Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Maria Lucia Dahl

‘Os primeiros artistas que conheci na vida foram um casal de bailarinos que dançava no navio SS Brazil, que ia para os Estados Unidos levando nossa família, de férias. Chamavam-se Michael e Marlene. Acho que eram americanos, não sei, nunca falei com eles, mas os via dançar e só prestava atenção no vestido decotado dela e na sua saia esvoaçante, que, junto com o som de seus saltos com tachinhas, ofuscavam seu discreto par, cuja única função, que eu notasse, resumia-se a levantá-la no ar. Gostava de vê-los, achava-os coloridos e irreais como um par de bonequinhos animados, mas não me atraíam se passavam pelo deque com suas vestimentas normais, causando frisson entre os turistas, que viravam as cabeças, apontando: ‘Olha os artistas!’

Depois, era o quarto da cozinheira lá de casa, sempre com as novidades da última Revista do rádio, que trazia, invariavelmente, Marlene ou Emilinha na capa. Dentro, um questionário: Gosto e não gosto, em que os artistas da Rádio Nacional se repetiam em respostas óbvias, tipo ‘não gosto de jiló, de sapato apertado’ ou outras bobagens do gênero. Mas a cozinheira endeusava-os como… celebridades.

Já minha mãe achava que celebridades mesmo eram os artistas americanos, que vinham de Hollywood especialmente para o bar do Quitandinha, onde bebiam expostos ao público, numa espécie de aquário. Mamãe apontava-os, dizendo: ‘Este é o Cesar Romero’ – cuja escultura de barro colorida, com um chapéu de mexicano, ornamentava a mesinha de cabeceira da babá, junto com São Jorge e São Sebastião, as celebridades dela.

Eu não me interessava nem um pouco por aquelas pessoas desconhecidas. Em matéria de artistas, gostava de Alvarenga e Ranchinho, pela alegria contagiante que causavam nas festas de aniversário minhas e da minha irmã. Mas, pra mim, celebridades mesmo (as únicas que gostava de agradar e de estar perto) eram meu pai e a babá, que me emocionavam às lágrimas, fazendo meu pequeno coração disparar de amor e prazer.

Mais tarde, adulta, na Europa, minhas amigas só faltavam enfartar diante de um Marcelo Mastroianni, de uma Monica Vitti ou da Princesa Soraya, quando estes comiam, tranqüilamente, num restaurante qualquer. Eu detestava aquela tietagem. Uma noite fui jantar com um namorado inglês que levou Mick Jagger e Ringo Starr, no auge da fama, para me impressionar. Não gostei de conhecê-los assim, de perto, desmistificando-os. Preferia-os no palco, esvoaçantes e decotados, como deuses inatingíveis, comunicando-se com o público através da emoção.

Quando fui para o exílio, na Europa, e aluguei minha casa para um amigo, por telefone, às pressas, ele – um decorador famoso na época – trouxe o Jack Nicholson para se hospedar aqui, porque o artista não queria ser visto nem reconhecido por ninguém.

Aqui não tinha perigo. Botafogo não fazia idéia de quem era aquele amigo do meu amigo, que entrava mudo e saía calado. Uma vez, Pelé e Gal também passaram de carro para pegá-lo. Contou meu amigo depois:

– Pelé, o eletricista? – eu teria perguntado, distraída.

– Não. Pelé, o rei! – ele respondeu.

Dessa vez, os portugueses da rua desconfiaram, mas depois acharam impossível que Pelé, o rei, e Gal Costa em pessoa estivessem na minha porta e se desinteressaram de olhar para dentro do carro.

Assim foi também com o Omar Shariff, que fazia parte do grupo em que eu estava, numa estréia de cinema no Méridien. De lá ele convidou a todos para dançar no Regine’s, no térreo do hotel.

Ao entrarmos na boate, o ator disse, simpaticamente, ao porteiro, referindo-se a nós:

-They are all with me (ou ‘eles todos estão comigo’).

Ao que este respondeu, num inglês ainda mais puro:

– I know them all, but who are you? (ou ‘conheço eles todos, mas quem é o senhor?’).

De modo que acho mesmo que lugar de celebridade é no palco ou na cama, depois de criar fama. De preferência, sem passar pelo deque.’



DIDI PERDOADO
O Estado de S. Paulo

‘Gays perdoam Didi’, copyright O Estado de S. Paulo, 24/07/04

‘A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros diz que foi procurada pelo humorista Renato Aragão, com um pedido de desculpas. Segundo a associação, Renato se comprometeu a eliminar as brincadeiras sobre homossexuais em seu programa na Globo, A Turma do Didi. A Associação tinha protestado contra Renato há duas semanas.’



