Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Morte da Velhinha de Taubaté é o fato do ano para Marcelo Coelho

Poucos assuntos novos no noticiário sobre mídia e imprensa nos grandes jornais brasileiros. O escândalo do grampo autorizado por George W. Bush nos Estados Unidos levou o vice-presidente Dick Cheney a antecipar a sua volta da Ásia para Washington e manteve o assunto nas manchetes.


O lucro de de R$ 272,7 milhões pela UOL nos primeiros 9 meses de 2004; a compra de 5% da América Online pela Google, por US$ 1 bilhão; e a volta de Carlos Moreno para os comerciais da Bombril são algumas notícias do dia, mas o que mais vale a pena ler nos textos do dia selecionados para o Entre Aspas é o saboroso artigo do colunista da Folha de S. Paulo, Marcelo Coelho, em que ele elege a morte da Velhinha de Taubaté, personagem de Luís Fernando Veríssimo, como o fato do ano.


Leia abaixo os textos desta quarta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


************


Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 21 de dezembro de 2005


GRAMPO NOS EUA
Iuri Dantas


FBI monitorou ativistas, afirma ‘Times’


‘Na medida em que cresce o debate sobre o amparo jurídico da espionagem praticada nos EUA com autorização do presidente George W. Bush, surgem novas evidências de excessos cometidos por forças de segurança contra cidadãos americanos nos meses seguintes aos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.


Documentos divulgados pelo FBI (polícia federal dos EUA) mostram que grupos como o Greenpeace e associações de proteção aos animais tiveram suas atividades monitoradas de perto, segundo reportagem publicada ontem pelo ‘New York Times’.


Um dos relatórios do FBI indica que agentes em Indianápolis planejavam conduzir vigilância de pessoas relacionadas no ‘Projeto comunidade vegan’.


Em outro documento, comenta-se a ‘ideologia semicomunista’ do grupo Trabalhadores Católicos. Um terceiro relatório, ainda, indica o interesse do FBI em descobrir a localização de um protesto contra o uso de pele de lhama que era planejado pelo Peta (pessoas pelo tratamento ético de animais, da sigla em inglês).


Os documentos divulgados ontem foram obtidos pela Aclu (União de Liberdades Civis Americanas), uma prestigiosa ONG com tradição em fiscalização de atos do governo. Parte deles foi repassada ao ‘New York Times’.


A papelada, obtida por meio da Foia (lei sobre a liberdade de informação), contém mais documentos que devem ser divulgados amanhã pela Aclu. Mas não há muitas pistas sobre os motivos que levaram o FBI a espionar os grupos. Os papéis liberados pelo FBI são, sempre segundo o jornal nova-iorquino, muito editados, dificultando a compreensão.


Indagado, o FBI informou que muitas vezes o fato de uma organização ser citada em um documento não significa que ela esteja sob investigação. E que os grupos foram monitorados a partir de indícios de crimes e terrorismo ou prática de crimes ou violência em protestos e outras atividades.


A justificativa, obviamente, provocou protestos das ONGs, muitas deles com bandeiras de pacifismo e não-violência.


Os documentos indicam que o FBI usou empregados e estagiários de grupos como o Greenpeace para obter pistas sobre potenciais ligações com atividades criminosas.


No caso do Greenpeace, por exemplo, conhecido por atos de desobediência civil como entrar em navios de carga para pendurar faixas de protesto, os arquivos indicam que o FBI buscava elos entre membros da ONG e militantes de grupos como Frente de Libertação da Terra e Frente de Libertação Animal.


Governo na mira


O caso de uso de agências de inteligência para monitorar ONGs é mais uma denúncia do ‘New York Times’ sobre a inteligência norte-americana. Na sexta-feira, o jornal revelou a existência de um programa de espionagem da NSA (Agência de Segurança Nacional) de contatos telefônicos e eletrônicos de moradores dos EUA com estrangeiros.


