‘No lançamento de Marta Suplicy, na cobertura da Globo, muitos sorrisos, sete ministros, José Dirceu ao lado do deputado João Paulo -e nenhuma saia justa.
O problema da prefeita foi logo antes, quando inventou de discursar na Marcha para Jesus e recebeu vaias.
Já o lançamento de José Serra foi um esforço para demonstrar a amizade eterna que une o tucano ao seu vice pefelista, Gilberto Kassab, ex-secretário de Celso Pitta.
Na semana, pela primeira vez na campanha, surgiu no Painel da Folha e depois na Jovem Pan a expressão a que os brasileiros se acostumaram, em toda eleição: ‘dossiê’. Os tucanos produziram um contra Kassab, mas o PFL não se dobrou. Serra, na Globo On Line:
– É impossível ganhar uma eleição sem se somar, mesmo com pessoas que estiveram com outras pessoas. As coisas mudam na política.
Pode não ser a última palavra, como não foi, registre-se, no episódio do primeiro indicado do PFL para vice de FHC, dez anos atrás.
A Globo se esforçou, pressionou, mas não conseguiu emplacar o debate na quinta que vem.
Marta primeiro resistiu. Disse à emissora, anteontem:
– Não sei desse debate. Não estou informada de debate.
Depois voltou atrás. Disse que se preparava para o debate ‘trabalhando’. Até elogiou:
– Acho o debate importante, uma coisa democrática.
Serra também resistiu. A Globo, já em início de pressão, disse que ‘o candidato ainda não confirmou o interesse’.
Paulo Maluf, pelo contrário, ‘já disse que vai’.
Pois nenhum dos três vai. No fim da tarde, ontem, surgiu nos sites a nota conjunta dos diretórios de PT e PSDB e da campanha malufista.
Dizia que os três candidatos ‘não participarão de debates até o final de julho’ e que eles ‘disponibilizam suas agendas a partir de 1º de agosto’.
Mas a Globo, ontem à noite, prosseguia com pressão cada vez maior. Fez editorial dizendo que ‘respeita, mas não pode deixar de lamentar’.
Afirmou em tom rancoroso que, ‘se os três candidatos não podem ou não querem debater, a cidade não pode esperar’. E prometeu realizar o debate de qualquer jeito, só com os candidatos que aceitarem.
A Globo quer porque quer.
A revista ‘Veja’, de sua parte, iniciou a cobertura eleitoral com um texto sobre ‘gastos milionários e caixa dois’, com menção na capa. Achou por bem citar apenas dois marqueteiros e um tesoureiro. Os três de campanhas petistas.
Alergias
E Lula também falou ao ‘Wall Street Journal’. O jornal fez descrições como ‘Mr. da Silva, um ex-metalúrgico que se tornou o primeiro presidente da classe trabalhadora eleito no Brasil’, ou ‘estava lutando contra alergias no verão de Nova York’.
Saudável
O ‘WSJ’ destacou duas declarações do presidente brasileiro:
– Quando tomamos a decisão de seguir uma política externa mais ousada, alguns setores tentaram vender a idéia de que buscávamos uma ruptura com os EUA. Isso nunca aconteceu e nunca vai acontecer. Nós queremos ter a relação mais saudável possível com os EUA.
– No meu passado político, [aprendi que] nenhum negociador respeita o interlocutor que não respeita a si mesmo, que não valoriza a si mesmo.
FHC e Lula
Foi demais para FHC. Ele também esteve em Nova York na semana e, por lá, não notaram.
Acabou dando entrevista exclusiva para o Jornal da Band, anteontem, e para o jornal ‘O Estado de S.Paulo’ de ontem. Atacou Lula sem parar.
Lineu
‘O Globo’ dizia ontem que Lula ‘voltou de viagem louco para ver o final da novela de intrigas, armações, jogo baixo e dossiês’. Chamou os amigos e fez uma sessão no palácio só para assistir ‘Celebridade’.
O último capítulo, registre-se, foi notícia até na agência estatal cubana ‘Prensa Latina’.
‘Reality show’
Por falar em intrigas, prossegue a novela dos ministros José Dirceu e Aldo Rebelo. A revista ‘Veja’ afirma que uma reunião do PT definiu que o partido quer mesmo derrubar Rebelo.
