Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas. ************ Folha de S. Paulo Segunda-feira, 1 de março de 2010 LITERATURA Ana Paula Sousa Morre, aos 95, o bibliófilo José Mindlin ‘Os livros perderam, ontem, um de seus seguidores mais fiéis. José Mindlin, o empresário que atravessou a vida na companhia da leitura, morreu ontem, de falência múltipla de órgãos, no hospital Albert Einstein. Internado desde 9 de janeiro, o bibliófilo, que tinha 95 anos, passou os últimos dias sedado. Pouco antes de perder a consciência, em conversa com o neto Rodrigo Mindlin Loeb, quis saber como andavam as obras no prédio que abrigará a biblioteca Brasiliana, que doara para a USP. ‘Trata-se da concretização de um projeto de vida de difundir cultura e literatura para toda a população’, disse Loeb, no enterro, ocorrido no cemitério Israelita, no bairro da Vila Mariana. À cerimônia compareceram políticos como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador José Serra e a prefeita Marta Suplicy, e intelectuais, como Antonio Candido e o chanceler Celso Lafer. É que, apesar de ter adquirido fama pública, sobretudo, por ter erguido uma das maiores bibliotecas privadas do mundo, Mindlin era uma dessas personalidades capazes de dividir-se entre diferentes gostos e atividades. Foi empresário de proa e personagem político. Atuação pública Um dos mais conhecidos episódios de sua vida pública deu-se nos anos da ditadura militar. Secretário de Cultura do Estado de São Paulo, recusou-se a demitir, da TV Cultura, o jornalista Vladimir Herzog, depois assassinado no DOI-Codi. Mindlin não era homem de se curvar. Pediu demissão da presidência do Conselho de Orientação do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), em 1997, por discordar da interferência do governo Mário Covas na eleição do Sebrae. Manteve o silêncio quando perdeu a eleição para a presidência do Masp, em 1994, para Júlio Neves. Tampouco costumava vangloriar-se. Na obra de memórias ‘Uma Vida entre Livros’ (Edusp/ Companhia das Letras), começa dizendo: ‘Este livro tem uma história que precisa ser contada, nem que seja para explicar e, se possível, justificar que eu fique tanto tempo falando de mim mesmo.’ Discreto, queria apenas falar de livros. Sobre a própria história, o que mais dizia era que, aos 13 anos, adquirira a primeira obra rara. Filho de um dentista com fama de ser ‘o melhor de São Paulo’, cursou a faculdade de Direito do Largo São Francisco, mas teve carreira fugaz como advogado. Em 1950, participou, com a família, da fundação da Metal Leve, indústria de autopeças que, em 1996, foi vendida para um conglomerado. Entre as atividades empresariais e a vida pública, Mindlin encaixava a sua obsessão. Com a mulher Guita, com quem casou-se em 1938, correu o mundo atrás de livros que desejava poder tocar. Comprou a primeira edição ilustrada do poeta italiano Francesco Petrarca, de 1488, as primeiras versões anotadas de Graciliano Ramos e Guimarães Rosa, além de documentos, mapas, cartas, enfim, tudo o que era letra impressa. Parte desse mundo terá como destino a biblioteca Brasiliana, na USP, composta por 17 mil títulos e 40 mil volumes, doada pela família em 1999. O prédio que abrigará o acervo está em obras e deve ser aberto dentro de pouco mais de um ano. ‘Nossa amargura é que o doutor José [Mindlin] não tenha visto a obra pronta’, diz Pedro Puntoni, coordenador do projeto. Alguns livros já podem ser vistos, em versão digitalizada, no site da Brasiliana. Colecionador que era, antes de tudo, um leitor, Mindlin sempre manteve as portas de sua casa abertas para pesquisadores e estudantes. ‘Os livros são para serem lidos’, repetia. Costumava também dizer que ‘inocular o vírus [da leitura] é algo que procurou fazer a vida inteira, ‘ora com sucesso, ora sem resultado.’ Na cerimônia que antecedeu o enterro, ontem à tarde, o rabino Michel Schlesinger lembrou que Mindlin era bem-humorado, contava piadas e gostava de comer – principalmente sobremesas como chocolate e marzipã. Mas seu vício era outro. Nas memórias, o bibliófilo diz que, para seu próprio sossego, resolveu admitir que o que tinha era mesmo uma doença. ‘Mas uma doença que me fazia sentir bem, ao contrário das outras, e que, além do mais, era incurável.’’ Empresário dizia desconfiar dos livros de sucesso rápido ‘‘Indiscriminado e seletivo, glutão e refinado, ele é o tipo ideal de leitor, porque sabe que praticamente nenhuma leitura é perda de tempo se der prazer’, escreveu Antonio Candido. Uma biblioteca que não se sentia só. Pois tinha, como razão de ser, a leitura. ‘Muito mais do que um colecionador, considero-me um leitor incansável e, o que é mais grave, um leitor indisciplinado.’ Comprar um livro de cada vez. ‘Existe sempre a ilusão de que se cai conseguir ler mais do que na realidade se consegue. Depois vem o desejo de ter à mão o maior número possível de obras de um autor de quem se gosta.’ Desconfiava dos livros de sucesso. Esses, só lia se sobrevivessem ao tempo. ‘Não gosto de livro difícil, a não ser excepcionalmente, e só com boas razões, como com Proust, Joyce e Guimarães Rosa.’ ‘Além do conteúdo, edição, encardenação, diagramação, tipografia, ilustração, ou papel, o livro exerc sobre mim uma atração física. Não me satisfaz ver um livro numa vitrine, sem poder pegá-lo.’ ‘Quando, depois de anos e anos de procura, encontra-se um livro raro, o coração bate mais forte. Sente-se uma emoção grande, mas não se pode deixar que ela transpareça diante do livreiro.’’ Moacyr Scliar Um exemplo inesquecível ‘José Mindlin foi advogado, jornalista, empresário, secretário de Cultura, membro da Academia Brasileira de Letras, intelectual íntegro e respeitado -títulos não lhe faltavam. Mas quando as pessoas se referiam a ele em geral usavam um único adjetivo: ‘bibliófilo’. Mindlin tornou-se famoso por sua biblioteca particular, tão grande quanto notável: tinha ali verdadeiras preciosidades, obras raras, primeiras edições. Era tão grande o acervo que teve de construir, em sua casa, um outro prédio só para abrigar os livros. Que acabaram ao alcance do público: num gesto de característica generosidade -Mindlin era conhecido pela bondade e pela gentileza, como pude constatar no curto período em que com ele convivi- boa parte dessa biblioteca foi doada à Universidade de São Paulo. Colecionar é coisa que muitas pessoas gostam de fazer, e tudo é colecionável: selos, armas, bijuterias, bibelôs, obras de arte. Mas colecionar livros, a bibliofilia, é algo especial. Que só pôde se disseminar depois que Gutemberg lançou o livro impresso. Antes, os textos estavam em pergaminhos manuscritos; eram raríssimos, em geral ficavam em lugares especiais, como a biblioteca de Alexandria, no Egito, em palácios reais, em mosteiros. Com o livro impresso o texto se popularizou; e o tempo foi dando valor, às vezes extremo valor, às raridades. Entrem em sites de livros usados e vocês constatarão: obras que não são tão raras assim, mas que se encontram esgotadas, alcançam preços bem