artistas para outras emissoras e de imagens do SBT na concorrência. Visitas a outros canais ficarão mais limitadas.

Emissoras como Globo e Record já possuem um código de ética semelhante há alguns anos.’



MTV
Flávia Guerra

‘Dossiê MTV faz ‘biópsia’ do universo jovem ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 9/05/05

‘A sociedade enfrenta um impasse. Os adultos não sabem o que fazer com seus jovens. Eles são, em sua maioria, vaidosos ao extremo, hedonistas, egoístas, egocêntricos, não acreditam em projetos coletivos, não são engajados, têm dificuldade de conviver com o futuro, de fazer planos e levam a busca pelo prazer imediato às últimas conseqüências. Tais constatações foram apresentadas na semana passada pela MTV, que divulgou seu Dossiê Universo Jovem 3, um grande mapeamento do comportamento dos brasileiros de 15 a 30 anos, das classes A, B e C, que vivem em cidades como São Paulo, Salvador, Porto Alegre, Brasília e Rio.

Fruto do projeto minucioso da emissora, divulgado na semana passada, o Dossiê revela números e dados ‘assustadores para uns e até engraçados para outros’, como afirmou o diretor geral da MTV Brasil, André Mantovani. O Dossiê pode ser utilizado como forte ferramenta para publicitários e afins que queiram definir seu público alvo. Mas também pode ser usado como base para definir novas diretrizes por educadores, pesquisadores e fundações que lidam com questões sobre a juventude. A pesquisa, sob coordenação geral de Ione Maria Mendes, trata de quatro temas principais: Drogas, Sexualidade, Vaidade e Beleza e A Comunicação na Era da Tecnologia.

Os resultados provam que o jovem brasileiro está cada vez mais complexo. Não se limita mais a ser dividido em tribos simplistas. Há nuances e variações de comportamento que desafiam qualquer educador. Para começar, desde 1999, quando foi realizada a primeira pesquisa, o número de jovens que possuía celular saltou de 19% para 71% em 2004. Hoje, dos 2.359 entrevistados, 46% possuem computador em casa contra apenas 22% em 1999. O acesso à internet saltou de 15% para 66% nestes anos. Os blogs e fotologs, que nem existiam há poucos anos, agora são conhecidos por 59% e 51%, respectivamente.

As palavras mais lembradas pelos entrevistados para definirem sua geração foram ‘vaidosa’, com 37%; ‘consumista’, com 26%, ‘acomodada’, com 22% e individualista, também com 22%. Tamanha autocrítica não resulta em ação. Os jovens parecem se mostrar cada vez menos preocupados com sexo seguro, evitar drogas e se engajar em projetos sociais. A prática sexual se tornou muito mais descompromissada, individualista, com direito a inconseqüências. A perda da virgindade é cada vez mais precoce. Da amostra total, 83% já teve relações sexuais e a primeira vez acontece, em média, aos 16 anos. 22% dos entrevistados perderam a virgindade antes dos 14 anos. Basicamente, segundo a pesquisa, os jovens brasileiros podem ser divididos em seis principais grupos que vão dos antenados tecnologicamente aos conservadores, passando pelos engajados e mais vaidosos e alienados.

Mario Sergio Cortella, filósofo e professor da PUC-SP, convidado para comentar e refletir sobre os resultados, observou: ‘Nossos jovens têm dificuldade de lidar com o futuro. Levam a ética perigosa do hedonismo e do individualismo às últimas conseqüências. Têm grande dificuldade de lidar com a construção coletiva da vida.’ ‘Estão esticando cada vez mais a adolescência, aprisionados em um futuro que não existe. Isto é de nossa responsabilidade, nós, da geração dita mais velha’, prosseguiu. ‘Este estudo revela que os jovens estão vivendo cada vez mais velozmente, como se não houvesse um futuro possível, até o esgotamento, num ritmo frenético. São incapazes de manter a atenção por mais de seis minutos porque cresceram assistindo a programas infantis na TV cujos blocos duravam este tempo.’

Ironicamente, 66% desta geração ‘videoclipe’ afirma que assiste à MTV, emissora que muitas vezes veicula programas e clipes de linguagem imediatista, frenéticos, que não duram mais de três minutos. Ao ser questionado sobre a postura da MTV diante desta contradição, André Mantovani, diretor geral da MTV Brasil, comentou: ‘Acho que a MTV é um pouco esquizofrênica. Ao mesmo tempo que fazemos campanhas pela leitura, veiculamos esta linguagem imediatista dos clipes.’ Qual seria, então, o papel da MTV diante dos fatos e dados? ‘Tentamos encontrar um equilíbrio. A revista da MTV, as campanhas pelo sexo seguro, pela leitura tentam ser um contraponto. Quando fizemos o Fica Comigo Gay, ficamos preocupados em se estaríamos valorizando este pensamento do ‘vale-tudo’, da banalização do sexo’, completa. Ao mesmo tempo, a MTV não possui caráter necessariamente educativo. Não vamos deixar de produzir entretenimento. Mas podemos utilizar nosso poder de comunicação para divulgar outros valores’, conclui. Cortella ainda tem esperança. ‘Veja bem, esperança é ser esperançoso e não esperar’, comentou. ‘Temos que fazer não o possível, mas o melhor para construir uma nova realidade’, concluiu. Resta definir como a MTV e a sociedade em geral deve começar a agir a partir de agora.’



