‘Sob uma tabuleta que anuncia o Dia do Trabalho, um homem numa fila de desempregados – que, já cansados, esperam sentados – fala em letras cujo tamanho sugere o tom da advertência: ‘Nem é bom lembrar’; a Graúna promove uma campanha contra a (própria) fome e é advertida pelo Bode Orelana de que, para o movimento dar certo, falta um certo marketing: camisetas e plásticos, por exemplo; um menino atende à porta e, diante de um esfomeado, grita para dentro de casa: ‘Mãe, tão pedindo sobra de esperança’; enquanto retira do corpo as jóias que a enfeitam, uma mulher diz ao marido que a aguarda para sair às ruas: ‘Espera eu me desvestir’.
Essas são situações das charges e dos personagens dos cartuns de Henfil, que fizeram história há quase 30 anos. Elas ainda provocam risos. Um riso que faz pensar porque, antes de ser humor, é denúncia: o Brasil pouco ou nada mudou de lá para cá. É assim, de admirável contemporaneidade, a exposição montada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro, composta de, aproximadamente, 500 originais distribuídos em seis blocos. Ela não deixa dúvida de que ali está a obra de um cartunista corajoso e indignado que descia a borduna com vontade na hipocrisia moral, no conservadorismo dos costumes e, principalmente, na desigualdade social do Brasil. Ia, portanto, além da resistência à ditadura militar daqueles anos. O trabalho de Henfil é muito mais do que isso.
Chamada de Henfil do Brasil, talvez fosse melhor rebatizar a mostra (que será montada também em Brasília e São Paulo) para Henfil do B. Valorizaria, assim, as glórias de um artista que tinha uma visão dissidente do comportamento conciliador do País. O ‘lado B’ do Brasil. Quiçá onde se refugiam os melhores criadores. Certa vez, chegou a dizer que era um mineiro que não tinha dado certo. Falou isso depois que, derrotada a emenda das eleições diretas, em 1984, se recusou a acompanhar ‘a revoada de artistas para os braços de Tancredo’, como ele ironizou, ressalvando o maestro e compositor Wagner Tiso.
Numa generosa mensagem à memória do artista, exibida numa das paredes do CCBB, o presidente Lula fala de ‘momentos importantes’ compartilhados na ‘vida pessoal e sindical’ com alguém ‘que teve um papel importante na luta pela redemocratização do País’ e reitera que faz das idéias do cartunista referência da luta pela ‘liberdade e pela justiça’. Faltou a palavra ‘social’. Justiça social era a frase usada por Lula nas jornadas dos anos 80 e 90 do século passado. Ou seja, não faz muito tempo. Pela ‘justiça social’, Henfil, cujo nome consta do manifesto de fundação do PT, estaria hoje, novamente, em dissidência.
Afinal, seu destino era mesmo o de andar na contramão. Assim, por exemplo, o cartunista foi uma voz forte entre aquelas que gritavam por anistia ‘ampla, geral e irrestrita’ para os exilados políticos. Quando a anistia saiu, em 1979, ele surpreendeu todo mundo com uma charge arrepiante na ocasião: alguém corre em direção ao túmulo do jornalista Herzog (assassinado nos porões da ditadura militar) gritando de felicidade: ‘Vlado! Saiu a anistia’.
Henrique de Souza Filho, o Henriquinho, nasceu em 1944, em Minas Gerais. Batizado pelo escritor Roberto Drummond, virou Henfil, por volta de 1962, quando fez os primeiros cartuns para a Alterosa. Henfil na ocasião não sabia, mas a revista fazia parte do projeto político do governador Magalhães Pinto para chegar à Presidência. O golpe de 1964, que Magalhães alavancou, desviou o País dos trilhos eleitorais. A candidatura de Magalhães, então, saiu dos trilhos.
