‘Dizem, sobre Néstor Kirchner, presidente da Argentina, que ele põe o bode na sala para forçar uma solução.
Lula pôs o bode na sala, com a ameaça do aumento na contribuição previdenciária das empresas, e tirou. Mas também, segundo o Jornal Nacional:
– A redução da carga tributária, que iria compensar o aumento, vai ser menor.
Mas também:
– A desoneração da folha de pagamentos será adiada em um ano, de 2005 para 2006.
E ainda saíram todos elogiando:
– A Firjan elogiou a decisão do governo. O Instituto de Desenvolvimento Industrial também recebeu bem.
Até a Fiesp.
Ah, e ‘a explicação do governo é que o presidente Lula foi sensível às críticas de empresários e parlamentares’.
Mas Boris Casoy e o JN estão certos em dizer que Lula recuou ‘sob pressão’.
A pressão cresceu ao longo dos últimos dias, dos empresários para os políticos do governo e da oposição. E foi para o mundo.
Em reportagem intitulada ‘Indústria brasileira está brava com plano de aumento tributário’, o ‘Financial Times’ fez mais do que reproduzir parte da entrevista Guilherme Afif Domingos, da Associação Comercial de São Paulo, ontem ao Bom Dia Brasil.
Avaliou o ‘FT’:
– O conflito sublinha a persistente precariedade das finanças públicas do Brasil, apesar dos avanços significativos.
O episódio já ameaçava a imagem de Lula no exterior. E isso ele não permite.
O que desestabilizou de vez o plano de aumentar a contribuição previdenciária foi a outra manchete dos jornais da Globo, Record e Band:
– Arrecadação de impostos é recorde.
O ministro Guido Mantega adiantou à Globo, de manhã, que a arrecadação seria elevada. Mas seguiu afirmando ‘o excesso de recursos vai ser investido em infra-estrutura, reforma agrária e no Bolsa-Família’.
Foi desmentido, outra vez.
‘MR. M’
Cresce o ataque à Fox News de Murdoch. A tira ‘Doonesbury’ iniciou uma série em que ‘entrevista’ o empresário sobre o apoio a George W. Bush. Ele é questionado, por exemplo, sobre seu slogan ‘fair and balanced’, justo e equilibrado. E não responde (acima). O slogan, diz a agência AP, virou alvo também de uma ação de entidades liberais, alegando ‘propaganda enganosa’
TROCA-TROCA
Logo da Força,
Um dossiê do ‘Valor’ destacava ontem que, com o ex-líder sindical Lula no poder, as centrais sindicais é que estão em polvorosa. ‘Cerca de cem sindicatos mais à esquerda devem deixar a CUT’, por conta do apoio ao governo, e formar central própria. Para compensar, ‘outros sindicatos antes ligados à Força migram’ para a CUT -desgostosos da vinculação com a campanha para prefeito de Paulinho, licenciado da Força, mas nem tanto. A Força, por sua vez, garante que está crescendo com a chegada de sindicatos ‘que antes eram independentes’.
Lula mudou?
Hoje tem cerimônia com Lula e suas dezenas de ministros para a instalação formal da tal Câmara de Desenvolvimento.
Diz ‘O Globo’ que o presidente ‘antecipou aos principais líderes do PT que a Câmara é o primeiro passo para uma guinada que ele pretende promover em janeiro’. Ele teria mostrado ‘disposição de ceder à pressão do PT por ajustes na política econômica’.
FHC mudou?
Repercute a entrevista de FHC à revista ‘Primeira Leitura’, em que ele defendeu uma ‘pedagogia democrática’ para o debate sobre a dívida pública interna.
Ciro Gomes, que em campanha defendeu algo parecido, estaria se ‘divertindo’, mas achando que é ‘armadilha’ tucana.
Calote, não
FHC, de todo modo, garante a ‘O Globo’ que não queria ‘dizer que é preciso preparar o distinto público para um suave calote’. Foi só para dizer que ‘é preciso mostrar de onde veio a dívida’.