São acusações que se somam contra a administração do presidente Bush. Na semana passada veio à tona denúncia de que o Pentágono havia monitorado grupos pacifistas e seus protestos contra a guerra no Iraque. Antes, a suposta existência de prisões secretas da CIA (Agência Central de Inteligência) na Europa e de prática de tortura contra suspeitos de terrorismo suscitou polêmica.’


***


Cheney defende grampo e presidente mais forte


‘O vice-presidente os EUA, Dick Cheney, defendeu ontem o expediente do governo Bush de usar de espionagem no próprio país a fim de obter informações para a segurança interna. Cheney defendeu também a expansão dos poderes do presidente americano.


‘Não é um acaso o fato de não termos sido atacados em quatro anos’, disse Cheney.


As declarações do vice dizem respeito à repercussão da revelação de que moradores dos EUA tiveram suas comunicações, por e-mail e telefone, monitoradas pela NSA (Agência de Segurança Nacional, da sigla em inglês) sem autorização judicial.


O próprio presidente George W. Bush defendeu essa prática em discurso anteontem, afirmando ser ‘vergonhoso’ o fato de essa informação ter sido vazada -ela foi revelada pelo jornal ‘New York Times’. Bush disse, porém, ter a ‘autoridade legal’ para autorizar os grampos.


Falando à imprensa a bordo de seu avião, voando do Paquistão para Omã, Cheney afirmou crer que os americanos apóiam a estratégia de combate ao terrorismo do governo Bush. ‘Se há um sentimento de revolta’, disse Cheney sobre o expediente do monitoramento de conversas privadas, ‘eu acho que esse sentimento se voltará contra os que sugerem, de algum modo, que nós não deveríamos tomar essas medidas para defender o país.’


Apesar da aparente confiança do vice de Bush, pesquisa de opinião do Instituto Gallup, encomendada pela CNN e pelo periódico ‘USA Today’, revelou que cerca de dois terços dos entrevistados não estão dispostos a sacrificar suas liberdades civis na prevenção a ataques terroristas. Segundo a CNN, em 2002, respondendo à mesma pergunta, 49% das pessoas disseram se dispor a abrir mão de seus direitos.


Dick Cheney afirmou ainda acreditar numa ‘autoridade executiva forte e robusta’, dizendo crer que o poder da Presidência dos EUA tenha diminuído desde a Guerra do Vietnã (1965-75) e o escândalo de Watergate (1972-75), que culminou na renúncia do presidente Richard Nixon. Mas Cheney emendou, afirmando que a atual administração foi capaz de restabelecer parte da ‘autoridade legítima da Presidência’.


Quem também se pronunciou sobre o assunto espionagem da NSA ontem foi o senador democrata John Kerry, que perdeu a última corrida à Casa Branca para Bush. Para Kerry, a prática é inconstitucional e a defesa dela dada pelo presidente foi uma desculpa ‘esfarrapada’.


Regresso


Cheney interrompeu ontem seu giro pela Ásia central, onde assistiu à posse dos novos deputados do Parlamento afegão, e voltou a Washington. Como é presidente do Senado, cargo acumulado constitucionalmente pelo vice-presidente americano, Cheney deve participar da votação de leis que dizem respeito à política de segurança nacional.’


***


Para diário de NY, poder presidencial não é ilimitado


‘Após cinco anos, estamos acostumados a ver o presidente Bush apresentar opções falsas para defender as políticas que segue. Nenhuma, porém, foi tão absurda quanto a que ele propôs para justificar seu programa secreto de espionagem contra americanos: salvar vidas ou seguir a lei.


O governo atual possui um longo histórico de ampliação dos poderes presidenciais de formas perigosas. Declarações de que os alvos da vigilância são selecionados cuidadosamente e por motivos justos não chegam a tranquilizar. Em uma democracia regida por leis, investigadores identificam suspeitos, promotores obtêm mandados e juízes decidem se os critérios legais são cumpridos.