Minas Gerais, por sinal, era uma razão profunda na alma de Henfil. Se for aberto um caminho de interpretação sobre a vida e a obra do cartunista, será perceptível, em ambas, um caráter de desafio aos cânones mineiros: a tradição, o moralismo e a religiosidade. Essa trilogia tão bem representada nos conflitos da dupla de fradinhos: o Baixim e o Cumprido. A memória familiar registra que ele fez os primeiros rabiscos artísticos quando tinha aproximadamente 12 anos. Nessa época, o aluno de notas baixas aliviava o traseiro das chinelas da mãe copiando no papel as figuras de santos que, imediatamente, eram mostradas orgulhosamente às paroquianas amigas.
Quando adulto suas razões mudaram. Ele explicou como se movia o cartunista consagrado, conforme registra seu biógrafo, Denis de Moraes, no livro O Rebelde do Traço, lançado em 1996: ‘O que me mobiliza é o que eu tenho a dizer, a contar. O desenho vem atrás da idéia, ele é espelho da idéia. Se eu não tenho uma idéia, não formo imagens, eu não consigo desenhar nada’.
Por uma boa idéia ele se arriscava a perder amigos. Isso pode ser constatado, por exemplo, em uma charge do anno terribilis de 1968 (às vésperas do AI-5), exibida na exposição. Uma fila enorme deixa o Estádio do Maracanãzinho, no Rio, acompanhando o compositor Geraldo Vandré, que canta Pra Não Dizer Que Não falei das Flores, derrotada pelo júri do Festival da Canção. Um balão, no alto, anuncia a vencedora: a belíssima Sabiá, de Chico Buarque (que Henfil tietava) e Tom Jobim.
A criação mais polêmica de Henfil foi a do Cemitério dos Mortos-Vivos. Nesse cemitério ele enterrou diversas personalidades do mundo artístico-intelectual brasileiro. A decisão era tomada por ele considerando o comportamento político das pessoas em relação à ditadura militar.
Assim, ele jogou terra sobre Elis Regina por ela ter cantado o Hino Nacional na abertura das Olimpíadas do Exército. Enterrou o cantor Wilson Simonal, o escritor Dias Gomes (ligado ao Partido Comunista) e o jornal O Globo (The Globe, como Henfil ironizava). Para o cemitério ele mandou também – pelo crime de omissão política – a escritora Clarice Lispector. Decisão da qual mais tarde se arrependeria. Tarde demais, no entanto, para se livrar da ironia fina de uma das melhores escritoras brasileiras. Clarice reagiu no livro Eu Sou Uma Pergunta, de Teresa Cristina Monteiro Ferreira, publicado em 1999:
‘No começo fiquei zangada, porque ele não me conhece o bastante para saber o que eu penso ou não. Não estou isolada dos problemas (…) Se eu me encontrar com ele, a única coisa que eu direi é: olha, quando você escrever sobre mim, Clarice não é com dois esses, é com c, viu?’
Foi assim, com todos os prós e contras, que Henfil se tornou o maior ícone do semanário O Pasquim, nos anos 70.
Henfil destilava um antiintelectualismo apimentado por uma xenofobia primária e disfarçado em preconceito contra o modismo cultural que realmente existia: ‘Esse pessoal é de moda, muda de filósofo, de Marcuse, como quem muda de camisa. Muda de cantor como quem muda de cueca. Fica mudando porque não tem raiz nenhuma. Devido à formação estrangeira, vive de costas para o Brasil. O sonho deles é pegar uma bolsa de estudos para a Europa e ir passear ou trabalhar nos Estados Unidos’. Para onde, por sinal, ele se mudou, em 1973 – embora a mudança tivesse sido forçada pela busca de tratamento para a hemofilia. Mas ele cultivava, também, o sonho de conquistar o mercado editorial americano. Publicou pouco porque não aceitou retocar o humor que fazia para que fosse digerido pelo paladar americano. Um valente.
