‘O modelo de referência que será adotado no lançamento da televisão digital no Brasil vai ser anunciado em fevereiro do ano que vem, prazo-limite para o governo apresentar os detalhes de como acontecerá a mudança e o processo de migração a partir do atual sistema, que usa tecnologia analógica. O tema será explorado na próxima sexta-feira, durante o Simpósio Internacional de TV Digital, no Rio.
– É o momento de discutirmos como será o modelo de televisão digital no Brasil, o que inclui o padrão tecnológico a ser adotado. No encontro, vamos conhecer as experiências de outros países, como o caso da Alemanha, que terá todo o seu sistema em tecnologia digital até 2010 – explicou Nelson Hoineff, presidente do Instituto de Estudos de Televisão (IETV), responsável pelo evento.
Hoineff ressaltou que o faturamento da televisão aberta, hoje de R$ 7 bilhões por ano, vai crescer com a introdução do modelo digital, principalmente devido ao aumento do número de canais que serão oferecidos aos usuários.
As inscrições podem ser feitas na sede do IETV (Rua do Catete, 311/503) ou por meio de depósito bancário. O custo é de cem reais, com desconto de 50% para estudantes. Mais informações no site www.ietv.org.br ou pelo telefone 2285-6347.’
AMÉRICA
Simone Mousse
‘Depois do vendaval’, copyright O Globo, 15/06/05
‘Patrícia não é uma coisinha?’. ‘Não, Patrícia, no pão não!’. ‘Cuidado com sua bolsa porque Patrícia come couro!’. ‘Você não pode comer doce, Patrícia!’. ‘Gente, Patrícia quer comer tudo, está um suplício!’. Bem, Patrícia é uma cadela egípcia de 12 anos da raça basenji. E por causa dela a novelista Glória Perez, sua dona, não pode escrever ‘América’ em casa, como fazem seus colegas de profissão. A autora tem um escritório a alguns quarteirões de seu apartamento, onde escreve 32 páginas diárias da trama das 21h, o que corresponde a mais ou menos seis horas de trabalho.
– Só escrevo em casa de madrugada, quando Patrícia está dormindo. Ela detesta computador, é só eu ligá-lo para morder os fios – diverte-se Glória. – Como não faço nada contra sua vontade, prefiro não trabalhar quando Patrícia está acordada. Ela é a dona da casa.
E foi em sua casa, decorada com motivos árabes (‘Não é por causa de ‘O clone’, moro aqui desde 1996’, conta), diante da linda vista da Praia de Copacabana, que Glória ficou, pela primeira vez, à vontade para falar de ‘América’. Não só dos louros – a novela atingiu a velocidade de cruzeiro e tem ficado acima dos 50 pontos no Ibope – mas dos maus momentos também. A autora admite que as críticas recebidas na primeira fase, dirigida por Jayme Monjardim, que se afastou há dois meses, eram justíssimas.
– Jayme quis contar outra história que não a que estava escrita. Não podia dar certo. A minha novela é a que está no ar agora. O nome é ‘América’, falamos do sonho americano, de uma época moderna, de uma história urbana. Aquela primeira fase não era a minha novela – diz Glória, para emendar com uma teoria sobre as críticas à falta de química entre Sol (Deborah Secco) e Tião (Murilo Benício). – Pegue os filmes de Hollywood, faça uma seleção daqueles beijos, bote aquele violino no fundo e a mocinha chorando ao olhar para o galã. Ninguém tem química assim! Tanto que Sol e Tião se beijam agora e não escuto que eles não têm química. É claro que têm! A música é importante. Tem gente que pega um mote e fica repetindo exaustivamente. Tem uma coisa chamada torcida contra. Mas é claro que ‘América’ abriu um espaço para as críticas, que eram justas. Eu mesma não gostava do que via.
Autora diz que ignora as críticas
Glória garante que nem lê as críticas, que ela chama de nada sérias (‘Só leio número de Ibope, porque escrevo para o público’, explica). No início de ‘América’, grupos de defesa dos animais fizeram uma campanha contra os rodeios, um dos temas abordados na trama. O assunto até virou caso de polícia.
