Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas. ************ Folha de S. Paulo Terça-feira, 18 de janeiro de 2011 IMPRENSA & GOVERNO Ministro diz que jornais estão fora de novo marco regulatório da mídia O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que o texto do novo marco regulatório do governo não tratará de mídia impressa. Em entrevista concedida na semana passada ao programa ‘3A1’, da TV Brasil, Paulo Bernardo havia afirmado que o novo marco regulatório da mídia deveria incluir a proibição à propriedade cruzada de veículos de comunicação. No programa, ele defendeu o veto e citou que era contra um mesmo grupo empresarial possuir rádio, jornal e televisão na mesma localidade. No entanto, na sexta-feira passada, Bernardo afirmou: ‘Jornal não está nessa discussão, né? O projeto não trata de mídia impressa, nem jornal, nem revista, outdoor, busdoor, tudo isso está fora.’ O ministro afirmou ainda que o conteúdo difundido pela internet não deverá ser regulamentado pela nova legislação. O novo marco regulatório da mídia ainda está em fase de gestação. O texto, que foi proposto pelo ex-ministro da Comunicação Social Franklin Martins, tem o objetivo de regulamentar artigos da Constituição que tratam do setor de comunicação. CONCESSÕES O projeto, que deverá ser encaminhado ainda neste ano para discussão e aprovação do Congresso, trata de concessões públicas, como TV e rádio. O ministro não quis antecipar muitos detalhes sobre o anteprojeto. ‘Estou fazendo uma leitura do projeto, me inteirando tanto quanto possível de todos os pontos, e assim que o governo tiver uma posição, vamos colocar em consulta e audiência pública, na internet, e deixar que isso seja amplamente discutido CULTURA Eduardo Portella Cultura, política de Estado São válidos, mesmo que contraditórios, os recentes debates sobre o lugar da cultura hoje. Cabe ao Ministério da Cultura a função de operar políticas públicas enraizadas e promissoras, tornando-se inadiável formular, ver e rever o seu percurso, selecionar questões pertinentes, absorver formas de criação e compreensão. Talvez deva mesmo situar a sua política cultural no contraponto de ação-reflexiva e reflexão-ativa. O modelo predominante vinculava claramente estabilidade econômica e desenvolvimento. Mas o desenvolvimento já não é uma empresa de alguns, e sim um empreendimento de todos. Por isso mesmo deixou de ser operação contábil para se transformar no esforço radical de qualificação. É preciso elaborar indicadores qualificativos, capazes de reequilibrar ou até de civilizar a voracidade dos indicadores quantitativos. A cultura perde a sua força vital toda vez que adota a economia como padrão ou referência compulsiva. Não podemos ignorar que herdamos um pesado deficit cultural que vem de longe. A reversão desse quadro clínico desfavorável deve ser rigorosamente priorizada, o que exige a inclusão da cultura como trabalho social avançado. É preciso incluir a fatura cultural no empenho de reprocessamento da fratura social. É verdade que o Estado não produz cultura (graças a Deus!), mas pode ter função democratizadora no estímulo, na distribuição e no consumo. Ao Estado, consciente de ser um mediador social, igualmente voltado para a prestação de serviços públicos, cumpre: contribuir ativamente para a desobstrução dos canais de transmissão existentes e apoiar outros novos meios; formar novas plateias, implantando e ampliando auditórios formais e informais; vitaminar a procriação cultural, mediante a seleção criteriosa de projetos instauradores; e estabelecer um novo repertório de endereços e núcleos culturais. Sobretudo, cumpre repensar a mídia eletrônica despreconceituosamente, longe dos conceitos patrimonialistas dos integristas e dos preconceitos intelectualistas das academias engessadas. Patrimônio cultural, sim; fundamentalismo, não. Indústria cultural, por que não? Sem o esvaziamento contundente da complexidade. Tudo isso passa pelo livro, pela leitura em campo aberto, pelas bibliotecas, pelas salas de cinema e de teatro, pelo vídeo, pelos cultos diversos, pela cultura do videoclipe, pelas lonas do circo, pelas quadras e pelos terreiros, pelos estádios esportivos e assim por diante. Passa antes pela compreensão de que cultura é coisa séria. Para começo de conversa, cultura deve ser política de Estado, mas de Estado socialmente enraizado. Vale lembrar algumas recomendações, talvez redundantes: reforçar o orçamento do MinC; ampliar as iniciativas interministeriais; descentralizar mais as ações do ministério; reoxigenar os fundos de cultura; trabalhar as emendas parlamentares para ganhar mais musculatura financeira, longe do clientelismo e da propaganda enganosa; reforçar a compreensão federativa. Isso sem esquecer de que fins e meios devem ser calibrados cuidadosamente. À cultura cabe alistar-se na frente comum do hoje e do amanhã, como parte integrante do processo, e ajudar a devolver a confiança no país. Ela dispõe de condições potenciais. EDUARDO PORTELLA é escritor e professor titular emérito da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). FOTOJORNALISMO Carlos Eduardo Lins da Silva Livro promove discussão sobre até onde o fotojornalismo pode chocar os leitores Jornais e revistas provocam periodicamente polêmicas devido a certas fotografias chocantes que publicam. Uma delas ocorreu no ano passado, quando a ‘Time’ deu na capa imagem de uma afegã de 19 anos que teve o nariz decepado pelo marido. O debate gira sempre em torno do dilema: como estabelecer a fronteira entre morbidez e denúncia, sensacionalismo e dever de informar. A professora de jornalismo Susie Linfield, da New York University, acaba de lançar um livro, ‘The Cruel Radiance: Photography and Political Violence’ (Cruel Esplendor- Fotografia e Violência Política), que aprofunda o exame do assunto e trata dele de maneira mais genérica. Linfield teve sua atenção voltada para o tema quando era criança, ao achar um livro na biblioteca do pai com documentação do extermínio de