Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mídia volta a cobrar
as coletivas de Lula


Leia abaixo os textos de quarta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 28 de março de 2007


SEGUNDO MANDATO
Clóvis Rossi


Dar entrevista não dói


‘Só para lembrar: quando terminava a sabatina que a Folha fez com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na antevéspera do segundo turno, ele disparou: ‘Vou encher a paciência de vocês de tanto dar entrevistas’ (paciência não foi o termo empregado, mas sou obrigado a passar a limpo a linguagem presidencial).


Cinco meses depois da eleição e três meses após a segunda posse, Lula não cumpriu a promessa -mais um incumprimento, aliás.


Só tem falado no que chamo de cenas de jornalismo explícito, aquele amontado de câmeras e microfones junto ao céu da boca do entrevistado, que raramente produzem algo aproveitável.


Já que parece ter medo de jornalistas, sugiro ao presidente que, ao menos, siga o modelo da Espanha.


O Canal 1 (estatal) da TV local levou ontem ao ar o programa ‘Tenho uma pergunta, senhor presidente’ (embora o regime seja parlamentarista, o chefe de governo na Espanha é chamado de presidente, não de primeiro-ministro).


Mas as perguntas não são de jornalistas, e sim de um grupo de cidadãos selecionados por uma empresa especializada em capturar amostras representativas do conjunto da população.


Na semana que vem, será a vez de o líder da oposição submeter-se às perguntas.


Sei bem que prestar contas ao público não faz parte dos usos e costumes nestes trópicos, mas não custa relembrar que esse tipo de entrevista não dói, não mata nem torna aleijado o entrevistado.


Aliás, contém uma segunda lição: TV estatal pode, sim, ser pública, no sentido de pôr no ar questionamentos tanto ao governante de turno como ao chefe de turno da oposição. Mas não dá para esquecer que, no Brasil, há uma fenomenal vocação para o jornalismo chapa branca, que encontraria um anabolizante adicional em uma TV pública (ou estatal).’


OCTAVIO FRIAS / HOMENAGEM
Folha de S. Paulo


Publisher da Folha recebe homenagem


‘O publisher da Folha, Octavio Frias de Oliveira, será homenageado hoje à noite na cerimônia de entrega do Prêmio Senai de Reportagem de 2006.


O Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) integra o Sistema Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Federações das Indústrias dos Estados. Promove o seu prêmio de jornalismo há cinco anos com o objetivo de incentivar reportagens sobre ‘educação profissional e tecnológica em favor do desenvolvimento de todas as áreas produtivas, em particular a indústria’.


Hoje, serão conhecidos os vencedores do prêmio. Antes, o presidente da CNI, deputado federal Armando Monteiro Neto (PTB-PE), fará um discurso anunciando que pela primeira vez será homenageada uma personalidade da área de mídia, tendo sido escolhido Octavio Frias de Oliveira.


Prêmio Senai de Reportagem – cerimônia de premiação às 20h00 no Hotel Blue Tree Park, em Brasília (SHTN Trecho 1, Lote 1B)’


VENEZUELA
Fabiano Maisonnave


Presidente de TV estatal evita rebater ataques de ministro


‘O presidente da VTV (Venezuelana de Televisão), Jesús Romero Anselmi, evitou ontem contra-atacar as duras críticas feitas pelo ministro brasileiro Hélio Costa, das Comunicações, a sua emissora. Em tom diplomático, disse que a Venezuela ‘tem muito a aprender’ com a televisão brasileira, mas defendeu o seu canal ao afirmar que se trata de um ‘direito à réplica’.


‘A VTV não está interessada em nenhuma polêmica que possa gerar ruído a uma relação excelente que temos, os venezuelanos, com o Brasil e os brasileiros’, disse Romero à Folha, em entrevista concedida em seu gabinete.


‘Reconhecemos que os meios de comunicação do Brasil são elogiados no mundo e nos grandes empórios de comunicação privada. Temos muito a aprender com os brasileiros, os argentinos, com todos os sul-americanos’, afirmou.


‘Sabemos que os meios de comunicação sempre formam parte da dominação. Mas, no caso venezuelano, defendemos que formem parte da reivindicação, da solidariedade’, disse fazendo alusão ao frustrado golpe de abril de 2002 contra o presidente Hugo Chávez, que teve a participação ativa dos principais canais privados de TV.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Lula, Bush e o rumo


‘Lula ‘quer dia e hora para anunciar’ o fim da crise aérea, diziam as manchetes da Folha Online aos telejornais. Ele quer viajar -e mudar de assunto. Sábado, ao lado de George W. Bush em Camp David, quer tratar de biocombustíveis. Vai achar um presidente que, como ele, quer mudar a agenda. O despacho da AP, ontem no site do ‘New York Times’, ironizava que o ministro da Justiça está para cair, o projeto para o Iraque parou no Congresso ‘e o presidente Bush está de novo falando em converter grama em etanol’. No título da influente coluna política de Dana Milbank no ‘Washington Post’, que contou sete ‘photo-ops’ sobre o tema no ano, ‘Combustíveis alternativos não vão ajudar um presidente que perdeu o rumo’.


