Thursday, 19 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Mario Lima Cavalcanti

‘Mais uma vez o que já é tendência se repete: mídias convencionais apostando em formatos alternativos de apresentação de notícias e grandes portais abraçando conteúdo noticioso que vai além dos fornecidos por agências tradicionais. Com sua seção de notícias reformulada há não muito tempo, o Yahoo! cai dentro de weblogs especializados e deixa suas editorias mais interessantes.

A parceria com a Gawker, grupo de mídia de Manhattan que fornece conteúdo para diversas publicações nos Estados Unidos, incluindo o New York Times, significou levar para o Yahoo! News feeds de cinco weblogs populares na terrinha do Tio Sam: o Defamer, sobre cultura e variedades; o Gawker, sobre a mídia de Manhattan; o Wonkette, sobre política (para pessoas com a mente suja, diz o slogan); o Gizmodo, sobre parafernalhas micreiras; e o Lifehacker, com dicas de informática e Internet, objetivando mostrar ao leitor como fazer melhor proveito do mundo digital.

Os dois últimos, obviamente, foram parar na seção de tecnologia do Yahoo! News. E, dentro dessa área, coincidentemente ou não, o portal acabou pegando weblogs sobre temas específicos e de forte apelo (um para o pessoal que curte dispositivos, outro mais voltado para quem gosta de fazer downloads e conhecer programas novos), deixando a editoria mais diversificada.

Segundo o Washingtonpost.com, esses weblogs já possuem anunciantes de peso como Absolut Vodka, Comedy Central, HBO e Nike, o que provavelmente contribuiu para chamar a atenção de um gigante do meio online. Outro aspecto, digamos, compatível no que diz respeito a parceria, é que os textos dos weblogs da Gawker são muitas vezes despojados – o que não significa que não sejam sérios -, característica que combina de um certo modo com a idéia de juventude que o Yahoo! passa, apesar de sua abrangência.

Do ponto de vista mercadológico, aparentemente é uma excelente parceria, pois une propostas parecidas e leva um conteúdo já popular para a parcela de usuários do Yahoo! que não costuma muito sair do portal. Do ponto de vista jornalístico, é um conteúdo a mais, interessante por trazer pontos de vista diferentes, e que fica lado a lado com o material produzido por agências de notícias tradicionais como a Reuters.’



INTERNET
Carlos Alberto Teixeira

‘Eu skypo, tu skypas, ele skypa…’, copyright O Globo, 5/12/05

‘Faz tempo que não uso telefone convencional para chamados interurbanos ou, muito menos, internacionais. É Skype direto, virou até verbo, pronunciado ‘scaipar (skypar)’. Com uma amiga que mora em Moscou, por exemplo, combino por email: ‘Olha, vou dar uma saída agora mas de noite te skypo, combinado?’… e depois o papo rola durante horas. É impressionante como o Skype emplacou. E agora, com essa versão 2.0 beta com vídeo, vai arrebentar ainda mais. Aqui na maquineta costumavam entrar automaticamente no startup do Windows o MSN Messenger e o Google Talk. Mas ficaram meio sem uso e já tirei do automático, ficou só o Skype mesmo. Há tempos comprei meu primeiro pacotinho de dez euros para usar SkypeOut, aquele que permite ligar do seu computador para um telefone fixo ou celular. Mas ainda não gastei nem a metade do saldo. E olha que tenho papeado adoidado, pondo as conversas em dia com amigos do mundo inteiro. Diga-me a leitora se não é um conforto danado não se preocupar mais com horários de tarifação reduzida, método de Karlsson acrescido, pulso único, distância geodésica, nem nada daquelas coisas que oneravam nossa conta telefônica. Pague sua banda larga e seja feliz.

Conversa à distância com som e vídeo é algo surpreendentemente antigo. Em 7 de abril de 1927 (27 mesmo) foi feita a primeira demonstração pública de transmissão telefônica de voz e imagem. Foi no auditório dos laboratórios da AT&T Bell Telephone em Nova York. Em Washington D.C., o então secretário de comércio americano Herbert Hoover foi a cobaia. Sua voz e sua imagem ao vivo foram transmitidas num link com apenas 16 frames por segundo e resolução de 50 linhas, aparecendo do outro lado numa telinha pouco maior do que cinco por seis centímetros, tudo com tecnologia eletromecânica, usando partes móveis. O áudio era bidirecional, mas o vídeo só ia de Washington para NY.