judeus poloneses. Depois disso, analisou e escreveu sobre fotorreportagens de guerras em Serra Leoa, Libéria, Congo, Somália, Ruanda, Uganda, Bósnia, Tchetchênia e outros lugares, depois da Guerra Fria. Provas de que não havia muita base para as esperanças de que a queda do Muro de Berlim poderia marcar o início de uma era de paz. O livro parte de uma tese e de uma posição contra duas outras, muito bem estabelecidas nas ciências sociais. A tese é de que a foto é um instrumento único para causar empatia em relação a vítimas de crueldades extremas, superior a qualquer forma de arte ou relato jornalístico. A oposição é à teoria crítica da fotografia de Susan Sontag (principalmente às posições de seus herdeiros pós-modernistas) e à visão progressista da história. ‘Eu acredito que precisamos aprender com as fotos e responder a elas, em vez de simplesmente desconstruí-las’, afirma Linfield, a respeito de Sontag. Sobre a crença de que o arco da história se curva na direção da justiça e da liberdade, ela argumenta: ‘Eu aprecio essa tradição, mas cheguei à conclusão de que é a experiência de degradação, miséria, violência e derrota que define a vida de milhões e, em grande parte, define a história’. Segundo a autora, não é possível ‘falar, pelo menos não de modo realista e significativo, em construir um mundo de democracia, justiça e direitos humanos sem antes ter compreendido a experiência de sua negação’. Para obter essa compreensão, é preciso empatia e, para chegar a esta, a fotografia é o caminho mais curto e eficaz. Para concretizar suas ideias, Linfield examina quatro situações históricas dos últimos 70 anos (o Holocausto, a Revolução Cultural Chinesa, as crianças guerreiras na África e a prisão de Abu Ghraib e ações da jihad) e três fotógrafos célebres (Robert Cappa, James Nachtwey e Gilles Peress). Isso embora ela também se refira a outros episódios e jornalistas (inclusive, e extensivamente, o brasileiro Sebastião Salgado). Trata-se de obra importante para estudiosos, praticantes e apreciadores da foto documental. THE CRUEL RADIANCE: PHOTOGRAPHY AND POLITICAL VIOLENCE AUTORA Susie Linfield EDITORA University of Chicago Press QUANTO cerca de R$ 35, mais frete, pela Amazon (344 págs.) AVALIAÇÃO bom ARGENTINA SIP critica piquetes contra gráficas de jornais na Argentina A SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) condenou os piquetes do último sábado diante das gráficas dos jornais argentinos ‘Clarín’ e ‘La Nación’. Os dois veículos, os de maior tiragem no país, só puderam ser distribuídos após o fim dos protestos, que reuniram cerca de 50 pessoas por mais de cinco horas. Os manifestantes pediam a recontratação de funcionários demitidos e entoavam versos a favor da presidente Cristina Kirchner. A SIP considerou os piquetes um ‘grave atentado à liberdade de expressão’ e pediu que o governo ‘deixe de ser cúmplice e assuma com responsabilidade seu papel de avalista da liberdade de imprensa’. TECNOLOGIA Álvaro Fagundes Steve Jobs tira nova licença e cria dúvida sobre a Apple Pela terceira vez em oito anos, Steve Jobs, 55, o fundador e presidente-executivo da Apple, pediu licença médica para cuidar da sua saúde, colocando em suspenso os rumos daquela que é hoje a segunda maior empresa global em valor de mercado. Em e-mail enviado aos funcionários da Apple, Jobs afirmou que a companhia lhe concedeu licença médica para que ele possa ‘focar a saúde’, sem dar detalhes de qual é o seu problema. O executivo fez o mesmo em 2004, quando descobriu que tinha câncer no pâncreas, e no primeiro semestre de 2009, quando passou por um transplante de fígado. Jobs afirmou no e-mail que continuará como presidente-executivo e envolvido nas ‘principais decisões estratégicas’ da empresa. O comando da companhia no dia a dia fica com Tim Cook, diretor de operações, repetindo o que ocorreu nas duas outras ausências. AÇÕES Com o anúncio, os papéis da Apple recuaram 6,2% na Bolsa de Frankfurt. Nos Estados Unidos, o impacto do afastamento de Jobs nos papéis da empresa será conhecido hoje, já que os mercados americanos estavam fechados ontem devido a feriado. Em 2009, quando Jobs se ausentou pela última vez, as ações da companhia recuaram no dia do anúncio, mas se valorizaram em 66% nos quase seis meses em que ficou fora, sustentados pelos novos modelos de iPod e iPhone. INCERTEZA Mais do que com os resultados de curto prazo, a grande preocupação é com o rumo da Apple caso a ausência de Jobs seja prolongada. A imagem da Apple está amplamente associada à de Jobs, que foi o responsável pela retomada da empresa desde o seu retorno, em 1996 (após 12 anos fora), com a introdução de produtos como iMac, iPod, iPhone e, mais recentemente, iPad. Desde a sua volta, a Apple passou de uma empresa que vinha perdendo para a Microsoft cada vez mais espaço para a segunda maior do mundo em valor de mercado, só atrás da petroleira ExxonMobil, apesar de ter um faturamento muito inferior. Jobs é conhecido por estar diretamente envolvido nos projetos da companhia, com atenção aos mínimos detalhes, e buscando prever quais serão as necessidades dos consumidores. Por isso, as dúvidas sobre o que pode ocorrer com a empresa caso Jobs não consiga retomar suas funções. Ainda que os próximos projetos estejam encaminhados, é difícil imaginar que algum outro executivo consiga ter as mesmas ligações que ele tem com a Apple. E a empresa enfrenta o desafio de uma concorrência cada vez mais acirrada, com Google e Samsung, entre outros, elevando suas apostas em smartphones e tablets. Mais discreto, substituto não é ‘showman’ Tim Cook, 50, o diretor de operações da Apple, vai assumir as funções de Steve Jobs no dia a dia da companhia de tecnologia, mas o papel de ‘showman’ provavelmente ficará vago, esperando a volta do presidente-executivo. Não que Cook seja recluso. Ele, por exemplo, foi o representante da Apple no anúncio na semana passada de que a Verizon vai começar a vender o iPhone nos EUA e também apareceu na coletiva em que a