Já ‘O Globo’ disse que ‘está selado o pacto de convivência entre Dirceu e Rebelo’ e que ‘é improvável que tenha ocorrido bate-boca’ -como deu a ‘Veja’ na semana passada.
Sem falar do blog de Ricardo Noblat, que ameaça transformar a novela em ‘reality show’.
Difícil tarefa
O Jornal da Band acompanhou a volta das tropas brasileiras que estavam no Timor Leste, a serviço das Nações Unidas.
E o ‘Miami Herald’ de ontem, mais o site do ‘Washington Post’, noticiaram o início do mandato militar brasileiro no Haiti. Do título no ‘WP’:
– Brasil assume o comando no Haiti, e uma difícil tarefa.
Esquadrilha
A versão em espanhol do ‘Miami Herald’, ‘El Nuevo Herald’, noticiou que a feira de aeronáutica da Colômbia foi aberta na quinta com uma ‘apresentação da Esquadrilha da Fumaça, da Força Aérea Brasileira’.
Kirchner e Putin
Rússia e Argentina, que atravessaram a semana como inimigos do Brasil pelo veto à importação de carne, se reuniram ontem, em conversa dos presidentes Néstor Kirchner e Vladimir Putin. Do título no ‘Pravda’:
– Sul-americanos querem Putin ao lado deles.’
***
‘Lula na capa’, copyright Folha de S. Paulo, 25/06/04
‘A revista on-line Slate, da Microsoft, adiantou ontem a capa da próxima ‘The New York Times Magazine’, a prestigiosa revista de domingo do jornal nova-iorquino.
E lá está Lula, mais mexicano do que nunca. Um ser que paira sobre um cenário latino-americano, em imagem que remete ao Diego Rivera suspenso das obras de Frida Kahlo. Do título:
– O último herói esquerdista da América Latina?
E logo abaixo:
– Os tempos difíceis e as limitações [ou decepções] de Lula.
A Slate descreve o Lula do ‘NYT’, no perfil assinado por Barry Bearak, jornalista vencedor do Pulitzer, como ‘o brasileiro que se ergueu da pobreza para a liderança sindical e para a Presidência’.
Fernando Canzian, correspondente da Folha, leu o texto da ‘NYT Magazine’ e avalia que resulta favorável ao homem Lula, mas não necessariamente ao político.
O perfil encerra, ao que parece, o conflito entre o presidente e o principal jornal americano, iniciado com uma reportagem do correspondente Larry Rohter, que sofreu até ameaça de expulsão do país.
Mas faz mais. Dá o fecho que Lula tanto queria para o esforço de reaproximação dos EUA, como vinham cobrando dele, interna e externamente.
Lula se reuniu com John Snow, o secretário do Tesouro, e a imagem do aperto de mão de ambos ocupou a home do governo brasileiro durante boa parte do dia, ontem.
Snow, segundo ‘O Globo’, teria ido a Nova York só para demonstrar o seu ‘carinho’, chegando a perguntar sobre o joelho do ministro Antônio Palocci, que ele conheceu, ao que parece, engessado.
Palocci, registre-se, não recebeu atenção especial apenas do colega americano. A Bloomberg deu longa reportagem falando de sua influência sobre Lula, que a ‘Gazeta Mercantil’ traduzia ontem, sob o título:
– Palocci ensina o presidente a não gastar.
Pororoca
Mais do secretário John Snow, ontem na BBC Brasil:
– Nós estamos estudando um grande número de projetos [para investimento], inclusive pontes, estradas e ferrovias.
Ao mesmo tempo, o ministro Roberto Rodrigues falava aos investidores do perigo de uma ‘pororoca’ na infra-estrutura de escoamento da produção.
Explicava que é quando ‘o Amazonas deságua no oceano, mas é empurrado de volta, com muito barulho e destruição’.
Encalhado
No Brasil, os agricultores já começam a perder a paciência com o Senado. Do presidente da Associação de Agribusiness, no site de ‘O Estado de S.Paulo’:
– O projeto da PPP (Parceria Público-Privada) encalhou. A demora para definir os marcos legais já está atrapalhando o planto da próxima safra.
Açúcar
E surge boa notícia no vaivém das negociações comerciais. Os sites do ‘Wall Street Journal’ e do ‘New York Times’ deram que a ‘União Européia propõe uma revisão geral dos subsídios ao açúcar’. Um porta-voz da UE disse que é para ‘tornar o sistema açucareiro da Europa comercialmente mais aberto’.
