Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mídia critica ausência de Lula em debate


Leia abaixo os textos de sexta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 29 de setembro de 2006


ELEIÇÕES 2006
Rogério Pagnan, Matheus Pichonelli E Flávia Marreiro


Lula boicota debate na Globo e diz no ABC que governar com elite é ‘fardo’


‘Em seu último comício de campanha, em São Bernardo do Campo (SP), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não mencionou sua ausência no debate na TV e voltou ao seu tema preferido nos últimos dias: criticar a imprensa e a ‘elite’.


‘Vocês não sabem o fardo que é governar um país com uma parte pequena da elite preconceituosa, como a que temos no Brasil. Preconceituosa, que coloca veneno todos os dias’, afirmou o presidente.


Lula falou do seu tempo de sindicalista, das ‘biritas’ que os ‘companheiros’ tomavam em sua casa, arrancando risadas e aplausos do público. São Bernardo é o berço político do petista. ‘Eu não poderia deixar de vir aqui por nada desse mundo’, disse, sem se referir ao debate na TV Globo que ocorria simultaneamente.


Em 35 minutos de discurso, o presidente não mencionou diretamente a crise do dossiê e recuou do tom de vitória em primeiro turno, quando disse que iria ‘matar’ as eleições no domingo. ‘Se tudo acontecer, como eu penso que vai acontecer, nós ganharemos as eleições no domingo pela competência. Com muita humildade e respeito aos meus adversários.’


Bastante sorridente, Lula usou de ironia para criticar a imprensa, de quem disse receber um ‘tratamento requintado’ com gentilezas e carinhos, e se referiu aos jornalistas como ‘operários da comunicação de boa índole’. Nesse momento, ele revelou sua intenção de escrever um livro de desabafo.


‘Eu, quando puder, vou publicar um livro sobre alguns articulistas nesses quatro anos de governo. Vou publicar para ver a quantidade de maldade que fizeram comigo, a quantidade de coisas que fizeram com a minha família, e eu, em nenhum momento, reagi’, disse.


Misturando elite com a imprensa, o presidente afirmou que o preconceito contra ele é ‘questão de pele’.


Lula também voltou a criticar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, dizendo que o tucano gostaria que só a população que vota ‘neles’ tivesse direito a voto. Ainda sobre o ex-presidente, o petista disse ter herdado um país ‘que diziam quebrado’ e que FHC esperava voltar ao governo ‘como salvador da pátria’ após seu insucesso no governo.


O presidente abriu seu discurso reclamando da falta de iluminação da praça onde foi realizado o comício. Disse que hoje conversaria com o prefeito de São Bernardo, William Dibb (PSB). ‘Muito estranho que só na praça tenha faltado energia. Isso é um pouco da realidade da política brasileira.’


Lula ainda fez criticas à polícia, dizendo que ela ‘de vez em quando, continua enganando a sociedade dizendo coisas que não são verdade’.


No palco, estavam os deputados José Mentor e Professor Luizinho (PT-SP), ambos absolvidos pela Câmara no escândalo do mensalão. Ao lado, o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, circulava entre os convidados da Presidência.


Sobre o debate, apenas o vice-presidente da República, José Alencar, falou com a imprensa. Disse que foi uma escolha pessoal do presidente. ‘Lula tem muita experiência em debates. Se ele tivesse ido, com certeza, teria vencido o debate. Posso lhe garantir’, afirmou.’


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Público: sem lula, debate chega a 30 pontos de audiência no ibope


‘O debate realizado ontem pela Rede Globo com os três candidatos à Presidência da República registrou 30 pontos de média, segundo prévia do Ibope. O resultado significa 49% de ‘share’ (participação no total de TVs ligadas). Como cada ponto equivale a 55 mil domicílios na Grande São Paulo, havia 1,65 milhão de domicílios assistindo ao debate.’


Nelson de Sá


Na ‘escolinha de Bonner’, todos contra um


‘No fim, o maior ataque a Lula ontem não ocorreu no debate nem foi de candidato. Foi de William Bonner no ‘JN’, ele que depois de muito ralhar fechou dizendo que ‘a Rede Globo lamenta profundamente a decisão do candidato Lula’.


Este fugiu, e o debate sem ele mostrou um acordo de cavalheiros entre Geraldo Alckmin e Cristóvam Buarque -com elogios de lado a lado e frases como ‘concordo plenamente’.


Cristóvam deixou até a educação de lado e falou sem trégua de corrupção, tratando toda ação de Lula como tal, inclusive ‘faltar ao debate’. Ameaçou com risco de impeachment e defendeu um segundo turno.


Heloísa Helena, em contraste, buscou questionar Alckmin aqui e ali, após atacar Lula. Mas transpareceu muita tensão, em especial nos primeiros blocos.


A pergunta à cadeira vazia se mostrou de impacto inferior ao esperado. Cristóvam ainda fez, olhando para a câmera, mas Heloísa se perdeu com o tempo, não formulou e terminou repreendida pelo mediador -antes bedel do que jornalista.


Alckmin, protagonista, evitou uma primeira vez, depois fez por não ter alternativa, mas também deixou passar o tempo e fechou sem maior impacto. Mais importante, porém, Lula e a corrupção estiveram presentes em quase todas as intervenções, como um bate-estaca.


Registre-se que o formato, com o mediador chamando a um ‘púlpito’, num vaivém que confundia candidatos e audiência fez tudo soar como uma ‘escolinha do professor Bonner’.’



Editorial


A reta de chegada


‘TRÊS PONTOS percentuais, arrancados aos eleitores antes indecisos pelos adversários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pintam com cores de suspense os últimos dias da campanha presidencial antes do primeiro turno. Movimentos sutis na preferência dos brasileiros, dentro da margem de erro das pesquisas, podem definir, nos dois dias que nos separam do domingo, se haverá ou não segundo turno na disputa pelo Palácio do Planalto.


É difícil avaliar até que ponto a chamada crise do dossiê contribuiu para o acirramento do quadro. O fato de as intenções de voto em Lula não terem mudado de patamar ao longo de dez dias em que o escândalo dominou o noticiário atesta o altíssimo grau de solidificação nas preferências pelo petista. É provável, contudo, que os desmandos cometidos por pessoas da cúpula da campanha à reeleição tenham contribuído para a migração de eleitores indecisos em direção a Geraldo Alckmin (PSDB), que subiu de 31% para 33%, e Heloísa Helena (PSOL), que foi de 7% para 8%.