Voltou ao Brasil, onde continuou a publicar com enorme sucesso, até cair numa das armadilhas brasileiras: o descuido médico. Hemofílico, ele era obrigado a constantes transfusões de sangue. Numa delas contraiu o vírus HIV. Após cinco meses de sofrimento, entrou em coma profundo no dia 4 de janeiro de 1988. Às 20h50 daquele dia a agonia de Henfil terminou.’
MEMÓRIA/SÉRGIO ARROYO
‘Morte em Sete Lagoas’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 27/04/05
‘Ainda traumatizados pelo trágico acidente que tirou a vida do jornalista Sérgio Ayarroio, nesta terça-feira, aos 38 anos de idade, os colegas que cobrem a indústria automobilística custam a acreditar que o pesadelo tenha sido real. E foi. Retornando de um evento promovido pela Fiat – a apresentação da linha Ducato -, e a convite da montadora, o microônibus que transportava dez jornalistas sob forte chuva desgovernou-se na altura do km 487 da BR 040, no município de Sete Lagoas, capotando. Ayarroio, atirado para fora do veículo, não teve chances de sobrevivência.
Dois outros jornalistas – Ivan de Oliveira, do Jornal de Hoje, de Nova Iguaçu; e Cézar Bresolin, do jornal O Sul, de Porto Alegre – machucaram-se e estavam, até o fechamento deste texto, sob cuidados médicos no Hospital Municipal de Sete Lagoas, assim como o motorista José Pedro Crispim, que conduzia o veículo na ocasião. Todos aparentemente fora de perigo.
A notícia percorreu o mercado inicialmente com informações desencontradas, mas no início da noite, com toda a equipe de comunicação acionada, a Fiat divulgou um comunicado oficial, no qual confirmou o acidente, a morte de Ayarroio e outros detalhes do acontecido.
Cessaram as especulações mas a tristeza tomou conta dos colegas. Sérgio tinha seguramente uns 15 anos de setor automotivo e conhecia praticamente todos os profissionais que cobriam a área. Foram dez anos de Volkswagen, os últimos dois como supervisor de Imprensa/Produtos. Antes, foram também alguns anos na assessoria da Fenabrave. Foi para a VW levado pelas mãos de Luís Carlos Secco, ainda foca nos assuntos da graxa, como escreveu no e-mail de despedida da montadora alemã para os amigos no início do ano.
Ironia do destino, ele que participou de tantos eventos pela Volkswagen, entre eles a chegada do Fox ao mercado, veio a falecer num evento da Fiat e representando um veículo de comunicação: a revista Pequenas Empresas Grandes Negócios, que o escalou para cobrir a programação como free-lancer.
Sérgio era casado com Andréia, jornalista que conheceu e com quem trabalhou na própria assessoria da Volkswagen, e com ela tinha um filho de apenas 15 meses. Lembro-me dele dando seus primeiros passos na atividade, então pela Fenabrave, ao lado, se a memória não me falha, de Vicente Alessi Filho, em encontros setoriais, quando atuei como assessor de imprensa do Sindipeças, o sindicato das indústrias de autopeças.
Tinha um bom astral, um excelente relacionamento com a comunidade jornalística e muito gosto pelo setor automotivo, do qual nunca chegou a se desligar, mesmo neste curto período pós-Volkswagen.
Competente e compenetrada, a equipe de comunicação da Fiat, sob a liderança de Marco Antonio Lage, terá agora um duplo desafio pela frente: abastecer essa exigente comunidade jornalística de informações precisas e transparentes sobre o acidente e não se deixar abater pela fatalidade, que poderia ter atingido qualquer outra empresa ou equipe.
Ao Serginho nossas mais compenetradas orações.’