– Estou processando um crítico que, a pretexto de desancar a novela, fez piada com o assassinato da minha filha. Isso não é critica, é molecagem. E crime. O advogado Paulo Cesar Carneiro está cuidando do caso – revela. – É visível que setores localizados da imprensa estão em campanha contra a novela e travam uma queda-de-braço com a realidade. Quanto maior é o sucesso de ‘América’, mais eles manipulam dados, omitem informações e inventam boatos.
Já as críticas construtivas são muito bem-vindas, é claro:
– Se vêm de pessoas sérias eu aceito. E muitas vezes elas indicam caminhos. Mas o grande crítico de um autor de novela é o público. Comecei com Janete Clair, que foi muito criticada, virou ídolo depois de morta. Janete se importava com as críticas, eu não.
Ao falar de Janete, Glória embarca num momento nostalgia. Fala dos hábitos que herdou da mestra (como o de escrever sozinha, sem colaboradores) e lembra-se de como foi iniciada na profissão.
– Para mim é mais fácil escrever sozinha. Minha imaginação dispara diante da tela em branco. Quando escrevo, meto-me na pele da personagem e ela faz coisas que eu não pensaria em fazer. Não saberia me sentar e escrever o que estava combinado com um grupo antes. Eu me perderia totalmente – conta ela. – Janete também não sabia trabalhar com ninguém. Ela me chamou (em ‘Eu prometo’, de 1983) porque estava doente, não havia outro jeito. Ela não aceitava ninguém que a Globo mandava.
Sorte leva Glória a Janete Clair
Glória diz que, por sorte, encontrou a nora de Janete num restaurante e soube disso.
– Eu tinha em casa um texto daqueles que todo escritor iniciante tem. Era um ‘Malu mulher’ que ninguém lia. Eu andava com aquele ‘Malu mulher’ debaixo do braço para ver se alguém lia e nada. Então fui em casa, busquei o ‘Malu mulher’ e foi assim que Janete me escolheu. Foi um privilégio ter aprendido os truques disso com ela. Quando Janete me perguntou ‘Você sabe fazer?’, a única coisa que pensei foi: ‘Nunca mais uma Janete Clair vai me fazer esta pergunta’. Eu respondi ‘Eu sei’ e, depois, fui para casa arrancar os cabelos, porque eu não tinha noção!
Está aí, para os que não sabiam, a origem do estilo novelão de Glória Perez. Ela acredita que o público consegue diferenciar a marca de cada autor. Mas perceber onde vai o trabalho do autor e onde vai o do diretor… Ela aposta que ninguém, nem os críticos que se dizem especialistas em TV, sabem.
– O público capta o essencial de cada autor. Se é uma trama de Carlos Lombardi, ele espera rir e se divertir. De uma novela de Glória Perez, ele espera se emocionar com histórias de amor e campanhas sociais. O casamento perfeito de um autor e um diretor é perfeito para todos. É possível, já tive vários. Tive com Wolf Maya sempre. Quando você pergunta a importância de um diretor, eu penso no Marcos Schechtman. Ele está contando minha história e isso tem toda a importância. Poucos críticos sabem fazer a diferença. Aliás, há poucos críticos de TV no Brasil. Há preconceito contra as novelas, contra o que é popular.
Com a audiência de ‘América’ em alta, Glória Perez diz que tudo está perfeito e que, pelas cartas, o público aprovou a mexida no eixo:
– O problema não era somente com Sol e Tião, era com todos os personagens. As pessoas falavam gritando, tinha aquela música no fundo… Se algo que você vê causa um incômodo físico, cria-se uma barreira imediata. Se você está vendo uma novela chamada ‘América’ e de repente entra uma cena de ‘Pantanal’, você se lembra de ‘Pantanal’ e aí já se desligou de ‘América’. Esta é a importância da direção.
Cenas dos próximos capítulos
Muitas novidades estão por vir nos próximos capítulos de ‘América’. Uma delas é que Vera Fischer está confirmadíssima numa participação especial. E Sol ( Deborah Secco ) ficará grávida logo, logo.