empresa anunciou os problemas na antena do iPhone 4, no ano passado. Nada com o destaque, porém, recebido por Jobs e suas apresentações. O executivo, que está na empresa desde 1998, tem o perfil de quem toca o dia a dia da companhia e foi o responsável por transformar a cadeia de fornecedores da Apple, tornando-a mais eficiente. New York Times Empresas de mídia questionam restrição sobre conteúdo para iPad Empresas de jornais e revistas estão reclamando de decisões da Apple sobre a distribuição de conteúdo para o iPad. Na Europa, os jornais foram informados de que não podem oferecer aos seus assinantes edições gratuitas no tablet da Apple. Já as editoras de revistas reclamam que a maioria das publicações disponíveis no iPad só é vendida em base de cópias individuais, não sendo permitidas as assinaturas. Com limitadas exceções, as revistas dependem das assinaturas, mais que das compras em banca, que são irregulares e envolvem decisões por impulso. Embora estejam longe de descartar o iPad, as editoras aguardam ansiosamente o desenvolvimento de novas tecnologias para tablets, como as do Google e da Research In Motion, que lhes dariam ao menos algum poder de pressão. Segundo as companhias do setor, a qualidade de imagem em um tablet pode ser bem melhor que a da tela de um computador, a capacidade de criar narrativas interativas e multimídia é superior e existem mais oportunidades para inovação da parte dos anunciantes. Paula Leite Dependência de presidente também é uma das fraquezas da empresa Entre os muitos acertos da Apple, talvez o maior tenha sido trazer Steve Jobs de volta, em 1996. Ele havia saído da empresa que ajudou a fundar em 1985, após se desentender com o então presidente. Nesse período sem Jobs, a Apple quase foi para o buraco. Mas a genialidade de Jobs para comandar equipes que criam produtos que todos querem e de servir como o melhor vendedor da marca Apple também é uma das fraquezas da empresa. A imagem da Apple foi colada de tal forma à de seu presidente que é difícil imaginar o lançamento de um i-alguma-coisa sem Jobs o mostrando de camiseta de gola alta preta e calça jeans. Relatos de ex-funcionários e jornalistas próximos à empresa dão conta de que Jobs é centralizador e que faz suas equipes lhe apresentarem dezenas, se não centenas, de versões de cada hardware ou software antes de decidir como ficará o produto final. A questão que preocupa os acionistas é se um eventual novo presidente terá a mesma visão de futuro e do que os consumidores querem. A preocupação se acentua quando se pensa que a expansão da Apple daqui para a frente será mais difícil. Tendo tido sucesso em computadores de mesa, notebooks, celulares, tablets e aparelhos de música, sobram poucos segmentos tecnológicos para a empresa tentar dominar. E a entrada da Apple em outros segmentos nem sempre tem sido tranquila. Exemplo é o Apple TV, que não chegou a empolgar. Outra aposta é vender conteúdos, servindo de intermediária entre quem o produz e quem o consome em seu iPad, iPhone ou iPod -a empresa vende música, livros e aplicativos, entre outros. Mas esse caminho também tem percalços: a Apple já comprou briga com gravadoras e estúdios e agora enfrenta as reclamações de editoras. Os acionistas torcem para que a empresa seja transparente sobre a saúde de Jobs e a sua sucessão, mas não é isso que tem acontecido. Camila Fusco ‘Nerd é um empreendedor nato’, afirma especialista Na semana em que a Campus Party coloca em evidência o potencial de inovação dos apaixonados por tecnologia, discute-se também o potencial de converter essa criatividade em negócios. Para Silvio Meira, chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) e colunista da Folha, os aficionados em programação, computação e internet -conhecidos como ‘nerds’- já têm a característica nata de empreendedorismo de conhecimento. O desafio é conseguir estimulá-los para transformar seu conhecimento em empresas. Folha – Na esteira de negócios importantes como Facebook e Twitter, que nasceram de aficionados por tecnologia, como definir o termo nerd? Silvio Meira – O nerd é quem tem conhecimento acima da média numa área. É o que era antigamente o filósofo. O nerd de hoje é um filósofo prático, que implementa coisas em tecnologia. Qual o potencial empreendedor de um nerd? Nerds são empreendedores natos, mas de conhecimento. Ele usa seu tempo para aprender coisas importantes. Mas ser nerd não é sinônimo de desenvolver empresas de sucesso. Como transformar essa capacidade em negócios? É necessário que alguém ajude a pensar em como você estrutura um produto. O que nomes de internet como Mark Zuckerberg, do Facebook, e Biz Stone, do Twitter, têm a ensinar à nova safra de empreendedores de tecnologia? Acho que Biz Stone é o melhor exemplo de que o empreendedor de verdade é serial. Um empreendimento é um produto como outro qualquer. A empresa do empreendedor é um produto. Ele não é dono, é sócio. O empreendedor é capaz de desistir porque não valeu a pena. Você pode ser um empreendedor apaixonado, mas a palavra ‘empreendedor’ tem que vir antes. Eventos que reúnem muitos especialistas num assunto, como a Campus Party, podem ajudar? Não sei se a Campus Party já faz esse papel de feira de negócios. O que precisamos ir atrás, de forma mais intensa, é de ambientes não só de trocas de experiências técnicas, mas ambientes que permitam o desenvolvimento de oportunidades duradouras. As incubadoras podem fazer esse papel? Sim. Hoje no Porto Digital, por exemplo, temos 150 empresas, dois institutos de inovação, quatro fundos de investimento. São pessoas pensando em tecnologia e negócios o tempo todo. É missão das incubadoras incentivar como esses empreendedores devem pensar nas empresas? As incubadoras têm que mudar radicalmente. Há diferença de incubar tecnologias versus incubar negócios. Por que sai tanta gente interessante de Stanford e Harvard? Porque concentram pessoas que têm disposição para aprender. Muitos acreditam que o próximo Google sairá do Brasil. O