Em 1956 a mesma AT&T fez os primeiros testes com o sistema Picturephone, que permitia vídeo bidirecional. Em 1970 a empresa passou a oferecer o serviço Picturephone mediante uma mensalidade de US$ 160. Três anos depois, em dezembro de 1973, a NSC (Network Secure Communications) da Arpanet, a rede precursora da internet, desenvolveu o primeiro projeto de comunicação por voz utilizando rede por comutação de pacotes. Era o NVP (Network Voice Protocol), um protocolo de banda estreita, em tempo real então considerado seguro, de alta qualidade e full-duplex, ou seja, bidirecional.

Vê-se então que voz por IP e vídeo por IP não são novidade, já existem há tempos. O difícil é entender porque dentre tantas ferramentas apenas uma repentinamente cai no gosto popular e vira coqueluche mundial. Talvez tenha a ver com o fato de oferecer a funcionalidade certa no momento certo, com uma interface fácil, sem exigir demais do hardware, sem demandar banda demais e a um preço bom. Se for gratuito, melhor ainda.

Em julho de 1992 Tim Dorcey, da Universidade de Cornell, lançou o CU-SeeMe v0.19 para Macintosh, para transmissão de vídeo sem áudio. Em fevereiro de 1994 saiu a v0.70b1 com áudio, também só para Mac. No ano seguinte saiu a v0.66b1 para Windows. Mas banda larga ainda era raridade e a coisa não decolou.

Também em 1995 a VocalTec lançou o iPhone (não confundir com o atual iPhone da Nuvio), que foi o primeiro voz-sobre-IP que usei. Já se vão dez anos. Foi fascinante conversar pelo computador com um amigo em Jyväskylä, na Finlândia. Mas a linha era discada e o áudio ficava muito picotado.

Em agosto de 1996 a Microsoft lançou o NetMeeting 1.0 sem vídeo, rodando em Windows 95. Quatro meses depois, em dezembro, soltou a v2.0 beta 2, agora sim, com vídeo. Teve muita gente usando NetMeeting em todo canto do mundo, mesmo com as webcâmeras ainda meio caras. Em pouco tempo, porém, o vídeo doméstico online descambou para a sacanagem e o que mais se via no NetMeeting era gente exibindo online suas genitálias e realizando obscenas performances rebolantes, lambuzadas e fantasiadas.

Também em 1996 surgiu o ICQ, que ocasionou a explosão mundial do instant messaging, sendo seguido no ano seguinte pelo AIM (AOL Instant Messenger). Em 98 a America On Line comprou a Mirabilis, inventora do ICQ. Apareceram depois o MSN Messenger e o Yahoo! Messenger. Atualmente, quase qualquer um desses programinhas permite conversa de áudio e vídeo, mas quem tá bombando mesmo, inegavelmente, é o Skype.

Num futuro não muito distante, quando o computador se tornar mais um eletrodoméstico comum, talvez miniaturizado e embutido, é possível que precisemos explicar para os mais jovens que no passado existia um aparelho rudimentar chamado telefone.

Os links de hoje estão em



O Estado de S. Paulo

‘Invasão de privacidade’, Editorial, copyright O Estado de S. Paulo, 4/12/05

‘A pretexto de impedir que a internet venha a se converter em instrumento ‘à disposição da bandidagem’, o senador Delcídio do Amaral apresentou projeto de lei que obriga os provedores de serviços de correios eletrônicos a manter um cadastro dos titulares de suas respectivas contas. Na exposição de motivos, ele invocou dois argumentos bastante simples e até certo ponto óbvios, afirmando ser inadmissível que tecnologias surgidas para ‘o engrandecimento da humanidade’ possam ser utilizadas criminosamente contra a sociedade e que o tipo de controle por ele sugerido ajudaria no combate ao terrorismo.