A LUTA POR COMIDA


Em artigo no ‘Guardian’, o ambientalista George Monbiot, da Biofuel Watch, lançou campanha sob o título ‘Se queremos salvar o planeta, precisamos de um congelamento de cinco anos nos biocombustíveis’. Diz que, ‘produzidos de plantas, eles geram competição por comida entre carros e as pessoas’, que ‘vão perder’.


Em bate-papo no ‘WP’, o ambientalista David Tilman também voltou a atirar contra os biocombustíveis. Em ambos, sobrou para o Brasil. Em resposta às críticas crescentes, a Reuters ouviu o ex-ministro Roberto Rodrigues e despachou o título ‘Especialista diz que etanol do Brasil não vai afetar a floresta tropical’ nem baixar a produção de alimentos.


‘BIG THREE’


No ‘WSJ’ e demais, a ‘photo-op’ de Bush com carro de combustível alternativo, no encontro com as ‘três grandes’ GM, Ford e Chrysler. Elas defendem álcool e outros, contra a imposição de ‘padrões de economia de combustível’.


VASTOS INVESTIMENTOS


George Monbiot, no ‘Guardian’, avisa que ‘será difícil parar os biocombustíveis: vastos investimentos estão sendo feitos’. É só ver os sites de ‘Forbes’, ‘WSJ’, Reuters.


Ontem, pela ordem, liam-se as notícias ‘Mitsubishi assina acordo de 30 anos de suprimento de etanol do Brasil’, despachada de Tóquio, ‘Companhias chinesas e a brasileira Farias preparam parceira’, de São Paulo, e ‘Clean Energy Brazil investe em processador de cana’, de Londres. Envolvem investimentos do Maranhão ao Paraná.


Sem falar do acordo, ontem em toda parte, entre Petrobras e a italiana Eni, para usinas no Brasil e em Angola.


ESFRIAMENTO


Enquanto Lula vai a Camp David, uma ‘fonte do Departamento de Estado’ falou ao argentino ‘


PREOCUPAÇÃO


‘Financial Times’ e outros dão que ‘Washington está inquieta com plano de Chávez para banco’. De início ‘poucos levaram a sério’ o Banco do Sul, mas vieram os apoios de Argentina ‘e possivelmente do Brasil’. BID e outros multilaterais demonstram ‘preocupação’ com o eventual concorrente, ‘especialmente se o Brasil se unir’.


MÃO BOBA


Com enunciados internos como ‘Prince and the Brazilian Babe’, o príncipe e a garota brasileira, e ‘Samba chocante’, o tablóide britânico ‘Sun’ deu capa para foto de William com a brasileira Ana Ferreira. E ocupou a internet daqui. No iG, Tutty Vasques ironizou que ‘a mão dele é mais boba que o pai’.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Clodovil telefonará para ministros na TV


‘O deputado Clodovil Hernandes (PTC-SP) terá uma ou duas câmeras instaladas em seu gabinete na Câmara dos Deputados para mostrar em seu novo programa de TV, o ‘Por Excelência’, parte de sua rotina em Brasília. Junto do ‘Telejornal do Brasil’, de Boris Casoy, o ‘Por Excelência’ (domingos, 20h) será carro-chefe da nova JB TV, que no final de abril substitui a CNT.


Segundo José Roberto Sanseverino, diretor de produção da JB TV, Clodovil usará as câmeras para gravar telefonemas que fará para ministros e secretários federais cobrando providências de questões públicas.


Clodovil queria que uma equipe da TV o acompanhasse o tempo todo no Congresso, mas isso encareceria demais o programa e poderia ferir o decoro parlamentar. Mesmo as ligações telefônicas só serão feitas após Clodovil informar ao interlocutor que elas serão gravadas. ‘Se ele [interlocutor] não autorizar, não exibiremos nada’, diz Sanseverino.


Outro cuidado da JB TV para não colocar o mandato de Clodovil em perigo foi contratá-lo por meio de uma empresa da qual o apresentador não é sócio-diretor. Como deputado, Clodovil não pode ser funcionário de uma emissora de TV.