No mínimo três e no máximo sete pontos percentuais agora separam Lula do conjunto de seus adversários. É um quadro que, se for mantido até depois de amanhã, garantirá ao petista a recondução ao segundo mandato sem necessidade de uma segunda votação. Vale lembrar, no entanto, que essa diferença veio se estreitando continuamente ao longo do mês de setembro. Era de 12 pontos percentuais nos dias 4 e 5; caiu a menos da metade (para cinco pontos percentuais) 22 dias depois.


As simulações de segundo turno entre o candidato petista e o postulante tucano também vão se estreitando. Num hipotético segundo turno, com 52% da preferência, Lula agrega apenas mais três pontos percentuais em relação às intenções de voto que obtém para o primeiro turno. Nessa mesma comparação, Alckmin avança oito pontos em relação aos 33% obtidos no primeiro turno. Hoje, 11 pontos separariam os dois candidatos na simulação de segundo turno, contra 15, na pesquisa realizada na sexta-feira passada.


Fatores inusitados e de impacto normalmente negligenciável podem desta feita ser cruciais para saber se a eleição presidencial será ou não resolvida já neste domingo.


Contam-se entre esses elementos a repercussão do debate presidencial de ontem na televisão, a distribuição irregular do absenteísmo nas diversas regiões brasileiras, o maior ou menor grau de conhecimento do número a digitar na urna eletrônica para votar no candidato desejado. Até a definição, pela Justiça Eleitoral, da validade ou não dos votos conferidos a um candidato cuja postulação está ‘sub judice’ pode pesar na balança.


Dos candidatos se espera que orientem seus militantes a colaborar para que a votação transcorra pacificamente -como tem sido a regra no Brasil desde a redemocratização. E que as urnas produzam o veredicto final.’


Renata Lo Prete


Perdas e danos


‘MESMO COM a dúvida a pairar sobre a disputa presidencial, é possível fazer um balanço preliminar de lideranças que deverão sair derrotadas desta eleição. Entre elas estão figuras de proa da campanha de Geraldo Alckmin e da oposição a Lula.


Tome-se o caso do presidente do PSDB, Tasso Jereissati. Com a vitória do irmão Cid (PSB) para o governo e o estoque de votos que o levará à Câmara, o lulista Ciro Gomes será o novo chefe político do Ceará. A parceria Ciro-Tasso sobreviverá, mas com inversão da hierarquia entre os dois.


Também na Bahia há uma troca de guarda em curso. A provável derrota do candidato escolhido por Antonio Carlos Magalhães para disputar o Senado e a perspectiva de um terceiro mandato de governador para Paulo Souto deixarão claro quem tem a força hoje no Estado e no PFL local.


O presidente da sigla, Jorge Bornhausen, elegerá o filho deputado e, indicam pesquisas, o senador por Santa Catarina. Mas ficará ele mesmo sem mandato, o que não contribuirá para manter o tamanho de sua influência no PFL nacional.


Enfraquecidos em seus Estados, Tasso, ACM e Bornhausen precisariam da vitória de Alckmin para se fortalecer em Brasília. Se a vantagem de Lula sobre os adversários não diminuir até domingo, a ponto de garantir a realização do segundo turno, os três estarão fadados a um ‘downsizing’.


O interessante é que Tasso, ACM e Bornhausen são nomes sempre lembrados quando se prevê o inferno para Lula num segundo mandato, em especial agora que há uma encrenca -a do dossiê- destinada a sobreviver ao dia 1º, seja porque o governo claramente opera para retardar as conclusões da investigação, seja pela ação contra a candidatura em andamento no TSE.


Ninguém ouve, porém, a expressão ‘perda de mandato’ na boca dos oposicionistas vitoriosos desta eleição. Desde que foi revelada a parceria de negócios entre o PT e os Vedoin, tanto José Serra -o alvo do dossiê- quanto Aécio Neves se manifestam sempre uma oitava abaixo, pelo menos, do tom utilizado pelos tucanos e pefelistas envolvidos na campanha de Alckmin.


Para os dois, a vida continua, e 2010 está logo aí. Isso não significa que a vida de Lula será fácil em caso de vitória. As dificuldades serão muitas, mas, hoje, derivam menos da oposição e mais das tranqueiras que o presidente leva de herança do primeiro mandato -dos escândalos em aberto à necessidade de ceder tudo e mais um pouco ao PMDB, para revolta do PT, outro derrotado nesta eleição. Ainda que o partido não perca espaço significativo no Congresso, no governo perderá. É das poucas certezas que se pode ter.


RENATA LO PRETE é editora do Painel’


Folha de S. Paulo


TSE não apreciou defesa da Folha contra Lula, reage ANJ


‘O vice-presidente do comitê de Liberdade de Imprensa da ANJ (Associação Nacional de Jornais), Júlio César Ferreira de Mesquita, protestou contra o fato de o TSE ter julgado o pedido de resposta do PT e da coligação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra artigo do jornalista Clóvis Rossi sem apreciar a defesa da Folha.


‘É um absurdo. A sociedade tem que condenar. Se isso aconteceu, foi um julgamento parcial. Qualquer tribunal sempre tem que ouvir a parte que está sendo questionada’, afirmou Mesquita.


A Editora Folha da Manhã S/A, que edita a Folha, pediu anulação do julgamento realizado na terça-feira que acolheu o pedido de resposta do PT contra o artigo de Rossi intitulado ‘Como se faz uma quadrilha’, publicado no dia 22. Não foi juntada ao processo a manifestação da defesa, enviada ao TSE dentro do prazo legal.


A Folha também requereu o indeferimento do pedido de resposta contra outro artigo de Rossi, intitulado ‘Pior que república bananeira’, publicado na edição do último dia 21.


O julgamento dessa representação foi iniciado anteontem e interrompido com pedido de vista do ministro Carlos Ayres Britto, depois que o relator, Marcelo Ribeiro, votara favorável ao pedido do PT.


A defesa do jornal sustenta que a coligação e o PT ‘buscam blindar o seu candidato de críticas legítimas’. ‘Se tivesse o candidato Lula se sentido ofendido pelas críticas do colunista, deveria pessoalmente ter postulado a resposta perante a justiça eleitoral. Será que o candidato Lula se sentiu ofendido? Ou será que mais uma vez ignora os atos praticados por seus colaboradores’, questionou a defesa da Folha.