TV & INFÂNCIA
Folha de S. Paulo

‘TV infantil sairá do ar para criança brincar’, copyright Folha de S. Paulo, 25/07/2004

‘Desligue a TV e vá brincar lá fora! A frase, ouvida com freqüência pelas crianças da boca de seus pais, agora será dita por uma rede americana de TV para crianças.

Em 2 de outubro próximo, um sábado, a Nickelodeon sairá do ar por três horas nos EUA e pedirá a seus jovens telespectadores que brinquem no período.

No momento do desligamento, previsto para o meio-dia, estima-se que a Nickelodeon -disponível nas TVs por assinatura brasileiras- tenha, só nos EUA, cerca de 1,5 milhão de telespectadores com idades entre 6 e 11 anos. Enquanto estiver sem programação, a TV exibirá um texto dizendo que é hora de sair para brincar.

‘As crianças não estão brincando tanto depois da escola como costumavam, então quisemos ter a certeza de que saibam o quanto isso é importante’, disse a presidente da rede, Cyma Zarghami.

A ironia maior é que foi o surgimento de redes de TV voltadas exclusivamente para crianças 24 horas por dia, como a Nickelodeon, que possibilitou a crianças em várias partes do mundo passarem horas sem fim diante da tela da TV. Mas, alega Zarghami, estudos mostram que as crianças hoje não estariam vendo muito mais TV do que há 15 anos.

‘Nós não temos controle do quanto as crianças assistem à programação da TV’, disse ela.

Segundo levantamento da ONU, 93% das crianças do mundo têm acesso à TV. E elas passam pelo menos 50% mais tempo ligadas ao aparelho do que em qualquer outra atividade não-escolar. Especialistas estão preocupados também com o surgimento de programação voltada para crianças cada vez mais jovens, como os Teletubbies.

A Nickelodeon provavelmente não perderá muita receita de propaganda durante a interrupção: as empresas anunciantes serão compensadas pela exibição de comerciais em horários diferentes. A rede estima que gastará cerca de US$ 10 milhões com sua campanha, batizada de ‘Vamos apenas brincar’.

Quando a programação voltar ao ar, às 15h, trará um especial com música e esportes ao ar livre para, segundo a rede, estimular seus espectadores a uma vida saudável e ativa.

Durante sua campanha, a Nickelodeon também patrocinará ‘dias para brincar’ em dez cidades dos EUA, convidando crianças para festas em parques. O ator Denzel Washington e a estrela teen Hilary Duff estão entre as celebridades que já gravaram anúncios para a campanha.

Se a idéia tiver sucesso, será que a Nickelodeon adotará as três horas fora do ar de forma permanente? ‘Nossos operadores de cabo e anunciantes podem não gostar disso’, ponderou Zarghami. Com agências internacionais’



SBT
Laura Mattos

‘Patrão pede economia a Gugu, Hebe e Ratinho’, copyright Folha de S. Paulo, 25/07/2004

‘O mexicano Eugenio Lopez Negrete, executivo do SBT que extraoficialmente assume as funções de vice-presidente, reuniu nesta semana em um almoço na sede da emissora as principais estrelas da casa, Gugu Liberato, Hebe Camargo, e Carlos Massa, o Ratinho.

Ex-funcionário da mexicana Televisa (parceira do SBT), Lopez falou com os três sobre programação e deixou claro que é preciso economizar nas produções. Ele não falou em número ou corte de orçamento, mas pediu a compreensão dos apresentadores. Em 2003, apesar das 400 demissões, o SBT teve prejuízo de R$ 33,6 milhões, recorde na história da emissora.

Like a virgin

Manoel Carlos desistiu de viajar ao Chile e à Argentina em razão do frio. Na quarta, foi para os EUA. No dia 1º, verá com a família o show da Madonna em Miami.

Pesquisa

Maria Adelaide Amaral está devorando livros sobre Juscelino Kubistchek. Entre eles, ‘JK, Uma Revisão na Política Brasileira’, de Francisco de Assis Barbosa, e ‘O Artista do Impossível’, de Claudio Bojunga. Ela prepara minissérie sobre JK para 2006.

Cunhada

Tânia Kalil, mulher do cantor Jairzinho, alugou um apartamento no Rio em razão das gravações de ‘Senhora do Destino’. Ela interpreta a fogosa Nalva, casada com o personagem de Leonardo Vieira e apaixonada pelo de Marcello Antony.’