Camarão
Mais boa notícia na ‘guerra do camarão’, expressão do ‘Miami Herald’. A Dow Jones deu que os importadores dos EUA se colocaram ao lado de Brasil, Índia e China, contra a pressão dos produtores para barrar as importações. Dizem que o preço interno dispararia.
Jumento
O ânimo com as exportações no país resulta em informações curiosas. Da Agência Nordeste:
– Ceará exportará carne de jumento a partir de julho.
Vai para Bélgica e China.
Clinton e a AL
A biografia de Bill Clinton mostra a falta de preocupação dos EUA com a América Latina. É o que escrevia ontem Andres Oppenheimer, colunista do ‘Miami Herald’ e comentarista da CNN em espanhol, depois de muito procurar nas páginas do ex-presidente americano.
Segundo Oppenheimer, das quase mil páginas, apenas dez tratam de temas da região. E a atenção maior é sempre para Cuba e Haiti, até mais do que para o vizinho México. Braisl e Argentina ficam bem para trás.
Donna
A embaixadora americana no Brasil, Donna Hrinak, que sai da função no fim de semana, vai deixando saudades até para a televisão. O Bom Dia Brasil deu longa entrevista com ela. E Míriam Leitão se desmanchou:
– Nunca houve embaixador como Donna Hrinak.
No plenário
Para quem pensa que coisas assim só acontecem, como há pouco, no Congresso brasileiro. A CNN deu que o Dick Cheney, o vice-presidente americano, discutiu com um senador na terça, no plenário, e o xingou. O site Drudge Report reproduziu o palavrão: ‘Fuck you’.
Como por aqui, o porta-voz do vice só confirmou que foi uma ‘troca de idéias franca’.
SÃO JOÃO FASHION WEEK
Colando as festas juninas à moda, a Globo saiu a campo para mostrar ‘a ousadia nas quadrilhas’ e garantiu que neste ano o Nordeste ‘vai surpreender’. Mostrou criações de ‘Rosilângila Barreto, estilista de são João’. E, com uma locução de desfile:
– A quadrilha Caninha Verde mostra a alegria quando há fartura no sertão. Daí tanto colorido no arraial. A sofisticação nas roupas dá brilho de espetáculo a são João.’
***
‘Lula e o chicote’, copyright Folha de S. Paulo, 24/06/04
‘Na manchete do Jornal Nacional e também no título do ‘Financial Times’:
– Vitória do governo.
Foi ‘na Câmara’, sublinhou o JN. E ‘derrotou uma votação do Senado na semana passada’, acrescentou o ‘FT’.
Segundo a CBN, ‘Lula acompanhou a votação de Nova York’, informado o tempo todo pelo ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo.
A Globo detalhou que, como a Câmara aprovou e depois o Senado derrubou a medida provisória do mínimo, ‘a palavra final cabia aos deputados’. E agora não precisa ‘nem de sanção do presidente’. Quem assina é ‘o próprio Congresso’.
Ou melhor, é o senador José Sarney -o mesmo cujo grupo tanto ajudou na derrota do governo no Senado.
Para a colunista Eliana Cardoso, do ‘Valor’, antes mesmo da votação de ontem:
– Se Lula trabalhar em favor da reeleição de José Sarney no Senado, vai beijar o chicote. Pega mal. Prestigiar quem o castiga não é reputação que ajude um presidente.
Mas o problema de Lula não se restringe a Sarney.
Rádios e sites contabilizaram os votos dos deputados e sublinharam, na expressão da Jovem Pan, que ‘o PT aparece em terceiro lugar’. Atrás do ‘partido mais governista na votação’, o PL, e até do PTB.
Petistas que haviam votado com Lula se voltaram contra ele. De outra colunista do ‘Valor’, Rosângela Bittar:
– Foi só Lula dar indicações de que passaria a considerar mais a presença da aliança, no governo, para se instalar no PT o salve-se quem puder… Lula passou a receber um duro troco: a desobediência, a reação virulenta, obsessiva e cega.
O PRIMEIRO DEBATE
Enquanto a Band faz rir com o candidato Paulo Maluf, a Globo confirma que o primeiro debate em São Paulo, neste ano, é dela. O SPTV dizia ontem que o programa será mesmo no dia 1º, com mediação de Chico Pinheiro e sem a presença de todos os pré-candidatos. Junto com o anúncio, a emissora informou que começava ontem sua cobertura extensiva da campanha paulistana.