TV CULTURA
Daniel Castro

‘Cultura estagnada ‘, copyright Folha de S. Paulo, 8/05/05

‘Eleito presidente da Fundação Padre Anchieta com o apoio do governador Geraldo Alckmin (PSDB), Marcos Mendonça completa em junho um ano à frente da TV Cultura com a emissora nos mesmos patamares de audiência, baixíssimos, de quando assumiu.

Mendonça levou quase um ano para fazer suas primeiras estréias na programação. E suas apostas, até agora, revelaram-se fracassos. A maior delas, Silvia Poppovic, registrou em abril apenas 1,1 ponto no Ibope da Grande São Paulo. Na última quinta-feira de abril, o programa deu mísero 0,6 ponto. Cada ponto no Ibope equivale a 52,2 mil domicílios na Grande SP.

A Cultura também abriu espaço para o futebol de juniores e da segunda divisão paulista, a um custo de mais de R$ 2 milhões só de produção. Não passou da casa dos dois pontos.

O grande ‘sucesso’ da gestão Mendonça, até agora, é o ‘De Fininho’, com esportes radicais e voltado para o público jovem. O programa do ex-tenista Fernando Meligeni estreou com dois pontos de média na última terça.

Mendonça diz que está ‘satisfeitíssimo’ com suas estréias (leia ao lado). Não é o que pensa Osvaldo Martins, ombudsman da Cultura, cargo instituído por Mendonça.

‘Uma luz amarela deve ter acendido na sala da presidência da TV Cultura depois dos modestíssimos resultados apresentados pelas novidades na grade de programação. É muito menos do que muito pouco -é irrisório’, escreveu Martins em crítica, intitulada ‘Mudanças Ainda Não Decolaram’, publicada em abril no site da própria TV Cultura.

O ombudsman foi mordaz com o ‘Silvia Poppovic’. ‘O programa foi lançado em grande estilo com excelente divulgação e festa de arromba, conferindo à apresentadora status de estrela. Status que começa pelo nome do programa, incomum na Cultura. O resultado, em termos de audiência, é inferior ao que a apresentadora conseguia quando estava na Band’, escreveu.

Para Martins, o programa de Silvia, sobre qualidade de vida, tem problemas. ‘O formato me pareceu muito elitista’, diz.

O ombudsman defende a tese de que a TV Cultura, por ser uma emissora pública, tem de dar audiência. ‘Se for para poucos, não é pública. O desafio é conciliar qualidade com formato atraente.’

Martins acredita que a Cultura deve registrar pelo menos dez pontos no Ibope. Está longe disso. Sua média diária nos primeiros quatro meses de 2005 foi de um ponto. Exatamente a mesma do primeiro quadrimestre de 2004.

Mendonça também sonha com os dez pontos. Acha que é ‘perfeitamente possível’ conseguir isso em 2007. Até lá, muita coisa tem de ser feita. A programação da Cultura está defasada, ela já não atrai mais os jovens como nos anos 80 e não consegue se firmar entre as classes C, D e E. A emissora ainda vive de reprises, como ‘Castelo Rá-Tim-Bum’, lançado há mais de dez anos, quando a Cultura chegava a dar mais de dez pontos no Ibope -hoje, seus picos não passam de quatro.

‘Nos últimos dez anos, houve queda de produção e da qualidade da programação’, constata o ombudsman Martins.

Especialista em TV pública, o professor da Escola de Comunicação e Artes da USP Laurindo Lalo Leal Filho afirma que falta ousadia à Cultura. ‘A TV pública tem de experimentar’, diz.

O professor vê nas mudanças na programação um ‘ciclo populista’, com programas mais populares, como as transmissões de futebol e o ‘Senta que Lá Vem Comédia’, teleteatro que estréia no próximo sábado e que será lançado amanhã com festa no Teatro Municipal de SP. ‘São formatos consagrados na TV comercial.’

Leal Filho também se sente incomodado com a maior abertura à publicidade implementada por Marcos Mendonça. A Cultura, que antes não aceitava comerciais com promoções e informações sobre preços, agora veicula peças das Casas Bahia, rede varejista. ‘O anúncio capta o telespectador pela emoção, não quer que ele pense. O problema é que isso contamina a programação, que tem de ser reflexiva’, afirma.

Outra aposta de Marcos Mendonça é um festival de música, em agosto. O festival foi lançado com festa há dois meses em São Paulo. Até a semana passada tinha apenas 800 inscritos. Na terça, faltando menos de duas semanas para o término das inscrições (dia 15), a Cultura fez outra festa para divulgá-lo, desta vez para mil pessoas, no Rio (onde a TV só é vista na TV paga), a custo não revelado.