‘Amigos’
A Voz da América destacava ontem que a odiada (por Hugo Chávez) Organização de Estados Americanos decidiu enviar, como chefe da delegação de observação do referendo que pode derrubar Chávez do poder, na Venezuela, um embaixador brasileiro.
Intelectuais brasileiros podem já ter feito abaixo-assinado por Chávez, mas faz tempo que Lula não posa com o ‘amigo’.
Alarme
Começou, como adiantava dias atrás o site Nomínimo, a grita contra o Brasil que Lula levou a ser um dos maiores poluidores do mundo. O site da ‘Nature’ diz que um relatório da Conservação Internacional, sobre o ‘fim’ da savana, disparou o ‘alarme’.
Paciência
Na Globo On Line:
– Paciência. Para o meia Alex, é a palavra-chave para a vitória do Brasil contra o Uruguai.
O jogo é hoje. Para Alex:
– Tem que jogar sem inventar.
Lula vai fazendo escola.’
***
‘Sem cerimônia’, copyright Folha de S. Paulo, 22/07/04
‘A insistência no tema foi parar nas manchetes do Jornal da Record:
– Planalto nega que José Dirceu, coordenando programa de crescimento, se sobreponha a Antonio Palocci.
Por todo lado, era o que diziam os petistas. Do presidente deles, José Genoino:
– O ministro Antonio Palocci sai fortalecido.
Denunciando sem querer o que acontecia, a Globo News destacou que ‘Palocci manteve o prestígio’.
Em futebol, é o que dizem de um treinador que não vai nada bem de prestígio.
No UOL News, Fernando Rodrigues comentava que dois movimentos indicam que a ‘ala política’ avança, em detrimento da ‘econômica’.
O primeiro foi a derrubada do aumento na contribuição previdenciária, que levaria o PT a perder apoio empresarial, com ‘reflexo já na eleição’.
O segundo foi a cerimônia da Câmara de Desenvolvimento, com 17 ministros, discurso de Lula etc. É parte do ‘retorno gradual de Dirceu ao poder que tinha no governo’.
Que o diga a Globo News, que sublinhou publicitariamente, na cobertura da unção do chefe da Casa Civil, ontem:
– Governo quer desenvolvimento e emprego.
Quem não quer?
Ainda é nebulosa mais essa câmara, por mais que se esforçasse o porta-voz de Lula, André Singer, ao vivo na Band News e depois nos telejornais:
– As funções estão claras.
‘Não há sobreposição’, garantia ele, com a Câmara de Política Econômica a ser presidida pelo ‘prestigiado’.
Mas aí perguntaram se haveria cerimônia semelhante, com Lula e suas dezenas de ministros, para a posse de Palocci em sua câmara. O porta-voz disse não ter conhecimento.
E que o ministro seria só oficializado no cargo.
LÁ E CÁ No rastro da ameaça de Lula de elevar impostos, o tucano Geraldo Alckmin lançou comercial dizendo que ‘reduziu impostos dos calçados, das roupas’ etc. Com ‘menos imposto, mais emprego’
Devastação
Enquanto o petista José Genoino e o pefelista Jorge Bornhausen ainda saudavam a derrubada da elevação na contribuição previdenciária, na CBN, a Federação do Comércio de SP acordava.
E saía criticando, na Globo On Line, o adiamento da desoneração da folha de pagamento, decidido pelo governo no lugar do aumento na contribuição. Do presidente, Abram Szajman, de volta ao tom de apocalipse:
– Os efeitos são devastadores.
Esqueleto
Os tucanos fazem até comercial, dizendo que eles cortam impostos. Mas os petistas lutam para lembrar que as dívidas com os aposentados vieram deles, os tucanos. Do ministro Guido Mantega, nos telejornais:
– Vamos cobrir a diferença com excesso de arrecadação até achar outra solução para o esqueleto do governo anterior.
É um pouco tarde, depois do escândalo da contribuição.
Lembrete
Os elogios ao Brasil na Conferência Mundial de Aids, na Tailândia, podem dar a impressão de que vai tudo bem, aqui.
Mas o site Carta Maior avisa, em texto do Gapa, o Grupo de Apoio e Prevenção à Aids, que o avanço na terapia não pode desviar os olhos da prioridade à prevenção. E cobra levar o debate ‘ao cotidiano das pessoas’.