Para a defesa, ‘são inúmeros os escândalos envolvendo os mais graduados assessores e dirigentes do partido. E mesmo assim, o presidente da República continua se colocando no papel de desinformado’.


Críticas do PT


O PT alegou ter sido vítima de crimes de calúnia, difamação e injúria. ‘Os representantes não refutam a veracidade dos fatos trazidos pelo colunista’, contestou a defesa.


O PT criticou as menções ao coordenador da campanha de Lula, Ricardo Berzoini, citado no artigo como o terceiro presidente do PT ‘baleado pela onda de escândalos em que se especializou o lulo-petismo’. A representação afirma que as questões relacionadas aos presidentes do PT seriam ‘assuntos internos’. ‘Tratam-se de assuntos de inegável interesse público’, contestou a defesa.


Os advogados da Folha afirmam que ‘não pode ser ignorado pela imprensa o fato de o coordenador da campanha do presidente Lula ter se envolvido diretamente com a compra do dossiê contra os tucanos.’


‘Não podem as candidaturas demandar que a Justiça Eleitoral ‘proíba’ determinados assuntos durante o período eleitoral, censurando os órgãos de imprensa e impedindo-os de divulgar fatos notórios da vida política nacional’.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Sem lustro


‘O presidente fugiu do debate, William Bonner abriu o ‘Jornal Nacional’ com ataque ao ‘candidato Lula’. Mas pelo mundo todo, como se nada mais importasse, espalham-se os editoriais prevendo a reeleição e já deitando conselhos. A ‘Economist’ deu o petista com Hugo Chávez na capa -e fez editorial para tratar só dele, Lula, que ‘infelizmente perdeu parte do lustro’. Citou corrupção e baixo crescimento, de um lado, e queda na desigualdade social, de outro, e saiu a dizer ‘como recuperar o lustro’ e, mais importante do que qualquer outra coisa, a ‘liderança regional’.


Tem que ‘limpar a política brasileira’. E tem que gastar menos para crescer mais. Daí o título da longa reportagem que acompanhou o editorial, ‘Ame Lula se você é pobre, preocupe-se se você não é’.


REFORMAS, REFORMAS


Quem também dá editorial de conselhos é o ‘Financial Times’, hoje, sob o título ‘Lula não pode desperdiçar sua segunda chance’. Elogia a estabilidade e a ‘melhoria nas condições de vida de milhões de famílias pobres’:


– Mas o carismático ex-metalúrgico continua longe de fazer a mistura forte de reformas sociais e institucionais pró-mercado que permitiriam ao Brasil acompanhar o passo de outros grandes países em desenvolvimento.


Também o jornal financeiro quer ver nele o ‘poderoso líder progressista para unir a região’. Contra Chávez.


TODOS AO EVANGELHO


No meio da atenção crescente às eleições brasileiras na mídia internacional, o site do francês ‘Le Monde’ trouxe ontem, durante boa parte do dia, a manchete ‘No Brasil, todos os candidatos buscam os evangélicos’.


Era despacho da correspondente no Rio, Annie Gasnier, tratando da crescente importância do ‘voto evangélico’ no Estado, a ponto de Lula fechar com Marcelo Crivella -o que já havia impressionado antes o correspondente do espanhol ‘El País’ no mesmo Rio, Juan Arias.


NO GOOGLE, PALOCCI


Entre no Google para buscar palavras como ‘voto’, ‘eleição’ ou coisa parecida. Clique ‘pesquisar’ e, ao lado dos resultados, no alto da página, como ‘Link Patrocinado’, surge um só candidato, sem concorrência, que pagou para tanto. É Antônio Palocci, com número, link para o site etc.


DIFERENÇAS


Num isolado esforço para ver programa na conflituosa campanha presidencial, a BBC Brasil destacou ontem as propostas voltadas à política externa -e achou algo que, afinal, ‘evidencia diferenças’ de Lula e Geraldo Alckmin.


PROTÓTIPO


Em outro ponto caro a Lula e de repercussão no exterior, biocombustíveis, chegou-se ontem ao limite da piada no ‘Guardian’, com a campanha para fazer etanol a partir de… maconha. Henry Ford teria até feito protótipo, em 1941.’


INTERNET
Folha de S. Paulo


Justiça mantém teles fixas no leilão de internet sem fio


‘A Justiça manteve as concessionárias de telefonia fixa local no leilão de faixas de freqüência para fornecimento do serviço de acesso à internet em alta velocidade sem fio. No edital do leilão, elaborado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), as teles locais não podiam comprar faixas de freqüência para uso nas suas áreas de concessão.


Após recorrerem à Justiça, as teles conseguiram liminar suspendendo essa cláusula do edital. A Anatel recorreu duas vezes para cassar a liminar, mas não conseguiu.


A agência impôs a restrição para estimular a concorrência. De acordo com a Anatel, a participação das teles fixas nas suas áreas de concessão causaria ‘concorrência predatória’ com as novas empresas que viessem oferecer o serviço por meio da tecnologia sem fio (WiMax).


Ontem a agência não quis comentar nova derrota na Justiça, mas já informou que, com a possibilidade de participação das teles fixas locais, não dará prosseguimento à licitação e terá que elaborar novo edital.


Ao julgar o pedido de suspensão da liminar, o juiz federal Leão Aparecido Alves entendeu que a Anatel não tem condições de afirmar que a participação das teles fixas locais poderá causar danos à concorrência. Para ele, a análise feita pela agência reguladora é ‘presunção’. Ele afirmou que a restrição à participação das teles ‘não tem razoabilidade’ e que, ao contrário, a participação dessas empresas ‘atende ao interesse público’.


Além da briga judicial entre Anatel e teles fixas, a licitação está suspensa por determinação do TCU (Tribunal de Contas da União).’


TELEVISÃO
Daniel Castro


TV por assinatura chega ao telefone celular


‘A operadora de telefonia móvel Claro lança na próxima segunda um serviço idêntico ao da TV paga: distribuirá pelo celular em regime de assinatura um pacote de dez canais, entre eles Discovery, ESPN, Bloomberg, Cartoon e Nickelodeon.


A Vivo, que já distribui dois canais (Band e RTPi) e conteúdos avulsos de canais pagos, também oferecerá TV no formato de assinatura ‘em breve’.