sr. acredita nisso? O que seria o próximo Google? Seria uma empresa com capitalização de mercado na ordem de US$ 100 bilhões. Para construirmos uma empresa com esse perfil a partir do Brasil, seria necessário que a cadeia de valor de dinheiro inteligente conectado -investidores que conhecem o negócio- fosse muito mais densa, com mais investidores. Por enquanto não temos uma cadeia densa de investimentos. Se vamos ter, eu ainda não sei. Precisamos esperar para ver. INTERNET Banco exclui os EUA de captação do Facebook O Goldman Sachs excluiu os investidores norte-americanos de adquirir uma fatia no Facebook, em um negócio que pode alcançar US$ 1,5 bilhão, atribuindo a decisão à ‘intensa atenção da mídia’. O banco enviou comunicado aos seus clientes dizendo que apenas os que moram no exterior poderão comprar ações do Facebook. De acordo com a instituição, o destaque recebido pelo negócio, desde que o ‘New York Times’ o divulgou no início deste mês, ‘pode não estar compatível’ com o estabelecido pelas leis americanas em casos de empresas que não têm ações negociadas em Bolsa de Valores. O Goldman Sachs e o Facebook fecharam um acordo em que o banco adquiriu US$ 450 milhões em participação no site (que passou a ser avaliado em US$ 50 bilhões) e criou um fundo para que seus clientes possam comprar uma fatia de até US$ 1,5 bilhão na empresa de tecnologia. Por meio desse plano, o Facebook poderia levantar um montante substancial sem ter que se submeter às regras de transparência financeira exigidas pelas autoridades americanas. Porém, a SEC (a Comissão de Valores Mobiliários americana) proíbe que negócios envolvendo companhias privadas tenham ‘ofertas gerais e publicidade’. De acordo com o Goldman Sachs, a decisão não foi imposta pela SEC, mas sinaliza que ela não está disposta a assumir o risco de ter que cancelar um negócio que vem chamando a atenção pelos valores envolvidos por um site cujos números de receita e lucro são desconhecidos. IMAGEM A decisão de afastar os investidores americanos do negócio abala ainda mais a imagem do banco, já prejudicada pelos seus negócios com papéis relacionados a hipotecas antes de a atual crise ter início. No entanto, o Facebook não deve ser muito prejudicado. A expectativa é que a procura pelos seus papéis continue grande. Antes de o Goldman Sachs anunciar o veto, os pedidos pelos papéis do Facebook somavam US$ 7 bilhões, segundo o ‘Wall Street Journal’, com uma forte procura dos investidores da China -onde o site é proibido. Blog Freakonomics deixa site do ‘NYT’ A popular página de economia não será mais hospedada no site do ‘New York Times’ -que se prepara para cobrar por conteúdo-, onde está desde o ano de 2007. Porém, de acordo com os jornalistas Steven Levitt e Stephen J. Dubner, fundadores do blog, a decisão não se deve à plataforma de cobrança do ‘NYT’, mas sim à vontade de agregar conteúdo multimídia em um domínio próprio. Cresce visualização de vídeos via celular Segundo o Google, a plataforma para telefones móveis do Youtube tem, ao dia, 200 milhões de visualizações de vídeos. Os aplicativos para telefones têm restrições de direitos autorais que não permitem que todos os vídeos do site estejam disponíveis na versão móvel. ‘Conforme mais pessoas veem vídeos em smartphones, esperamos que mais parceiros aproveitem o potencial da publicidade móvel’, disse o gerente de produção do Youtube, Andrey Doronichev. Skype pretende dobrar quadro de funcionários O novo presidente-executivo do Skype, Tony Bates, disse em entrevista que a companhia quer aumentar em aproximadamente 50% seu número de funcionários para revigorar o processo de desenvolvimento de seu produto principal. Para Bates, a companhia precisa de mais engenheiros de produto. No ano passado, apenas 8 milhões dos 124 milhões de pessoas que usaram o Skype pagaram pelos serviços, o que gerou uma receita de US$ 406 milhões no primeiro semestre. TELEVISÃO Keila Jimenez Globo inicia ano com mais audiência que em 2010 A Globo quer estender os bons ventos de audiência em janeiro para o resto do ano. A reta final de ‘Passione’, a estreia do ‘BBB’ e o festival de cinema nacional deram uma alavancada no ibope da emissora nos primeiros 15 dias do ano. Do dia 1º ao dia 15 de janeiro, a Globo marcou 18,9 pontos de audiência em sua média/dia (das 7h à meia-noite), dois pontos a mais que no mesmo período do ano anterior, que foi de 16,8 pontos. Em comparação com o mês passado, janeiro foi melhor: de 1º a 15 de dezembro, a Globo registrou 16,4 pontos (cada ponto equivale a 60 mil domicílios na Grande SP). A Record também cresceu no período: foi de 6,7 pontos (de 1º a 15 de janeiro de 2010) para 7 pontos de média (de 1º a 15 de janeiro de 2011). Mesmo assim, a emissora ficou atrás em audiência dos chamados OAPs e OCNs (outros aparelhos e outros canais), o que implica a audiência de TVs ligadas em DVDs e videogames, e dos canais pagos somados. De 1º a 15 de janeiro deste ano, o ibope dos OAPs e OCNs, somados, foi de 8 pontos na média/dia, um ponto a mais que nos primeiros 15 dias de 2010. O SBT marcou no período 5,5 pontos, melhor que os 4,9 pontos de dezembro, mas ainda abaixo da média de 5,6 pontos de janeiro de 2010. GOLPE Em ‘Insensato Coração’ (Globo), Léo (Gabriel Braga Nunes) conquista Norma (Glória Pires) para roubar seu patrão; o beijo vai ao ar na próxima semana O NÚMERO É… A primeira formação de paredão do ‘BBB 11’ (Globo), anteontem, fez a audiência despencar para 22 pontos de média, a menor desde a estreia do reality, há uma semana. Com a cobertura das enchentes no Rio, o ‘Fantástico’ marcou boa média: 24 pontos. Trilha O titã Branco Mello segue como diretor musical na nova temporada da série ‘Aline’ (Globo). A nova leva de episódios, que estreia no dia 3 de fevereiro, terá de rock pesado a ópera. Estreia Nem Sheron Menezes nem Juliana Alves. O papel que seria de Taís Araújo em ‘Cordel Encantado’, próxima trama das 18h da Globo, deve ficar com uma novata, que está sendo submetida a testes. A