EUA falam 1
O site do ‘Wall Street Journal’ noticiou os ‘louvores’ do secretário do Tesouro americano, John Snow, a Lula, depois do encontro de ambos:
– Estamos vendo os resultados da liderança do presidente Lula e de seu time econômico. Os juros reais caíram quase dez pontos desde o verão passado e a economia já está respondendo. O Brasil está bem posicionado para se beneficiar do maior crescimento global. O palco está armado para ganhos crescentes para o povo brasileiro.
Lula não ‘venderia’ melhor.
EUA falam 2
Mais de John Snow:
– Nós estamos comprometidos a trabalhar com o Brasil como um grande indutor do crescimento e do aumento dos padrões de vida no hemisfério.
Regras
Um dos argumentos apresentados pelo vendedor Lula aos investidores, nos EUA, foi que ‘as regras no Brasil são claras’:
– Não queremos aventura.
Mas ontem mesmo o projeto de Lei de Falências era adiado mais uma vez, no Senado de José Sarney, por ‘falta de entendimento entre as lideranças’.
Suscetíveis
E veio o ataque da Argentina, tão ensaiado nos últimos dias. No título do ‘La Nacion’, ‘a Argentina proibiu o ingresso de animais suscetíveis a aftosa’. Proibiu a carne brasileira.
Kirchner e Lula
No Brasil, a reação de líderes rurais ao veto argentino à carne foi questionar uma vez mais as supostas vantagens do vizinho no âmbito do Mercosul.
E na mesma Argentina o presidente Néstor Kirchner recebia ontem reclamos semelhantes da União Industrial Argentina. Prometeu, diz o ‘La Nacion’, tratar do assunto com Lula no próximo encontro dos dois.
Futebol
Mas ao menos no Haiti a relação, ao que parece, vai bem.
O site do ‘New York Times’ trouxe ontem uma reportagem sobre as tropas argentinas em preparação para a viagem, em Buenos Aires. E com a informação de que o Brasil assume amanhã o comando no Haiti.
Os soldados argentinos brincavam que vai ter muito futebol por lá. Um deles garantia:
– Eu tenho certeza que nós vamos vencer os brasileiros em todos os jogos no Haiti.
Jogo de cena
O espetáculo armado na TV Câmara e depois veiculado no Jornal Nacional por Roberto Freire, presidente do PPS, com empurra-empurra e expressões como ‘cretino’, trocadas com o presidente da Câmara, João Paulo, foi flagrante encenação.
A Agência Nordeste afirmou ontem que um assessor de Ciro Gomes já teria deixado o partido e que, depois das eleições, ‘todo o grupo cirista deve sair do PPS, inclusive o ministro’. Os ciristas estariam a caminho do PTB.’
***
‘O fim da história’, copyright Folha de S. Paulo, 23/06/04
‘A Globo fez as pazes com a história, pelo menos tentou. O Jornal Nacional, com William Bonner e Fátima Bernardes vestindo luto, deu uma escalada de manchetes de louvor:
– A história republicana do Brasil perde um de seus personagens mais marcantes. A morte de Leonel Brizola pára o Congresso e leva milhares ao velório no Rio. Nossos repórteres mostram a ascensão do menino engraxate que se formou engenheiro. Do político nacionalista que se elegeu por três vezes governador. Do líder que defendeu a legalidade em 61 e que os militares obrigaram ao exílio em 64. E o reconhecimento de sua importância histórica pelos maiores adversários.
Era só o começo. Seguiu-se um programa quase todo de exaltação do adversário que, vale lembrar, foi ao velório de Roberto Marinho no ano passado.
Agora, ‘o vice-presidente das Organizações Globo, jornalista João Roberto Marinho, levou a solidariedade da família Marinho aos parentes de Brizola’.
Nem o chamado escândalo Proconsult, origem do conflito entre o político e a emissora, ficou sem menção -com a versão já conhecida, que exime a Globo da suposta tentativa de fraude eleitoral, em 1982.
E assim a história se fechou. No dizer do site Nomínimo:
– Não deixa de parecer significativo que ele tenha morrido menos de um ano depois do arquiinimigo. A vida devia estar perdendo a graça para Brizola.
Das manchetes da Record:
– No velório, militantes vaiam Lula e Garotinho.
