‘No dizer de Fátima Bernardes, na Globo, o ministro Humberto Costa e o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, ‘bateram boca’.
Foi mais. Segundo a rádio CBN, ‘houve insultos pessoais e socos na mesa’.
De todo modo, o Jornal Nacional foi contido e reproduziu tão-somente o seguinte, de Bornhausen:
– Saúde é coisa séria. Não é para fazer política. Nem para ser candidato a governador de Pernambuco. Nem para fazer arbitrariedade e ilegalidade.
Falava da intervenção nos hospitais do Rio.
Resposta de Humberto Costa, no trecho reproduzido pelo JN -das imagens da TV Senado que, ao vivo, haviam mostrado muito mais:
– Neste país existe Lei de Responsabilidade Fiscal e, no entanto, um prefeito que deixa faltar medicamento não sofre nada e ainda quer fazer discurso político de grande gestor.
É a campanha para 2006.
O senador pefelista, na avaliação da Folha Online, ‘tenta reverter o prejuízo à imagem da pré-candidatura pefelista à Presidência’, do prefeito do Rio, Cesar Maia.
Já o ministro petista ‘tenta jogar a responsabilidade pela intervenção, suspensa em parte pelo Supremo, na ineficiência da Prefeitura do Rio’.
Talvez para não ficar atrás, não demorou e ontem um tucano foi para cima de um petista, no braço, na Câmara Municipal de São Paulo.
O SPTV exibiu longamente o grotesco embate entre os nobres parlamentares.
NO BRAÇO
Protagonizada pelo tucano Dalton Silvano e pelo petista João Antônio, segundo o SPTV, a ‘briga’ na Câmara paulistana teve cenas violentas -que o Jornal Nacional, depois, preferiu não mostrar
Vai mal 1
‘Problema no quintal’, anunciou o título da ‘Economist’ sobre a América Latina:
– Após quatro anos, George W. Bush está prestando atenção. Por que o súbito interesse? Porque as coisas vão mal.
A democracia pode ‘sofrer reveses’, os EUA perdem influência e não emplacam seu candidato na OEA, enquanto cresce a da China. O que fazer?
Para começar, diz a revista, ‘parar de chamar de quintal’. E começar a investir:
– A esperança de estabilidade é uma América do Sul mais rica. Os EUA podem fazer mais.
Vai mal 2
‘Vitória do Brasil’, bradaram manchetes do JN ao Jornal da Band. Era ratificação da decisão da OMC, de 2004, contra o subsídio europeu ao açúcar.
Mas as coisas não vão bem na Organização Mundial do Comércio, avisa a ‘Economist’. As conversas para a liberalização do comércio ‘simplesmente perderam todo o ânimo’.
A revista admite que ‘soa alarmista’, mas reafirma que desta vez há risco de tudo se perder -e avalia que ‘a culpa pelo estado lamentável é muito ampla’. Vai do Brasil e da China à União Européia e aos EUA.
OS BRAÇOS DOS BANQUEIROS
O UOL traduziu e destacou a longa entrevista de Chico Buarque ao ‘El País’. Um dos trechos sobre Lula:
– Eu votei nele e continuo tendo confiança. São estreitas as margens que tem para mudar as coisas e há parcelas da esquerda impacientes. Mas a sua obrigação é governar para todos. Além disso, não foi só a esquerda que o elegeu, mas outros setores amplos da sociedade. Em vez de ter ciúme, devíamos estar próximos dele, porque, acredite, os braços dos banqueiros são confortáveis… Creio que votaria nele de novo. Pelo menos está realizando algumas das coisas que se esperavam dele.’
FSP
CONTESTADAPainel do Leitor, FSP
‘Serviço ‘, copyright Folha de S. Paulo, 29/04/05
‘‘No dia 27/4, na seção ‘A Cidade É Sua’, foi publicada a reclamação da senhora Débora Aparecida de Oliveira sobre o Detran sob o título ‘Poupatempo atrasa bloqueio de documentos’. Entretanto em nenhum momento o Poupatempo foi procurado para prestar esclarecimentos sobre o assunto -e a Folha procurou o Detran. Mas ao programa Poupatempo coube o título negativo e injusto da reclamação da senhora Débora. Entramos em contato com o cidadão reclamante para apurar os fatos, como de costume. Na ocasião, soubemos que a reclamação não era sobre o serviço de bloqueio do veículo -solicitado pela cidadã no Poupatempo Itaquera no dia 4 de fevereiro, que foi protocolado no Detran no dia 10 de fevereiro (protocolo 0011733.1/ 2005, veículo placa BRH 7639), um dia após a Quarta-Feira de Cinzas, e teve bloqueio efetivado no sistema no dia 16 fevereiro, antes do prazo de 15 dias úteis estabelecido para a realização do serviço-, mas, sim, um questionamento sobre a possibilidade de um condutor transitar com o carro no nome da cidadã e também sobre quem arcará com as multas e a pontuação na carteira de habilitação. Informamos ainda que, em 22/3, o veículo já havia sido transferido para o nome da nova proprietária.’ Fabíola de Paiva e Daniela Queiroz, assessoras de imprensa do Poupatempo (São Paulo, SP)
Resposta da jornalista Fernanda Bassette- A leitora Débora Aparecida de Oliveira, em e-mail, reclamou tanto da demora no bloqueio do documento (o que, segundo ela, não tinha ocorrido até 24 de abril) como da possibilidade de um condutor transitar com o documento em nome dela. Em relação ao título da reportagem, leia a seção ‘Erramos’ abaixo.’