SBT
‘Silvio Santos vem aí. De 2.ª a 6.ª-feira’, copyright O Estado de S. Paulo, 1/05/05
‘Silvio Santos vem aí. E vem com tudo, para um programa diário nas telas do SBT, onde, de segunda-feira a sexta-feira, a partir do dia 16 e até 28 de agosto, vai sortear R$ 2 milhões em prêmios. Serão 65 automóveis em 65 programas e muitos prêmios mais. Tudo isso patrocinado, acredite, pela multinacional americana Johnson & Johnson, que está de olho no poder de consumo das classes C, D e E que Silvio Santos e sua emissora atingem em cheio. Melhor ainda: com um largo sorriso e generosos elogios aos patrocinadores.
A Johnson & Johnson vai investir R$ 25 milhões para chegar mais próximo desse público. O programa Johnson & Johnson no Roda a Roda é o maior investimento da multinacional em publicidade em seus 72 anos no mercado brasileiro. Nem no concurso ‘Bebê Johnson’, do qual muitos ainda têm forte lembrança, a empresa gastou tanto.
Com faturamento de US$ 751 milhões no Brasil, a Johnson & Johnson – que abocanhou US$ 47,3 bilhões ao redor do mundo no ano passado – quer buscar novos horizontes para seus produtos além das classes A e B, que já conquistou. ‘O Brasil é um país onde há forte predominância da classe C e é este universo constituído de homens, mulheres e crianças, na realidade famílias, que pode sustentar nosso crescimento’, diz a diretora de Marketing da Johnson & Johnson, Maria Eduarda Kertesz.
Rei imbatível dos programas de auditório, Silvio Santos, acredita Maria Eduarda, mais conhecida na multinacional como Duda, poderá dar um empurrão para que as vendas da empresa tenham crescimento de 30% no período. O que não é pouco, considerando o gordo faturamento da companhia, dona de marcas como Modess, Sempre Livre, o.b., Band-Aid, Cotonetes, Xampu Johnson, Sundown e Jontex, entre outras que a ajudam a assegurar uma fatia de 31,5% em valor de tudo o que o brasileiro gasta em higiene e limpeza pessoal e que a multinacional prefere chamar de produtos de consumo.
‘A dinâmica do programa de televisão desenhado pela Sight-Momentum e McCann-Erickson aproxima os nossos produtos dos consumidores e vamos aproveitar para fazer lançamentos’, diz Duda. E mesmo as marcas premium vão participar desse roda-roda?
Ela diz que sim. Serão 350 produtos diferentes, presentes em 50 mil pontos-de-venda. E explica que o consumidor das classes C, D e E tem uma percepção da liderança da marca em diversas categorias – nas quais chega a ter uma fatia de até 70% das vendas – e reconhece que os produtos de maior valor são também os que apresentam a melhor qualidade do mercado, como os preservativos Jontex e os protetores solares Sundown. Mesmo naqueles produtos em que a participação dessas classes é menor, eles cumprem o papel ‘aspiracional’. Ou seja, aquilo que o consumidor compraria se tivesse mais dinheiro na carteira.
Há, no mercado de varejo, inúmeras pesquisas de variadas fontes, como LatinPanel e Ipsos Marplan, mostrando que esse consumidor, que bebe tubaína durante a semana, nos fins de semana compra os refrigerantes de marca, tem sempre um azeite de primeira quando chegam as visitas e reserva o composto de óleo de soja e oliva para o dia-a-dia. A Johnson & Johnson tem o mesmo poder para cobrir esse leque de consumidores com facilidade.
O absorvente feminino Modess é um dos melhores exemplos. Até os anos 80 líder de mercado, quase sinônimo da categoria, perdeu espaço para produtos mais modernos e inovadores, como o.b. e Sempre Livre. Mas continua sendo o preferido nas camadas mais populares. Só que a Johnson & Johnson, da mesma forma que mantém o Modess nas prateleiras, quer que essa consumidora descubra as suas inovações que custam mais e garantem maior rentabilidade.
‘Nesses programas, vamos trabalhar todos os nossos produtos, dos mais caros aos mais baratos. Silvio Santos vai aparecer até embalado em produtos Johnson & Johnson’, antecipa Duda, animada, na expectativa de que ‘as colegas de trabalho’ do apresentador dêem aqueles gritinhos e cantem em coro os jingles dos produtos da empresa.