Mas o que se via, ontem durante a cobertura sem fim da morte de Brizola, era uma disputa dos partidos de ambos pelos restos do brizolismo.
Garotinho e a mulher chegaram na madrugada e repisaram o dia todo, entre lágrimas, a proximidade com o velho líder. Michel Temer e Paulo Pereira da Silva, na Globo On Line, insistiam na aliança PDT/PMDB.
Os petistas não foram tão escancarados. Nos bastidores, Cristiana Lôbo dizia que no governo já se tratava da ‘possibilidade de três ou mais senadores deixarem o PDT’ e voltarem à base, no PTB ou algum outro.
Os demais fugiam da disputa. Aqui e ali, insinuavam o fim do trabalhismo, como no caso dos ex-brizolistas Cesar Maia (PFL) e Miro Teixeira (PPS).
O BARÃO DO GADO
Lula chegou a Nova York saudado por duas reportagens sobre o Brasil. O ‘Wall Street Journal’ levou à capa o avanço da agropecuária do país:
– O crescente papel do Brasil no mercado global de alimentos redesenha o mercado. A competição está minando a longa dominação dos EUA.
O ‘WSJ’ se concentrou em carne. E carne do Mato Grosso do Sul. De um economista:
– O Brasil será esmagador na produção de carne.
A história tinha protagonista, Antonio Russo. É ele o ‘barão do gado’ que ‘balança o comércio global de carne’.
O ‘WSJ’ avisa que, ‘conforme o Brasil vai virando uma força poderosa, deve se chocar cada vez mais com os EUA’.
Foi esse o norte da outra reportagem, do ‘New York Times’, intitulada ‘As crescentes exportações do Brasil preocupam os fazendeiros de Minnesota’.
Lula lá
Nem tudo é sinal de medo da concorrência, nos EUA.
A agência Dow Jones destacou em vários despachos que Lula vai se reunir com ‘líderes empresariais’ e, novidade do dia, até com o secretário de Tesouro. E que tanto brasileiros como americanos ‘disseram que a disputa do algodão não vai atrasar as negociações da Alca’.
Já a Reuters deu que ‘os EUA vêem poucos riscos no plano brasileiro de derrubada de aviões’ não-identificados, na Amazônia. A questão vinha sendo citada como uma sombra na viagem de Lula a Nova York.
Carinho
Foi Lula falar em importar mais e o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, se desmanchou todo. Declaração dele, no ‘El País’ colombiano:
– Até há pouco, o acordo dos países andinos com o Mercosul não era nem utopia e hoje, afortunadamente, é uma realidade.
No site de ‘O Estado de S.Paulo’, Uribe chamava Lula de ‘estadista’ que sabe ‘construir consenso’ e ‘desperta confiança, admiração e carinho’.
A febre
Às vésperas da viagem do presidente Néstor Kirchner para Pequim, a Argentina está com a febre chinesa. Até reportagem sobre executivos argentinos aprendendo mandarim apareceu ontem no ‘La Nacion’.
E a chancelaria argentina garante que não é verdade que os chineses tenham barrado a soja exportada pelo país, como aconteceu antes com o Brasil:
– Não há nenhum problema.
No ar
UOL e outros ironizavam em manchete, ontem, que a Câmara dos Deputados convocou até empresas aéreas para ajudar na votação do salário mínimo, hoje.
É para levar para casa ‘os parlamentares que gostariam de participar das festas de são João’, explicou a Globo News.
Tamanha expectativa foi parar nas agências de notícias dos EUA, também à espera de confirmar apoio ou não para Lula, no Congresso brasileiro.
Promessas
Não é só no Brasil que o salário mínimo é assunto de eleição.
A Fox News noticiou a ‘guerra do salário’ iniciada pelo democrata John Kerry, ao prometer aumentar o mínimo dos americanos para US$ 7 a hora, contra os US$ 5,15 de hoje.
Fazer mais
Lula ‘despencou’, afirmavam sites ontem, sobre a popularidade medida pelo instituto Sensus. Não para a estatal Agência Brasil, que achou um outro destaque, para a sua home:
– Maioria aprova Lula e acha que o governo pode fazer mais.
Web wars
Assediada por programas de software livre em implantação no Brasil, na Alemanha e agora também na França, segundo a agência AP, a Microsoft tem uma outra frente de batalha.
