Monday, 04 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Nelson de Sá


‘Lula, aos pobres do Piauí e aos telejornais:


– Eu nunca vi, em nenhuma situação, nenhuma, por pior que fosse, minha mãe perder a esperança. Ela não perdia a esperança. Não tinha jeito de você ver minha mãe sentar numa mesa, mesmo quando não tinha o que comer…


Começa a chorar.


– … e perder a esperança.


Como sempre, descreveram por quase todo lado que Lula ‘se emocionou’. Não para o ‘Jornal Nacional’:


– O presidente Lula voltou a citar a mãe, como tem feito com freqüência, e chorou.


Pouco antes, ele havia se comparado ao presidente Getúlio Vargas, por defender o biocombustível.


O ‘Clarín’, com repercussão da BBC Brasil ao Globo Online, achou outro paralelo. Na tradução da BBC:


– Assim como ocorreu na Argentina há meio século, com Eva Perón, Lula representa a ascensão dos excluídos no Brasil. É um dado que se deve levar em conta, já que seus adversários não têm apoio popular.


O jornal argentino, que é próximo do peronista Néstor Kirchner, foi além:


– No Brasil, joga-se uma partida desconcertante. Um presidente é desprezado pelas elites paulistas, que querem ver um dos seus no governo. Esse mesmo presidente conta com dois apoios-chaves: tem a preferência eleitoral dos setores mais pobres e medianos; e acaba de receber um respaldo indiscutível do governo americano, via John Snow.


O ‘símbolo’ de Lula foi lembrado por Roberto Jefferson ao voltar atrás e declarar, segundo o ‘JN’, que Lula ‘não tinha qualquer ligação com os atos de corrupção’. Dele, Jefferson, nos canais de notícias:


– Eu não posso dizer uma coisa que não presenciei. Eu não posso fazer conjectura e tisnar a imagem de um homem que é um símbolo, como disse o presidente Fernando Henrique, um símbolo do Brasil.


Mas logo acrescentou, algo maledicente:


– É o nosso relações públicas.


Símbolo, imagem, Getúlio, Evita. Lula pode representar o que quiser, mas até o presidente do PT fala em convocar o Conselho da República.


Foi proposta do presidente da OAB, para quem ‘talvez o conselho ajude o presidente a encontrar caminho mais correto na forma como tem se colocado perante a nação’.


Para o petista Tarso Genro, ‘essa idéia pode se tornar chave para a saída da crise’. Mas é claro que a decisão ‘é do presidente da República’.


O símbolo, a imagem.


LULA SEM CADEIRA


No enunciado do ‘Financial Times’, ontem, ‘líderes africanos se recusaram nesta quinta a unir forças com Alemanha, Japão, Brasil e Índia na solicitação de novos assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU’. Lula perdeu, de novo.


E havia mais. Despacho da Reuters, destacado no site do ‘NYT’, anunciou que ‘China e EUA vão unir forças contra a expansão do Conselho’. Foi a primeira ação do novo e controverso embaixador John Bolton. Que ontem mesmo, segundo o ‘FT’, tratava de reduzir o significado da inusitada união sino-americana.


Longa reportagem da ‘Economist’ apontou que Brasil e China vem se distanciando, depois do ‘ponto alto’ na visita de Hu Jintao a Lula, em novembro. O texto toma por base as críticas de analistas como Roberto Giannetti e Paulo Fleury, para quem as promessas chinesas são ‘muita fumaça e pouco fogo’.


Mas a ‘Economist’ insiste que, se a ‘euforia’ anterior com os chineses era exagerada, também o é, agora, a crescente ‘desesperança’.


Muito mais


Diálogo do ‘JN’ com Marcos Valério, ontem, para quem gosta de suspense:


– Tô doido para voltar à CPI.


– Para dizer o quê?


– A verdade.


– O que mais, além do que o senhor já disse?


– Tenho muito mais para explicar ao povo. Mas lógico que eu tenho. Eu tenho muito mais para falar.


Impressionantes


Mais emoções anunciadas, ontem no ‘JN’:


– PF identificou 10 mil pessoas e empresas que mandaram dólares ao exterior ilegalmente entre 1998 e 2003… Números impressionantes: US$ 1 bi… São nomes que foram checados.


E que ficaram para um próximo capítulo.’



FSP CONTESTADA


Painel do Leitor, FSP


Sem ligação‘, copyright Folha de S. Paulo, 05/08/05


‘‘O deputado Eunício Oliveira, considerou injusto que a Folha, em sua edição de 2/8, tenha relacionado seu nome e sua foto para ilustrar o quadro ‘Congressistas envolvidos com Marcos Valério’. Injusto porque o deputado Eunício Oliveira já havia declarado, em caráter oficial, não ter nenhum envolvimento com o caso Marcos Valério. O deputado Eunício Oliveira reafirma o que a Folha já publicou no dia 28, semana passada, no ‘Painel do Leitor’ e na reportagem com o título ‘Eunício e ex-funcionária rejeitam suas participações em saques no Rural’. O deputado Eunício Oliveira relembra o que disse na referida nota: ‘A senhora Claudia Luiza jamais fez qualquer serviço bancário a meu pedido ou do meu gabinete no período em que lá trabalhou’. Cláudia Luiza de Morais -ouvida pela reportagem da Folha- afirmou que foi à agência do Banco Rural ‘para movimentar a conta do seu ex-marido, que tinha um consultório dentário’. O ex-marido de Cláudia Luiza de Morais, o senhor Yassukazu Aoe, que é dentista em Brasília, mantinha conta do Banco Rural e era ali, na agência do Brasília Shopping, na única agência da instituição em Brasília, que ele fazia suas movimentações. A ex-funcionária deixou bem claro que nunca foi ao Banco Rural para tratar de assuntos relacionados ao gabinete do deputado Eunício Oliveira.’ Jorge Rosa, assessor de imprensa (Brasília, DF)


Nota da Redação – Leia a seção ‘Erramos’, abaixo.


Coluna


‘O Opportunity repudia com veemência e indignação o conteúdo fantasioso e faccioso de coluna assinada por Luís Nassif, em 27 de julho, intitulada ‘O banqueiro e a CPI’. Luís Nassif afirma que ‘é possível que a Brasil Telecom tenha sido a grande contribuinte desse esquema político (o ‘mensalão’) -ao lado da Telemig Celular e da Amazônia Celular, as três controladas pelo Opportunity’. O fato é que, se há companhias capazes de justificar amplamente despesas por serviços prestados pelas agências SMP&B e DNA, essas companhias são Telemig Celular, Amazônia Celular e Brasil Telecom. A Telemig Celular se tornou cliente da DNA em 1998, e da SMP&B, em 2001. A Amazônia Celular se tornou cliente de ambas em 2001. No caso da Telemig Celular, 73% do montante total investido foi repassado aos maiores veículos de comunicação do país. No caso da Amazônia Celular, 61% do total. O volume que coube às agências, por contrato, foi pouco superior a 10% do total investido em qualquer circunstância. A Brasil Telecom, por sua vez, contratou serviços esporádicos a SMP&B e DNA entre o segundo semestre de 2003 e o primeiro semestre de 2005. O montante investido na SPM&B não ultrapassou 1,5% do total das despesas de propaganda e marketing no período, assim como não superou 1% no caso da DNA. Como se percebe, valores e percentuais envolvidos não parecem capazes de sustentar um ‘esquema’ nos moldes do que sugere Luís Nassif.’ Maria Amalia D. de Melo Coutrim, sócia-diretora do Banco Opportunity (Rio de Janeiro, RJ)’