É muito preocupante o fato de esta não ser a única vez em que ouvimos falar de o governo usar o terrorismo como desculpa para espionar americanos. Desde 11 de setembro de 2001, o FBI conduziu operações de vigilância tendo como alvo grupos como o Greenpeace e os Operários Católicos.


Bush diz que o Congresso lhe conferiu o poder de espionar americanos. Ótimo. Então o Congresso pode lhe tirar esse poder. Tradução de Clara Allain’


A MORTE DA VELHINHA
Marcelo Coelho


O fato mais importante do ano


‘O século 20 não acaba de uma hora para outra; em pleno final de 2005, continuo achando estranho quando o chamam de ‘século passado’. Como assim? O ‘século passado’, por definição, era para mim o 19, o da rainha Vitória, de Charles Dickens, dos tílburis. Não o de Winston Churchill, de Virginia Woolf e do Routemaster.


Churchill e Virginia Woolf já fazem parte de um passado longínquo. Mas o Routemaster -aquele ônibus vermelho de dois andares, que marca a paisagem londrina há muitas décadas- só foi desativado na semana passada. É um fragmento do século 20 que só agora deixa de existir.


Não sou especialmente sentimental com relação a essas coisas. Lembro-me de ter andado de bonde uma vez em São Paulo, num dia de verão terrível por volta de 1965: adorei a sensação de velocidade e de frescor dentro do que me parecia um engradado precário, que se disponibilizava sem portinholas nem catracas ao pedestre, embarcação vazada aos quatro ventos, animal urbano já voltado à extinção.


Mas tudo bem. Não vejo vantagem nenhuma nos trólebus, por exemplo, e, seja como for, nunca subi num Routemaster. Imagino que aquilo fosse incômodo e inseguro.


O que me incomodou, ao ler a reportagem da Folha, foi outra coisa. É que o prefeito de Londres, Ken Livingstone, afirmara em 2001 que ‘só um imbecil desalmado’ acabaria com o velho ônibus. Quatro anos depois, revela-se que o imbecil desalmado é ele mesmo; saudosistas enchem as calçadas de Oxford Street para se despedir do simpático mastodonte vermelho, há os protestos de praxe, mas Ken Livingstone não está nem aí para o que tinha dito ou para o que terá de ouvir.


Claro, ele pode argumentar do jeito que conhecemos. A rigor, o Routemaster não será completamente extinto: continuará funcionando em duas linhas turísticas, bem curtas. Aliás, não é bem verdade que ele tenha acabado. O que aconteceu foi uma mudança, uma melhoria, um progresso em sua configuração. A cidade de Londres continuará a ter ônibus vermelhos de dois andares -isso eu garanto-, mas sem a velha plataforma de acesso, sem o focinho de caminhão antigo, sem as quinas arredondadas, ou seja, sem aquele monte de detalhes incômodos, ultrapassados, supérfluos, que não agradavam a ninguém. Para que tanta picuinha?


De resto, não é certo que Ken Livingstone tenha realmente dito aquela frase. A mídia não é confiável, mente muito, os repórteres tiram nossas frases do contexto, tudo se distorce e, afinal de contas, há assuntos mais importantes a tratar do que esse ridículo ônibus vermelho.


Sabemos até onde pode ir esse tipo de conversa. Logo algum assessor dirá que o Routemaster, se você pensar melhor, nunca existiu. E o prefeito Ken Livingstone afirmará estar ‘cada vez mais convencido’ de que nunca prometeu coisa nenhuma.


Será que estou exagerando? Mentira e desfaçatez são características indissociáveis da atividade política, acho que desde a Babilônia. Minha dúvida é se o estilo, a técnica, a arte da empulhação política continuam iguais ou se estamos assistindo a uma mudança de padrão nos últimos anos.