A concorrente Google anunciou que vai lançar um webmail gratuito, com maior espaço. Mas hoje, diz o ‘mercado’, é a vez da Microsoft de prometer seu Hotmail com maior espaço.’
FSP
CONTESTADAPainel do Leitor, Folha de S. Paulo
‘Cartas de leitores’, copyright Folha de S. Paulo,
’27/06/04
Lei eleitoral
Especialmente a partir do próximo semestre, o autor deverá ter cuidado com regras da lei eleitoral. Ele diz não ter recebido ainda recomendações da Globo, que elaborou um manual sobre o assunto em 2002. ‘Sei, por experiências anteriores, que uma novela que vai ao ar no período eleitoral tem de tratar o assunto de modo que não pareça favorecer este ou aquele candidato.’
O autor diz que, ‘como cidadão’, tem suas preferências políticas. ‘Mas não posso externá-las no trabalho. Como não consigo evitar a crítica aos políticos nas novelas, trato de fazê-la de modo geral e elejo como alvo essa figura nefanda que há em todo escaninho público do país: o demagogo, populista, falso amigo do povo.’
26/06/04
Reforma universitária
‘Diferentemente do que publicou a Folha em 24/6 (‘500 estudantes fazem protesto em audiência do MEC em Manaus’, Cotidiano), nenhum estudante ficou ferido no tumulto provocado por um grupo que obrigou o Ministério da Educação a suspender, por algumas horas, a realização da primeira audiência pública regional da reforma universitária em Manaus. A audiência foi suspensa e transferida para outro local. No tumulto, os manifestantes danificaram vários equipamentos utilizados no evento. O Ministério da Educação lamenta profundamente que a região Norte do país, que já contava com cerca de 300 representantes da comunidade acadêmica e da sociedade inscritos no evento, tenha sido privada parcialmente de debater o futuro da educação superior. Estudantes, professores e pesquisadores que participaram do evento à tarde são unânimes em afirmar que há mais de uma década o MEC não promovia nos Estados da região eventos desse tipo. O Ministério da Educação continuará o debate para encaminhar, até novembro, o projeto da Lei Orgânica do Ensino Superior ao Congresso Nacional. O incidente provocado impede que as propostas reais sobre a universidade sejam discutidas. O MEC está comprometido com a universidade pública e gratuita e com a expansão do ensino superior no Brasil. Infelizmente, a reportagem da Folha, ao publicar que dez estudantes ficaram feridos, transforma agressores em vítimas. A atitude do Ministério da Educação durante o episódio foi manter a calma e garantir a segurança de todos. A repórter que assina a reportagem não esteve nem pela manhã nem à tarde nos locais dos eventos.’ Vera Flores, coordenadora de Comunicação do Ministério da Educação (Brasília, DF)
Nota da Redação – Leia abaixo a seção ‘Erramos’.
25/06/04
Dívida municipal
‘O editorial ‘Bomba-relógio’ (Opinião, pág. A2, 23/6) faz avaliação equivocada do endividamento do município. Cita que a elevação da dívida da cidade aconteceu pela não-amortização de 20% em 2002, ignorando que ela foi contraída com os gastos irresponsáveis dos prefeitos que antecederam Marta Suplicy e que cresceu com a política de juros escorchantes estabelecida na gestão de Fernando Henrique Cardoso. Com a política de juros do PSDB na Presidência, a dívida da cidade passou de R$ 7,3 bilhões no início de 1995 para R$ 24,7 bilhões em 2002. Se a administração tivesse ‘optado’ pela amortização da dívida, teria tido de desembolsar na época R$ 3,1 bilhões de um orçamento de R$ 9,4 bilhões. Sem contar o investimento obrigatório de 31% em educação (R$ 2,5 bilhões em 2002), os 15% em saúde (R$ 1,1 bilhões) e também o gasto de 13% do total da receita para o pagamento da dívida, o município teve R$ 4,7 bilhões para dar conta do transporte público, da manutenção e limpeza urbana e do pagamento dos funcionários, entre todos os investimentos realizados no ano de 2002. Não há como supor que esta administração teria condições reais de pagar R$ 3 bilhões em amortização, pois isso implicaria o colapso de serviços públicos essenciais. Além disso, a cidade não poderia, por exemplo, contar com os sete piscinões construídos para combater as enchentes ou com o recapeamento dos grandes corredores viários. A bomba-relógio a que se refere o editorial não foi ‘armada’ pela gestão de Marta Suplicy. Ao contrário, ela tem sido desarmada a cada dia. Isso, apesar da irresponsável renegociação da dívida feita na gestão passada, que levou a uma sangria de 13% de toda a arrecadação.’ Sonia Franieck, secretária de Comunicação e Informação Social da Prefeitura de São Paulo (São Paulo, SP)
Nota da Redação – Diferentemente do que diz a missivista, o editorial afirmou que a dívida da Prefeitura de São Paulo já se revelara virtualmente impagável na gestão de Celso Pitta. Isso, no entanto, não exime a prefeita Marta Suplicy de suas responsabilidades.