personagem: uma empregada que vira rainha. A PERGUNTA É… Por que o canal Fox exibe o mesmo comercial institucional, seguidamente, no intervalo de sua programação? Tabajara Mesmo com o fim do ‘Casseta’ (Globo), o site segue no ar, atualizado. Cachê Aguinaldo Silva disse em seu blog que Sônia Braga não fará a vilã de ‘Lara com Z’, nova série da Globo, por ter pedido cachê internacional. Cachê 2 Sônia rebateu no Facebook, alegando que a Globo ofereceu a ela menos do que em ‘Páginas da Vida’, há cinco anos, e que sua ‘dignidade profissional’ a impediu de aceitar. Fontes do mercado dizem que Sônia pediu algo em torno de R$ 50 mil por episódio da série. Serão 14. com SAMIA MAZZUCCO ‘O Bem Amado’ estreia hoje na Globo com cenas adicionais O filme ‘O Bem Amado’ estreia hoje como minissérie na Globo. O longa do diretor Guel Arraes ganha versão para a TV em quatro capítulos. A série terá 26 minutos além dos já exibidos nos cinemas. Com cenas extras, as tramas paralelas do filme ganharam mais destaque e a edição modificou o ritmo da narrativa. ‘O Bem Amado’ traz Marco Nanini como Odorico Paraguaçu, prefeito corrupto de Sucupira cuja meta principal é a inauguração do cemitério municipal. Acontece que ele enfrenta um empecilho: ninguém morre na cidade. Em sua busca por um cadáver, Odorico contará com a ajuda das irmãs Cajazeiras (interpretadas por Andrea Beltrão, Zezé Polessa e Drica Moraes), do assessor Dirceu Borboleta (Matheus Nachtergaele) e até de um matador, Zeca Diabo (José Wilker). A peça de Dias Gomes (1922-1999) que inspirou o filme já havia originado antes uma novela de grande sucesso da Globo. Na novela, de 1973, Paulo Gracindo interpretava Odorico Paraguaçu. NA TV O Bem Amado Série em 4 capítulos QUANDO de hoje até 21/1, às 23h30, na Globo CLASSIFICAÇÃO 14 anos Roberto Kaz Sucesso na web, notícias falsas viram programas de TV Em outubro de 2010, o site americano Onion News Network, de notícias fantasiosas, publicou, em vídeo, que o ídolo teen Justin Bieber seria ‘um pedófilo de 51 anos disfarçado’. Horas depois, a história, tomada por real, foi replicada em uma cadeia de TV de Hong Kong. De seu escritório em Nova York, o autor do texto, Dan Mirk, 26, riu: ‘Como é possível? Eu dizia que o sujeito usava uma máscara de borracha com a cara do Bieber. Era absurdo’. Na semana passada, as notícias falsas de Mirk -e dos outros sete chefes da equipe criativa do Onion- voltaram à televisão, por vias oficiais. O site estreou, no canal Comedy Central (que produz o desenho ‘South Park’), o ‘Onion SportsDome’, noticiário fantasioso voltado ao mundo esportivo. Não é só. Na próxima sexta-feira, 21, o grupo estreia um segundo programa: ‘FactZone’, no canal IFC. Ambos serão semanais e de meia hora. Podem ser vistos no Brasil através do site www.theonion.com. Fundado como um jornal universitário, em 1988, o Onion se tornou um império midiático de notícias falsas. Seu jornal impresso, gratuito, tem tiragem semanal de 365 mil exemplares. O site, que tem cem funcionários, recebe 40 milhões de acessos por mês. Tem, entre os anunciantes, Coca-Cola, Audi, Apple, CNN e Nintendo. No Brasil, serve de inspiração para os jornais satíricos ‘Sensacionalista’ e ‘The i-piauí Herald’, publicados na internet. Dan Mirk contou, por telefone, que nenhum membro da redação tem experiência prévia com jornalismo: ‘Somos comediantes’. Diz tentar fazer algo ‘mais ridículo que o noticiário americano, o que é muito difícil’. Explica: ‘Às vezes, uma piada que nos parece hilária morre no minuto seguinte, quando alguém avisa que ela saiu, de verdade, na Fox News’. Por isso, não raro, parte das matérias acabam tomadas por reais. Em setembro de 2009, dois jornais de Bangladesh -’The Daily Manab Zamin’ e ‘The New Nation’- publicaram que a chegada do homem à Lua teria sido uma farsa. A manchete ‘Teorias conspiratórias convencem Neil Armstrong de que o pouso na Lua foi forjado’ havia saído, dias antes, no site do Onion. Em fevereiro de 2010, o ‘Corriere della Sera’, maior jornal da Itália, acreditou, a partir de um vídeo do Onion, que a Dinamarca havia lançado ‘campanha turística angustiante dirigida por Lars von Trier’, autor dos filmes ‘Dogville’ e ‘Anticristo’. Precisou assumir o erro publicamente. O caso mais emblemático, no entanto, ocorrera um ano antes, nos EUA. Em junho de 2009, o Onion noticiou que a ginasta Shawn Johnson, ouro nas Olimpíadas de Pequim, havia sido ‘abatida após quebrar uma perna’. O vídeo, que comparava a atleta a um cavalo, foi condenado por centenas de blogs. Marc Lieberman, vice-presidente de negócios, diz que o site nunca foi processado: ‘É prestigioso ser satirizado. A própria ginasta gostou’. MANCHETES DO SITE THE ONION – Simulador da Nasa prepara astronautas para dificuldades de entrevista com Larry Flint – Vitória de Obama faz com que partidários obsessivos percebam o vazio de suas vidas – Jennifer Aniston adota namorado de 33 anos na África – Americanos celebram Páscoa com a tradição de esperar nos aeroportos – Pesquisa: como fazer a Guerra do Iraque mais ecologicamente correta? GLOBO DE OURO Fernanda Ezabella Premiação do Globo de Ouro foge de surpresas A festa do Globo de Ouro deu mais um empurrão à consagração de ‘A Rede Social’, ao dar ao filme de David Fincher mais quatro prêmios na noite de domingo: melhor drama, roteiro, trilha sonora e direção. O longa sobre o Facebook já colecionava troféus dos principais grupos de críticos dos Estados Unidos e Canadá e, por isso, chega à reta final da temporada como favorito ao Oscar, a uma semana do anúncio dos indicados -que ocorre na próxima terça. A cerimônia aconteceu na noite de domingo, num hotel em Beverly Hills. Nas categorias de cinema, o show foi praticamente um repeteco de outros prêmios, sem muitas surpresas, mas apimentado pelas piadas infames do apresentador, o comediante britânico Ricky Gervais. Ele não deixou passar as indicações bizarras para filmes que foram mal de crítica e bilheteria, como ‘O Turista’ e ‘Burlesque’. Também falou do