Regimes totalitários mentiam sistematicamente: as ideologias em que estavam baseados traziam consigo um vocabulário próprio, uma teoria e uma prática fechadas em si mesmas, de modo que ficavam em certa medida imunes ao teste da realidade. Em nome das ‘grandes causas’ que conhecemos, qualquer desonestidade, traição ou mentira era ‘explicável’; tratava-se de uma necessidade política. O que não eliminava, evidentemente, a possibilidade de ser também um luxo humorístico dos ditadores de plantão.


O cinismo de Stálin ou Goebbels era, desse modo, um instrumento de poder, de que desfrutavam prazerosamente. Os mentirosos de hoje parecem, entretanto, vítimas choramingantes de um sistema que não dominam. Se eu menti, se continuo mentindo, é porque eu próprio fui enganado, é porque me traíram, é porque mentem para mim. Bush pode dizer isso a respeito da sua colossal lorota em torno das armas de destruição de massa no Iraque; outros podem dizer o mesmo sobre suas finanças de campanha.


O mentiroso é um coitadinho; trata-se de uma espécie de infantilização da mentira política, em que o apelo místico aos ideais históricos tem, quando muito, um papel secundário. Muitas vezes, aliás, a mentira parece uma travessura, uma gratuidade. Imagino que não custava nada para o prefeito de Londres ser um pouco menos enfático em suas frases sobre o Routemaster. Mas ele preferiu o exagero.


O ministro Palocci registrou em cartório seu compromisso de que não abandonaria a Prefeitura de Ribeirão Preto para assumir cargos na administração federal. Virou ministro, e ninguém ligou. E não era para José Serra ficar até o fim do mandato na prefeitura? Mas ninguém será ingênuo de acreditar nisso, com as pesquisas apontando seu favoritismo na sucessão de Lula. Ninguém se importa quando compromissos são rompidos.


Esta é a diferença mais importante, creio, entre o cinismo político atual e as mentiras de antigamente: o cidadão sabe, hoje, que está sendo enganado e quer ser enganado. Vota na mentira, vota sem acreditar. O padrão antigo era o da religião: as promessas dependiam da fé, da ingenuidade de cada um. O padrão contemporâneo é o da publicidade: consome-se, em plena consciência, não o produto em si, mas o que ele significa; sabemos que a promessa é falsa, mas é exatamente isso o que queremos.


A morte da velhinha de Taubaté foi o evento mais importante do ano: a personagem de Luis Fernando Verissimo, como o ônibus de dois andares, vai assim pertencendo ao século passado. É outro tipo de mentira, que dispensa ingênuos, a que se coloca em cena hoje em dia.’


INTERNET
Folha de S. Paulo


Lucro do UOL atinge R$ 272,7 milhões nos nove primeiros meses de 2004


‘A empresa Universo Online S.A. registrou de janeiro a setembro deste ano um lucro líquido de R$ 272,7 milhões, resultado quase 3.100% superior ao registrado em todo o ano passado, quando o montante atingiu R$ 8,56 milhões.


O portal de acesso à internet UOL foi criado em 1996 e é uma empresa do Grupo Folha e da Portugal Telecom. Os resultados foram publicados na página da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) na web.


O patrimônio líquido passou de um valor negativo de R$ 317,5 milhões em todo o ano passado para um resultado positivo de R$ 261,8 milhões no acumulado dos nove primeiros meses de 2005.


A receita líquida, por sua vez, caiu de R$ 408,1 milhões em dezembro de 2004 para R$ 331,5 milhões em setembro deste ano. A companhia passou a ter papéis negociados no chamado Nível 2 da Bovespa no último dia 16.’


***


Site de buscas Google compra 5% da America Online por US$ 1 bilhão


‘O Google vai comprar 5% das ações da America Online por US$ 1 bilhão, anunciou ontem a Time Warner, da qual a AOL é subsidiária. O Google vai se tornar o único acionista na AOL além da Time Warner, que manterá o gerenciamento da empresa.