Além de questionar autoridades do Executivo Federal, Clodovil terá um quadro de amenidades e uma florista montando arranjos em um dos cenários de seu programa.


DIÁRIO PORTENHO O ‘Big Brother Brasil 7’ exibirá de hoje até sábado um quadro em que Íris, que foi enviada ao ‘Gran Hermano’, contará sua experiência na versão argentina do ‘reality show’.


TREMEDEIRA 1 Foi de cinco pontos, a mesma da segunda anterior, a audiência do SBT das 19h15 de segunda à 1h30 de ontem, quando a rede estreou programas que fariam a concorrência tremer.


TREMEDEIRA 2 A novela ‘Maria Esperança’ (que profissionais do SBT divulgaram no Orkut), deu só 4,5 pontos e ficou em quarto no Ibope. O novo programa de Ana Paula Padrão, ‘SBT Realidade’, não passou dos 4. O ‘Charme’, de Galisteu, deu 3. Quem se saiu melhor foram ‘Supernanny’ (8 pontos) e ‘Hebe’ (6).


EMERGÊNCIA 1 O canal GNT anunciou durante semanas a exibição, na última sexta-feira, do documentário ‘Nascidos em Bordéis’. Mas, a poucas horas da apresentação, o canal foi notificado pela distribuidora do programa de que os direitos para TV paga são da HBO até junho. O documentário acabou substituído.


EMERGÊNCIA 2 A HBO diz que ‘Nascidos em Bordéis’ é uma produção original sua e que o exibirá em maio.


PIRATARIA A cúpula da Globo passou parte da tarde de ontem discutindo providências contra a Rede TV!. Anteontem, o programa ‘A Tarde É Sua’ exibiu na íntegra o áudio dos dois últimos blocos do ‘BBB’ de domingo. Para disfarçar, usou um recurso que ‘congela’ as imagens.’


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 28 de março de 2007


FIM DA LIFE
Katharine Q. Seelye


Grupo Time decide tirar de circulação a revista ‘Life’


‘THE NEW YORK TIMES – A Life morreu, de novo.


A Time Inc. anunciou na segunda-feira que a revista Life deixará de ser publicada a partir do próximo mês – a terceira vez desde a fundação da revista, em 1936, que seu dono desliga a tomada.


Desta vez, o falecimento da revista parece definitivo, em boa parte porque a Life está transferindo seu enorme arquivo de fotografias para a internet, onde os consumidores poderão baixá-las de graça.


A revista já abrigou o trabalho de alguns dos melhores fotógrafos do mundo. Na sua atual encarnação, ela encolheu para 20 páginas com ênfase em entrevistas co m celebridades e dicas de administração doméstica. O último número sairá em 20 de abril.


A Time Inc., parte da Time Warner, está sendo agitada por dispensas e uma revisão de sua principal publicação, a revista Time, no momento em que a companhia desloca sua atenção para a internet. Ela culpou o negócio jornalístico pela extinção da Life, que tem saído como um encarte de jornais desde outubro de 2004.


‘Apesar de os consumidores terem reagido entusiasticamente à Life, com o declínio do negócio jornalístico e o panorama para o crescimento da publicidade na categoria suplemento de jornal, a resposta não foi suficientemente forte para assegurar novos investimentos na revista como um suplemento semanal de jornal’, diz uma declaração da companhia.


Mas a circulação da Life estava estacionada terceiro lugar, atrás de suas rivais Parade, pertencente à Advance Publications, e USA Weekend, da Gannett. A Parade, com uma circulação de 32 milhões, é encartada em 400 jornais; a USA Weekend tem uma circulação de 23 milhões e é encartada em 612 jornais. A Life, com uma circulação de 13 milhões, entra como encarte em 103 jornais.


As três revistas registraram prejuízos no primeiro trimestre deste ano, segundo a Mediaweek: a Parade caiu cerca de 1%; a USA Weekend, 12%; e a Life, cerca de 10%.


Randy Siegel, presidente e publisher da Parade, disse que a Time estava errada ao culpar os jornais pelos problemas da Life. Segundo ele, embora os jornais apresentem problemas – e tenham registrado queda na publicidade mais uma vez no último mês, ‘a incapacidade da Life de fazer sucesso é um problema à parte’.


Ele até elogiou o foco editorial da Life, mas disse que a revista acaba espantando aquele tipo de anunciante que historicamente sustenta as revistas encartadas em jornais, principalmente aqueles que apostam na compra por impulso dos leitores, geralmente envolvendo comida ou dieta.