processo aberto na semana passada contra a organização do Globo de Ouro -que é escolhido por cerca de 90 correspondentes em Hollywood-, acusada de aceitar jabá de estúdios. ‘Mas que raios é um suborno? Levá-los para Las Vegas para ver um show da Cher?’, disse Gervais sobre a cantora que estrela o musical ‘Burlesque’. Depois, falou do ‘rumor ridículo’ de que os votantes só tinham indicado Angelina Jolie e Johnny Depp, ambos de ‘O Turista’, para poder tê-los na cerimônia e nas festas. ‘Isto é uma besteira, não é a única razão. Eles também aceitam subornos’, disse. Houve outros discursos estranhos. O homenageado da noite, o ator Robert De Niro, fez gracinha com os correspondentes, dizendo que muitos haviam sido ‘deportados por serem imigrantes ilegais, assim como os garçons e Javier Bardem’. Já Aaron Sorkin, roteirista de ‘A Rede Social’, agradeceu a Mark Zuckerberg, o jovem fundador do Facebook, retratado de forma bastante perversa no filme. QUASE NADA AO REI ‘O Discurso do Rei’, que tinha a liderança com sete indicações, acabou com apenas um prêmio, de melhor ator, para Colin Firth. A surpresa da noite ficou para a categoria filme estrangeiro. O dinamarquês ‘Em um Mundo Melhor’ desbancou o favorito ‘Biutiful’ (México/ Espanha), estrelado por Javier Bardem. O longa conta a vida de uma família cujo pai médico se divide entre uma cidadezinha na Dinamarca e um campo de refugiados na África. A previsão de estreia no Brasil é 11 de março. O filme de balé e terror ‘Cisne Negro’ rendeu a Natalie Portman o troféu de melhor atriz. Nas categorias de TV, surgiram novas caras, como os mafiosos do ‘Boardwalk Empire’, melhor seriado de drama e melhor ator para Steve Buscemi. ‘Sons of Anarchy’, série de 2008, finalmente arrancou um prêmio para Katey Sagal, que faz a matriarca durona de uma família de motoqueiros. A nova série sobre câncer ‘The Big C’ também ganhou o troféu de melhor atriz para Laura Linney. Thales de Menezes Geração conectada ao Facebook já conta com seu próprio ‘O Poderoso Chefão’ Não é sempre que o Globo de Ouro tem chance de premiar um grande filme de verdade. Neste ano, a oportunidade não foi desperdiçada. ‘A Rede Social’ é mesmo tudo isso. E mais um pouco. O roteirista Aaron Sorkin, que ganhou um dos quatro prêmios dados ao filme, definiu de forma brilhante em seu discurso de agradecimento: ‘David Fincher consegue fazer uma cena de digitação tão eletrizante quanto um assalto a banco’. Um diretor fantástico, um elenco jovem e arrebatador, uma edição empolgante e, principalmente, uma história que diz respeito a quase 600 milhões de pessoas. Poucas vezes o cinema conseguiu ser tão pertinente como em ‘A Rede Social’, uma espécie de ‘O Poderoso Chefão’ desta geração. Jesse Eisenberg deveria ganhar como melhor ator, por ser o fio condutor do filme numa composição ao mesmo tempo cativante e desprezível de Mark Zuckerberg, o criador do Facebook. Mas os críticos estrangeiros em Hollywood já assimilaram o complexo de inferioridade dos americanos diante dos atores ingleses. Basta um sotaquezinho britânico para achar o cara o máximo. Colin Firth não é nenhum Laurence Olivier, nem mesmo um Kenneth Branagh. Só fez Shakespeare desde criança. Aos 12 anos, ele provavelmente decorava ‘Hamlet’. Na mesma idade, Natalie Portman já deveria ter recebido alguns prêmios como a menina de ‘O Profissional’. O merecido Globo de Ouro dela pode fazer mais gente se arriscar a ver ‘Cisne Negro’, filme esquisitão, difícil. Nas produções de TV, a dramática e cheia de pedigree ‘Boardwalk Empire’ compensa os três prêmios para ‘Glee’, que já deu tudo que tinha a dar. Faltou coragem para eleger ‘The Big C’, uma comédia sobre câncer que ainda fará história na TV. ************ O Estado de S. Paulo Terça-feira, 18 de janeiro de 2011 TECNOLOGIA Gustavo Chacra Steve Jobs tira nova licença médica De uma forma inesperada, o carismático fundador e presidente da Apple, Steve Jobs, anunciou ontem que ficará de licença da empresa de tecnologia americana para tratar de sua saúde. Diferentemente de dois anos atrás, quando ao sair estabeleceu uma data de seis meses para retornar, o homem considerado por muitos como o maior inovador de sua geração não disse quanto tempo permanecerá fora. O anúncio teve impacto nas ações da empresa na Alemanha, já que a Bolsa de Valores de Nova York não funcionou ontem por causa de um feriado. Os papéis da Apple chegaram a despencar até 10%. A expectativa é de como o mercado americano vai reagir hoje. Investidores temem que a saída de Jobs, de 55 anos, seja prolongada. Alguns não descartam que desta vez sua licença seja definitiva. Sobrevivente de um câncer no pâncreas, o executivo sofre complicações de um transplante de fígado e seu sistema imunológico é debilitado. Durante a ausência de Jobs, de acordo com comunicado oficial da Apple, a administração ficará nas mãos de Tim Cook, que dirige atualmente a área operacional da empresa na Califórnia. Na carta enviada para seus funcionários e tornada pública pela Apple, Jobs afirma que deixará a empresa temporariamente para se ‘focar no tratamento de saúde’, sem dar mais detalhes sobre quais problemas estaria enfrentando atualmente. Na declaração, o executivo acrescentou que estará envolvido nas decisões estratégicas da empresa, mas alguns analistas diziam ontem que este trecho talvez tenha por objetivo apenas acalmar os investidores. ‘Atendendo a meus pedidos, o conselho de diretores da empresa me concedeu uma licença médica’, escreveu Jobs. ‘Eu amo tanto a Apple que pretendo retornar o mais brevemente possível’, acrescentou. Em janeiro de 2009, o executivo também precisou deixar a empresa para tratar de sua saúde, retornando em junho do mesmo ano. Momento crítico. O momento da saída de Jobs é considerado crítico. A Verizon, principal operadora de telefonia dos Estados Unidos, começará a vender o iPhone 4, no que deve ampliar ainda mais o mercado da Apple na telefonia celular, antes restrita apenas à AT&T, nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, a