As duas empresas também vão ampliar sua parceria em publicidade on-line, uma derrota para a Microsoft, que também tinha interesse em um investimento ou parceria com a AOL para promover seu serviço de buscas MSN.


O Google opera as buscas feitas na AOL há três anos. O portal é responsável por uma parcela importante da receita do Google com publicidade nos EUA.


Com o negócio anunciado ontem, a America Online poderá vender espaço para anunciantes em suas páginas diretamente, usando a tecnologia de venda de anúncios on-line do Google.


Além disso, mais conteúdo do portal AOL será disponibilizado para os ‘robôs’ do Google, o que significa que mais páginas do portal aparecerão como resultados em buscas feitas no Google.


Os serviços de mensagens instantâneas do Google (Google Talk) e da AOL (AIM) também serão integrados, ou seja, os usuários de um deles poderão conversar com usuários do outro.’


PUBLICIDADE
Adriana Mattos


Empresa anuncia volta de garoto-propaganda


‘Sob intervenção judicial e às voltas com o risco de ser vendida em leilão em 2006, a Bombril S.A. confirmou ontem a volta do garoto-propaganda Carlos Moreno (conforme a Folha havia antecipado) para as campanhas publicitárias da empresa em março. O ator abandonou o posto em 2004 porque não estava sendo pago e ficou meses sem receber salário no ano passado, apurou a Folha.


A empresa não comentou ontem a informação sobre a antiga pendência com Moreno, assim como não informou o tamanho de sua verba de mídia para 2006 e o período de contrato com o garoto propaganda. Também não deu dados sobre a sua participação de mercado em lãs de aço. Ainda não informou a respeito da multa que terá de pagar pelo fim do contrato de Moreno com a financeira Finivest -que utilizou a imagem do ator até recentemente.


Na avaliação do diretor-presidente da empresa, José Edson Bacellar Júnior, essas são informações ‘estratégicas’. Não podem ser divulgadas porque a Bombril é empresa controlada pela Bombril Holding S.A., de capital aberto, ficando proibida pela legislação brasileira de antecipar dados ao mercado. Mas Bacellar destacou os números positivos. Disse que a Bombril S.A. deve fechar 2005 com lucro de R$ 100 milhões.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Cinco séries disputam uma vaga na Globo


‘A Globo testará nos próximos dias cinco novos programas de humor, mas só um deles terá alguma chance de emplacar em 2006. Segundo Octávio Florisbal, diretor-geral da emissora, o novo programa será exibido em uma única e curta temporada, nas noites de sexta, entre junho e agosto.


No restante de 2006, não haverá espaço para novos programas. A grade de janeiro a março já está definida, com a minissérie ‘JK’ e ‘Big Brother Brasil 6’.


Em abril, segundo Florisbal, voltarão os mesmos programas exibidos em 2005 na linha de shows (os dois programas que vão ao ar após a novela das oito): ‘Casseta & Planeta’, ‘A Diarista’, ‘A Grande Família’, ‘Linha Direta’ e ‘Sob Nova Direção’ (domingos, após o ‘Fantástico’).


Às sextas-feiras, em abril, volta o seriado ‘Carga Pesada’, para uma eventual última temporada. Depois dele, entrará um dos programas que serão testados nos próximos dias: ‘Correndo Atrás’ (amanhã), ‘Levando a Vida’ (sexta), ‘Os Amadores’ (terça, 27), ‘Toma Lá, Dá Cá’ (quinta, 29) e ‘Quem Vai Ficar com Mário?’ (também no dia 29).


Entre agosto e outubro, o segundo programa da linha de shows será suspenso por causa do horário eleitoral. De outubro a dezembro, está programado o novo seriado ‘Vila Brasilândia’ (um ‘Cidade dos Homens’ com mulheres) e, provavelmente, uma série de Hector Babenco.


OUTRO CANAL


Baixa Contratado no meio do ano para o cargo de diretor de criação, Marcus Fernandes pediu demissão da Band anteontem. Milton Turolla Júnior, diretor de comunicação, assumiu suas funções.