‘Quando eles vieram para essa categoria (suplemento de jornal), eles declararam publicamente que não precisavam desse tipo de anunciantes ou dos anunciantes que oferecem brindes encartados, que são duas das maiores categorias de negócios para nós’, disse. ‘As pessoas na Life achavam que poderiam contar com a força da marca.’


Marcia L. Bullard, presidente da USA Weekend, disse que a Life tem custos de produção mais altos, por causa do papel que usa, de melhor qualidade. A revista também tem uma estratégia de chegar a muitos mercados importantes, o que eleva os custos de distribuição. ‘Temos de dar crédito a eles por terem tentado o máximo que puderam’, disse. ‘Mas eles não conseguiram a publicidade que precisavam para continuar.’


Bill Shapiro, atual editor administrativo de Life, havia reinventado a revista para ser o que chamou de ‘um antídoto’ às notícias sérias, mas sua reencarnação como um suplemento de jornal aparentemente chegou no momento errado.


A Life começou como uma revista semanal e foi fechada pela primeira vez em 1972. Ela foi revivida como mensal em 1978 e fechada em 2000. Em seu apogeu, ocupava cinco andares do Time & Life Building, no centro de Manhattan. Hoje seu pessoal ocupa um canto de um andar.


DERROCADA


Fundação: A revista Life nasceu em 1936, como uma publicação semanal


Interrupção: Com problemas, a revista deixou de circular pela primeira vez em 1972


Volta: Em 1978, a Life voltou a circular, dessa vez como uma revista mensal


Nova interrupção: Em 2000, com mais problemas financeiros, a revista pára de circular mais uma vez


Tentativa: Em outubro de 2004, a Life volta ao mercado novamente, agora como um suplemento encartado em 103 jornais


Morte: Em março de 2007, a Time Inc. anuncia que o último número vai circular em 20 de abril. O grupo culpa a crise de anunciantes que os jornais atravessam pelo fracasso da revista


Legado: A Life deixará um legado de milhões de imagens de fotógrafos como Alfred Eisenstaedt e Margaret Bourke-White’


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


Só Nanny infla SBT


‘A estréia da nova programação do SBT não mexeu com a média noturna da emissora nem mesmo a título de curiosidade – por esse fator, é comum esperar uma pequena inflação de índices em dia de lançamento. A faixa das 19h17 à 0h29, do início da novela Maria Esperança até o fim do novo SBT Realidade, rendeu 5,6 pontos de média em São Paulo, ante 35,7 da Globo e 7,2 da Record.


Nas duas segundas-feiras anteriores, essa mesma faixa horária rendeu para o SBT médias de 5,1 e 5,5 pontos.


Maria Esperança, primeira novidade da noite, obteve 4,5 pontos. A estréia da nova temporada de Super Nanny bateu o melhor resultado do pacote: 7,6 pontos. O SBT Brasil teve 4,7 e o programa da Hebe, 6,2 pontos. O programa de reportagem de Ana Paula Padrão obteve 4,3 pontos.


Arriscando um slogan ao modo de seu vizinho (residencial) Jô Soares, tipo ‘não vá dormir sem me ver’, Adriane Galisteu estreou novo Charme, com o propósito de valorizar entrevistas. Entrou no ar à 1 h da manhã, após o Jornal do SBT, e fez 2,8 pontos, quase os mesmos 2,9 registrados por Carlos Nascimento no noticiário que a antecedeu.


Globo ensaia Brazilian Day em Tóquio


A Globo começa a ensaiar em Tóquio a produção de uma versão local de Brazilian Day. A idéia é promover no Japão uma festa voltada para imigrantes brasileiros, assim como ocorre em Nova York. Nos EUA, o evento ocorre há 22 anos, mas há 5 tem bombado graças à iniciativa de produção da emissora. A cena é retransmitida via Globo Internacional e pela própria TV Globo.


Agendada para 2 de setembro, a edição do Brazilian Day deste ano em Nova York terá nada menos que três shows: Bruno & Marrone, J. Quest e Asa de Águia. C.P.


Entre-linhas


O staff da O2 Filmes só aguarda um sinal verde da HBO para produzir a 2ª temporada da série Filhos do Carnaval. A equipe já tem um roteiro pronto para dar continuidade à saga da família de bicheiros sem a presença do patriarca, que foi representado pelo ator Jece Valadão, morto no ano passado.


Paraíso Tropical começa a reagir à ressaca de Páginas da Vida. A novela da Globo chegou anteontem aos 42 pontos, seu melhor resultado até aqui.


E o paredão que eliminou Airton do BB7 no domingo rendeu 41 pontos de audiência.’