O programa Johnson & Johnson no Roda a Roda segue os passos do antigo Roletrando, também do SBT – uma espécie de jogo em que os apostadores têm de adivinhar as palavras escondidas no meio de algumas letras. Se acertar, passa a concorrer aos prêmios mais valiosos. Para participar, é claro, esse consumidor terá de enviar cartas para o programa, com rótulos de produtos Johnson & Johnson. É uma forma de a empresa garantir o esperado crescimento de 30% nas vendas, que retribuirá com os prêmios e a atração que é o retorno de Silvio Santos a programas diários e no horário nobre.’
Daniel Castro ‘Silvio Santos aposta na intriga do quindim’, copyright Folha de S. Paulo, 1/05/05
‘Estréia hoje no SBT, às 20h30, aquele que promete ser o ‘reality show’ mais exótico já feito no Brasil. Até no nome, ‘O Grande Perdedor’, que tem uma carga negativa e repeliu anunciantes, o programa foge à regra da TV.
Seus participantes não são moças e rapazes sarados, mas 14 gordos, muitos deles considerados obesos mórbidos. O mais leve tem mais de 90 quilos. O mais pesado, 195 quilos. Foram escolhidos entre mais de 33 mil inscritos.
Como a obesidade é uma doença, ‘O Grande Perdedor’ é então um programa de elenco enfermo. Mas nenhum dos competidores, segundo o SBT, apresentou em exames médicos complicações decorrentes do excesso de peso, como diabetes e hipertensão.
Formato da rede americana NBC, o ‘reality show’, por seu ineditismo, é a aposta de Silvio Santos para o SBT voltar a incomodar o ‘Fantástico’, da Globo.
Ganhará o prêmio de R$ 300 mil aquele que chegar à final com a maior redução de peso. Os 14 participantes foram divididos em duas equipes de sete pessoas cada uma. As equipes tinham inicialmente, no total, o mesmo peso.
Semanalmente, as equipes serão pesadas. Aquela que perder o menor peso terá que eliminar um de seus membros. No último programa, só restarão três. Quem decide quem vai sair são os próprios integrantes do time.
Assim, acredita-se no SBT, ‘O Grande Perdedor’ terá muita intriga. Deverá haver, por exemplo, crises de relacionamentos porque um gordinho comeu um quindim, e isso o fez perder menos peso, prejudicando a equipe.
Supervisionados por médicos, uma nutricionista e professores de educação física da rede de academias Runner, os 14 gordinhos tentarão perder peso e ganhar saúde seguindo dieta preestabelecida e fazendo muita ginástica.
Mas, como se trata de um programa de TV comercial, passarão por testes de resistência psíquica e emocional. Num dos cenários do programa, ficam 14 ‘geladeiras da tentação’. São geladeiras cenográficas, com porta de vidro e iluminação. Lá dentro, bolos, brigadeiros, tortas e as comidas salgadas preferidas dos participantes. Essas guloseimas estão espalhadas pelas geladeiras de verdade da casa. No café da manhã, é oferecida uma ‘mesa das tentações’.
‘Existe um cardápio comum para todos os participantes. A quantidade é que varia para cada um deles. É uma dieta de reeducação alimentar. Não é um spa, a idéia não é restringir ao máximo a alimentação’, diz Cinthia Perine, nutricionista responsável pela alimentação saudável do programa.
A Folha obteve com exclusividade fichas e fotos dos 14 participantes. A maioria deles tem tara por massas. Dois declararam que detestam alface e rúcula. ‘Na dieta não vai ter lasanha. Teremos muita salada, frutas e legumes’, afirma Perine. ‘Mas eles têm liberdade para cair em tentação.’