Dureza 1 A novela das oito da Globo, ‘Belíssima’, está penando para manter seus altos índices de audiência neste mês. Sábado, o ‘Jornal Nacional’ terminou com 33 pontos no Ibope. Mesmo assim, ‘Belíssima’ levantou a audiência da emissora para 45 pontos.


Dureza 2 ‘Belíssima’ continua no topo entre as novelas mais vistas nesta década. Até sábado, marcava média de 48 pontos desde a estréia. No mesmo período (até o 36º capítulo), ‘Senhora do Destino’ registrou 47 pontos e ‘América’, 44.


Martelo A novela ‘Mandacaru’, produção original da Manchete, vai mesmo ser reprisada pela Band na faixa das 22h, ‘esquentando’ o horário para futuras produções próprias’ da emissora. A reestréia será já no próximo dia 9. O ‘Boa Noite, Brasil’ entrará às 22h40.


Shabat Guilherme Weber, revelado em ‘Da Cor do Pecado’, entra em ‘Belíssima’ nesta sexta. Ele travará com Safira (Claudia Raia) um conflito pela orientação religiosa de Isaac (Vitor Morosini), de quem são pais. Ela quer que ele seja cristão ortodoxo. Ele, que o menino seja judeu. Na semana passada, Weber e Morosini gravaram na Congregação Israelita Paulista.’


RC NA TV
Laura Mattos


Roberto Carlos se irrita no ensaio de seu especial


‘Se tudo estava perfeito no show de Roberto Carlos que a Globo exibe nesta noite, o ensaio não foi bem assim. Foi tensa a preparação do dueto entre o Rei e Cláudia Leite, vocalista do Babado Novo.


O cantor tinha preferência por Sandy, segundo a Folha apurou. Durante o ensaio, irritou-se com o fato de a voz de Cláudia, a neo-Ivete Sangalo, estar muito alta. Foi difícil acertar o tom da parceria.


Os dois cantaram ‘Amor Perfeito’, hit de Roberto Carlos que está no CD do Babado Novo. Durante a gravação do show, na semana passada, no Credicard Hall (SP), Cláudia estava visivelmente nervosa. Após a apresentação, chamou o cantor de ‘meu rei’ e o elogiou por sua simplicidade.


A Central Globo de Comunicação (CGCom) negou o incidente. Afirmou que ‘não houve nada disso’ e que ‘a participação de Cláudia Leite foi como as demais’. Além dela, os convidados foram Jota Quest e Chitãozinho e Xororó. Segundo a CGCom, o dueto com a vocalista do Babado Novo será exibido no especial.


O programa será tomado por antigos sucessos do Rei. De novo, só seu terno (agora num azul mais escuro) e as músicas ‘Arrasta uma Cadeira’, com Chitãozinho e Xororó, e uma regravação de ‘Loving You’, de Elvis Presley. De velho, clássicas como ‘Detalhes’, ‘Outra Vez’, ‘Índia’, ‘É Preciso Saber Viver’ e ‘Jesus Cristo’.


Roberto Carlos Especial


Quando: hoje, às 22h, na Globo’


************


O Globo


Quarta-feira, 21 de dezembro de 2005


GRAMPO NOS EUA
O Globo


EUA: Cheney antecipa retorno da Ásia


‘MUZAFFARABAD, Paquistão. Num sinal de que o governo americano espera uma dura batalha no Congresso, o vice-presidente Dick Cheney encurtou sua viagem a Oriente Médio e Ásia e deve chegar hoje a Washington, para o caso de sua participação ser necessária numa votação decisiva no Senado. O vice-presidente estava no Paquistão quando o retorno foi anunciado. Foram canceladas as escalas em Egito e Arábia Saudita.


– O vice-presidente está retornando para cumprir seu dever como presidente do Senado e votar para romper um empate, se necessário – disse o porta-voz Steve Schmidt a jornalistas que acompanhavam Cheney.