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Comunique-se


Quarta-feira, 28 de março de 2007


TELEVISÃO
Comunique-se


Falsa entrevista no Fantástico gera polêmica


‘Duas reportagens exibidas na edição do ‘Fantástico’ de 25/03 foram alvos de contestação. A série ‘Atenção consumidor’, que avalia os serviços de atendimento ao consumidor – os SACs – e teve sua quarta parte exibida no último domingo, teve a metodologia contestada por entidades do setor. E ‘Vida de paparazzi’ teria apresentado o depoimento de um fotógrafo falso. Na última semana, dois fotógrafos brasileiros que trabalham nos Estados Unidos tiveram problemas com celebridades americanas. Alison Silva foi atropelado pelo ator Keanu Reeves, e Roberto Maciel agredido pela cantora Britney Spears. O ‘Fantástico’ reuniu os dois para comentar as desventuras da vida de paparazzi. Mas, segundo o portal Último Segundo, o Roberto Maciel da reportagem não é o verdadeiro.


Em entrevista ao site, o fotógrafo, que trabalha na agência X17, disse ter ficado espantado quando viu na Globo Internacional um outro homem contando a sua história. ‘A [jornalista] Fabiana Scaranzi me ligou e eu não quis dar entrevista. Ela disse que eu não estaria falando com o Pânico ou com a Rede TV!, mas com o Fantástico. E daí? Não quero mídia. Não é só porque é a Globo que eu tenho que dar entrevista’, relatou Maciel, segundo gravação disponível no Último Segundo. O fotógrafo, que está tomando providências legais contra Britney, contestou o que foi dito na entrevista sobre a atividade de paparazzi, e disse que nunca viu seu ‘falso eu’. ‘Não sei se eles não queriam perder a viagem, mas o Fantástico inventou uma mentira. Perdeu a credibilidade. Já estou conversando com advogado para ver o que pode ser feito’, afirmou. A Globo informou que a reportagem foi toda produzida no Brasil, e que foram marcados hora e local da entrevista com Roberto Maciel, conforme ele se identificou ao telefone. O fotógrafo inclusive assinou documentos cedendo direito de imagem e para utilização das fotos.


Pesos e medidas


A série sobre os SACs é feita junto ao Inmetro, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. Em carta enviada à Rede Globo cinco dias após a exibição da primeira reportagem, a Associação Brasileira das Relações Empresa-Cliente (Abrarec), a Associação Brasileira de Marketing Direto (Abemd) e Associação Brasileira de Telesserviços (ABT) criticam a metodologia usada nos testes, atentando para o fato de terem sido usados dados coletados entre junho de 2005 e setembro de 2006, que não correspondem à realidade atual do mercado. E mais: as reportagens afirmam que as entidades do setor apoiaram os testes, o que é também dito nos relatórios do Inmetro disponíveis na página do Fantástico, citando nominalmente as associações que assinaram a carta.


‘Ninguém corroboraria uma pesquisa com uma metodologia dessas’, diz Roberto Meir, presidente da Abrarec. ‘Somos contra a metodologia do Inmetro, que mostrou um retrato infiel do setor. Mesmo os dados da época não batem com a realidade. Em 2005, o serviço da Telemar era uma calamidade. Queria saber que mágica é essa para todas as teles serem reprovadas e a Telemar ganhar?’, questiona, se referindo à reportagem que avaliou os SACs de empresas de telefonia fixa e móvel e de TVs a cabo. Na reportagem exibida no último ‘Fantástico’, todas as empresas reprovadas argumentam que os dados são antigos e que o cenário é diferente agora.


Ainda na carta das entidades, a informação que não há regulamentos ou normas técnicas para o setor é rebatida com a existência do Programa Brasileiro de Auto-regulamentação do Setor de Relacionamento (Probare), e que houve uma confusão entre os conceitos de SAC e telemarketing nas reportagens. Em carta-resposta, o Inmetro informa que a metodologia dos testes dos SACs foi discutida por 18 meses, e que representantes da Abrarec, Abemd e ABT, entre outras entidades, participaram da sua elaboração, sugerindo mudanças que foram efetuadas. As alterações, bem como a presença das associações, são confirmadas com e-mail trocado entre o Inmetro e as entidades e pela lista de presença de uma reunião em 13/05/2005. A assessoria da Globo informou que o ‘Fantástico’ divulga pesquisas, e não tem responsabilidade sobre a metodologia utilizada.’


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Agência Carta Maior


Quarta-feira, 28 de março de 2007


SEGUNDO MANDATO
Gilson Caroni Filho


Lula e seus heróis


‘O presidente Lula já deveria ter aprendido a lição. É pequena a margem para improvisações, no mínimo ambíguas, quando a grande imprensa dá mostras diárias de que continua em campanha. Falas descontextualizadas, direcionamento de títulos e coberturas não constituem exceções na prática do jornalismo político. Pelo contrário, são as regras quando o alvo é o segundo mandato do presidente.