A chegada da TV por assinatura marca uma nova fase do uso do celular como televisor, o que deverá ‘explodir’ nos próximos anos, quando as TVs abertas começarem a transmitir seu conteúdo digital gratuitamente pelo telefone móvel. Isso não só afetará o ‘jeito de ver TV’ como também terá impacto nas redes abertas _ainda um tanto refratárias ao celular.


Os serviços da Claro e da Vivo trarão tevê em streaming, ou seja, o assinante não precisará baixar vídeos em seu aparelho. Bastará sintonizar o canal e acessar a programação, como no televisor ou na internet.


A qualidade de som é boa, mas a de imagem ainda está longe da do televisor. A Vivo já transmite imagem com 15 frames por segundo _na TV, são 30 frames/segundo. Na Claro, por enquanto, são seis frames, o que causa efeito ‘congelante’.


A Claro já vende aparelhos aptos ao novo serviço por R$ 300. Por outros R$ 300 mensais, venderá 200 minutos de voz, o pacote de canais (R$ 30) e tráfego ilimitado de dados.


SALÃO FECHADO O SBT adiou do próximo dia 8 para 22 de outubro a estréia de ‘Bailando por um Sonho’, em que famosos disputarão competição de dança de salão com anônimos. A emissora busca agora resolver problemas de luz e de som que apareceram na gravação do piloto.


SALÃO ABERTO Enquanto isso, a Globo estréia neste domingo a segunda edição de ‘Dança no Gelo’, que não sofreu nenhuma baixa em seu elenco na última semana. Nos bastidores da emissora, já há bolão de apostas sobre qual será o primeiro eliminado.


FORÇA ROSA Executiva da produtora RGB (‘Popstars’, ‘Floribela’), Elisabetta Zenatti assume terça-feira o cargo de diretora-geral de conteúdo da Band.


VELHO SÍTIO 1 Carlos Magalhães, braço direito de J.B. de Oliveira, o Boninho, em ‘Big Brother’, assumirá em 2007 o comando do ‘Sítio do Picapau Amarelo’, no lugar de Carlos Manga.


VELHO SÍTIO 2 O programa da Globo, que estava ameaçado de sair do ar por causa do ibope baixo, será reformulado. Sai o formato de novelinha atual e volta o antigo, de histórias curtas e mais fiéis à obra de Monteiro Lobato.


VICE ABSOLUTO São do SBT anúncios não assinados que vêm sendo publicados diariamente em jornais, trazendo ranking de audiência das principais redes. A intenção é combater o marketing excessivo da Record e mostrar que o SBT ainda é, de longe, vice-líder no Ibope nacional.’


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Cicarelli faz piada sobre vídeo famoso em premiação da MTV


‘Daniella Cicarelli, 26, foi a estrela da 12ª edição do VMB (Video Music Brasil), da MTV, exibido ao vivo ontem do Credicard Hall. A modelo e os dois outros apresentadores da noite, Marcos Mion e Cazé Peçanha, fizeram várias insinuações -ensaiadas durante a semana- sobre o vídeo em que ela aparece com o namorado, Tato Malzoni, em uma praia de Cádiz (Espanha).


‘Vamos ter que tocar nesse assunto. O povo quer saber’, começou Mion. ‘Você acha que é mesmo importante? Mais importante que eleição e VMB?’, questionou Cicarelli, ao que ele respondeu: ‘Está todo mundo esperando a Daniella se pronunciar. As pessoas precisam ir cuidar das vidas delas.’


Cicarelli então ameaçou: ‘Vou falar. Segura essa: Negra Li e Giovane, do vôlei’, disse, chamando os convidados a anunciar o prêmio de videoclipe de rap -que ficou com D2 e Mr. Catra, por ‘Gueto’.


Antes, Pitty levou o prêmio de videoclipe de rock, por ‘Déja-Vu’. O grupo Los Hermanos ganhou na categoria MPB pelo videoclipe de ‘Morena’.


Ao lado de Bruna Surfistinha, o comentarista esportivo Fernando Vanucci também fez menções à sua experiência com um vídeo disseminado na internet -aquele em que aparece grogue durante seu programa na Rede TV!.


Vanucci disse que estava ‘sob efeito de alguma coisa’. Depois, anunciou o grupo CPM 22 como o ganhador da categoria performance ao vivo, por ‘Inevitável’.’


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 29 de setembro de 2006


ELEIÇÕES 2006
Carlos Marchi


Lula falta a debate, mas não escapa do interrogatório de adversários


‘Na primeira pergunta, feita por Cristovam Buarque (PDT), o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou a pagar o preço por sua ausência no debate promovido ontem pela TV Globo com os candidatos à Presidência. ‘O senhor é candidato sob fortes suspeitas de uso de recursos públicos no processo eleitoral. Se for eleito e depois se comprovarem as suspeitas o senhor renuncia ao cargo?’ No decorrer do programa, Cristovam, Geraldo Alckmin (PSDB) e Heloísa Helena (PSOL) fizeram críticas duríssimas a Lula e, a cada bloco, um deles dirigiu ao ausente perguntas que ficaram sem resposta.


A mais agressiva foi a senadora Heloísa Helena, que mencionou ‘a organização criminosa comandada pelo presidente da República, capaz de caluniar qualquer um que ameace seu projeto de poder’. A uma pergunta de Alckmin sobre corrupção, Cristovam disse: ‘Faltar a um debate como esse é uma forma de corrupção. Não é roubar dinheiro, mas é roubar esperanças.’ Em sua primeira intervenção, Alckmin classificou a ausência de Lula de ‘desrespeito ao eleitor, que precisa de informação para decidir bem seu voto.’


Alckmin perguntou a Lula: ‘Por que o candidato Lula não veio ao debate? Será que é por que não sabe explicar os graves problemas da saúde brasileira, como o fim dos mutirões? Será que ele não veio por causa da educação? Como explicar que ele teve maioria para absolver os mensaleiros, mas não teve para aprovar o Fundeb?’


Cristovam sugeriu que o crime de corrupção seja declarado hediondo. Propôs acabar com a reeleição e com os os cargos comissionados. ‘A maior parte da corrupção vem de indicados politicamente.’ Alckmin não ficou atrás. Disse que ‘o mensalão foi a visão autoritária de um poder subjugar outro poder’. E ressaltou que, segundo o procurador-geral da República, ‘isso foi tramado dentro do Palácio do Planalto, com o PT’.