altos. Imaginem o valor de livros como uma coleção de poemas do grande Petrarca, que Mindlin tinha, um livro com uma significativa peculiaridade: vários dos poemas tinham sido vetados pelos censores da Inquisição, que os haviam coberto com tinta preta -uma tinta que se apagou com o tempo, revelando os belos, e agora vitoriosos, textos. Nesta paixão pelos livros entram vários componentes. Um deles é cultural. Mindlin, brasileiro de nascimento, era filho de judeus ucranianos. Pertencia a um grupo humano que, através da história, ficou conhecido por sua veneração ao texto, coisa que data de milênios. Pequeno povo da Antiguidade, os judeus não legaram ao mundo construções gigantescas, como os egípcios, ou obras de arte, como os gregos; não, sua contribuição foi um livro, mas que livro! A Bíblia foi, e continua a sê-lo, um dos grades textos fundadores da cultura ocidental. Ao lado disso temos o temperamento do bibliófilo. É uma pessoa que ama o livro, este objeto simples, prático, modesto, que fica quieto lá na prateleira, à espera de que um dia nos lembremos de folheá-lo, de consultá-lo, de lê-lo ou de relê-lo. É claro, nem todos os livros são obras de arte, nem todos os livros são bons; a página impressa aceita tudo, bobagens, loucuras, ruminações criminosas. Mas acima de tudo livro é livro, e, como depositário de conhecimento, de emoção, de curiosidades, continua imbatível. Pode ser que os textos eletrônicos veiculados pelo Kindle se imponham pela praticidade; pode ser que no futuro não existam mais acervos como os de José Mindlin. Mas a figura do bibliófilo continuará existindo, porque ela representa o que de melhor tem o ser humano. Mindlin disso foi um exemplo inesquecível.’ TODA MÍDIA Nelson de Sá EUA cortejam Brasil ‘‘Apesar do grande terremoto’, noticia a Reuters, Hillary Clinton chega hoje ao Chile. ‘Ainda vamos, mas poderemos mudar o que faremos lá’, declarou ‘importante autoridade’. O país ‘domina o início da viagem, mas o Brasil será o centro diplomático’. No Center for Strategic and International Studies, de Washington, Peter DeShazo avalia que Clinton vai encontrar uma América Latina ‘desapontada’ com o governo americano, que mostrou ‘mais continuidade do que as pessoas esperavam’. Para Julia Sweig, do Council on Foreign Relations, de Nova York, ‘Hillary tem que correr para recuperar o tempo perdido, por conta de Honduras especialmente’. No Huffington Post, Eric Farnsworth, do Council of the Americas, de Nova York, avisa para o tema estratégico central nas Américas: ‘Administrar a ascensão do Brasil é algo que os EUA ainda não enfrentaram com seriedade’. No ‘Financial Times’, sob o título ‘EUA cortejam Brasil’, um ‘diplomata americano’ afirma que o país ‘deu um passe ao Irã na questão nuclear: enquanto crescem as suspeitas mundiais, Brasil vai na direção oposta’. O embaixador Roberto Jaguaribe responde dizendo que ‘o Brasil não quer Irã com arma nuclear e o Brasil não quer uma solução não diplomática’. CAIXEIRO-VIAJANTE A agência France Presse destacou, com eco em sites americanos, que ‘a chegada do porta-aviões USS Carl Vinson, com jatos F/A-18 a bordo, é um passo na ofensiva pelo contrato multibilionário para fornecer’ os aviões ao país. O almirante dos EUA, em coletiva no Rio, defendeu o jato ‘provado em combate, muito capaz’ etc. ‘IN RIO’ Acima da manchete no Drudge Report, sábado e domingo, com ‘The Times’, a foto publicada pelo jornal ‘Extra’, mais o enunciado ‘Vida noturna no Rio…’ ‘O MELHOR DA HISTÓRIA’ Depois da manchete de quinta-feira do jornal ‘Brasil Econômico’, com o lucro recorde do Banco do Brasil, a revista ‘Veja’ publicou longa entrevista com o presidente do banco federal. Ele havia sido indicado para o cargo ‘com a responsabilidade de reduzir as taxas de juros’, o que ‘não impediu o BB de registrar o melhor resultado de sua história’. No título, ‘O lucro não é vergonha’. DEPOIS DE BRASÍLIA Na home do iG, ‘50 anos depois de Brasília, nova cidade administrativa’. É a Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, ‘encomendada por Aécio Neves a Oscar Niemeyer’. A inauguração será na quinta-feira, quando Tancredo completaria cem anos. Na Globo News, era dada ontem como uma ‘aposta’ de fato político da semana AÉCIO & JK No alto da capa da ‘Veja’, ‘As cartas inéditas de Tancredo e Juscelino’, que ‘oferecem uma lição de espírito público cada vez mais rara nos tempos atuais’. Aécio, ‘neto de Tancredo e seu herdeiro político, conta que aprendeu a fazer política com o avô’. ‘VAI ME CHAMAR’ Ciro Gomes, no cearense ‘O Povo’, após dizer que acredita que José Serra desistirá da disputa para presidente: ‘O PSDB vai chamar o Aécio para ser candidato e, em algum momento, o Aécio vai me chamar para ser vice dele’. AO ATAQUE No alto da capa da ‘Época’, da editora Globo, ‘Novas denúncias complicam o amigo e articulador da campanha de Dilma’. Na capa da ‘IstoÉ’, o ‘roteiro final do mensalão’ em que ‘aparece o coordenador da campanha de Dilma’. O alvo é Fernando Pimentel. BRASÍLIA, 50 O blog de Josias de Souza revela que o governador preso, José Roberto Arruda, fez um documento de 12 páginas com ‘acusações’ a Rodrigo Maia, José Agripino Maia, Demóstenes Torres e outros. Está com seus advogados. FUNDAMENTAL De José Serra, para Tales Faria, do iG: ‘Aécio Neves tem um papel fundamental, nas eleições, por três razões igualmente importantes: é uma das grandes lideranças do país; faz um governo muito competente; Minas Gerais é estado-chave não só por ter o segundo colégio eleitoral, mas porque é um ponto de equilíbrio na federação’.’ INFORMAÇÕES PÚBLICAS Acesso a dados deve ser lei, diz especialista ‘O Brasil precisa de uma lei de acesso à informação. A afirmação é de Melanie Ann Pustay, a responsável pela implementação da lei que rege o setor no Departamento de Justiça do governo Obama. Os Estados Unidos têm desde 1966 uma lei que dá a todos os cidadãos o direito de ter acesso a informações do governo. No Brasil, embora essa prerrogativa esteja prevista na Constituição, só no ano passado o governo enviou ao Congresso um projeto de lei com esse teor. O texto obriga todos os órgãos públicos a fornecerem informações a qualquer cidadão em no máximo 20 dias. Para Pustay, que chefia o Escritório de Políticas de Informação do Departamento de Justiça americano, uma lei como essa é fundamental para que a população cobre o governo e também participe da vida pública do país. E, segundo ela, é essencial também para que não se repitam casos como o de Santos, em que arquivos relativos à ditadura militar permaneceram secretos até a sua divulgação, na última semana. Pustay, que esteve na semana passada no Brasil, defende o governo brasileiro da principal crítica que foi feita ao projeto enviado pelo Executivo ao Congresso: o fato de o texto permitir que documentos permaneçam em sigilo por prazo indefinido, como já ocorre hoje. Isso porque informações classificadas como ‘ultrassecretas’ terão prazo de sigilo de 25 anos, que poderá ser renovado indefinidamente por uma