Talvez, para melhor compreender o que vai na alma de alguns editores e parlamentares oposicionistas, devêssemos recorrer a definições de democracia elaboradas pelo guru de todos os golpistas, o ex-governador Carlos Lacerda. Para ele o regime democrático não era um fato, um rótulo, mas algo feito com amor e sacrifício, ‘entre ódios e vociferações’. E se faltam os dois primeiros atributos no dias atuais, os dois últimos são ofertados em abundância.


Ao afirmar, em discurso no interior de Goiás, que ‘os usineiros que até dez anos atrás eram tidos como bandidos do agronegócio deste país, estão virando heróis nacionais e mundiais’, Lula açulou a ira dos ‘Novos Cães de Guarda’, feliz definição do jornalista francês Sérgio Halimi para o papel desempenhado pela mídia contemporânea.


O presidente precisa entender que não haverá composição conservadora ou concessões ao capital que o tornem palatável ao conjunto das classes dominantes brasileiras. O ódio ao ex-líder sindical que chegou à Presidência da República é de natureza classista. Político carismático, ele representa uma afronta simbólica às elites que sempre estiveram encasteladas na estrutura de poder. Uma fratura tão mais dolorosa quanto mais se revela sua capacidade de compreensão do descontentamento popular e a habilidade de transformar essa insatisfação em uma potente força política.


O objetivo deste pequeno artigo não é absolver Lula e sua dialética imprecisa. Ou talvez precisa demais como sinalizadora dos pactos a que se dispõe a fazer, mas registrar a estranheza com a mudança na estrutura narrativa do campo jornalístico que ela produziu. Convém lembrar que não é a primeira vez que o presidente se embaraça ao falar de heróis.


Ao associar, em 2004, durante a abertura da campanha ‘o melhor do Brasil é o brasileiro’, a baixa estima da população à desagregação da estrutura familiar e à ausência de heróis no imaginário nacional, Lula perpetrou, em momento crítico, um atentado à lucidez. Ou talvez tenha mostrado a conveniência de ocultar as reais causas do que vislumbrava. Inverter nexos causais costuma ser imperativo quando, desapontando expressiva parcela do eleitorado de esquerda, um governo se vê obrigado a guardar alguma continuidade com a política econômica cujo combate o levou ao poder.


Nossas mazelas, decerto, passam por contextos integradores esfacelados.


Famílias com precárias redes de solidariedade entre seus membros acentuam um quadro social em que despontam a violência e o individualismo exacerbado. Contudo, isso é efeito. Nunca, como quis supor o presidente da República, causa. Os indicadores sociais, por si só, evidenciavam um tecido corroído por anos de um projeto de poder excludente. Por que, subitamente, o pensamento de alguém forjado no embate político-sindical, tergiversava sobre a realidade concreta? Por que uma reflexão histórico-política deu lugar a uma ponderação que era forte candidata a entrar no pantanoso terreno do anedotário das nossas elites? Talvez a resposta fosse melancólica demais. O transformismo calava fundo nas expectativas e arrefecia o ardor da militância. Não seria a primeira vez que isso ocorria, mas, sem dúvida, nunca teria sido tão doloroso.


As capitulações costumam mesclar reducionismo e bizarrice na dose certa. Esqueçamos, então, os juros estratosféricos que inibem o investimento produtivo Desprezemos, como fator importante, o contingenciamento de verbas que seriam aplicadas em saúde, saneamento, educação e infra-estrutura. Nada disso teria relevância?


A questão central, segundo o presidente, deitava raízes num ponto mais prosaico do que imaginávamos? Para Lula ‘o hábito de o brasileiro achar que o Estado pode resolver tudo deveria ser substituído pelo resgate de valores religiosos, familiares e de amizade’. O que se podia depreender dessa fala? Para muitos, o binômio que o governo petista apresentava, em sua fase de conversão, àquela altura era: ‘Estado mínimo, amizade máxima’. Na ribalta da ‘esquerda realista’, Keynes cedia a cena para um Hayek de insuspeitos pendores maternais. A cordialidade teria vencido a esperança? Lógico que não foi assim, mas setores voluntaristas da esquerda e os editores de economia se complementavam na interpretação equivocada.