O pedetista fez um apelo ao eleitor para que vote a fim de garantir o segundo turno: ‘Vamos fazer, em nome da democracia brasileira, um segundo turno. Temos um risco muito grande que a gente não pode correr.’ E ponderou: ‘O que vai acontecer se descobrirmos depois da eleição que tinha dinheiro de campanha na compra do dossiê?’


SEGUNDO TEMPO SUAVE


Na segunda parte do debate, os candidatos esqueceram um pouco do ausente Lula e passaram a discutir assuntos mais próximos de seus programas. Houve até um enfrentamento sem Lula – foi quando Heloísa, ao perguntar a Alckmin, disse que PSDB e PT erraram na área de segurança. Alckmin deu-lhe o troco: ‘Não sei o que a senadora Heloísa fez pela segurança pública, mas eu fiz. São Paulo é o 22º Estado em violência, reduzimos todos os índices de crimes em São Paulo.’ Ele se propôs a combater o tráfico de drogas e de armas e mudar a Lei das Execuções Penais.


‘Não é possível que o Brasil continue dando maus exemplos’, afirmou o tucano. ‘Não é possível a nossas crianças assistirem a esses exemplos todos os dias.’ E citou os vários escândalos de corrupção ocorridos no governo Lula. ‘Lula é fraco com Francenildo, o caseiro pobre, mas é forte com os colarinhos brancos’, disse. Ele reclamou duramente da demora para esclarecer a compra do dossiê Vedoin.


‘Treze dias depois que o dossiê foi comprado por R$ 1,7 milhão, até hoje o governo não diz de quem é o dinheiro, não dá o nome de quem fez o dinheiro entrar no País, não esclarece quem são os envolvidos.’


FUTURO


Heloísa se colocou claramente eqüidistante dos governos Fernando Henrique e Lula e criticou ambos todo o tempo. Em sua terceira crítica ao governo FHC, quando mencionou problemas na geração de energia, Alckmin retrucou: ‘Estamos aqui para discutir o futuro, não o passado.’ Heloísa devolveu: ‘O Alckmin sempre vem com essa história de atribuir todos os problemas ao governo Lula.’ Alckmin replicou: ‘A senadora não tem todas as informações’.


A uma pergunta sobre educação, o tucano atraiu a candidata do PSOL a, em parceria, voltar a atacar o governo Lula. Disse que o atual governo promoveu um aumento da evasão escolar e que existe 12 milhões de crianças fora da escola, da 1ª a 8ª séries. Heloísa defendeu um investimento maior na educação básica, o que permitirá salvar milhões de crianças da exclusão do conhecimento. Alckmin também disse que terá como obsessão a educação básica.


Cristovam insistiu, no debate, com suas propostas sobre educação e até no momento de responder a uma pergunta sobre saúde, disse que ‘a saúde passa pela educação, porque uma sociedade educada fica menos doente’. Ele propôs a ‘revolução pela educação’. ‘Isso é possível’, ressaltou. E disse que é função dele lutar por isso.


Cristovam acusou Lula de usar o medo para atemorizar as famílias que são vinculadas ao Bolsa-Família, transmitindo a elas a idéia de que, se ele não for eleito, o programa acaba. Alckmin observou que o pioneirismo do Bolsa-Família começou em Campinas, com o prefeito Magalhães Teixeira.


‘O atual governo juntou tudo, deu o nome de Bolsa-Família e acabou com a contrapartida. Eu pretendo transformar isso em lei, para acabar com a dependência do voto’, afirmou o tucano. Cristovam, o primeiro a implantar o programa, em Brasília, disse que, se eleito mudaria o programa. ‘Vocês vão continuar a receber esse dinheiro, mas o programa vai ser transformado’, disse, dirigindo-se aos atuais beneficiários. E afirmou que o programa deve agregar a possibilidade de emprego.


‘O que todo mundo quer é ter um emprego, um salário digno’, ressaltou Alckmin, concordando com a idéia de juntar soluções educativas, como o ensino técnico, ao Bolsa-Família.


ENERGIA


No pouco que se discutiu de programas de governo, Alckmin disse que o Brasil vive um momento de pré-crise energética e afirmou que Lula está esperando passar as eleições para promover um forte aumento no preço do gás residencial e industrial.


Ele afirmou que o Operador do Sistema Elétrico já deveria ter colocado em funcionamento as usinas termelétricas, mas não fez isso porque o Brasil não tem estoque disponível de gás, depois da crise diplomática com a Bolívia e as restrições à continuidade de fornecimento de gás natural pelo país vizinho.’


Cristina Padiglione


Audiência atinge 30 pontos em SP


‘Segundo a medição prévia do Ibope na Grande São Paulo, o debate entre os candidatos à Presidência atingiu 30 pontos porcentuais de audiência, com 49% de share, ou seja, a fatia atingida pela Globo dentro do universo de aparelhos ligados no horário. Cada ponto corresponde a 54,4 mil domicílios na região, única a possuir sistema para aferição instantânea de audiência. O que se pode dizer seguramente é que o debate chegou a 1,63 milhão de residências só na Grande São Paulo.


A considerar o horário de exibição (das 22h40 à 0h15) e o cardápio político, os índices alcançados ontem são excelentes. O debate a governador de São Paulo, na terça-feira, teve início um pouco mais tarde e rendeu 22 pontos.


Mas é de fato nas noites de quinta-feira que a Globo costuma arrancar sua melhor audiência, graças ao humorístico A Grande Família, que alcança até 40 pontos de média. Somado ao ibope do Linha Direta, o horário ontem ocupado pelo debate costuma esbarrar nos 35 pontos.


Durante a temporada de horário eleitoral gratuito, por exemplo, a audiência da TV paga dobrou, em razão da migração de telespectadores.’



José Danon


Carta para o Chico Buarque


‘Chico, você foi, é e será sempre meu herói. Pelo que você foi, pelo que você é e pelo que creio que continuará sendo. Por isso mesmo, ao ver você declarar que vai votar no Lula ‘por falta de opção’, tomei a liberdade de lhe apresentar o que, na opinião do seu mais devoto e incondicional admirador, pode ser uma opção.