Cheney chegou ao Paquistão na terça-feira para se encontrar com o presidente Pervez Musharraf, após passar por Afeganistão e Iraque.


Seu voto pode ser necessário para romper o impasse na votação de uma lei sobre corte orçamentário, apoiada pela Casa Branca. Líderes republicanos esperam uma votação apertada sobre um plano orçamentário para os próximos cinco anos que inclui cortes na assistência médica, em empréstimos a estudantes e outros programas num total de US$ 40 bilhões e também sobre uma lei de orçamento de defesa que inclui a liberação de uma reserva no Ártico para exploração de petróleo. As duas medidas foram aprovadas na segunda-feira pela Câmara de Representantes, mas devem encontrar resistência no Senado.


Num outro foco de preocupação para o governo, republicanos e democratas na Comissão de Inteligência do Senado pediram que seja investigada a autorização do presidente George W. Bush para que americanos fossem espionados por meio de escutas telefônicas. Parlamentares levantaram dúvidas se a medida, ordenada sem autorização judicial, viola a Constituição.


– O presidente e eu acreditamos profundamente que exista uma ameaça dos diabos – disse Cheney ao defender a medida, afirmando não ser coincidência o país não sofrer um atentado nos últimos quatro anos. – Não acredito que haja algo impróprio nisso e meu palpite é que a maioria do povo americano apóia o que estamos fazendo.


Aprovação de Bush cresce, diz pesquisa do ‘Post’


A votação acontece num momento em que pesquisas divergem sobre a popularidade de Bush. Segundo a pesquisa ‘Washington Post’/ABC, os americanos estão mais otimistas sobre o futuro do Iraque, a guerra contra o terror e a economia. A aprovação geral aumentou, passando de 39% (início de novembro) a 47%. A aprovação à política americana para o Iraque aumentou dez pontos percentuais, chegando a 46%. Para 60%, os EUA avançam para restabelecer a ordem no Iraque.


Já uma pesquisa da rede de TV CNN e do jornal ‘USA Today’ indica que o grau de popularidade de Bush não mudou, mantendo-se em 41%, apesar da série de discursos que ele fez em busca de apoio à ação americana no Iraque. Nesta pesquisa, mais da metade dos entrevistados – 56% – desaprova a gestão do presidente. Outros 52% disseram que a guerra foi um erro, enquanto 61% desaprovam como ele conduz a campanha no Iraque.’


CINEMA & JORNALISMO
Rodrigo Fonseca


De galã de seriado ao posto de cronista da TV


‘Mapeando-se o DNA de George Timothy Clooney, é fácil identificar um gene dominante: a televisão. Apresentador de programas históricos como ‘American Bandstand’, ‘The money maze’ e de ‘The Nick Clooney show’, seu pai, Nicholas, é um dos âncoras mais famosos da telinha americana. Mamãe Nina Warren Clooney também teve seu talk-show nos idos dos anos 60. Para completar, sua tia, a cantora Rosemary Clooney, teve cada polêmica de seu tempestuoso matrimônio com o ator José Ferrer (imortalizado no filme ‘Cyrano de Bergerac’) detalhada pelos notíciários. Portanto, que ninguém estranhe o fato de que um filme sobre os bastidores dos telejornalismo durante a opressiva atuação do anticomunista Jospeh MacCarthy (1909-1957) no Senado, ‘Boa noite, boa sorte’ (‘Good night, and good luck’), possa render àquele que um dia foi galã da série ‘E.R. – Platão Médico’ o Globo de Ouro de melhor diretor.


É essa intimidade com os meandros da TV o que consolida Clooney como um dos cineastas mais singulares da América no momento. ‘É mais divertido ser o pintor do que a pintura’, disse ele, em 2003, quando foi a Berlim representar os EUA na briga pelo Urso de Ouro com ‘Confissões de uma mente perigosa’.