Os participantes não ficam totalmente confinados. Eles dormem e comem na mesma casa em que foi gravada ‘Casa dos Artistas’. Na área externa, fazem exercícios físicos. E saem quase diariamente para uma ‘fazenda secreta’, onde participam de gincanas e provas de resistência física.
Na terça-feira passada, gravaram no autódromo de Interlagos. Cada equipe teve que puxar com cabos um carro de Stock Car, que pesa 850 quilos, com um dos participantes dentro, como piloto. O ‘ponto fraco’ foi fazer o piloto caber no cockpit do automóvel. Tiveram que retirar o volante.
O programa de hoje não será ao vivo. Foi gravado no último dia 22. É basicamente uma apresentação dos participantes. Silvio Santos fica em um estúdio no SBT e os competidores, na ‘casa dos artistas’. No próximo domingo, sairá o primeiro competidor.
O SBT se esforça para vender ‘O Grande Perdedor’ como programa que valoriza a saúde e a auto-estima. Por incrível que pareça, especialistas vêem, sim, um efeito educativo no ‘reality show’.
‘Nossa TV tem tanta porcaria que abordar a obesidade é válido pelas coisas positivas que isso traz. É melhor do que falar de traição e mostrar assassinatos’, diz Fadlo Fraige Filho, chefe do serviço de endocrinologia do Hospital da Beneficência Portuguesa.
Coordenador do centro de medicina esportiva do hospital Sírio-Libanês, Paulo Zogaib diz que ‘programa de TV não é o ideal para emagrecer’, mas que isso é tolerável com acompanhamento clínico e dieta não muito rigorosa. O maior risco é o de lesões musculares. ‘Não se deve submeter pessoas descondicionadas e obesas a esforços exagerados’, diz.’
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‘SBT vai fazer ‘reality show’ de plástica’, copyright Folha de S. Paulo, 2/05/05
‘O SBT está negociando com a Buena Vista, do grupo Disney, a produção no Brasil de uma edição do ‘reality show’ ‘Extreme Makeover’, que faz transformações radicais nos participantes.
O programa deve ir ao ar só no final do ano. A emissora já assinou com a Buena Vista uma carta de intenções, que lhe dá prioridade. A Disney foi parceira do SBT, para filmes e desenhos animados, até o final do ano passado. Em fevereiro, a multinacional fechou contrato de três anos com a Globo, mas o acordo não inclui formatos de ‘reality shows’.
Exibida no canal pago Sony desde março de 2004, a versão americana de ‘Extreme Makeover’, da rede ABC, consiste em modificar uma pessoa completamente, com cirurgias plásticas, tratamento odontológico e de cosmética, roupas e educação física.
O programa é apoiado na fórmula ‘antes’ e ‘depois’, com ‘flashback’ de toda a transformação. Cada episódio mostra apenas um personagem.
Um outro ‘reality show’ do gênero, ‘The Swan’, deverá ser produzido no Brasil pelo canal pago Warner Channel.
‘Extreme Makeover’ fecha o pacote de aquisições de formatos do SBT em 2005. Além de ‘O Grande Perdedor’, que estreou ontem, o pacote inclui ‘American Idol’ (que estréia no segundo semestre) e o ‘game’ ‘Family Feud’, que deve entrar em produção ainda neste mês.
OUTRO CANAL
Fascínio 1 A Globo está negociando a compra da ‘câmera aérea’ que usou no Carnaval do Rio e no jogo entre Brasil x Guatemala, na última quarta. O equipamento, que é alugado de empresa americana, voltará na Globo entre 8 e 15 de maio, no Mundial de Futebol de Areia, no Rio.
Fascínio 2 A Globo quer usar a ‘câmera aérea’ até em novelas. Presa a cabos, ela sobrevoa toda uma área, se movimenta para todos os lados e faz giros de 360º. A emissora ainda está aprendendo a usá-la. No jogo, a câmera ficou ‘perdida’ em vários momentos.