Eu também votei no Lula contra o Collor. Tanto pelo que representava o Lula como pelo que representava o Collor. Eu também acreditava no Lula. E até aprendi várias coisas com ele, como citar ditos da mãe. Minha mãe costumava lembrar a piada do bêbado que contava como se tinha machucado tanto. Cambaleante, ele explicava: ‘Eu vi dois touros e duas árvores, os que eram e os que não eram. Corri e subi na árvore que não era, aí veio o touro que era e me pegou.’ Acho que nós votamos no Lula que não era, aí veio o Lula que era e nos pegou.


Chico, meu mestre, acho que nós, na nossa idade, fizemos a nossa parte. Se a fizemos bem feita ou mal feita, já é uma outra história. Quando a fizemos, acreditávamos que era a correta. Mas desconfio que nossa geração não foi tão bem-sucedida, afinal. Menos em função dos valores que temos defendido e mais em razão dos resultados que temos obtido. Creio que hoje nossa principal função será a de disseminar a mensagem adequada aos jovens que vão gerenciar o mundo a partir de agora. Eles que façam mais e melhor do que fizemos, principalmente porque o que deixamos para eles não foi grande coisa. Deixamos um governo que tem o cinismo de olimpicamente perdoar os ‘companheiros que erraram’ quando a corrupção é descoberta.


Desculpe, senhor, acho que não entendi. Como é, mesmo? Erraram? Ora, Chico. O erro é uma falha acidental, involuntária, uma tentativa frustrada ou malsucedida de acertar. Podemos dizer que errou o Parreira na estratégia de jogo, que erramos nós ao votarmos no Lula, mas não que tenham errado os zésdirceus, os marcosvalérios, os genoinos, dudas, gushikens, waldomiros, delúbios, paloccis, okamottos, adalbertos das cuecas, lulinhas, beneditasdasilva, burattis, professoresluizinhos, silvinhos, joãopaulocunhas, berzoinis, hamiltonlacerdas, lorenzettis, bargas, expeditovelosos, vedoins, freuds e mais uma centena de exemplares dessa espécie tão abundante, desafortunadamente tão preservada do risco de extinção por seu tratador. Esses não erraram. Cometeram crimes. Não são desatentos ou equivocados. São criminosos. Não merecem carinho e consolo, merecem cadeia.


Obviamente, não perguntarei se você se lembra da ditadura militar. Mas perguntarei se você não tem uma sensação de déjà vu nos rompantes de nosso presidente, na prepotência dos companheiros, na irritação com a imprensa quando a notícia não é a favor. Não é exagero, pergunte ao Larry Rother do New York Times, que, a propósito, não havia publicado nenhuma mentira. Nem mesmo o Bush, com sua peculiar e texana soberba, tem ousado ameaçar jornalistas por publicarem o que quer que seja. Pergunte ao Michael Moore. E olhe que, no caso do Bush, fazem mais que simples e despretensiosas alusões aos seus hábitos ou preferências alcoólicas no happy hour do expediente.


Mas devo concordar plenamente com o Lula ao menos numa questão em especial: quando acusa a elite de ameaçá-lo, ele tem razão. Explica o Aurélio Buarque de Hollanda que elite, do francês élite, significa ‘o que há de melhor em uma sociedade, minoria prestigiada, constituída pelos indivíduos mais aptos’. Poxa! Na mosca. Ele sabe que seus inimigos são as pessoas do povo mais informadas, com capacidade de análise, com condições de avaliar a eficiência e honestidade de suas ações. E não seria a primeira vez que essa mesma elite faz esse serviço. Essa elite lutou pela independência do Brasil, pela República, pelo fim da ditadura, pelas diretas-já, pela defenestração do Collor e até mesmo para tirar o Lula das grades da ditadura em 1980, onde passou 31 dias. Mas ela é a inimiga de hoje. E eu acho que é justamente aí que nós entramos.


Nós, que neste país tivemos o privilégio de aprender a ler, de comer diariamente, de ter pais dispostos a se sacrificar para que pudéssemos ser capazes de pensar com independência, como é próprio das elites – o que, a propósito, não considero uma ofensa -, não deveríamos deixar como herança para os mais jovens presentes de grego como Lula, Chávez, Evo Morales, Fidel – herói do Lula, que fuzila os insatisfeitos que tentam desesperadamente escapar de sua ‘democracia’. Nossa herança deveria ser a experiência que acumulamos como justo castigo por admitirmos passivamente ser governados pelo Lula, pelo Chávez, pelo Evo e pelo Fidel, juntamente com a sabedoria de poder fazer dessa experiência um antídoto para esse globalizado veneno. Nossa melhor herança será o sinal que deixaremos para quem vem depois, um claro sinal de que permanentemente apoiaremos a ética e a honestidade e repudiaremos o contrário disto. Da mesma forma que elegemos o bom, destronamos o ruim, mesmo que o bom e o ruim sejam representados pela mesma pessoa em tempos distintos.


Assim como o maior mal que a inflação causa é o da supressão da referência dos parâmetros do valor material das coisas, o maior mal que a impunidade causa é o da perda de referência dos parâmetros de justiça social. Aceitar passivamente a livre ação do desonesto é ser cúmplice do bandido, condenando a vítima a pagar pelo malfeito. Temos opção. A opção é destronar o ruim. Se o oposto será bom, veremos depois. Se o oposto tampouco servir, também o destronaremos. A nossa tolerância zero contra a sacanagem evitará que as passagens importantes de nossa História, nesse sanatório geral, terminem por desbotar-se na memória de nossas novas gerações.


Aí, sim, Chico, acho que cada paralelepípedo da velha cidade, no dia 1º de outubro, vai se arrepiar.


Seu admirador número 1,


Zé Danon


José Danon é economista e consultor de empresas’


Vannildo Mendes, Fausto Macedo E Sérgio Gobetti


Lacerda levou dinheiro para dossiê


‘O ex-coordenador de comunicação do PT paulista Hamilton Lacerda será interrogado hoje de manhã na Superintendência da Polícia Federal da capital pelo delegado Diógenes Curado e pelo procurador da República Mário Lúcio Avelar. Ele foi identificado como o homem que levou uma mala de dinheiro para os petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, presos dia 15 no Hotel Íbis, em São Paulo.


A PF já tem indícios de que há outro mensageiro de dinheiro e à tarde interrogará Freud Godoy, ex-secretário especial do presidente Lula, apontado nas investigações como responsável por levantar fundos para a compra do dossiê Vedoin.