24/06/04
Justiça
‘Na qualidade de procurador-geral da Procuradoria de Assistência Judiciária da capital, considerando o teor da reportagem ‘Sem defensoria, SP atende menos carentes’ (Cotidiano, pág. C4, 23/6), venho prestar os seguintes esclarecimentos. O serviço de assistência judiciária gratuita à população carente prestado pela Procuradoria de Assistência Judiciária no Estado de São Paulo foi implantado em 1947. A qualidade e a eficiência do trabalho desenvolvido são notoriamente conhecidas -quer pela população, quer pelas demais instituições e carreiras jurídicas. É necessário consignar, diferentemente do que a reportagem poderia sugerir, que todas as pessoas que comparecem ao prédio da avenida Liberdade nº 32 até as 9h30 para exame de suas respectivas pretensões são atendidas no mesmo dia, no período da manhã. Não há, portanto, limitação do número de atendimentos de pessoas. Outrossim, não existem carentes que necessitem de assistência judiciária e tenham comparecido à Procuradoria de Assistência Judiciária ou a qualquer de seus órgãos conveniados e não tenham sido atendidos. Deve-se ainda observar, quanto a eventuais dados numéricos comparativos citados na reportagem relativamente a atendimentos prestados, que seria necessário uma análise científica para extrair conclusões, cabendo levar em conta não só os aspectos quantitativos mencionados, mas também os qualitativos, além dos próprios parâmetros utilizados para a compilação de dados. Por derradeiro, cabe deixar assinalado que causa estranheza o fato de que, tratando de reportagem que versa basicamente sobre o atendimento prestado na área cível pela Procuradoria, a reportagem se tenha limitado a ouvir um procurador do Estado cuja atuação se efetua na área criminal, portanto sem conhecimento da realidade da área cível e cuja opinião não representa necessariamente a da instituição nem a dos integrantes da carreira.’ Anselmo Prieto Alvarez, procurador do Estado chefe (São Paulo, SP)
Resposta dos jornalistas Luiz Caversan e Isabelle Moreira Lima – Os dados publicados foram fornecidos pela Procuradoria Geral do Estado de São Paulo e pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.
23/06/04
Licitação
‘O editorial ‘Plataforma política’ (Opinião, 21/6) não reproduz com fidelidade a posição da governadora Rosinha Garotinho a respeito da licitação da plataforma PRA-1. Não houve denúncia, tampouco acusação contra a Petrobras. Ciosa de seu papel de legítima representante dos interesses da população do Estado do Rio, a governadora clamou apenas por maior transparência no processo licitatório, pois, de acordo com informações de que dispunha, uma empresa instalada no Rio fora preterida -a despeito de seu preço ter sido menor do que o apresentado pela vencedora. Cumpre esclarecer que, no dia seguinte, 18 de junho, a suspeição se transformou em fato substantivo: em carta à governadora, o estaleiro Mauá Jurong confirmou ter sido excluído apesar do menor valor de sua proposta. De resto, esclarecemos que a governadora Rosinha Garotinho de fato equivocou-se. A Petrobras não vai pagar R$ 80 milhões, mas, sim, R$ 104 milhões a mais para contratar a plataforma em um estaleiro baiano. Cabe à Petrobras aclarar a questão, oferecendo à sociedade não o destempero público de seu presidente, mas, sim, informações consistentes sobre o contrato a fim de que não pairem dúvidas quanto à transparência do processo.’ Ricardo Bruno, secretário de Comunicação Social do Estado do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, RJ)
Nota da Redação – O editorial reproduziu com fidelidade as declarações da governadora, que colocou sob suspeita a lisura da licitação promovida pela Petrobras.’