comissão da Presidência. Esse seria o caso, por exemplo, das informações relativas à segurança nacional. Para Pustay, o público também tem interesse na preservação de informações. ‘Não é um problema, porque isso [a prorrogação indefinida do sigilo] é aplicado a uma categoria muito pequena de registros’, afirma. Ela defende também que, mesmo nesses documentos, seja feita divulgação dos trechos que não trazem problemas à segurança nacional. Privacidade reduzida Por outro lado, se relações internacionais e segurança são áreas sensíveis, isso não se aplica à divulgação de dados sobre funcionários do Estado, assunto que, no Brasil, é alvo de discussões. No ano passado, por exemplo, causou polêmica a decisão da Prefeitura de São Paulo de divulgar uma lista com os salários de todos os seus servidores. Para Pustay, a privacidade é muito ‘reduzida’ no caso de informações relativas ao funcionalismo, como salário e gastos em viagens oficiais. ‘As coisas que funcionários públicos fazem são abertas porque há grande interesse público em conhecê-las’, diz. Para ela, o principal desafio do Brasil, se e quando o projeto for aprovado, será fazer com que as pessoas se habituem à lei e façam uso dela. Nos Estados Unidos, o desafio é o oposto: como diminuir as filas por informações em um país em que são feitos 600 mil pedidos por ano, com autores que vão de pesquisadores a cidadãos que simplesmente querem saber o que há sobre eles nos arquivos do governo.’ TELEVISÃO Andréa Michael Na metade, ‘BBB 10’ tem 50% mais propaganda que em 2009 ‘O ‘BBB 10’ ainda está na metade, mas já exibiu 50% mais tempo de merchandising do que a versão anterior do programa. Em números: um salto de 8.001 para 13.456 minutos de exposição de produtos ao telespectador. A contagem foi feita pelo Controle da Concorrência entre os dias de início do programa -12 (2009) e 13 de janeiro (2010)- e 22 de fevereiro para ambos os anos. No período, acumulou-se apenas um dia de diferença entre um ano e outro. Quanto aos anunciantes, foram 13 em 2009 e 11 em 2010. O salto dos minutos, porém, não se reflete na mesma proporção no faturamento do programa, que continua um sucesso. Segundo a Folha apurou, com todas as ações de mídia (o que inclui os telefonemas das votações que expulsam os ‘brothers’ da casa), a Globo espera faturar com o ‘BBB 10’ cerca de 18% a mais do que em 2009 -cerca de R$ 30 milhões. Sobre o conteúdo do ‘BBB’, a Habbo Hotel, rede social voltada para adolescentes com 17 milhões de usuários, fez enquete para saber quem os jovens brasileiros mais e menos querem ver como ‘brother’. As mais queridas são celebridades, com 27% dos votos. Encabeçam a lista dos preteridos ex-BBBs (25,4%) e homossexuais (24,7%). Votaram, uma vez cada uma, 36.115 pessoas, entre o fim de janeiro e o início de fevereiro. CREDENCIAL 1 A Justiça determinou ao Sindicato dos Jornalistas do Rio que emita carteira profissional de jornalista para o bispo Edir Macedo, líder religioso da Igreja Universal e acionista majoritário da Record. O sindicato avalia entrar com recurso contra a decisão da causa, que tramita há nove anos. CREDENCIAL 2 O advogado do bispo, Arthur Lavigne, não respondeu a recado deixado pela coluna até o fechamento desta edição. MEGASSENA Curiosidade: será que Marcos (José Mayer) sanou as dívidas? No começo de ‘Viver a Vida’ (Globo), seu assessor, Gustavo (Marcello Airoldi), dizia que o chefe estava falindo. O assunto morreu e, na quinta, ele deu uma festança para a filha. VIDENTE Na semana de estreia de ‘Solitários’ (SBT), em janeiro, vazou que Tom, da cabine nove, vencera o reality. A emissora negou a informação e desmentiu que ele fora todo gravado antes de ir ao ar. Tom ganhou, e o SBT pensa na segunda edição. VIOLA A Globo vai captar, no dia 17 de março, e transmitir, em data ainda a definir, o show sertanejo de Roberto Carlos no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. ADESTRADOS A série ‘Escola pra Cachorro’, do canal pago Nickelodeon, estará em abril na TV Cultura. As criadoras da animação, Mixer (Brasil) e Cité-Amérique (Canadá), já preparam a segunda temporada. com CLARICE CARDOSO’ Lúcia Valentim Rodrigues AXN perde franquia de seriado de sucesso sobre crimes navais ‘Vai entender a TV paga do Brasil. Derivada do sucesso ‘NCIS’, sobre crimes navais, que vai ao ar no AXN, a franquia ‘NCIS: Los Angeles’ estreia na quarta no A&E. O pior é que o ponto de partida dessa série foi dado no final da temporada passada em ‘NCIS’. Quem assistir ao primeiro episódio de ‘Los Angeles’ vai perder a parceria entre o personagem de Chris O’Donnell e Gibbs (Mark Harmon). É o mesmo problema de episódios de séries ‘irmãs’. Exibidos um após o outro nos EUA, quando chegam ao Brasil, perdem a sincronia e o sentido. ‘Grey’s Anatomy’ começou uma operação de risco que só terminou em ‘Private Practice’. Como esta última estreou com atraso no Sony, os episódios perderam a sequência e não se viu o desfecho do caso, o que só vai acontecer em maio. De volta à estreia de ‘NCIS: Los Angeles’, o seriado coloca agentes infiltrados para desvendar os crimes, investindo em um aparato tecnológico impressionante. ‘Queremos que isso traga um novo jeito de coletar evidências’, conta o criador, Shaun Brennan, no set em Los Angeles, em outubro. O protagonista Chris O’Donnell, que vive G, detetive de passado misterioso até para ele mesmo, diz que ‘a cada episódio há uma dica sobre o personagem’. ‘Também é útil no trabalho dele, porque tem uma facilidade para encarnar diferentes camuflagens.’ Já LL Cool J brinca que quer ser chamado para uma nova franquia ‘NCIS: Bermudas’.’ Dave Itzkoff, NYT Série provoca debates antes de ir ao ar ‘Uma nova minissérie sobre a Presidência de John F. Kennedy (1961-63) que está sendo desenvolvida pelo canal History ainda não tem elenco. Nem um único quadro foi rodado até agora. Mas a minissérie já tem críticos que querem que ela seja banida da TV. Os críticos -entre os quais um ex-assessor de Kennedy, Theodore Sorensen- dizem que leram os roteiros do projeto e que eles contêm erros factuais e de ênfase. As divergências em torno de uma minissérie ainda embrionária parecem revelar tanto sobre o lugar duradouro ocupado pelos Kennedy, como campo de batalha nas guerras culturais, quanto revelam sobre a própria história. Intitulada ‘The Kennedys’, a minissérie foi idealizada por Joel Surnow, criador do seriado de ação ‘24 Horas’ e politicamente um conservador declarado. Agora, um documentarista de esquerda está lançando um vídeo na internet no qual estudiosos dizem que os roteiros da futura minissérie traçam um retrato dos Kennedy que, na melhor das hipóteses, é impreciso, e, na pior, é francamente calunioso. ‘É difamação política’, disse o cineasta Robert Greenwald sobre os roteiros da série. ‘É uma coisa que quer atrair a atenção com detalhes sexuais sensacionalistas e alimentar paixões baixas.’ Greenwald diz que espera que seu vídeo e sua petição, postados no site stopkennedysmears.com, ganhem divulgação e vida própria. Stephen Kronish, autor do roteiro de ‘Kennedys’ e que se identifica como democrata de esquerda, falou: ‘No ano que vem, quando a minissérie estiver pronta e for ao ar, se as pessoas quiserem criticá-la, tudo bem’. Os críticos dizem que os roteiros de ‘Kennedys’ contêm erros factuais. Por exemplo, dizem que os textos fazem referência a pesquisas de boca de urna na eleição presidencial de 1960, quando tais pesquisas ainda não tinham sido inventadas, e que, no roteiro, JFK lançou o Corpo de Paz durante a crise da baía dos Porcos, em abril de 1961, quando, na realidade, ele assinou uma ordem executiva criando a organização um mês antes. Dizem que os roteiros inventam cenas que nunca aconteceram, como um diálogo que dá a entender que teria sido Kennedy quem teve a ideia de fazer o Muro de Berlim. Diz Sorensen no vídeo: ‘Nem um único dos diálogos com o presidente dos quais eu teria participado, segundo o roteiro, jamais ocorreu’. Em outra cena, um agente do Serviço Secreto se aproxima do presidente quando este está fazendo sexo em uma piscina com uma pessoa que não é sua mulher. Kronish disse que sua proposta ‘não é destruir a vaca sagrada’ da Presidência Kennedy. JFK, disse ele, ‘foi parte de minha juventude e o primeiro presidente do qual tive consciência. Mas há coisas que fazem parte da história dos Kennedy e não são admiráveis, porque os Kennedy foram humanos’.’ ************ O Estado de S. Paulo Segunda-feira, 1 de março de 2010 LITERATURA Fabiane Leite José Mindlin 1914 – 2010 ‘Responsável por organizar a maior e mais relevante biblioteca privada do País, doada em 2006 à Universidade de São Paulo (USP), o também fundador da Metal Leve e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) recebeu homenagens durante a tarde no velório realizado no Hospital Albert Einstein, na zona sul da capital paulista. Durante a cerimônia, em que compareceram dezenas de pessoas, a contribuição à USP e outras importantes atuações, como decisões tomadas durante a ditadura, foram lembradas por amigos do mundo político. A família preferiu uma cerimônia reservada a parentes e amigos e não quis dar declarações durante a homenagem. Por volta das 15h, pouco antes de o corpo deixar o local, parentes abraçavam-se enquanto ouviam-se cantos em hebraico. O caixão seguiu para o Cemitério Israelita da Vila Mariana, na zona sul, onde Mindlin foi enterrado no fim da tarde. O governador José Serra (PSDB) decretou luto oficial de três dias em razão da morte. ‘Muita gente se refere a ele como bibliófilo, mas ele foi mais do que isso’, afirmou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ao deixar o velório. ‘Foi um resistente ao regime autoritário, fui testemunha disso. Quando fomos postos fora da universidade, em 1969, e fizemos um centro de pesquisa para poder permanecer no Brasil, o Mindlin prestou apoio’, continuou. ‘Ele é muito mais que um bibliófilo. É uma pessoa preocupada com o futuro do País’, concluiu FHC. Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte de Mindlin. ‘Ele foi um grande brasileiro e motivo de orgulho para todos nós. Com seu imenso amor à cultura, sua defesa da liberdade e sua conduta empresarial, prestou serviços extraordinários ao País. E, apesar da idade, ainda tinha força e disposição para contribuir com o progresso nacional’, afirmou o presidente na nota. ‘Foi uma grande figura como pessoa, intelectual e também, num certo momento, uma grande figura política, quando soube defender a liberdade de imprensa, a liberdade cultural. Um homem que sempre foi um democrata, uma grande figura de São Paulo’, disse José Serra, que foi ao velório acompanhado da primeira-dama, Mônica Serra. Em nota oficial, Serra enfatizou ainda que, quando secretário Estadual da Cultura, nos anos 70, Mindlin convidou o jornalista Vladimir Herzog para a diretoria de Jornalismo da TV Cultura. ‘Sabe-se que os torturadores dos jornalistas presos procuravam, também, incriminar a Mindlin. E ele soube se comportar com altivez e dignidade diante das ações que levaram à morte de Herzog’, afirmou o governador. O rabino Henry Sobel também lembrou da ditadura ao falar sobre Mindlin. ‘Naquela época sombria no Brasil, quando decidimos não enterrar (o jornalista) Vladimir Herzog como suicida, eu tive o apoio dele à minha decisão’, afirmou Sobel, um dos primeiros a chegar ao velório, em referência ao assassinato do jornalista pela ditadura militar. ‘Ele era um empresário fantástico, que estimulou a aprendizagem e teve sempre uma conduta exemplar’, completou o amigo José Pastore, professor titular da Faculdade de Economia e Administração da USP. O senador Eduardo Suplicy (PT) também manifestou-se durante o velório sobre a importância do bibliófilo. ‘Foi um homem que ajudou o Brasil a ser um País melhor.’ Presente na homenagem, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), divulgou nota em que exaltou a doação dos livros de Mindlin à USP. ‘José Mindlin foi um gigante da cultura brasileira. Como todo grande homem, deixa um grande legado, que é a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin’, afirmou a nota. O reitor da USP, João Grandino Rodas, reiterou, ao deixar a cerimônia, que o acervo em papel e digitalizado será abrigado em um dos prédios mais modernos e ‘imponentes’ da universidade. Os obras deverão estar disponíveis ao público já no próximo ano, quando está prevista a inauguração. ‘Ele era um empresário bem-sucedido, mas não viveu nunca como muitos desses empresários. Tinha uma casa confortável, mas simples. Ele e sua mulher viviam para juntar os livros e trabalhavam para sua conservação e digitalização’, afirmou o reitor. Rodas destacou ainda que ficarão acessíveis ao público obras como o primeiro exemplar de Os Lusíadas, de Camões, e mapas brasileiros raríssimos que foram colecionados pelo bibliófilo. Ainda segundo Rodas, foram necessários 15 anos de ‘luta’ para que a USP recebesse os livros. ‘No Brasil, muitas instituições têm verdadeira ojeriza às doações privadas e ele foi pioneiro nisso.’ O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso enfatizou que foi necessária mudança legal para permitir a doação sem custos para donatários. ‘Foi um gesto importante porque, no Brasil, não temos a prática de doar’, complementou a ex-prefeita Marta Suplicy (PT). ABL ‘Eu me sentia tão pequeno quando me encontrava na biblioteca do dr. Mindlin. Ele era um livro. A vida dele, a bondade, a delicadeza foram os principais capítulos do principal livro da biblioteca dele. O maior livro se chamava José Mindlin’, disse ainda o rabino Henry Sobel. Em nota, o presidente da ABL, Marcos Vilaça, afirmou ontem que ‘Mindlin era um emblema do livro e tinha com ele uma relação orgânica’. Vilaça destacou ainda ter feito o convite para o bibliófilo ingressar na academia. ‘Vamos sentir muito a sua falta’, anotou. Vilaça solicitou que a bandeira da ABL, com sede no Rio, fique a meio mastro, além de ter pedido luto de três dias. ‘Foi uma longa existência, de muitos amigos e muita respeitabilidade’, concluiu, ao deixar o velório, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer, que atuou no governo Fernando Henrique Cardoso.’ Antonio Gonçalves Filho A morte de um guardião da história ‘O ex-libris de José Mindlin, selo pessoal que o bibliófilo colocou em sua coleção de livros raros, não poderia identificar melhor quem foi o empresário, intelectual e acadêmico morto ontem, em São Paulo: ‘Je ne fait rien san gayeté’ (Não faço nada sem alegria). De fato, quem teve o privilégio de conhecer e conviver com Mindlin sabe que caiu bem na vida do maior colecionador de livros do Brasil a escolha dessa máxima de Montaigne, retirada de seus Ensaios (do qual sua biblioteca tem um raríssimo exemplar, de 1588, que pertenceu ao crítico Saint-Beuve). Talvez a única coisa que fez sem alegria foi deixar este mundo ontem sem ver concluído o prédio da Brasiliana USP, projeto acadêmico da Universidade de São Paulo que reúne a maior coleção de livros e documentos sobre o Brasil num edifício de 20 mil metros quadrados da Cidade Universitária sob a responsabilidade da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, órgão da Pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP. Sonho maior do bibliófilo, a coleção Brasiliana, composta por 17 mil títulos (ou 40 mil volumes) de literatura e manuscritos históricos doados pelo colecionador – incluindo outra Brasiliana herdada por ele, a do amigo e também bibliófilo Rubens Borba de Moraes – é o maior legado deixado por Mindlin além da herança ética que o Brasil recebe desse empresário, jornalista, ex-secretário de Cultura de São Paulo e membro das academias Brasileira e Paulista de Letras. Desde adolescente avesso ao autoritarismo, Mindlin começou sua carreira como jornalista (mais informações nesta pág.), driblando a censura durante a Revolução de 1930. Outro exemplo de sua conduta ética foi o pedido de demissão do cargo de secretário de Cultura do governo Paulo Egydio quando o jornalista Vladimir Herzog foi morto pela ditadura militar, em outubro de 1975. Naquela época, espalhou-se o boato de que Mindlin era agente da KGB, o terrível serviço secreto soviético, com o objetivo de atingir tanto a TV Cultura, onde Herzog trabalhava, como o empresário. Posteriormente, ao ser convidado pelo governo civil de Fernando Collor para ocupar o cargo de ministro da Fazenda, Mindlin, traumatizado com cargos públicos, declinou da oferta, ocupando-se de sua biblioteca de 40 mil títulos, que manteve por mais de sete décadas com a ajuda de sua mulher, Guita, e após a morte desta, em 2006, por mais quatro anos até ficar doente. Instalada em sua casa no Brooklin, na qual morou por mais de 60 anos, a biblioteca era seu grande orgulho. Nela repousam raridades como a primeira edição de Os Lusíadas, de 1572, um original do padre Antonio Vieira, os originais de Grandes Sertões, de Guimarães Rosa, corrigidos à mão pelo autor, além do primeiro livro que Mindlin comprou num sebo quando tinha apenas 13 anos de idade, Discurso sobre a História Universal, escrito em 1740 pelo bispo francês Jacob Bossuet. Outra preciosidade é o primeiro livro em que o Brasil é mencionado num relato de viagens de Fracanzano da Montalbodo, de 1507, que fala da viagem de Pedro Álvares Cabral. Oito décadas de colecionismo resultaram num acervo de 40 mil livros que se juntaram ao exemplar raro de Bossuet, muitos deles disponíveis para consulta pública na Brasiliana Digital, a biblioteca virtual desenvolvida com o acervo doado pelo empresário à USP, em 2006. Mindlin não colecionava livros raros por fetiche. Queria dividir o prazer da leitura com milhares de pessoas. Mesmo como empresário, que transformou a Metal Leve de uma pequena fábrica de pistões, nos anos 1950, numa empresa multinacional gigantesca do setor de autopeças – com representação nos EUA -, Mindlin buscou o ideal de uma gestão democrática em que os operários pudessem ter voz ativa nas discussões sobre seu destino. Com a globalização, a Metal Leve não sobreviveu ao assédio do capital estrangeiro e, em 1996, foi comprada por sua maior concorrente, a alemã Mahle. O empresário, então com 82 anos, mais da metade dedicados à Metal Leve, não se aposentou, participando dos conselhos de administração de grupos ou de instituições como a Sociedade de Cultura Artística, da qual seu pai foi um dos fundadores – Mindlin foi peça fundamental na campanha pela reconstrução do seu teatro, que pegou fogo em 2008 e será reinaugurado em 2012. Filho de um dentista judeu de origem russa, Ephim Mindlin, apaixonado por música e pintura, Mindlin herdou a paixão pela cultura do pai, que costumava receber em casa escritores como Mário de Andrade. Esse contato próximo com grandes estudiosos dos problemas brasileiros o transformou em farejador de raridades ao topar, ainda adolescente, em Paris, com o clássico História do Brasil, a narrativa de frei Vicente de Salvador, de 1627, que o fez se interessar pelo passado do País. Desde então, obcecado pela ideia de construir a maior biblioteca dedicada a estudos brasileiros, aproveitava todo tempo livre em sua viagens internacionais para garimpar títulos que nem a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro sonhou em ter no acervo. Seu sacrifício pessoal rendeu ótimos títulos publicados com a ajuda de sua biblioteca, entre eles os volumes da História da Vida Privada no Brasil, cujo conteúdo foi pesquisado em sua casa do Brooklin, frequentada pelos maiores intelectuais do País. Mecenas, Mindlin, um dos articuladores da Fundação Vitae, que concedia bolsas para a realização de projetos culturais, publicou livros de grandes amigos poetas, como Carlos Drummond de Andrade, e artistas visuais como a gravadora Renina Katz, de quem patrocinou o livro Romanceiro da Inconfidência, com ilustrações suas para a principal obra poética de Cecília Meireles. Seu acervo de obras em papel tem peças raras de artistas como Goeldi, Lescoschek, Lívio Abramo e Iberê Camargo. Modesto, o premiado Mindlin, que dirigiu o Masp e ganhou, entre outros, o troféu Juca Pato de intelectual do ano, em 1988, costumava dizer que essa escolha se devia mais à mulher Guita, com quem teve 70 anos de vida em comum e cuja paixão pelos livros a levou a aprender encadernação e fundar, em 1988, a Associação Brasileira de Encadernação e Restauro para ajudar o marido a conservar sua biblioteca – ela encadernou o primeiro exemplar (de 1810) da primeira edição brasileira de Marília de Dirceu, obra do poeta inconfidente Thomaz Antônio Gonzaga. O negócio de Mindlin mesmo era a leitura, hábito que, infelizmente, foi obrigado a abandonar nos últimos anos por problemas de saúde. Sem visão, passou a convidar amigos e jovens universitários para ler em sua biblioteca, disseminando também o gosto pela leitura entre os empregados de sua casa e os enfermeiros que o assistiram nos últimos meses. Antes que seus olhos enfraquecessem, ele leu, porém, mais de cinco vezes sua obra preferida, os sete volumes de Em Busca do Tempo Perdido, de Proust, da qual