Caos
O sociólogo Alain Touraine, no ‘El País’, mostra-se preocupado com a América Latina e dá o Brasil como exemplo:
– Em países nos quais se produziu a vitória de um partido ou homem que reclamava mudanças, não acontece nada.
E prenuncia o horror:
– As esperanças frustradas podem se manifestar na forma de rebeliões… Nem tanto o perigo de revolução, mas caos.
Enigma
O economista Jeffrey Sachs, no ‘La Nación’, escreve que ‘um dos maiores enigmas da economia mundial é o mau desempenho da América Latina’ -que liberalizou, privatizou etc.
Então, ‘como se explica?’. Ele não descarta a desigualdade, mas critica mais a desatenção à ‘revolução tecnológica’. E acaba dando alguma esperança:
– A situação não é desesperadora. O Brasil tem se mostrado uma potência exportadora tecnológica, com sucesso em aviões e alimentos não-perecíveis.
Dois editoriais
Diante do vaivém nas negociações comerciais, por todo lado, o Brasil ao menos tem com a simpatia dos editorialistas do ‘Wall Street Journal’ e do ‘New York Times’, que saíram a campo contra o protecionismo americano nos camarões e em outras áreas de exportação nacional.
MAOÍSMO
Na fina ironia do ‘Times’ de Londres, ‘pouco se sabia do interesse de Bill Clinton por Mao Tsé-Tung’. Mas ele existe, segundo reportagem de ontem, ainda que só na tradução para o mandarim da biografia do ex-presidente americano. No livro, diz o ‘Times’, ele até cita um ensinamento do líder chinês:
– Se você quer conhecer o sabor da pêra, você mesmo deve comê-la.
Pior, Clinton em versão maoísta censura as próprias críticas ao desrespeito da China aos direitos humanos.
Por aqui, é o ministro Aldo Rebelo, do PC do B, quem anda citando Mao, segundo o ‘Painel’ da Folha, às vésperas de sua viagem para a China, depois de amanhã. Ensinamento maoísta destacado por Rebelo, em mensagem aos funcionários de seu ministério:
– Mantenha a modéstia e a prudência, evite a arrogância, mantenha a árdua luta.
E trate de agradar a economia que só faz crescer.’
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‘Até autoridades’, copyright Folha de S. Paulo, 23/07/04
‘Para a Globo, nas manchetes do Jornal Nacional, trata-se de um caso de ‘espionagem comercial’ que ‘envolve dois gigantes da telefonia’. E ‘os arapongas investigam até autoridades do governo’.
Uma espionagem cujos ‘detetives de aluguel vasculharam a correspondência de Luiz Gushiken, antes de se tornar ministro da Secretaria de Comunicação’. E tome explicação de Gushiken. E tome declaração do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de que ‘o governo está apurando esses fatos, para não fazer injustiça, desde março’.
A rádio CBN, da Globo, foi na mesma linha, concentrando-se na espionagem do ‘alto escalão’, na decisão do governo de ‘ir à Justiça’. Ouviu o presidente do PT, José Genoino.
Já o ‘Financial Times’ e o ‘New York Times’, em reportagens adiantadas ontem, concentram-se no banco Opportunity, que contratou a ‘investigação’ -e que representa o americano Citigroup no Brasil.
O ‘FT’ dá a reação de Gushiken, mas nota que ‘o episódio vem depois de escândalo envolvendo um alto funcionário do governo’, Waldomiro Diniz.
Sobre o Opportunity, diz que é ‘controlado por Daniel Dantas, considerado um dos mais astutos banqueiros do país, que age em defesa do Citigroup’. E encerra descrevendo que ‘a privatização das telecomunicações em 1998’ está sob investigação, ‘para determinar se o Opportunity ou funcionários do governo agiram ilegalmente’.
O ‘NYT’ diz que ‘a disputa empurra o Citigroup para um indesejado foco de luz no maior país da América Latina’. E também perfila Dantas:
– Um jogador agressivo na privatização das telecomunicações nos anos 90, ele tem estado no centro de várias disputas acionárias e legais. Até aqui, o Citigroup tem se mantido ao seu lado, apesar da especulação de que busca saídas para seus investimentos no Opportunity.