Apple precisa lidar com o cada vez mais difundido sistema operacional Android, do Google, utilizado em uma série de aparelhos celulares fabricados por outras empresas. A Microsoft também decidiu entrar neste mercado, intensificando ainda mais a competição. Nos próximos meses, também está previsto o lançamento de novas versões do próprio iPhone e também do iPad, que neste ano deve enfrentar a concorrência de outros tablets. Lançado no ano passado, o iPad logo se converteu em sucesso de vendas. Antes, além de seus já tradicionais computadores Mac, Jobs havia criado produtos como o iPod, que alterou a forma como as pessoas ouvem música e, mais recentemente, o iPhone, que levou a telefonia celular para um novo patamar. Além dos investidores, no entanto, os consumidores da Apple também ficam preocupados com a saúde de Jobs, que é uma espécie de guru com sua camiseta preta de gola olímpica e calça jeans. Nos Estados Unidos, especialmente entre os mais jovens, existe uma tendência quase religiosa de adotar todos os produtos lançados pela empresa, com filas gigantescas nas portas da Apple Store quando surge um novo lançamento. PERFIL Steve Jobs, fundador e presidente executivo da Apple Empresário criou produtos inovadores Steve Jobs fundou a Apple Computer com seu amigo Steve Wozniack na garagem da família Jobs no Vale do Silício, no fim dos anos 70. A empresa logo assumiu uma posição importante na então nascente indústria de computadores pessoais. Em 1980, o IPO tornou Jobs multimilionário. O Macintosh, lançado em 1984, foi o primeiro computador comercialmente bem-sucedido, com uma interface gráfica fácil de usar. No ano seguinte, Jobs deixou a empresa, vendendo todas suas ações, mas voltou em 1997 como diretor executivo. Em 2001, a Apple lançou o iPod, cujo design simples consolidou o legado de Jobs como um inovador capaz de unir tecnologia e mídia. Em 1986, Jobs foi um dos fundadores do estúdio Pixar, responsável por animações como Toy Story. Tornou-se membro do conselho de administração e o maior acionista individual da Walt Disney Co. quando esta comprou a Pixar, em 2006. Alexandre Mello Campus Party aposta em ‘celebridades’ Atrações internacionais em grande quantidade. Essa foi a aposta dos organizadores da feira Campus Party para a quarta edição brasileira, que começou ontem no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, e segue até o próximo domingo. O calendário de palestras deste ano começa com Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos e Prêmio Nobel da Paz, às 13h de hoje, e termina com Steve Wozniak, cofundador da Apple, considerado praticamente o inventor do computador pessoal, às 19h de sábado, 22. Nos outros dias, será a vez de personalidades como Tim Berners-Lee (criador do WWW), Kul Wadhwa, gerente da Wikipédia, e do editor especial da revista britânica Wired, Bem Hammersley. E, para os mais viciados em tecnologia, a lista traz ainda Stephen Crocker, gerente de programa da Arpanet (que lançou as bases da internet na década de 60), e Jon ‘Maddog’ Hall, figura importante entre os defensores do software livre – e escritor do livro Linux for Dummies. As palestras deverão ser assistidas por 6,8 mil pessoas que se inscreveram no site da Campus Party. Destas, mais de 4,5 mil pretendem acampar no próprio local. São os chamados ‘campuseiros’. Eles também terão direito a participar de cerca de 400 atividades – de debates a competições – em variadas áreas como robótica, eletrônica, astronomia, games, música, mídia social, games e simuladores. Já aos não cadastrados resta a chance de ver uma amostra do evento gratuitamente num local à parte chamado Área Expo, ou pela TV Campus Party. Pouco, perto do que realmente acontece no lado de dentro. Fora do comum. Ao contrário das demais feiras de tecnologia, a grande característica da Campus Party é ser um espaço de debates. Em vez de uma enorme exibição de produtos, o que predomina é a diversidade de seminários, debates e palestras, assistidas por pessoas de diversas regiões do País, em sua maioria usuários experientes de tecnologia, chamados popularmente de geek ou nerds. Criada em 1997 na Espanha, essa feira também é realizada no Brasil, na Colômbia, no México e contou com duas edições especiais: a Iberoamerica (em San Salvador) e a Campus Party Europa (em Madri). GLOBO DE OURO Luiz Zanin Oricchio A rede social sai na frente Com uma safra de cinema que não é das melhores, o Globo de Ouro escolheu o que era possível e consagrou A Rede Social com quatro estatuetas: melhor filme, roteiro, direção (David Fincher) e trilha sonora. Se isso é prenúncio para o Oscar, veremos, mas o fato é que a narrativa da criação do site de relacionamentos Facebook sai fortalecida para a premiação da Academia de Hollywood. É, de fato, um filme interessante que, pela trajetória de um nerd muito inteligente e com problemas de relacionamento, acaba acertando em cheio no vazio contemporâneo. O excesso de comunicação às vezes deixa as pessoas mais isoladas do que nunca, diz o filme. E esse vazio dá um dinheirão. Era uma premiação esperada, mas talvez não com esta intensidade. Assim como eram esperadas outras vitórias, como o troféu de melhor animação para Toy Story 3 que, de fato, é maravilhoso. A pena é que tinha como concorrente outro filme excepcional, O Mágico, de Sylvain Chomet, sobre um roteiro de Jacques Tati, e que ficou pelo caminho. Também interessante foi a premiação de O Vencedor, filme de boxe de David O. Russell, com os troféus de coadjuvantes para Christian Bale e Melissa Leo – comoventes na exposição do submundo desse esporte tão brutal quanto empolgante. Bale faz o quase campeão derrotado pelo vício do crack e que se empenha em dar ao irmão a chance que ele não teve. Minhas Mães e Meu Pai era também o favorito para melhor filme comédia ou musical (ao contrário do Oscar, o Globo de Ouro faz a distinção entre gêneros). Rendeu também a estatueta de melhor atriz para grande dame Annette Bening. Na categoria melhor