guardava uma raríssima primeira edição francesa. Depois de Proust, Balzac ocupou sua imaginação por mais tempo. Em suas inúmeras visitas ao órgão do Banco do Brasil responsável pelas importações, o empresário da Metal Leve, obrigado a longas horas de espera nos corredores, devorou quase toda A Comédia Humana. Nascido em São Paulo, em 1914, Mindlin estudou Direito na USP e fez cursos de extensão universitária na Universidade de Columbia, em Nova York. Aos 32 anos, financiado por um empresário, conseguiu um sócio e fundou a livraria Parthenon, em São Paulo, especializada em livros raros. A guerra havia acabado há um ano e famílias europeias descapitalizadas se desfaziam de seu patrimônio artístico e literário. Foi assim que Mindlin trouxe para o Brasil muitas raridades que colocou à venda na Parthenon, sempre alertando o comprador que poderia procurá-lo no futuro, caso quisesse se desfazer do livro. O conflito entre vendedor e colecionador cresceu com o tempo. Mindlin não resistiu e foi atrás de todos as obras raras vendidas, recomprando-as para sua biblioteca particular quando virou empresário. Foi quando vendeu a Metal Leve, dirigida por ele durante 46 anos, que o empresário pensou no futuro de sua biblioteca. Inspirado no modelo da John Carter Brown Library, de Providence (EUA), que começou como coleção particular e hoje é uma das maiores do mundo em documentos raros sobre a América, Mindlin, que integrava o conselho da biblioteca, pensou em fazer um acordo com a USP para transferir seu acervo, resistindo às ofertas de universidades norte-americanas para vender a Brasiliana, que finalmente ficará na universidade paulista desde que o prédio que a abrigue fique pronto até 2012, condição contratual para a doação. Parte dessa história está contada no livro Memórias Esparsas de uma Biblioteca, um dos volumes que Mindlin dedicou à maior coleção privada do Brasil – os outros são Uma Vida entre Livros e Destaques da Biblioteca Indisciplinada de Guita e José Mindlin. Sempre procurado por pesquisadores brasileiros e estrangeiros atrás de suas raridades bibliográficas, Mindlin, um cidadão do mundo que dominava seis línguas, foi um dos primeiros empresários a atravessar a Cortina de Ferro durante a Guerra Fria, tentando aproximar o Brasil de países como a extinta União Soviética. Teve papel fundamental no processo de redemocratização do País ao assinar, durante a ditadura, um manifesto pela abertura política junto a outros oito empresários.’ Antonio Gonçalves Filho No ‘Estado’, ajudou a driblar censura em 1930 ‘O primeiro emprego de Mindlin foi no Estado, onde começou sua carreira jornalística aos 15 anos como redator, driblando a censura durante a Revolução de 1930, que depôs o presidente da República Washington Luís e colocou um ponto final na história da República Velha. Orgulhoso de ser o mais jovem entre os companheiros, ele transmitia instruções para a sucursal do Rio em inglês, para confundir a escuta telefônica. Trabalhou até 1931 com ilustres veteranos, entre eles Afonso Schmidt (1890-1964), Guilherme de Almeida (1890-1969), Antônio de Alcântara Machado (1901- 1935) e Paulo Duarte (1899- 1984). Mindlin citava sua passagem pelo Estado como um ‘período excepcional’ para sua formação não só profissional, mas moral. Compreensível. Naquela época, era secretário de Redação o crítico Nestor Rangel Pestana, com quem aprendeu a escrever – e bem, a ponto de virar, depois, colaborador habitual do jornal. ‘Rangel Pestana estava sempre atento aos erros, mas preferia que descobríssemos nossos equívocos a apontá-los’, lembrou Mindlin ao lançar, em 2004, seu livro Memórias Esparsas de uma Biblioteca. De sua passagem pelo Estado, gostava de citar a entrevista que fez com o maior mito do teatro francês, Jean-Louis Barrault (1910-1994), e sua participação na Revolução de 1930. ‘O centro da conspiração era a redação do Estadão e, como o dr. Julinho (Julio de Mesquita Filho, que dirigiu o jornal de 1927 a 1969) tinha de trocar informações com a sucursal do Rio, me encarregou de passar as mensagens em inglês, evitando a censura’, contou Mindlin.’ O legado de sua biblioteca ‘Além de editar dezenas de livros, José Mindlin também publicou diversos volumes. Em No Mundo dos Livros (Agir, 104 págs.), ele revela seu livros preferidos, suas leituras e autores imprescindíveis e guia o leitor por uma viagem memorialista de bibliófilo. Já Reinações de José Mindlin (Ática, 48 págs.), o autor relata em primeira pessoa suas memórias desde o nascimento até os 10 anos. Vários relatos têm como pano de fundo fatos marcantes da História. Uma Vida Entre Livros – Reencontros com o Tempo (Companhia das Letras 232 págs.), com prefácio de Antonio Candido, tem como ponto de partida uma entrevista que concedeu em 1990. Em relatos informais, Mindlin conta como surgiu e se tornou famosa sua extraordinária biblioteca e como foi conviver a vida toda em companhia dos livros. Já em Biblioteca Indisciplinada de Guita e José Mindlin (Edusp/Fapesp/Edições Biblioteca Nacional, 544 págs.) e Cartas da Biblioteca Guita e José Mindlin (Terceiro Nome, 205 págs.) trazem destaques da coleção que Mindlin e sua mulher Guita garimparam e conservaram.’ Lilia Moritz Schwarcz A generosidade do ‘livreiro-mor’ ‘Bibliotecas sempre deram muito o que falar. Grandes monarquias jamais deixaram de possuir as suas, e cuidavam delas, estrategicamente. Afinal, dotes de princesas foram negociados tendo livros como objetos de barganha; tratados diplomáticos versaram sobre essas coleções. Os monarcas portugueses, após o terremoto que dizimou Lisboa, se orgulhavam de, a despeito dos destroços, terem erguido uma grande biblioteca: a Real Livraria. D. José chamava-a de joia maior do tesouro real; isso nos tempos fartos do ouro que vinha do Brasil. Já d. João VI, mesmo na correria da partida para o Brasil, não esqueceu dos livros. Em três diferentes levas, a Real Biblioteca aportou nos trópicos, e foi até mesmo tema de disputa. Nos tratados de independência de 1825, a Livraria constou como segundo item de uma extensa conta que o Brasil assumia, com o objetivo de conseguir a emancipação. Nas palavras de Pedro I, pagávamos por tradição e pelo prestígio que os livros trazem consigo. Livros carregam conhecimento, são símbolo de cultura, de liberdade e da verdadeira emancipação; que é, antes de mais nada, filosófica e espiritual. Escrevo estas linhas sob impacto da morte de nosso ‘livreiro-mor’, o querido dr. José Mindlin ? como todos o chamavam por intimidade, respeito e merecimento. Dr. Mindlin era o mais generoso e dadivoso dos ‘bibliotecários’. Os transeuntes que resolvessem passar defronte de uma pacata rua no bairro paulistano do Brooklin, com certeza não teriam motivos para se deter diante de uma discreta casa murada. No entanto, para os mais privilegiados, a aventura mal começava. Era lá que dr. Mindlin mantinha seu mundo feito de livros; uma ilha perdida, um oásis da cultura. Após ter acesso ao interior da casa, o visitante cumpria um delicioso