– A família de Tião ( Murilo Benício ) vai ser expulsa de casa e vai morar no terreno de dona Neuta (Eliane Giardini) . Sol vai se casar mesmo com Ed (Caco Ciocler) para ganhar o green card , apesar de Nick (Lucas Babin) querer entrar no páreo. Novela é a arte de chegar a algum lugar pelo caminho mais longo. Ed, é claro, vai se apaixonar por Sol. Aí faço outro triângulo ali, com May (Camila Morgado) aprontando muito – conta Glória Perez que, contrariando suas características, adianta algumas tramas: – Sol ficará grávida, aparentemente de Ed. Mas, mais para a frente, Tião vai buscá-la nos Estados Unidos e ela voltará com ele para o Brasil. Vera Fischer vai entrar, sim, no núcleo de Miami. Mas ainda falta um tempinho para isso.
Cacau Melo, a atriz que venceu um concurso no programa ‘Caldeirão do Huck’, também entrará na história em breve. Ela vai ficar na venda no lugar de Mari ( Camila Rodrigues ), que com o dinheiro que a irmã, Sol, mandar dos Estados Unidos, vai voltar a estudar. E Mariano ( Paulo Goulart ), depois de fazer a cirurgia no coração, ficará novinho em folha.
– Vai ter uma passagem de tempo daqui a pouco e Elis (Sílvia Buarque) , por exemplo, vai aparecer grávida do segundo filho. De quem será ainda não sei. Pode até ser de Júnior (Bruno Gagliasso) , quem sabe?
A autora também vai abordar o tema de quase morte quando Tião for derrubado pelo touro Bandido e entrar em coma.
– Aliás, o touro Bandido é adorado pelas crianças, que adoram vê-lo derrubando os peões – comemora Glória. – E o personagem Carreirinha (Matheus Nachtergaele) também é ídolo delas.’
TV BANDEIRANTES
Keila Jimenez
‘Band renova contrato de ‘Floribella’ ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 14/06/05
‘Se depender da Band, Floribella terá vida longa na telinha. A emissora já está renovando contrato com a RGB Entertainment e o Cris Morena Group para que a novela permaneça no ar por mais uma temporada.
Pelo contrato inicial, firmado no início do ano, Floribella ficaria no ar até o fim de outubro. Com a renovação, a trama terá pelo menos mais 170 capítulos a partir do fim da primeira temporada.
‘Não sabemos ainda se estreamos a nova temporada logo após o término da primeira ou se damos um período de férias para a novela e entramos com a nova temporada depois’, fala o vice-presidente da Band, Marcelo Parada.
No ar desde abril, Floribella, segundo a Band, alcança desde o início de junho média de 4 pontos de audiência, encostando no terceiro lugar no horário, o Jornal da Record.
Na parte comercial, a trama também vai bem. Chega esta semana às lojas o tênis Bamba da Sorte, da Alpargatas, inspirado no calçado usado pela protagonista da trama, Flor (Juliana Silveira). A marca pretende lançar mais cinco modelos com o logo da historinha.
Uma boneca inspirada na protagonista será lançada esta semana. A expectativa da fabricante, a Baby Brink, é vender 150 mil delas até outubro,
O CD da novela, que está nas lojas há uma semana, já vendeu 25 mil exemplares. Depende justamente do sucesso desse disco a turnê de shows do elenco de Floribella, planejada para este ano.
Com ou sem turnê, o fato é que a trama é a porta de entrada para novos folhetins na Band. Para 2006, a emissora já planeja um novela de temática adulta e, quem sabe, uma minissérie. Para tanto, já começou a formar uma equipe de produção, que tem como principal nome o diretor Herval Rossano, contratado na semana passada.
‘Um segundo horário de novela está nos planos, mas fica distante se pensarmos que depois de agosto teremos horário eleitoral’, diz Parada. ‘A audiência cai e fica difícil acomodar tudo na programação.’ Em tempo: a Band nem cogita remover de seu horário nobre o programa do bispo R.R. Soares.
Parada acredita que seja necessário apostar em pelo menos três novelas consecutivas para criar no público o hábito de ver teledramaturgia.’