KAJURU CONDENADO
Adriana Chaves
‘Kajuru é condenado a prisão em regime aberto por 18 meses ‘, copyright Folha de S. Paulo, 29/04/05
‘O radialista Jorge Reis da Costa, 44, o Jorge Kajuru, foi condenado pela Justiça de Goiás a 18 meses de detenção em regime aberto e ao pagamento de 200 dias-multa (cerca de seis salários mínimos e meio) pelo crime de difamação. Ele se apresentou ontem à Justiça goiana para saber em que condições cumprirá a pena. A ação está transitada em julgado, ou seja, não cabe mais recurso.
Na noite de anteontem, José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça e um dos advogados que cuidam da defesa de Kajuru, disse que a estratégia para o caso de condenação já estava montada.
‘Se ele realmente for preso, será o primeiro caso. Tentaremos reverter o caso com um habeas corpus ou então pedir a transferência do cumprimento da pena de Goiânia para São Paulo, que é onde ele mantém residência’, disse.
A acusação contra Kajuru partiu das OJC (Organizações Jaime Câmara), afiliada à Rede Globo, e de seu presidente, Jaime Câmara Júnior. Em seu programa esportivo na Rádio K, que mantinha em Goiânia, no dia 24 de janeiro de 2001, o apresentador classificou a TV de ‘oportunista’ pela forma com que teria obtido os direitos de transmissão do Campeonato Goiano de Futebol.
‘Por que o governo deu de presente para ela [OJC]? Fizeram uma tabelinha, ele [o governo] e a Jaime Câmara […]. É a famosa história do oportunismo. Ela [OJC] usou de má-fé, usou a história do ‘se colar, colou’. É sempre assim, de oportunismo’, disse Kajuru na época, segundo relata a sentença.
Kajuru foi condenado no dia 20 de junho de 2003. Sua defesa ingressou com recursos no Tribunal de Justiça e no STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas não conseguiu reverter a decisão. Envolvido em várias ações, essa é a primeira condenação definitiva de Kajuru.
Ele deverá se apresentar no dia 28 de maio à 12ª Vara Criminal de Goiânia e, a partir do dia seguinte, recolher-se diariamente, das 20h às 6h, na Casa do Albergado Guimarães Natal, na capital goiana. Também deverá cumprir as regras estabelecidas pela 4ª Vara de Execuções Penais e não poderá deixar a cidade sem autorização.
Um de seus advogados, Marcelo Nascente Gomes, informou que encaminhará uma carta precatória ao juiz de Execuções Penais de Goiás para que Kajuru possa se apresentar à Justiça em São Paulo, onde vive, no dia 28 de maio.
Gomes disse que ingressará ainda com uma ação revisional criminal pedindo a modificação da sentença, no TJ, mas dificilmente ela será apreciada antes do cumprimento total da pena. ‘É mais uma forma de registrar a indignação da defesa. Isso é possível quando entende-se que houve excesso. Pessoalmente, questiono a acumulação de pena.’
De acordo com o advogado, Kajuru foi condenado a nove meses por difamar a OJC e a outros nove por atingir seu presidente.
Kajuru disse estar ‘estarrecido’ com a decisão da Justiça goiana. ‘Por fazer jornalismo investigativo, jornalismo de opinião, eu fiquei surpreso com a decisão porque em 30 anos [de profissão] eu venci 101 processos.’
Kajuru atribuiu sua condenação a uma falha do advogado Marcelo Nascente Gomes, que perdeu o prazo para entrar com o recurso no STJ e tentar reverter a condenação em 1ª instância.
‘Num dos poucos processos pendentes que eu tinha, fui perder exatamente o processo mais embasado, com cópia de contrato, com cópia de tudo o que eu falei. E na verdade eu não perdi esse processo, porque eu não pude recorrer à Brasília -onde eu ganharia, como ganhei todos.’
‘No fundo, eu acabo ficando orgulhoso porque, em um mundo em que o que mais falta é opinião, eu ser condenado por um suposto crime de opinião significa para mim algum sorriso em meio a uma tristeza desse atentado à liberdade da imprensa que eu sofri’, disse o radialista.
Apesar da condenação, o radialista manteve as acusações do processo. ‘Como é que pode um governo dar a uma emissora de televisão um contrato de exclusividade de um campeonato de futebol e ainda dar um patrocínio? Foi isso que eu critiquei.’ Colaborou PAULO GALDIERI, da Reportagem Local’