Gordo e barbudo no thriller político’Syriana’


Sua estréia na direção, ‘Confissões…’ também passava pelos estúdios de TV, ao narrar a amalucada história de Chuck Barris, uma versão gringa de Silvio Santos, que produziu o popular ‘The gong show’, ao mesmo tempo em que viajava o mundo executando pessoas a mando da CIA. Mas ‘Boa noite, boa sorte’, que concorre ainda ao Globo de Ouro de filme, roteiro (de Clooney e Grant Heslov ) e ator (David Strathairn), é mais sério. Filmado em preto-e-branco, com Strathairn, Jeff Daniels e Robert Downey Jr. no elenco, o filme (que estréia aqui em fevereiro) narra a luta em prol da liberdade de expressão travada por Edward R. Murrow , apresentador do talk-show ‘Person to person’ e do investigativo ‘See it now’.


O papel de Murrow, que rendeu o prêmio de melhor ator no Festival de Veneza ao ótimo Strathairn, foi tratado por Clooney como uma forma de homenagear seu pai, colega e fã do lendário jornalista. ‘Murrow foi um paladino da livre imprensa em tempos difíceis’, disse Clooney em Veneza. ‘Meu pai e outros importantes jornalistas viam nele uma referência.’


No dia 16 de janeiro, quando serão conhecidos os vencedores do Globo de Ouro, em cerimônia no pomposo Beverly Hilton Hotel, na Califórnia, Clooney poderá se dar conta de que aquilo que para ele é uma simples diversão está sendo encarado pelo cinema como oxigenação estética. Não fosse assim, Clooney não teria sido indicado para concorrer a uma láurea disputada por dois midas do mercado audiovisual – Steven Spielberg, por ‘Munique’, e Peter Jackson, por ‘King Kong’ – um darling do Oriente -Ang Lee, por ‘O segredo de Brokeback Mountain’ – um pé-quente latino-americano – o brasileiro Fernando Meirelles, por ‘O jardineiro fiel’ – e um veterano autor cinematográfico – Woody Allen, por ‘Match Point’.


Não bastasse esse prestígio, Clooney ainda concorre ao Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante por ‘Syriana’, um espinhoso thriller político sobre a guerra global pela hegemonia do mercado petrolífero, que há duas semanas contabiliza uma invejável bilheteria nos cinemas americanos. Dirigido por Steve Gaghan (roteirista de ‘Traffic’) e protagonizado por Matt Damon, o filme (que estréia no dia 17 de fevereiro no Brasil) já rendeu US$ 22 milhões, o que já cobre a metade da verba investida por seus produtores: entre eles… George Clooney, que engordou quase 20kg para viver um agente da CIA em perigo. Apesar de não badalar isso, a Section Eight, empresa co-produtora do longa, pertence a ele e ao amigo Steven Soderbergh (de ‘Solaris’). Juntos os dois financiaram êxitos de crítica como ‘Insônia’, de Christopher Nolan, e ‘Longe do paraíso’, de Todd Haynes.


Tanto empenho em ser algo mais do que o número três na lista dos ‘dez homens mais sexy do mundo’, votada pela revista ‘People’ em 2003, tem uma motivação ética: ‘Cerca de 80% de tudo o que você faz como ator não prestam; 80% do teatro que eu já fiz, dos filmes, 80% de tudo que já lhe ofereceram são uma droga.’


Vetado por Tarantino em teste para ‘Cães de aluguel’


Clooney tem cabedal para dizer isso. Afinal, antes de virar o queridinho de cineastas autorais como os irmãos Joel e Ethan Coen (de ‘E aí, meu irmão, cadê você?’), o astro cometeu o erro de emprestar o charme grisalho que faz muita mulher suspirar ao sofrível ‘Batman & Robin’ (1997). E foi castigado por isso, conforme contou em uma entrevista publicada no último número da revista ‘Seleções’. ‘Eu me dei mal com