De sua parte, a oposição ainda está confusa sobre como reagir. O governador Geraldo Alckmin defendeu investigação, na Jovem Pan, mas sobretudo defendeu seu secretário Andrea Calabi, mencionado no episódio.
Para Alckmin, não existe ‘qualquer possibilidade de envolvimento’ do secretário.
EQUILÍBRIO
Demorou semanas, mas a ‘Economist’ respondeu às críticas que recebeu do Ministério da Agricultura, por relativizar a propriedade da Amazônia brasileira pelo Brasil. E a revista respondeu com um tijolo. Uma das versões de sua nova capa é dedicada ao tema.
A ‘Economist’ não teme, ao contrário de outros, defender com todas as letras que ‘as florestas tropicais do mundo são dos países mais pobres que elas cobrem -mas ao mesmo tempo elas são uma propriedade global’. E mais, ‘é preciso achar um equilíbrio entre os interesses locais e os interesses globais’. E mais, descreve os países com florestas tropicais como ‘proprietários-ocupantes’. Ironiza o Ministério da Agricultura e sua crítica, dizendo que ‘o jeito mais fácil de irritar funcionários brasileiros é sugerir que a Amazônia pertence mais à humanidade do que ao Brasil’.
Para não provocar demais, a revista diz que ‘não se deve negar aos países os benefícios’ de destruir parte ou ‘todas’ as florestas. Busca argumentar -e convencer- que os próprios países destruidores saem perdendo.
E propõe que se crie, para estimular nações como o Brasil a parar com a destruição, uma forma de levar os países ricos e demais ‘beneficiados’ a pagar pela floresta.
CONCILIAÇÃO
Na ‘Economist’, a estrada que rasga a Amazônia
A ‘Economist’, para provar que não está tão contra o Brasil, dá como sustentação de sua opinião sobre a Amazônia uma reportagem sobre a BR-163, cujo trecho mais controverso vai de Cuiabá a Santarém. Segundo a revista, ‘o projeto da rodovia na Amazônia pode ser a tentativa mais arrojada de conciliar crescimento e conservação’ da natureza. Por outro lado, como demonstra a própria reportagem, pode não ser.
Campanha
A Globo pressionou o governo até o limite, por uma campanha de desarmamento -e agora está ela própria em campanha, como nunca. Até a idéia de um Dia dos Avós dedicado a entregar armas é destaque.
Do Jornal Nacional ao Jornal da Globo, dos telejornais locais ao Bom Dia Brasil, do Hoje ao JN de novo, o esforço de desarmamento é notícia sem trégua -ainda que o Rio, sede e atenção maior da emissora, não seja das regiões mais destacadas na entrega das armas.
Articulador
A campanha global tem tamanho impacto que já disputam, em Brasília, os louros.
Segundo o site da Agência Nordeste, o senador Renan Calheiros, descrito como ‘principal articulador do Estatuto do Desarmamento no Senado’, avaliava ontem que ‘a campanha pegou’, que é ‘uma vitória da cidadania’ etc.
Não é fácil
Jornal Nacional, Jornal da Record e toda a cobertura de TV e web levaram a nova queda no desemprego às manchetes. Mas o Jornal da Band já observava, um dia antes, que ‘na prática’ o emprego segue escondido. São todas ‘boas notícias’:
– Mas não é fácil achar as vagas citadas nas pesquisas.
O JN, ontem, também já relativizava a estatística.
Há vagas
Na home do UOL, ontem à tarde, na seção UOL Empregos, o destaque era inusitado:
– Agência Brasileira de Inteligência oferece 166 cargos.
Tem vaga para psicólogo, engenheiro, para quem fala mandarim, árabe. Quase todos serão ‘analistas de informações’.
Mudança
Esta coluna, a partir de agora, passa a ser publicada de segunda a sexta-feira, diariamente.’
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‘Ordens’, copyright Folha de S. Paulo, 26/07/2004
‘José Dirceu sai para uma semana de folga. Vai ver Fidel.