Mas voltemos aos ‘usineiros heróis’ e às maravilhosas oficinas de consenso da nossa imprensa.Quem a conhece sabe dos recortes construídos por ela sobre os movimentos sociais e o lugar cativo que ocupam em telas e páginas. Qualquer organização que se disponha a agenciar demandas de setores excluídos, a apresentá-los como sujeitos dotados de direitos é, a priori, não-notícia. A menos que seja envolta em práticas de significação que rotule como baderna os que se apresentem como contrapoder às relações de expropriação e dominação, viabilizadas pelo ordenamento legal existente.


Pois bem, após a fala do presidente, o que vimos nos grandes jornais (Folha de S. Paulo, Globo e Estado de S. Paulo) foi uma inflexão inédita. Articulistas, editores e colunistas se uniram contra a precariedade do trabalho no campo. Contra a exploração desumana da força de trabalho em canaviais. Trabalhadores sem água, banheiro ou equipamentos de proteção ganharam, enfim, visibilidade nas editorias de política e economia. Desastres ambientais, desmatamentos ilegais e queimadas apareceram com destaque. Nunca se viu conversão ética de tamanha envergadura. O norte da cobertura, não nos enganemos, era emparedar o presidente contra suas próprias palavras. Na grande imprensa, os ‘ódios e vociferações’ costumam se travestir de boas causas. Todos sabemos quem são os heróis de nossa mídia Severina.


O momento, se Lula o quiser, pode ser um divisor de águas. O primeiro mandato foi marcado por inegável reestruturação do Estado e sua revitalização regulatória. Como escrevemos em artigo publicado na Carta Maior em 28/04/ 2006 (Em favor de Lula), ‘a queda na concentração de renda atingiu o melhor resultado em 24 anos. A parcela que recebe os menores rendimentos obteve ganho real de 3,2% e Lula elevou o rendimento médio da população, em queda desde 1977’.Tivemos, em suma, crescimento com redistribuição de renda. Nada que lembrasse a modernização conservadora do tucanato e sua total inapetência para dialogar com os movimentos sociais.A política externa registrou inegáveis avanços.


Porém, como destacou, recentemente, Emir Sader o governo Lula não rompeu inteiramente ‘com a manutenção de um padrão de acumulação centrado na especulação financeira, na exportação (cada vez mais primária, com a soja como grande estrela) e no consumo de luxo, com a liberação cada vez maior dos transgênicos’. Qualquer avanço, portanto, só será possível com uma repactuação no campo democrático-popular. Com o fortalecimento das forças progressistas que apóiam o governo. Querer alargar demais o arco pode levar a um retrocesso impensável.


Se o Novo Aurélio define herói, como ‘homem extraordinário pelos seus frutos guerreiros, por seu valor ou magnanimidade’ cabe a Lula procurá-lo no mundo do trabalho e não em administrações de usinas ou no que há de mais conservador em seu Ministério. Se a existência heróica é uma construção simbólica que cumpre algumas funções importantes no nosso desenvolvimento, certamente a sua personna não estará no latifúndio ou no ar sombrio de um Reinold Stephanes.’



PUBLICAÇÃO EM CRISE
Editorial


Às leitoras e aos leitores


‘Nas centenas de respostas solidárias que recebemos desde o anúncio da possibilidade de nosso fechamento, lê-se a disposição de ajudar concretamente a Carta Maior. Há propostas que generosamente falam em doações de dinheiro. Agradecemos estas manifestações calorosas que atestam não só a preocupação pela Carta Maior, mas também pela necessidade de se democratizar a comunicação na sociedade brasileira.


Temos duas propostas sobre esta ajuda concreta. Em primeiro lugar, é inegável que a divulgação de nossa precariedade financeira gerou uma repercussão de monta entre os leitores não só da Carta Maior, mas de toda a imprensa alternativa àquela das grandes corporações. Acrescer esta repercussão é fundamental para ajudar a Carta Maior e a democratizar a comunicação no Brasil. Ou seja: solicitamos aos leitores que divulguem os editoriais da Carta Maior, que escrevam seus comentários e os enviem para nós, e que peçam a seus colegas, amigos, companheiros e companheiras de redes, blogues, faculdades, de trabalho, de escola etc. que também o façam. Isso é fundamental.


Em segundo lugar, é fundamental inscrever-se no nosso cadastro. Na página principal da Carta Maior, os leitores encontrarão a pequena janela ‘Cadastro – clique aqui para se cadastrar’. Os que assim procederem e preencherem os dados necessários estarão se cadastrando para receber o boletim diário da Carta Maior. Nossa página trabalha em sistema de ‘copyleft’, ou seja, todo o material nela divulgado é de domínio público, bastando reproduzi-lo corretamente, com a indicação da fonte e do autor. Mas o leitor cadastrado, que recebe o boletim, transforma-se num assinante da Carta Maior, recebendo em seu endereço eletrônico a atualização da página assim que ela é feita. Atualmente temos 33.093 leitores cadastrados. Eles são a prova documentada da repercussão da página da Carta Maior.