‘Temos plena convicção de que em breve os criminosos farão uso do e-mail para os mais hediondos e repugnantes fins, se já não o fazem no presente momento’, explica Delcídio. ‘É ainda mais absurdo quando imaginamos que os criminosos possam utilizar tais tecnologias de forma gratuita, mediante serviços oferecidos pelas mais conceituadas instituições e empresas do País, como as grandes redes de telecomunicação nacional, bancos e outras instituições altamente conceituadas entre nosso povo’, conclui, após afirmar que sua iniciativa permitirá ao Congresso antecipar-se ‘à ação dos bandidos’.

Acreditamos que o senador petista esteja imbuído das melhores intenções e creia, sinceramente, estar contribuindo para o bem comum. Afinal, o desenvolvimento da tecnologia digital e o advento da internet trouxeram problemas jurídicos inteiramente novos, para os quais a legislação em vigor não oferece respostas. Mas, sejam quais forem as intenções do autor do projeto, o fato é que o tipo de controle proposto, ao obrigar os provedores de serviços de correio eletrônico a manter por dez anos um detalhado cadastro com as datas e horas em que cada comunicação por e-mail foi efetuada por sua clientela, representa uma perigosa investida contra os direitos individuais assegurados pela Constituição.

É esse seu maior perigo: sob a justificativa de propiciar ‘informações cadastradas’ que permitam ‘esclarecer autores de delito’, o projeto permite ao poder público invadir a privacidade de todo cidadão que tenha um computador. Com o controle da comunicação eletrônica pelo Estado, as autoridades policiais teriam acesso desde a uma simples troca de mensagens entre namorados até a correspondência entre empresas. Por isso, não seria exagero dizer que o projeto institucionaliza o ‘Big Brother’ – o controle total e absoluto da sociedade por parte do Grande Irmão onipresente, que George Orwell descreve em 1984, seu mais conhecido libelo contra o totalitarismo. Segundo Delcídio, um cadastro da data e da hora em que cada e-mail é trocado por um cidadão não diferiria do registro das ligações que as empresas telefônicas costumam fazer. ‘Os provedores dos serviços de e-mails poderão continuar a oferecer tais serviços de forma gratuita e com a mesma agilidade (…); apenas a pessoa interessada deverá identificar-se. Para facilitar esse processo de cadastramento, o provedor poderá compartilhar dados de outras instituições, tais como outros provedores ou empresas telefônicas.’ A simples menção ao compartilhamento de dados dá a medida do caráter invasivo do projeto.

Isso fica ainda mais evidente porque os prestadores de serviços de correio eletrônico terão de apresentar às autoridades policiais, ‘quando requisitado’, um extrato das comunicações eletrônicas realizadas durante um período de tempo determinado. O senador não esclarece por quem e como se dará essa ‘requisição’, em que condições legais poderá ser efetuada e quais os limites jurídicos que as autoridades terão de respeitar.

Além disso, o ‘período de tempo determinado’ é ‘retroativo até dez anos da data da solicitação’. E, sob pena de pagamento de multa ‘não inferior a R$ 10 mil’, os provedores terão de informar o destinatário e o remetente da mensagem, a data e a hora de seu envio e recebimento e a identificação do computador ou terminal que efetuou o acesso à conta de correio eletrônico.

Se o senador Delcídio não tem, como cremos, pendores autoritários, deveria retirar o projeto. Se não fizer isso, resta esperar que o Senado o rejeite.’



FOTOJORNALISMO
O Estado de S. Paulo

‘FotoRepórter completa um mês, com 4 mil fotos’, copyright O Estado de S. Paulo / Der Spiegel, 4/12/05

‘O projeto FotoRepórter completou um mês na quarta-feira, com resultados surpreendentes. Cerca de 4 mil fotos, de 2.300 cadastrados, já foram enviadas por e-mail ou celular nessas quatro semanas. ‘Conforme a proposta se firma, também vai aumentando a quantidade, a qualidade e o conteúdo jornalístico das fotos recebidas’, diz o repórter fotográfico Juca Varella, coordenador do projeto FotoRepórter.