ritual, prontamente liderado por esse ‘bibliotecário’ especial. Era ele quem recebia à porta ? sempre com seu sorriso farto. Era também ele quem levava o convidado até uma simpática sala; tomada por tapetes, quadros, e (claro) livros. A primeira etapa do ritual era cumprida lá mesmo: entre um café e outro, ao lado da d. Guita ? enquanto ela esteve presente ?, dos filhos e netos orgulhosos, ou ainda da Cristina, sua fiel ajudante na biblioteca. Como num cerimonial, Mindlin abria um exemplar a esmo. Poderia ter nas mãos um romance do século 19, um incunábulo do 16, um original de Guimarães Rosa. Nenhum livro era apenas um livro; era antes um objeto de estima, de reflexão, de amizade íntima. Contava como tinha obtido o livro em questão, narrava de maneira viva especificidades ou curiosidades, e só então fechava o exemplar, para seguir com outro. Ultrapassada a fase do cafezinho, era chegada a grande hora: adentrar o espaço sagrado da biblioteca, a qual, reformada, enchia os olhos de nosso ‘livreiro’ do mais sincero orgulho. Ela era sagrada não porque intocável. O motivo era de outra ordem: a coleção significava o resumo de uma vida repleta da mais genuína dedicação aos livros. Um simpático jardim separava a sala da biblioteca propriamente dita, como se fosse preciso passar por uma etapa para ganhar outra. Já na biblioteca, o tempo voava. Diferente de outros ‘livreiros’, que por costume, segurança ou medo não tentam facilitar o acesso aos livros, o dr. José ajudava a tudo e a todos. Não havia documento que não pudesse ser pesquisado; obra que estivesse impedida de ser consultada. Tal generosidade estava presente nos pequenos hábitos. Enquanto pôde (e mesmo quando, de fato, não podia mais), ele era sempre o primeiro na fila dos lançamentos. E chegava logo com 3 ou 4 exemplares: um para si, outro para a biblioteca, os outros… quem sabe. O tempo é um senhor implacável do destino e nos tolheu da convivência com essa personagem que já era a cara de São Paulo. Uma Pauliceia com mais tempo, erudição, afeto. Diante do inevitável, me veio à cabeça uma frase utilizada na Inglaterra e na França, imediatamente após a morte de seus reis. Em vez de ficarem com a tragédia, os súditos preferiam anunciar a perenidade, e em alto e bom som diziam: ‘Morto o rei, viva o rei.’ Vida longa dr. José Mindlin. Que os livros o acompanhem e garantam muita diversão e excelente leitura. Agora e sempre. * É professora do Departamento de Antropologia da USP e autora, entre outros, de A longa viagem da biblioteca dos reis, pela Companhia das Letras.’ Celso Ming Um homem que sabia das limitações da vida ‘Não dá para separar o empresário do homem de cultura, ambos notáveis. O nome de José Mindlin figurou em todas as listas de lideranças empresariais dos anos 70, 80 e primeira metade dos anos 90. Mas nunca foi um líder convencional, desses que às vezes aplaudem e outras, discursam contra o governo e sua política econômica para ficar bem conceituado nos corredores da sede da Fiesp e candidatar-se depois aos favores de Brasília com os quais não contava, definitivamente. Era visto com desconfiança pelos dirigentes do governo militar ‘porque falava russo’ e porque convivia com intelectuais, sempre tão suspeitos. Com aquela fala pausada, quase discreta, e sorriso tímido, avisava que o empresário não pode contar com favores dos governantes. Se a política do governo coincidir com os objetivos de sua empresa, então é justo tirar proveito dela. Mas empresário que é empresário não pode depender dos créditos oficiais. Tem de avançar com seus próprios meios. Mais do que isso, tem de investir em si mesmo, tem de preparar-se para ser o administrador de seu negócio e depois dotá-lo com a melhor tecnologia disponível no momento. Lamentava, sim, as agruras do custo Brasil, a excessiva carga tributária, os juros altos demais, a burocracia paralisante, a Justiça tão lenta e tão displicente na busca de solução para os conflitos que cercam o setor produtivo. Mas considerava essas deficiências apenas problemas adicionais com que lidar e juntar energia para avançar, apesar de tudo. Enquanto pôde, manteve a empresa que dirigiu, a Metal Leve, na ponta do setor de autopeças. Abriu seu capital no início dos anos 70, modernizou-a, dotou-a de tecnologia avançada, transformou-a em ilha de excelência, anteviu que seu futuro pedia mais do que simplesmente atendimento ao mercado interno e, por isso, investiu no projeto de internacionalização. Um dia entendeu que tinha chegado a seu limite e que o processo de globalização exigia mais do que simplesmente arrojo e redução de custos. Exigia escala de produção ainda maior, mais contratos e mais conexões no mundo dos negócios. E que a falta de tudo isso derrubava decisivamente a qualidade da administração. Isto posto, não ficou lamentando pelos cantos, como tantos no seu tempo. A despeito da oposição inicial dos seus sócios, decidiu passar o controle de sua empresa. Os entendimentos afunilaram para um dos seus concorrentes internacionais, a alemã Mahle. E assim foi feito. No século 4º antes de Cristo, os sete sábios da Grécia de então foram convocados ao santuário de Delfos para sintetizar, em frases curtas, o ideal do pensamento grego. E eles apontaram duas: ‘conheça-te a ti mesmo’ e ‘nunca passa do teu limite’. Mindlin já havia mostrado antes que sabia conter-se. Mas foi no episódio do desembarque da Metal Leve que essa qualidade ficou conhecida. ‘Meu filho, não é fácil parar. Mas quem não para quando tem de parar, destrói-se a si próprio’ – disse, naqueles dias. Quem tem a sabedoria de parar quando é preciso, também tem a sabedoria anterior, a de conhecer-se a si próprio, porque sabe dos seus limites. Quando repassou a direção da Metal Leve em 1996, deixou também seu ofício de administrador de empresas. E dedicou-se definitivamente à Cultura, à sua biblioteca e às leituras. E aí, novamente, teve de enfrentar as limitações da vida. Pouco depois de ter completado seus 80 anos, contava quanto inevitável foi ter de fazer novas escolhas. ‘Não posso ler mais do que dois ou três livros por mês, no máximo 36 por ano. E quantos anos mais terei pela frente? Uns 10? Isso significa que só posso ler mais 360 livros, talvez 400…’ Na condição de consagrado bibliófilo, José Mindlin foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 2006. Paradoxalmente, ele nos deixa agora quando o livro passa pela revolução tecnológica mais importante depois da invenção da imprensa por Gutenberg, no século 15. Sabe-se lá até que ponto engenhocas eletrônicas, como o Kindle da Amazon, vêm para ficar. Em todo o caso parece inevitável que o livro virtual ou aquilo que virá depois dele está fadado a transformar o próprio livro. Exigirá o redesenho de bibliotecas e livrarias e, eventualmente, mudará o conceito do que hoje é ser bibliófilo. * É colunista do caderno de Economia do Estado’ PUBLICIDADE Marili Ribeiro Brasil é país emergente? Não na publicidade ‘Diplomático, o inglês Philip Thomas, que preside a organização