‘Ganhou atenção aqui e na Argentina uma declaração de Lula no Rio:
– Eu confesso que quase não venho, de sofrimento.
Falava do primeiro tempo do jogo com a Argentina, mas nos telejornais e outros surgiu em meio ao escândalo.
Só em Buenos Aires a frase foi aparecer, ridicularizada, no meio do futebol. Na home page do ‘Clarín’:
– O presidente Lula admite: ‘Nunca sofri tanto’.
E no Congresso avançou o ‘sofrimento’ real.
Começou à tarde o show da CPI dos Correios. Ao vivo na Band News, Globo News e nos canais legislativos, lá estavam Jefferson Péres, Heloísa Helena e colegas.
Mas, pelo menos ontem, os protagonistas do ‘impasse’, no dizer da escalada do ‘Jornal da Record’, foram o petista Aloizio Mercadante e o tucano Arthur Virgílio.
Na primeira manchete do ‘Jornal Nacional’, ‘Congresso instala CPI, mas sessão é adiada por falta de um acordo entre o governo e a oposição’.
E nada de decisão, até terça. O que não quer dizer que faltou emoção ao espetáculo, ontem, em especial da parte do PFL de Agripino Maia.
E vem CPI por aí. Segundo a Globo News, ‘Renan Calheiros avisou que vai aceitar todos os pedidos’.
Então, tome a governista CPI da Compra de Votos, ontem na Folha Online:
– Base aliada cria CPI para investigar o suposto pagamento de mesada pelo PT e denúncias de compra de votos na emenda da reeleição de FHC.
E tome a oposicionista CPI do Mensalão, na Globo News:
– Deputado Raul Jungmann, do PPS, anunciou que já tem as assinaturas. Vai aguardar um pouco para entregar com maior número de deputados.
Segundo o ‘JN’, o Senado tem ainda uma terceira CPI sobre o mensalão.
Enquanto isso, o pivô Roberto Jefferson ‘mandou recados’, no dizer do ‘JN’. Entre outros, por José Múcio:
– Ele pediu que eu avisasse ao país que não tem fitas.
É porque, segundo o colega emissário, ‘fitas são coisa de araponga, coisa que ele não é’. O blog de Jorge Bastos Moreno atribuiu outras declarações a Jefferson:
– Não, eu não vou detonar o governo. Eu vou detonar o PT, vou provar o esquema montado pelo PT. Para isso, infelizmente, vou arrastar algumas pessoas do PP e do PL.
No mundo, a repercussão avança. Ontem foi a vez do ‘Los Angeles Times’ e de novo -agora em tom preocupado e algo crítico em relação a Lula- do ‘Financial Times’:
– Esta não é uma boa semana para Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente brasileiro enfrenta sua crise mais séria desde que assumiu.
CADA VEZ PIOR
Na ‘Economist’ (à esq.) e na Globo, cenas da Bolívia
Na CNN em espanhol, as imagens são de confrontos, incêndios, ambulâncias. E o enunciado recorrente, na barra de informações, é ‘cada vez pior’. Para a enviada da Globo, ‘as manifestações paralisam o país há 20 dias’ e o perigo agora é ‘guerra civil’.
Mas para a cobertura no Brasil só importa o gás. Foi o que concentrou a atenção do ‘JN’:
– Segundo o sindicato das empresas distribuidoras, nas residências não há risco de faltar gás.
Para a ‘Economist’, a Bolívia está ‘encurralando o gás e a democracia’, no título da reportagem. O ‘caos’ do país rendeu editorial, avaliando que ‘a democracia ainda precisa de socorro’ na região e cobrando o papel para a Organização dos Estados Americanos:
– É a América Latina -e não os EUA- que mais tem a ganhar com a proteção à democracia.
Também em editorial, o ‘Los Angeles Times’ foi na mesma linha e culpou a ‘falta de tato’ de George W. Bush e a ‘imaturidade de muitos líderes de esquerda, a começar de Lula’, pela rejeição da OEA como garantia da democracia no hemisfério.
O que será
Do comentarista do ‘JN’:
– As preliminares têm peso menor do que se imagina. Basta lembrar a CPI do Collor. Aliás, ela se chamava CPI do PC Farias. O governo fez questão de limitar as investigações. E colocou na presidência um deputado fiel. Nada adiantou e Collor entrou na roda… Portanto, vamos para as investigações. E o que tiver de ser será.
Pouco tempo
Do blog tucano E-agora:
– Os grandes meios que mantinham doses exageradas de boa vontade com o governo têm pouquíssimo tempo para fazer uma inflexão em sua política editorial, adotando uma posição mais independente… Mas ao que tudo indica já começaram a fazer tal inflexão.’