O Instituto Nacional de Criminalística, de Brasília, faz a perícia das imagens internas do Íbis e divulgará o laudo definitivo quarta-feira. Mas a PF já está convencida de que Hamilton é o elo que faltava para ligar o PT ao dinheiro. Ele é identificado como o homem grisalho, aparentando 45 anos, que chegou depois das 9 horas do dia 14 no hotel. Tenso, ele carregava com cuidado uma maleta preta de viagem, de náilon, com a alça em volta do ombro esquerdo.


Hamilton aparece circulando com ela no lobby, depois no corredor do quarto onde Gedimar estava hospedado. As cenas seguintes mostram sua saída do quarto, sem a maleta, e Gedimar, com a maleta, indo até o restaurante do hotel.


Gedimar confessou à PF que foi designado pela cúpula do PT para conferir a autenticidade e o potencial do dossiê contra o candidato tucano ao governo paulista, José Serra. Braço direito do candidato Aloizio Mercadante (PT), Hamilton deve ser indiciado e ter seu sigilo bancário, fiscal e telefônico quebrado. O Ministério Público também estuda pedir sua prisão temporária, como fez com os outros seis petistas envolvidos no caso, embora a PF considere a medida inócua por enquanto.


Instantes depois da prisão de Gedimar e Valdebran, foi preso no aeroporto de Várzea Grande (MT), na mesma operação, o empresário Paulo Trevisan, tio de Luiz Antônio Vedoin, cabeça da máfia dos sanguessugas. Ele ia ao encontro dos dois petistas e levava uma pasta azul, contendo o dossiê. Na outra mão, carregava uma maleta preta de náilon, vazia, igual à que Hamilton entregara a Gedimar. A PF acredita que era para fazer uma troca.’


João Caminoto


‘Economist’ diz que Lula perdeu o brilho


‘A revista britânica The Economist afirma que a voz do presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu seu ‘brilho’ e não é a mais alta proveniente da América Latina, nem mesmo da esquerda da região. ‘Ela pertence a Hugo Chávez, o presidente populista da Venezuela.’ A revista classifica de ingênua a política externa de Lula na América do Sul e acha ‘realmente estranho’ que ele apóie a candidatura da Venezuela para ocupar um dos assentos do Conselho de Segurança da ONU reservados para a América Latina. ‘Lula está assim ajudando a oferecer a seu principal rival pela liderança na América do Sul uma plataforma global.’


Segundo a Economist, Lula supõe que a melhor maneira para conter Chávez é incluí-lo no Mercosul. ‘E a resposta de Chávez? Ajudar a humilhar o Brasil na Bolívia, onde os ativos de gás e petróleo da Petrobrás enfrentam nacionalização, e trabalhar para enfraquecer os princípios democráticos, de mercado livre sobre os quais o Brasil fundou o Mercosul’, observa.


A revista afirma que, além da ‘ingenuidade’ de sua política externa, há duas razões mais sérias para Lula ter perdido o ‘brilho’. Ressalta que uma delas é o ‘agravamento da corrupção política’ no Brasil e cita os escândalos que atingiram o governo no ano passado e neste mês.


A outra razão, analisa, é a decepção com o comportamento da economia brasileira – um crescimento de apenas 2,8% ao ano durante o governo Lula. ‘Arrecadações tributárias crescentes, em vez de gastos mais inteligentes, têm mantido as contas fiscais sob controle’, observa. ‘O investimento é freado pela burocracia, infra-estrutura pobre e incerteza regulatória, como também pela elevada carga tributária.’


Por isso, avalia a Economist, é impressionante que Lula esteja caminhando para um segundo mandato ‘que de várias maneiras não parece justificado’. Segundo a revista, ‘a maioria dos brasileiros concluiu há muito tempo que seus políticos são irremediavelmente corruptos. Mas muitos brasileiros identificam Lula como um dos seus e não acham que ele se beneficiou pessoalmente da corrupção’.


Para a revista, contudo, o segredo do sucesso eleitoral se assenta nos programas dirigidos às classes pobres. Observa que graças aos programas sociais do governo, à inflação baixa e aumentos no salário mínimo, a renda dos pobres está crescendo mais rapidamente do que a da classe média.


Em seu segundo mandato, diz a revista, Lula deveria fazer um esforço para livrar o País de sua armadilha de baixo crescimento e fazer reformas na área da Previdência e trabalhista, nas agências regulatórias e na educação. Mas afirma que isso será difícil. ‘Ele poderá ficar ainda mais à mercê do apetite voraz de seus aliados no Congresso por dinheiro público.’’


INTERNET
O Estado de S. Paulo


Google recorre para não ter de passar dados do Orkut ao MP


‘No último dia para fornecer à Justiça os dados sobre usuários do Orkut investigados por crimes como pedofilia e racismo, a Google Brasil recorreu ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região, argumentando que já havia atendido anteriormente os pedidos de informações.


O advogado da Google Inc., proprietária do Orkut, Durval de Noronha, afirmou que a empresa tem colaborado com a Justiça. O procurador da República Sérgio Suiama, que entrou com ação civil pública para obrigar a Google Brasil a fornecer as informações, acusa os empresários de se furtarem a responder às ordens judiciais. Segundo ele, as solicitações foram atendidas só em parte.


Com a ação, Suiama quer obrigar a Google Brasil a fornecer dados sobre 38 casos cuja quebra de sigilo havia sido autorizada pela Justiça, determinação que a empresa não cumpriu. Ao conceder a liminar, o juiz José Marcos Lunardelli deu prazo de 15 dias para o envio dos dados, sob pena de multa diária de R$ 50 mil para cada ordem não atendida. O prazo foi prorrogado e venceu ontem.


Desde que informações sobre usuários do Orkut começaram a ser pedidas pelo Ministério Público Federal (MPF), a Google Brasil tem dito que elas ficam armazenadas no servidor da Google Inc., nos Estados Unidos, ao qual o braço brasileiro não tem acesso.


O advogado Daniel Arbix, especializado em tecnologia da informação, contestou essa versão. Segundo ele, uma socialite paulistana foi ridicularizada numa comunidade intitulada ‘Bregas Assumidos’ e teve a ajuda da Google Brasil para identificar seus carrascos virtuais.’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Riso tem prioridade


‘A briga por espaço continua, mas pelo menos três atrações da Globo, A Grande Família, A Diarista e Sob Nova Direção, já têm lugar garantido na programação da emissora em 2007.