Na semana que passou, ele ganhou sua Câmara de Desenvolvimento Econômico, ganhou sua cerimônia com Lula e 17 ministros e apareceu no ranking da ‘Veja’ como ‘Sobe’, não mais ‘Desce’. Em resumo, ganhou o poder de volta -e não poderia viajar sem deixar as ordens.Falou para Record, Globo e outras sobre a notícia da Folha, de que ‘no material reunido pela Kroll, Dirceu aparece como o mais monitorado integrante do primeiro escalão’. E ele:
– A ordem do presidente é apurar, ir a fundo e punir.
E a questão ‘é o ministro da Justiça que está cuidando’.
Também não poderia viajar sem falar, para comentaristas e reportagens que seguiram tratando ontem de sua disputa com o ministro Antonio Palocci:
– Já falei que é ilusão achar que, depois de 23 anos de lutas, depois de dez anos trabalhando para chegarmos à Presidência, nós vamos nos desentender.
Até para a campanha eleitoral deixou ordens, ele que comandou a reunião do PT que tratou de acertar os discursos:
– Temos o que apresentar à sociedade. Estamos crescendo mais do que na época do Real.
Agora ele vai para Cuba, com escala no Amazonas. O debate da Band, com Marta e Serra, e toda a campanha eleitoral que aguardem até ele retornar.
A HERDEIRA
A opinião pública redescobre a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) em reação às queimadas na Amazônia. O site Nomínimo destacou ontem que agora ela ‘dá as cartas’. Faz ‘vasta blitz contra incêndios’, com Exército e Marinha, além do Ibama, e conseguiu ‘pôr o meio ambiente no coração’ de Antonio Palocci, ou seja, conseguiu dinheiro. É para fazer juz ‘ao cargo de herdeira de Chico Mendes’.
Choradeira
A três semanas da propaganda eleitoral, os custos assustam e se tornam notícia. Segundo ‘O Globo’, ‘a choradeira é geral’.
E voltam os defensores, como João Paulo (PT) e Roberto Freire (PPS), na Agência Nordeste, da Lei Falcão ou quase: câmera na mão e político na frente, falando. Não tem volta, não adianta.
Antes, os Jogos
O horário eleitoral vai começar junto com os Jogos Olímpicos, como propagandeava ontem o locutor Galvão Bueno. Deve adiar ainda mais a campanha que já demora a alçar vôo.
O conflito
O Brasil venceu. Foi ‘injusto’, disse o ‘Clarín’. A Argentina ‘merecia’, disse o ‘La Nación’.
A alegoria do conflito passou -e o conflito real persiste. Mas Andres Oppenheimer se esforça por mostrar que vai tudo bem. O colunista do ‘Miami Herald’ dá como exemplo a integração dos consulados dos dois países. O primeiro será em Boston (EUA). É para economizar, claro.
Equilíbrio
O jornalista Larry Rohter, do ‘New York Times’, que quase foi expulso do Brasil por Lula, ressurgiu em reportagem sobre a lei de abate de aviões, que o UOL traduziu ontem. Ele deu os argumentos brasileiros, relatou as críticas, foi equilibrado.
Hollywood
Canais de notícias e jornais americanos pareciam ter um único destaque, ontem: vem aí a convenção democrata.
Frank Rich, colunista do ‘NYT’, entrou lateralmente na cobertura escrevendo sobre ‘The Manchurian Candidate’, novo filme de Jonathan Demme (‘O Silêncio dos Inocentes’) que estréia junto com a convenção.
Seria ainda mais ‘liberal’ -alguns dizem mais eleitoral- do que ‘Fahrenheit 9/11’.
Orkut
Não é só o espião da Kroll que viaja no Orkut. A onda pegou tanto que tem gente do Planalto: ele se autodescreve como de ‘esquerda liberal’ e com humor ‘seco/sarcástico’.
O ‘Fantástico’ no Uzbequistão
Em ‘clima de despedida do Sucatão’, como notou o colunista Villas-Bôas Corrêa, Lula partiu para a África.