FSP
CONTESTADAPainel do Leitor, FSP
‘Usina ‘, copyright Folha de S. Paulo, 10/06/05
‘‘A propósito da reportagem ‘Severino faz lobby a favor de usina de amigo’ (Brasil, 3/6), presto, como diretor-superintendente da Destilaria Gameleira S.A., as seguintes informações: 1. O deputado Armando de Queiroz Monteiro Neto, presidente da CNI, não tem nenhuma ligação -seja de natureza societária, administrativa ou comercial-com a Destilaria Gameleira S.A.; 2. As alegações de que a Destilaria Gameleira se utilizou, em algum momento, de trabalho escravo ou degradante não condizem com a habitual orientação de apego à verdade, característica que sempre destacou esse jornal. Jamais a Destilaria Gameleira sofreu autuação por sujeitar seus trabalhadores a condições degradantes ou análogas às de escravidão. Os autos de infração referidos na reportagem, que, indevidamente, serviram de supedâneo à inscrição no Cadastro de Empregadores de Trabalho Escravo, em nada refere a essas condições, as quais todos nós repudiamos veementemente. 3. Não obstante a certeza de inexistência de trabalho em condições degradantes ou análogas às de escravidão, pontificamos que todos os autos de infração que embasaram a impertinente e descabida inscrição foram lavrados em 25 de janeiro de 2001 e que, de outro lado, a lei nº 10.803/2003, que especificou as hipóteses tipificadoras dessas infrações, só foi editada em 11 de dezembro de 2003, ou seja, um ano e dez meses depois da lavratura dos autos de infração. Não poderia, obviamente, nenhum auto de infração anterior à citada lei antecipar os termos da legislação à época inexistente. 4. Ainda que os processos administrativos relativos aos autos de infração lavrados em 25/1/2001 tenham tramitado normalmente, a Destilaria Gameleira jamais foi instada a responder sobre o novo procedimento -qual seja, o de inscrição no referido Cadastro de Empregadores de Trabalho Escravo-, tudo em total desrespeito às constitucionais garantias do direito de ampla defesa e do contraditório. Assim, diferente não foi o entendimento do juízo da 7ª Vara do Trabalho de Brasília, que, apreciando as razões acima, as provas conduzidas aos autos e as informações prestadas pela Secretaria de Inspeção e Fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, reconheceu liminarmente o descabimento da inscrição da Destilaria Gameleira no citado cadastro.’ Eduardo de Queiroz Monteiro, diretor-superintendente da Usina Gameleira (Recife, PE)
Reposta da jornalista Elvira Lobato – Ao afirmar que a Destilaria Gameleira foi autuada por submeter trabalhadores a condições análogas à de escravidão, a reportagem baseou-se em informação oficial do Ministério do Trabalho, segundo o qual a empresa foi autuada por tal motivo em três ocasiões: em 1997, quando 45 trabalhadores foram retirados da propriedade pela fiscalização; em 2001 (76 trabalhadores retirados) e em 2003 (272 trabalhadores retirados).’
CASO JACKSON
O Globo
‘Um circo californiano para Michael Jackson’, copyright O Globo, 10/06/2005
‘Os 12 jurados do caso Michael Jackson encerraram ontem o quinto dia de deliberações – que já somam cerca de 23 horas – sem decidir se condenarão ou não o cantor por abuso sexual de um adolescente de 13 anos, o que aumentou a expectativa da multidão de fãs e jornalistas em frente ao tribunal. Já o astro foi pela segunda vez ao hospital para tratar de dores nas costas que têm lhe incomodado durante o julgamento, que já dura quatro meses.
Desde que as deliberações tiveram início, poucas informações foram divulgadas pelo tribunal em Santa Maria, Califórnia. Mas em frente ao prédio formou-se um grande acampamento, em que dezenas de fãs com cartazes e faixas só são superados em número por jornalistas de várias partes do mundo. E estes prevêem um pandemônio quando o veredicto for divulgado, qualquer que seja o resultado. Helicópteros da imprensa deverão disputar espaço aéreo para seguir o carro do cantor assim que ele deixar seu sítio Terra do Nunca para ir ao tribunal ouvir o veredicto. Em frente à corte, fãs e fotógrafos disputarão espaço.
Os dias têm sido movimentados. Quando os jurados não estão presentes, a atmosfera no tribunal é tranqüila. Mas quando estão, reina a agitação. Dezenas de equipes de TV disputam a melhor visão do tribunal.
Loja e café transformados em escritórios de imprensa
Carros da imprensa têm espaço reservado no estacionamento. Os jornalistas se protegem do sol sob uma fileira de toldos improvisados, que também guardam computadores, câmeras fotográficas e uma parafernália de equipamentos e cabos.
No estacionamento há pelo menos uma dúzia de caminhões para transmissão de imagens via satélite. Um café, uma loja de presentes e até um complexo de piscinas se tornaram escritórios improvisados. Torres de andaimes e telhados de prédios próximos são locais usados para entrevistas ao vivo.
– Isto se tornou um julgamento em duas salas. Existe a sala do tribunal e a da redação dos jornais. Os problemas de saúde de Michael estão sendo discutidos, e sua inocência ou culpa, debatida – disse o reverendo Jesse Jackson, que, como amigo e conselheiro do cantor, tem ido regularmente a Santa Maria.
TVs já mostraram a cela onde Jackson ficará se for condenado e especialistas analisam até a roupa dos jurados para especular o que eles têm em mente. A expectativa em torno do julgamento virou assunto discutido por sociólogos. O professor Toby Miller, do departamento de estudos culturais da Universidade da Califórnia, disse à BBC:
– O que estamos vendo acontecer de forma bastante pública é a tragédia da psique e a tragédia de um império.
Miller analisou ainda:
– Internacionalmente, ele (Jackson) continua sendo um grande nome. Mas também representa a estranheza com que os EUA são vistos no mundo.
Para o jornalista japonês Shingo Horie, da Fuji Television, ‘muitas coisas loucas acontecem na Califórnia’.
– Trabalhamos muito na campanha eleitoral de Arnold Schwarzenegger (governador da Califórnia) – disse ele. – Mas isto é ainda mais louco.
Com o New York Times’