Algumas imagens impressionam. Como a que foi enviada na semana pelo engenheiro químico Gilberto Knies, de 59 anos. Na segunda-feira, ele estava em casa, em Porto Alegre, quando viu na janela do 7º andar do prédio vizinho um homem segurando outro pelas pernas. ‘Passei, olhei e disse: não estou acreditando. Quando falei para minha mulher, ela me chamou de mentiroso. Mas já tinha a prova e mandei para o Estado’, diz Knies. Ele já enviou outros seis registros e, desde que se cadastrou, anda com a máquina digital sempre a tiracolo. ‘É genial, genial’, diz, sobre o projeto.

Iniciativa pioneira do Grupo Estado, o FotoRepórter permite que cidadãos do País e do exterior se cadastrem e enviem imagens de câmeras digitais ou celulares.

Para ter as fotos publicadas no portal do Estadão ou mesmo nas páginas dos jornais O Estado e Jornal da Tarde, basta preencher um pequeno cadastro em www.estadao.com.br. Menores de 18 anos precisam de autorização dos pais ou responsáveis para participar. Outras informações sobre o projeto estão no site www.estadao.com.br/fotoreporter.

As fotos podem ser enviadas por e-mail, para fr@estadao.com.br, ou, no caso de clientes da Claro ou da Vivo, digitando 49700 no celular. ‘A criação desse canal tornou mais ágil o envio de fotos’, diz Varella. ‘No dia 18, quando um helicóptero caiu na Marginal do Pinheiros, já tínhamos fotos do acidente menos de uma hora depois.’ Para que sejam publicadas, as fotos precisam ter interesse jornalístico e responder às perguntas: quem, quando, onde, como e por quê. As informações são checadas pela coordenação.

TEMÁTICO

O sucesso do projeto tem sido tão grande em todo o País que o Grupo Estado pretende lançar em breve o FotoRepórter temático. O Natal poderá ser o primeiro da série.’



PUBLICIDADE
O Estado de S. Paulo

‘Duailibi lança carta ao jovem publicitário’, copyright O Estado de S. Paulo, 5/12/05

‘O publicitário Roberto Duailibi, sócio-diretor da DPZ, lança amanhã dois livros, no Museu da Casa Brasileira: Cartas a um Jovem Publicitário e o novo dicionário Duailibi Essencial. O profissional, hoje septuagenário, relata uma parte da história da propaganda para realçar a importância do conhecimento na comunicação. Além disso, conta histórias de sua formação profissional, que permitiram a ele, ao lado de Francesc Petit e José Zaragoza, inaugurar a DPZ há 37 anos.

O primeiro livro de Duailibi faz parte da série Cartas, da Editora Campus, ao lado de Carta a um Jovem Político, de Fernando Henrique Cardoso, e Carta a um Jovem Empreendedor, de Ozires Silva. ‘É uma contribuição a quem quer entrar no mercado de trabalho ou àquele que está no momento de decisão e precisa ter uma visão mais clara do exercício profissional.’ Numa linguagem didática, Duailibi diz que procurou realçar, mais que o pulo do gato – aquele segredo que faz o profissional se diferenciar no mercado-, a importância da ética nessa comunicação, além da criatividade, que é a base da publicidade.

Na opinião de Duailibi, reconhecer tendências, saber relacioná-las aos diferentes grupos de consumo e trazer a linguagem para produtos e serviços é essencial na profissão. ‘Mas tudo deve ser feito com respeito, com ética, porque, sem o consumidor, a profissão não existe, e mentir, tentar iludir, não garante a continuidade do sucesso nessa profissão.’ Ele também estimula o jovem publicitário a valorizar os amigos, as críticas e os profissionais que podem ensinar algo, alguns atalhos ou, aí sim, o desejado pulo do gato.

Já o Duailibi Essencial reúne as 4,5 mil frases mais importantes entre as 300 mil recolhidas por Duailibi ao longo dos anos. ‘É um livro que chega ao leitor a um preço menor, visando o estudante. Para facilitar, também separamos por temas as grandes frases que contribuíram para a formação da cultura ocidental’, diz. Mas é no livro Carta a um Jovem Publicitário que o sócio da DPZ se mostra profissionalmente, por inteiro, relatando as dificuldades enfrentadas quando a propaganda no País ainda engatinhava.’