do maior evento do meio publicitário global em volume de participantes e premiações- o Festival Internacional de Publicidade de Cannes (Cannes Lions)-desembarca hoje em São Paulo sem arriscar qualquer prognóstico para a edição deste ano. A recente crise econômica mundial foi cruel com o setor de prestação serviços de marketing. As redes de comunicação e propaganda tiveram perdas de até 20% nos seus faturamentos em 2009. Com isso, aumentou a expectativa sobre o tamanho do festival, que, este ano, vai julgar o que se produziu no ano passado. Thomas prepara, pela quarta vez, a mega reunião de talentos e a série de debates e julgamentos que acontece na costa francesa desde a década de 50. Todo ano, durante o evento, a pequena cidade de Cannes vive dias de agitação com a babel de idiomas dos representantes de mais de 90 países que passam por lá. Neste ano, o festival será entre os dias 20 e 27 de junho. Em 2009, o Cannes Lions teve 22,5 mil peças inscritas e seis mil delegados nos seminários e debates promovidos. A maior tarefa de Thomas para esta edição é manter a motivação e garantir inscrições. Os grandes conglomerados globais de comunicação, que abrigam as maiores redes de agências de propaganda, viram suas receitas encolher pesadamente em especial na Europa, EUA e Japão. Justamente os países que lideram a competição há décadas. Assim, como aliás tudo na economia ultimamente, os países emergentes ganham holofotes. São eles que devem garantir presença massiva nas 11 categorias em competição e, é claro, também terão mais oportunidades de premiação. China e Índia, por sinal, vêm expandindo sua presença no festival nos últimos cinco anos. ‘O Brasil não é um país emergente em publicidade’, corrige Thomas quando perguntado se os emergentes devem brilhar em Cannes Lions 2010. ‘A criatividade brasileira é uma das mais fortes do mundo. O País é um dos grandes ganhadores de Leões (a forma do troféu entregue aos vencedores), ao lado de EUA, Inglaterra e Alemanha’. Apesar do bom desempenho geral, a propaganda nacional nunca trouxe o mais almejado prêmio, o Titanium Lions, criado em 2003, que celebra a total inovação em comunicação, apresentando tendências para os negócios do setor. O executivo não arrisca conselhos para os profissionais brasileiros que queiram aplainar o caminho rumo ao prêmio. ‘As agências devem observar os trabalhos que já levaram o titanium’, recomenda ele, embora reconheça: ‘É muito difícil vencer’. A visita de Thomas faz parte da política de estímulos às inscrições. Em Cannes Lions tudo tem preço. Um delegado paga 2,2 mil pela semana de atividades. Já as peças publicitárias em disputa têm custo diferente para entrar em competição: de 1,1 mil para concorrer ao Titanium, ou então 670 para filmes comerciais, ou ainda 270 para um spot de rádio. ‘O ano passado foi de muitas dificuldades para a indústria do setor. Mas, apesar disso, esperamos manter o número de delegados e também o volume de trabalhos inscritos na competição nos níveis da última edição do festival’, diz o presidente de Cannes Lions 2010. ‘Cannes é sempre uma inspiração, em especial num momento como o atual em que tudo está mudando e de forma muito rápida’. A multiplicação dos canais de comunicação, nos últimos anos, pôs as empresas do setor na encruzilhada na hora de decidir como melhor distribuir as verbas de seus clientes. A crise global serviu para acentuar a questão. ‘Talvez, mais do que nunca, os clientes queiram mais estratégia e empenho na análise de seus investimentos de marketing. Mas, mesmo assim, a criatividade permanece no coração do que as agências oferecem – é o que as torna especiais, caso contrário do trabalho que uma consultoria pode fazer. Criatividade é estado da arte do nosso negócio. É o que festejamos em Cannes Lions’, diz Thomas. Diante dessa constatação, o executivo acredita que a distinção entre agências de publicidade, agências de mídia, agências digitais e assim por diante irá desaparecer e todas vão chamar agências de comunicação, oferecendo todos os serviços que os clientes necessitam. ‘O que isso significa para o Cannes Lions?’, pergunta Thomas, ‘Já estamos considerando na nossa premiação todas as ferramentas que a comunicação precisa para ser bem sucedida. Hoje o festival premia ações de relações públicas, ações digitais, as áreas de design voltadas para a comunicação, e assim por diante, cobrimos todo o negócio de comunicação e vamos continuar a fazer isso, para refletir as mudanças na indústria e continuarmos a ser relevantes para a essa indústria’.’ TELEVISÃO Keila Jimenez 1h a menos no sofá ‘Os jovens brasileiros de classe social mais alta estão vendo uma hora a menos de TV por dia. Pesquisa do Ibope na Grande São Paulo, entre 2003 e 2009, com jovens de classe AB, com idades entre 12 e 24 anos, constata que a média de consumo de TV aberta entre esse público caiu de 4 horas, para 3 horas por dia. Dividida em dois targets, jovens com idades entre 12 e 24 anos, e público entre 15 e 29 anos, a pesquisa mostra que em janeiro de 2003 esse primeiro time, o mais jovem, passava em média 4h15 em frente à TV. Já entre a turma até 29 anos, a média era de 3h55 por dia. Com maior poder aquisitivo para desfrutar de outras plataformas, esses jovens começam a dar menos bola para o veículo em já em 2005, passando em média 3h30 vendo TV. A menor média/dia vem em 2009: 3h11 da turma com idades entre 12 e 24 anos, e 3h02 do público de 15 a 29 anos. Os números batem com outra pesquisa realizada pelo Ibope em 2009, que aponta que entre a faixa etária de 10 a 17 anos o computador com internet é o item mais relevante, com 82% no ranking de prioridade. Em seguida estão a TV (65%) e o celular (60%).’ Entrelinhas ‘O SBT vai negar até a morte, mas a segunda edição de Solitários, ainda sem data para ir ao ar, já está toda gravada. Suspense zero. A Record vai mesmo perder um de seus grandes atores, mas não é Marcelo Serrado, que deve topar ficar na rede até 2014. Gabriel Braga Nunes, com passe mais alto por conta de seu Tony Castellamare em Poder Paralelo, pode voltar para a Globo. Ana Paula Padrão não está mais entre as fotos de artistas do SBT que estampam luminárias no restaurante executivo da emissora. Já nos displays (painéis) de espera entres os cenários, não só a âncora, hoje na Record, como Dedé Santana, da Globo, sorriem entre as estrelas de Silvio Santos. A MTV vai lançar uma rádio FM ainda no primeiro semestre. O projeto deve contar com uma parceria no setor e com a participação da produtora do VJ Cazé. Vida Alheia, seriado de Miguel Falabella sobre um revista de celebridades, promete alfinetar ex-BBBs com uma personagem dessa tribo. Quem se lembra da escalação de Grazi Massafera para a novela Negócio da China, também do autor, sabe o que ele pensa sobre o assunto. Rafael Almeida, Marcos Veras, Milena Toscano, Perla, Tiago Mendonça, Elaine Mickely e Samanta Schmutz integram o time de famosos da Maratona do Faustão, que começa a ser gravada hoje, na Argentina.’ ************