Mas é outra viagem pelo mundo que a Globo vem destacando. O jornalista Zeca Camargo estava até o fim de semana no Uzbequistão, onde encontrou brasileiros e, mais importante, pulou um Carnaval ‘surreal’, com ‘mambo’ e passistas de nomes Ludmila, Natasha etc. Depois, um capítulo da global ‘Mulheres Apaixonadas’, dublada para o russo.’
JORNALISTAS AGREDIDOS
‘Pitgirls em noite de fúria’, copyright O Globo, 24/07/04
‘Duas estudantes que saíam ontem de madrugada da boate Baronneti, em Ipanema, agrediram uma equipe de reportagem da TV GLOBO que trabalhava em frente à casa noturna, danificando uma câmera e um equipamento de iluminação. Sandra Regina Tenório, de 26 anos, e Juliana Asth Leal Ferreira, de 19, foram autuadas por lesão corporal na 14 DP (Leblon) por terem agredido a equipe de três funcionários da emissora, além de um freqüentador da casa. Sandra também vai responder por dano por ter quebrado os equipamentos. Uma terceira amiga delas, Luciana Nunes, de 36 anos, também foi autuada por lesão corporal por ter tentado agredir os jornalistas na porta da delegacia.
A confusão começou por volta das 4h na Rua Barão da Torre, em frente à boate. Um freqüentador da Baronneti, o estudante de direito Daniel Ramos de Arruda Campos, de 22 anos, tinha acabado de ser retirado de lá por seguranças, após levar um soco na boca. Ele não soube a quem atribuir a agressão e chamou a polícia.
– Estava escuro e eu recebi um soco na hora de pagar a conta. Esta violência está demais – disse Daniel, com o lábio inferior cortado.
Segundo o dono da casa, Rick Amaral, Daniel estava exaltado na hora de pagar a conta e por isso foi retirado, sem violência. Rick garantiu que o soco não foi desferido por seguranças.
Na DP, acusações mútuas de agressão
Enquanto a equipe de TV filmava o tumulto na Rua Barão da Torre, em frente à Baronneti, uma mulher saiu da boate sangrando. Quando o repórter cinematográfico Diógenes Melquiades Silva foi registrar a cena, Sandra partiu em sua direção e tentou tomar-lhe a fita, para proteger a amiga. O cinegrafista contou que, exaltada, a mulher – que mora na Rua Vinícius de Moraes, em Ipanema – xingou a equipe e também agrediu a socos e empurrões o iluminador Roberto Martiniano. Diógenes ficou com as mãos feridas e, assim como Roberto, com arranhões pelo corpo.
– O problema com as mulheres aconteceu na rua e não tem nada com a casa – disse o dono da Baronneti.
No depoimento dado à polícia, Diógenes disse que Juliana, moradora do Bairro Peixoto, ajudou Sandra na agressão. Diógenes e Roberto negam que tenham revidado. Já Sandra e Juliana alegam no depoimento que pediram que a amiga não fosse filmada. Sandra admitiu que tentou tirar a câmera do cinegrafista e que, nessa tentativa, foi agredida. Já Juliana alega que tentou ajudar a amiga tirar a câmera dos repórteres e foi agredida.
A repórter Renata Lyra, que não se envolveu na briga, contou que as duas mulheres agrediram o cinegrafista e o iluminador. Segundo ela, quando a equipe gravava um depoimento de Daniel distante da porta da boate, Sandra e Juliana voltaram a agredir a equipe e também Daniel.
Quando decidiram levar todos para a delegacia, os PMs tiveram trabalho para pôr Sandra e Juliana dentro da patrulha. Na chegada à DP, mais tumulto: as duas, já acompanhadas de Luciana, que mora no Leblon, xingaram e tentaram agredir a equipe de TV outra vez. As três permaneceram quase seis horas na delegacia, onde chegaram a dormir antes de prestar depoimento. Liberadas para responder em liberdade à acusação, Sandra e Luciana saíram rindo e debochando. Juliana fez sinais obscenos para as câmeras.
Os repórteres da emissora não deram entrevista. O delegado Maurício Demétrio pediu a fita gravada para incluir no inquérito.’