filme estrangeiro venceu o dinamarquês Em um Mundo Melhor, de Suzanne Blier, bonito e bem intencionado. Talvez o prêmio coubesse melhor a Biultiful, do mexicano Alejandro González Iñarritú, mas deve ter sido considerado duro demais para merecê-lo. Algumas decisões surpreenderam. Como é o caso de Paul Giamatti pelo papel principal em Barney’s Version – que no Brasil irá se chamar Minha Versão do Amor. Giamatti é simpático e depois patético como Barney, o anti-herói de um best-seller de Mordecai Richler. O superestimado Cisne Negro, de Darren Aronofsky, deu o troféu de atriz para Natalie Portman como a bailarina que, sob um diretor tirânico (Vincent Cassel), precisa enfrentar seu ‘lado obscuro’ para se completar como artista. Não merecia mais do que isso. Natalie saudou sua partner no filme, chamando-a de Mila ‘sweet lips’ Kunis. Quem vir o filme compreenderá a alusão aos doces lábios da moça. Pequenas transgressões de Hollywood. O britânico O Discurso do Rei, o concorrente com maior número indicações (sete), emplacou apenas o prêmio de melhor ator para Colin Firth, que era tido como pule de dez, barbada absoluta na análise de especialistas em premiações americanas. Burlesque também venceu em apenas uma categoria – melhor canção original. O grande derrotado foi A Origem, de Christopher Nolan, indicado em quatro categorias sem emplacar nenhuma. O colégio eleitoral deve ter buscado alguma substância debaixo de todo aquele glacê e não encontrou nada. Se houve alguma obviedade em toda a premiação, o Globo de Ouro se redimiu com uma ótima surpresa: Carlos, de Olivier Assayas, venceu na categoria de melhor minissérie ou telefilme. Em cinco horas e meia frenéticas, descreve a trajetória de Carlos, o Chacal, em memorável interpretação do venezuelano Edgard Ramírez, que merecia a estatueta de ator (perdeu para Al Pacino, o que não é vergonha para ninguém). Telefilme ou não, Carlos é das melhores obras que pintaram nas telas nos últimos anos. Passou na Mostra de São Paulo. Precisa chegar ao circuito. Ou, pelo menos, à TV, em sua versão integral. Quando toda poeira baixar, esse filme fascinante sobre a política de extremos do século 20 permanecerá. Etienne Jacintho Glee é o grande vencedor de TV A noite do Globo de Ouro começou com uma certeza e uma surpresa, nas categorias que contemplam as séries de televisão. Jane Lynch levou a estatueta de melhor atriz coadjuvante em série, minissérie ou filme para TV por sua Sue Sylvester de Glee, prêmio previsível e merecido. Na sequência, Chris Colfer, contrariando o favoritismo de Eric Stonestreet (Modern Family), ganhou o prêmio de melhor ator coadjuvante na mesma categoria também por Glee. Em seu discurso, ele dedicou a estatueta aos fãs e aos jovens que, como seu personagem, o gay Kurt, sofrem bullying nas escolas. Apesar de Lea Michelle e Matthew Morrison saírem sem os prêmios de melhor atriz e ator em musical e comédia – Laura Linney (The Big C) e Jim Parsons (The Big Bang Theory) ficaram com os títulos -, Glee foi o grande vencedor da noite na categoria televisão, pois recebeu ainda o prêmio de melhor série cômica. Entre os dramas, o destaque foi a superprodução Boardwalk Empire, da HBO, que ganhou como melhor série e deu a Steve Buscemi o prêmio de melhor ator. A veterana Katey Sagal (Sons of Anarchy) foi considerada a melhor atriz dramática. TELEVISÃO Etienne Jacintho Rá Tim Bum: uma estreia por mês Após seis anos no ar, a TV Rá Tim Bum promete estrear, a partir de fevereiro, uma atração por mês até dezembro deste ano, entre produções próprias, programetes de curta duração e coproduções. A lista contém, além de títulos inéditos, sequências de atrações como Cocoricó na Cidade, o grande chamariz do canal, cuja segunda temporada deve entrar em cartaz nas férias de julho. A maratona de lançamentos começa no dia 5 de fevereiro, às 9h30, com a segunda fase da animação Anabel, parceria da TV Rá Tim Bum com a Martinelli Filmes. O desenho segue a menina que dá nome à atração em histórias de mistério. Anabel vive nos anos 1930, gosta de ler Edgar Allan Poe e de andar de bonde. ‘A TV Rá Tim Bum virou referência em produção infantil e chama a atenção de produtores independentes como um bom canal de distribuição de atrações’, afirma Fernando Vieira de Mello, vice-presidente de Conteúdo da TV Cultura e TV Rá Tim Bum. Outra coprodução que entra no ar este ano é o Física Divertida, com a canadense Mad Science. Em seu segundo ano, a atração terá novos personagens e estreia em março. Já em agosto, a produtora Tortuga Studios lança a nova fase de A Mansão Maluca do Prof. Ambrósio. Programetes. O canal vai renovar a safra de programetes de até 7 minutos de duração. O primeiro chegará ao canal em abril com o biólogo Guilherme Domenichelli. Em Como Cuidar do seu Melhor Amigo, ele vai abordar curiosidades e cuidados de bichos de estimação não muito convencionais como coelhos, hamsters, jabutis e tartarugas. ‘É um programa útil, pois há adultos que também não sabem cuidar destes bichos’, conta Domenichelli. ‘Acontece de a pessoa se empolgar e comprar um animal que necessita de cuidados especiais. Aí, sem saber como lidar com o bicho, acaba soltando na natureza.’ O biólogo está no ar com Passeio Animal, que deve seguir na programação. Duas séries de animação com 13 episódios de 5 minutos de duração cada um entram em cartaz em maio e junho: T.R.E.X.C.I e Dr.Raio X, respectivamente. A última tem a voz do ator Fúlvio Stefanini. Com apenas um minuto e meio de duração e 26 episódios, o canal estreia Que Diacho É Isso?, animação em 3D que mostra ETs curiosos na Terra e chegará em novembro. Já os desenhos Nilba e os Desastronautas e Papel das Histórias estão previstos para estrearem suas segundas temporadas em setembro e dezembro, respectivamente. A única dúvida para este ano é a segunda temporada de Escola Pra Cachorro, parceria da Mixer com a canadense Cité-Amérique. A atração, inicialmente prevista para outubro, pode ficar para 2012, segundo Vieira de Mello. ************