É necessário multiplicar esse número, para que os responsáveis por agências, empresas e demais entidades que trabalham com publicidade ou patrocínio em relação a este tipo de veículo se dêem conta de sua importância. Assim, pedimos aos nossos leitores e leitoras que se cadastrem na página da Carta Maior, e que peçam a seus amigos, colegas, correligionários etc. que também o façam. Estamos dispostos inclusive a manter a informação exposta na página: ‘Carta Maior tem XXXXX leitores cadastrados’, atualizando-a diariamente. Isto é uma forma muito concreta de ajudar a Carta Maior a manter sua presença na imprensa brasileira, demonstrando sua ressonância e repercussão. Enquanto este movimento for feito, nós da Carta Maior continuaremos com nosso esforço para viabilizar a continuidade da página.


Mas a situação vivida por Carta Maior é a da maioria dos veículos de comunicação dessa imprensa alternativa, ou outro nome que se lhe queira dar. Portanto, uma forma de ajudar a todo esse conjunto absolutamente necessário para a democracia da nossa comunicação é debater essa questão, escrevendo a respeito, colocando-a em pauta nos sindicatos, partidos, organizações não governamentais, escolas, universidades, em todos os veículos que estiverem ao alcance dos leitores.


Mais uma vez agradecemos aos leitores e leitoras por todas essas manifestações de solidariedade militante com a causa de uma imprensa democrática, rigorosa e comprometida com a diminuição das imensas desigualdades que marcam nossa sociedade.


Pela Redação,


Flávio Aguiar


Editor Chefe (28/03/2007)


Editorial – 2


Às leitoras e aos leitores


Nosso editorial de 26/03/2007 deflagrou uma verdadeira corrente de manifestações em torno da possibilidade do fechamento da Carta Maior. Foi muito emocionante constatarmos que a unanimidade dessas manifestações repudiava a possibilidade desse fechamento, argumentando que ele seria uma grande perda para a imprensa brasileira que tem compromisso com a construção de um espírito público na informação e com a luta pela construção de uma sociedade mais justa do que a que temos hoje.


Vieram manifestações sob a forma de cartas de leitores, em blogues, e também em cartas privadas dirigidas aos jornalistas de Carta Maior, e o conteúdo de cada uma era também um verdadeiro manifesto por Continuarmos nessa luta, que compartilhamos com todas aquelas pessoas e outros veículos de comunicação comprometidos com uma imprensa de fato independente.


Queremos responder ao conjunto de leitores que nossa luta não está encerrada. Estamos fazendo todos os esforços possíveis para manter a Carta Maior em funcionamento, e vamos continuar essa tentativa até o último limite.


O conjunto de manifestações colocava a questão de como os leitores podem ajudar-nos nessa luta por manter Carta Maior. No momento, almejamos que essa disposição se concretize pela mais ampla divulgação tanto de nossa crise quanto de nossa disposição de luta, deflagrando novas manifestações sobre ela. Recentemente na vida brasileira, durante as últimas eleições nacionais, a divulgação de informações pelos caminhos da internet mostrou seu alcance e potencial. Esse é o nosso caminho: a ampliação dos espaços abertos de debate sobre temas relevantes para a democratização da sociedade brasileira.


Agradecemos mais uma vez o apoio recebido, e continuamos nossa luta.


Pela redação


Flávio Aguiar


Editor Chefe (27/03/2007)


Editorial


Às leitoras e aos leitores


Carta Maior vem passando por uma série de dificuldades financeiras desde dezembro de 2006, que agora começam a se refletir em problemas técnicos e operacionais. Por esta razão não temos conseguido manter a atualização da página na velocidade desejável para um veículo de comunicação desta natureza, e de acordo com nossa tradição.


O fechamento da Carta Maior é iminente. Ainda assim, continuamos honrando nosso compromisso de produção democrática de uma informação rigorosa e independente, respeitando o ponto de vista dos colaboradores, sempre colocando em debate temas relevantes para fazer a sociedade brasileira mais equânime e mais democrática.


Estamos fazendo todos os esforços para que essas dificuldades não levem ao encerramento de um trabalho que desde 2001 criou um espaço dos mais relevantes na imprensa brasileira que luta por uma sociedade mais justa. Esperamos que essas dificuldades sejam passageiras, e contamos com a compreensão dos leitores e leitoras que nos acompanharam até aqui.


Em nome da redação,


Flávio Aguiar


Editor-Chefe (26/03/2007)’


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