A gestão de Mendonça, ex-vereador e deputado, também sofre ataques políticos. O PT, que faz oposição ao governo estadual na Assembléia Legislativa, vê na abertura de uma faixa de programação para a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) uma tentativa de divulgar o suposto ‘projeto Alckmin 2006’.

Alckmin tem acompanhado as apresentações da Osesp pelo país. No final deste mês, a orquestra terá concertos na Cultura em pelo menos dois dias por semana. O Estado banca quase 80% do orçamento da Cultura, que prevê gastar R$ 115 milhões neste ano.’

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‘‘Não estou preocupado com audiência’ ‘, copyright Folha de S. Paulo, 8/05/05

‘O presidente da Fundação Padre Anchieta (mantenedora da TV Cultura), Marcos Mendonça, se diz ‘satisfeitíssimo’ com as audiências dos programas que estrearam neste ano.

Ele comemora um aumento de 23,5% na audiência do horário nobre (18h/0h) em abril, em relação a março. De fato, a média subiu de 0,81 em março para 1,00 ponto em abril. Mas o próprio Ibope tem a prática de arredondar números de audiência, desprezando decimais.

‘Não estou preocupado com audiência, mas com qualidade. E televisão é hábito. Estamos colocando programas novos no ar. Antes, no horário de Poppovic, dávamos traço’, diz.

Mendonça afirma que sua administração está correndo conforme o planejado há um ano. ‘Primeiro tinha que colocar a casa em ordem. Depois, pensar em renovar a tecnologia. Em terceiro lugar estava a programação, pensada para estrear em março deste ano.’

Ele diz que, quando assumiu a Cultura, a emissora registrava um déficit de R$ 1,1 milhão por mês. ‘Terminamos 2004 com R$ 8 milhões em caixa.’

O resultado, ressalta, foi obtido com redução de custos, sem demissões, e aumento de receitas, com a prestação de serviços a terceiros e aumento da publicidade. No início de 2004, a Cultura faturava R$ 300 mil mensais com anúncios. Saltou para R$ 1,5 milhão por mês.

O presidente afirma que gostaria de fazer muito mais na programação, como telefilmes e minisséries, mas não tem recursos. Ele cobra do governo federal e da Prefeitura de São Paulo participações no orçamento da emissora, que gera programação para todo o país.

Ele afirma que a Cultura tem hoje uma administração profissional e que se propõe a fazer uma ‘TV generalista’, mais abrangente, mas sem perder a qualidade. E rebate as críticas do PT: ‘A oposição está preocupada porque a TV está dando certo. Não temos déficit’.’



Daniel Castro e Diego Assis

‘Programação migra para DVDs e internet ‘, copyright Folha de S. Paulo, 8/05/05

‘A Cultura está à venda. Mais que uma frase de efeito, a afirmação é conseqüência da parceria firmada entre a emissora, a produtora Log On e o site Submarino. Desde março, o espectador que tiver interesse pode entrar na internet e comprar, em DVD, os principais programas do canal.

Em breve, a emissora pretende também começar a vender down-loads dos mesmos programas.

‘Vamos reformular o nosso site e, com a digitalização do acervo, podemos pensar em cobrar assinatura ou em outras formas de permitir o acesso diretamente pela internet’, revela Marcos Mendonça, presidente da Cultura.

Algumas redes estatais, como a britânica BBC, já disponibilizam gratuitamente na web boa parte de seus acervos. Por se tratar de uma fundação de direito privado, a Cultura tem o direito de vender derivados de sua programação com a finalidade de obter receita.

Enquanto o futuro e a transição para sistemas de transmissão em banda larga não vêm, a emissora educativa encontrou uma saída criativa -e barata- para desovar os seus produtos: copiá-los em DVD, sob encomenda.

Entre as atrações ‘on demand’ disponíveis, que incluem as séries ‘Café Filosófico’ e ‘Grandes Cursos Cultura’, uma das mais interessantes é o programa ‘Roda Viva’. No ar desde 1986, qualquer episódio do programa ancorado por Paulo Markun pode ser pesquisado e solicitado pelo site www.culturamarcas.com.br.

A idéia é semelhante à praticada no passado, quando a Cultura mantinha um departamento de copiagem de fitas VHS para atender às solicitações dos espectadores. A principal diferença é tecnológica -do VHS passa ao DVD.

‘Pegamos aquele processo e transformamos em uma coisa pensada editorialmente. A gente ‘autora’ o DVD, criando capas, menus específicos, capítulos e depois copiamos para um DVD-R’, diz Renato Polite, da Log On.

Por se tratar de um DVD-R (não industrializado), alguns aparelhos de DVD podem não conseguir ‘ler’ os discos, que custam, em média, R$ 59 cada um.’