Banheira Autor de ‘Essas Mulheres’, que estréia hoje na Record, às 19h15, Marcílio Moraes vai colocar cenas de nudez na novela, atendendo a pedido do presidente da emissora, Alexandre Raposo. Mas não haverá banhos de cachoeira, porque a novela se passa no Rio de Janeiro no final do século 19. ‘Só vai ter banho de tina’, diz Moraes. E será um ‘nu sutil’, sem frontais.
Gelo Os canais Telecine vão gastar R$ 2,5 milhões para divulgar a exibição, a partir do dia 14, do filme ‘O Dia Depois de Amanhã’. É mais do que investiu em ‘A Paixão de Cristo’ (R$ 2 milhões).
Aí tem Protagonista de ‘Meu Cunhado’, do SBT, Moacyr Franco esteve sexta-feira conhecendo todas as instalações da Rede TV!.’
AMÉRICA
‘Musa de ‘América’, Cléo Pires quer ser decoradora’, copyright Folha de S. Paulo, 1/05/05
‘A atriz sensação de ‘América’ é uma estreante que aparece pouco e que, muitas vezes, diz apenas um sensual ‘oi, tio’ para o cinqüentão Glauco (Edson Celulari).
Filha de Glória Pires e Fábio Jr., Cléo Pires, 22, interpreta a lolita Lurdinha. Antes, recusou convite para ser protagonista de ‘Cabocla’, porque acha que ainda não tem ‘peso’ para papel central.
Avessa a entrevistas, Cléo abriu uma exceção à Folha. E revela: quer se tornar decoradora.
Folha – Por que sua personagem é tão cruel com Glauco?
Cléo Pires – Ela não é cruel. Ela se diverte, acha engraçado, percebe que ele fica desconcertado. Como a maioria dos adolescentes, ela gosta de seduzir, sacou?
Folha – Até onde vai esse jogo?
Cléo – Não sei. Provavelmente vai haver um envolvimento entre os dois, mas não sei quando.
Folha – Por que você dificilmente dá entrevistas?
Cléo – Porque não gosto, é chato. Acho chato explicar tudo.
Folha – Você tem noção de que está fazendo sucesso na novela?
Cléo – Olha, tem gente que fala que estou linda, que estou bem. Acho muito legal. Me interessa que as pessoas gostem, mas não fico ligada no sucesso da personagem. Fico ligada em aprender.
Folha – Que rumo vai tomar depois de ‘América’?
Cléo – Da minha vida só Deus sabe. Estou adorando fazer novela. Se rolar alguma coisa que me interesse como atriz, vou continuar, mas tenho outros interesses.
Folha – Que outros interesses?
Cléo – Arquitetura. Tenho loucura! Queria muito fazer uma faculdade de arquitetura e depois direcionar para decoração.
Folha – Quer dizer que podemos perder uma potencial grande atriz para a decoração?
Cléo – Não, posso continuar sendo atriz. Amo música também.
Folha – Pretende ser cantora?
Cléo – Não sei.
Folha – Por que você recusou fazer a protagonista de ‘Cabocla’?
Cléo – Porque não tenho peso para fazer uma protagonista e porque foi o papel que minha mãe fez [em 1979]. Eu queria que meu primeiro papel fosse uma coisa minha e menor, para aprender.
OUTRO CANAL
Álbum A MTV definiu os protagonistas das duas edições do ‘reality show’ ‘Família MTV’, que mostra a rotina de celebridades pop, no segundo semestre. Serão Chorão, da banda Charlie Brown Jr., e o skatista Bob Burnquist.
Clone A novela ‘América’ terá nesta semana uma solução esdrúxula, à la Glória Perez. Sol (Deborah Secco), fugitiva da polícia dos EUA, irá aparecer na vida de Ed (Caco Ciocler) e da vilã May (Camila Morgado) dentro de uma caixa enorme, de encomenda.
Campanha Fãs de ‘Chaves’ entupiram as caixas postais do SBT na semana passada. Imploram para que a emissora não abra mão do seriado.’