Apesar dos eternos rumores de que Sob Nova Direção vai acabar, já é fato no mercado anunciante que a sitcom se mantém entre os destaques de humor da Globo no próximo ano. A direção da emissora teria até encomendado uma reformulação no formato, como a entrada de novos personagens, para dar mais fôlego às aventuras de Pity e Belinha.


A Grande Família também segue firme e forte no ar, ainda que muitos integrantes da série tenham pedido um tempo de descanso para a atração. Afinal, são mais de cinco anos no ar, desde a ressurreição do projeto, em 2001.


A série está garantida pelo menos até o fim do primeiro semestre na Globo. Ainda no fim deste ano chega aos cinemas o filme do clã de Lineu (Marco Nanini).


A Diarista também permanece na programação e ganha novos personagens em 2007. A novidade será um novo dia de exibição para o humorístico de Cláudia Rodrigues, que deve ir ao ar mais cedo.


entre- linhas


A Globo continua empenhada em contratar duas novas musas de sobrenome de grife para seu casting: Érica Mader (sobrinha de Malu Mader) e Alice Braga (sobrinha de Sônia Braga).


Mais polêmica em Páginas da Vida. Logo entrará na novela o personagem homossexual vivido por Thiago Picci para viver um romance na história.


A rede NBC teve sua melhor estréia em audiência nos últimos cinco anos. A série Heroes, que entrou no ar esta semana na TV americana, atraiu 14,3 milhões de espectadores em seu capítulo de estréia.


Ainda sobre a audiência americana, as séries Grey’s Anatomy, Desperate Housewives e CSI, que estrearam suas novas temporadas na semana de 18 a 24 de setembro, ocuparam, respectivamente, as três primeiras colocações no ranking.


A TV Cultura está tentando agendar uma entrevista com Al Gore para o Roda Viva.


Ainda na Cultura: amanhã, a emissora transmite o Campeonato Português de Futebol, às 18h30. Com narração do jornalista André Henning e comentários de Martins Araújo, será exibido o jogo Belenenses x Boavista.


O Discovery Travel & Living tem sinal aberto para todos os assinantes Sky até o dia 15 de outubro.


O People+Arts fará maratona de Rockstar Supernova a partir de amanhã, dia 30, às 10 horas, até o dia 1.º, às 18 horas.’


SP SEM PROPAGANDA
Editorial


A vez da Cidade Limpa


‘A Câmara Municipal de São Paulo aprovou o projeto de lei que extingue a publicidade exterior na cidade. Outdoors, painéis eletrônicos, anúncios em prédios, em táxi, ônibus e até o zepelim da Goodyear estão proibidos na paisagem da capital. Representantes do setor publicitário e do comércio protestaram e ameaçam entrar na Justiça, argumentando que a nova lei é inconstitucional e fere o princípio da livre iniciativa.


Mas a defesa da livre iniciativa não autoriza ninguém a transformar São Paulo num cenário caótico que se compara ao de uma feira medieval, como bem definiu Lúcio Gomes Machado, vice-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, em artigo publicado na Folha de S.Paulo. Nas muitas cidades do mundo que proíbem a publicidade externa, a iniciativa não afetou o desempenho do comércio nem agravou os índices de desemprego. Rio de Janeiro, Nova York e Paris que, entre outras tantas cidades, adotaram medidas semelhantes às de São Paulo só acumulam ganhos na qualidade ambiental com a decisão.


Em São Paulo, durante décadas, entre empresas de publicidade e comerciantes prevaleceu a crença de que vende mais quem grita mais alto e exibe cartazes maiores. E, assim, postes, muros, fachadas, prédios inteiros, terrenos públicos e privados passaram a ser usados como plataformas de cartazes, painéis, totens e telas cada vez maiores e mais agressivos. Para chamar a atenção dos consumidores, alguns deles chegam, inclusive, a ameaçar a segurança dos motoristas, como as telas imensas, com mensagens de impacto visual surpreendente que, muitas vezes, prejudicam a visão de semáforos e placas de sinalização.


Na quase maioria, equipamentos e peças publicitárias instalados em São Paulo são irregulares, o que lesa os cofres municipais, além de causar prejuízo à ordem urbana. O setor se aproveitou da falta de leis claras e de uma fiscalização permissiva. As irregularidades são tantas que o prefeito Gilberto Kassab se convenceu de que qualquer medida paliativa não resolveria o problema.


O projeto Cidade Limpa, proposto pelo prefeito e aprovado pela Câmara, parte do princípio de que é necessário começar tudo do zero. Assim, as empresas têm prazo até março de 2007 para retirar toda a publicidade exterior da paisagem paulistana. Se não o fizerem, a Prefeitura retirará as peças irregulares e a multa pelo descumprimento da lei será de R$ 10 mil.


Os anúncios indicativos utilizados nas fachadas dos estabelecimentos comerciais deverão seguir um padrão e terão tamanho proporcional à fachada do imóvel. Veículos usados no transporte público, como táxi e microônibus, estão proibidos de circular com propagandas em vidros ou laterais. A exposição de anúncios rende entre R$ 50,00 e R$ 100,00 aos taxistas e proprietários de frotas. Segundo o presidente do sindicato dos taxistas, Natalício Bezerra, a perda pode ser compensada por uma corrida a mais no dia.


As empresas de publicidade exterior, setor que movimenta R$ 200 milhões por ano na cidade, obviamente se opuseram ao projeto. Representantes do setor estimam que a nova lei desempregará 20 mil pessoas. Não é plausível que tal número de pessoas esteja ligado apenas à publicidade exterior. Além disso, outras formas de veiculação de publicidade poderão absorver o pessoal deslocado.


O prefeito Gilberto Kassab pretende abrir concorrência para exploração do ‘mobiliário urbano’ como espaço publicitário, com contrapartidas das empresas vencedoras. Essas companhias instalariam pontos de ônibus, lixeiras e outros equipamentos e, em troca, venderiam espaços publicitários nas peças.


Na administração passada, estimava-se em 14 mil as peças de ‘mobiliário urbano’ existentes em São Paulo, número mais do que suficiente para manter o setor publicitário em plena atividade. Em Nova York, a exploração de 3,3 mil abrigos de ônibus rendeu ao governo local, por meio de um contrato de 20 anos, US$ 100 milhões. É um bom negócio para toda a cidade e esse é o interesse a ser considerado.’


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