‘À tarde, a Globo voltou sua atenção ao ‘alerta de novos tornados’, agora no norte do Rio Grande do Sul, lançado por meteorologistas gaúchos.
E não só no Rio Grande. Dias atrás, segundo a emissora, ‘os computadores do centro de meteorologia da Unicamp registraram o fenômeno’ em Boituva, interior paulista:
– Pelas características, foi mais um tornado de verão.
Em dia de exposição para os meteorologistas, outro deles, do Instituto Nacional de Meteorologia, disse à CBN que ‘o fenômeno pode voltar a acontecer não só em Santa Catarina, mas em outros Estados’.
Foi parar então nas manchetes do Jornal Nacional e do Jornal da Band:
– A meteorologia alerta para novos tornados nas regiões Sul e Sudeste.
No UOL, ainda outro meteorologista, diretor do InfoTempo, com sede nos EUA, declarou que na verdade ‘as descargas elétricas [os raios] são muito mais perigosas’ do que os tornados, por aqui.
Mas também ele tratou de ensinar aos brasileiros como agir se um tornado bater à porta.
O mesmo norte do Rio Grande do Sul era notícia, ontem, por motivo oposto.
Foi destaque, nos sites da estatal Agência Brasil e Globo Online, que o governo ‘analisa ajuda para cidades com seca’. E ‘pelo menos 20’ delas ficam na região gaúcha sob ‘alerta’ de tornado.
MEGATSUNAMI
‘Isso poderia acontecer aqui?’ Era o que se perguntava o ‘Baltimore Sun’, jornal da costa leste dos EUA, logo depois do tsunami no oceano Índico. Outros jornais da costa, até a Flórida, levantaram a questão na semana passada. No domingo, no britânico ‘Independent’, foi a vez do principal assessor científico do primeiro-ministro Tony Blair, Sir David King. E ontem, afinal, a agência Reuters distribuiu despacho sob o título ‘Vulcão poderia inundar os EUA com megatsunami’.
O estudo que originou todos os textos citados, elaborado por um acadêmico americano e outro britânico há três anos (imagens acima), aborda os efeitos da eventual explosão de um vulcão nas ilhas Canárias, o Cumbre Vieja. Um bloco imenso cairia nas águas do Atlântico, provocando ondas de até 50 metros nos EUA -e de até 20 metros no Nordeste brasileiro.
O assessor de Blair admitiu que isso pode acontecer ‘a qualquer momento nos próximos 10.000 anos’, mas insistiu que ‘agora é a hora de levantar a questão, quando a atenção com o assunto está no auge’.
Entre amigos
Da CBN à Folha Online, o que antes era ‘traição’ de um tucano por outro, na Câmara Municipal, em São Paulo, caminhou ontem para ‘traição’ de um petista por outro, na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Por rádios e blogs políticos, corriam boatos de ‘conspiração’ tanto do PT quanto do PSDB. Um contra o outro, mas também dentro dos dois partidos. E ainda se fala, com esperança, em bipartidarismo.
Duas esquerdas
Jorge Castañeda, ex-chanceler e hoje presidenciável mexicano, escreveu no ‘La Nación’ sobre ‘as duas esquerdas latino-americanas’. De um lado ele vê Lula, o chileno Ricardo Lagos e outros ‘que têm raízes socialistas’. Do outro, o argentino Néstor Kirchner, o venezuelano Hugo Chávez, de ‘passado populista’.
Socialistas ou populistas, não importa. Para Castañeda, hoje são todos pragmáticos, mas a esquerda ainda têm que se ‘purgar’ de vícios autoritários e nacionalistas. Se conseguirem, ‘será uma bênção para a região’.
Após a tragédia
A agência France Presse distribuiu e jornais pela América Latina destacaram ontem a notícia de que ‘os europeus trocam o Índico pelo Atlântico’. São os turistas, que agora vão ao Caribe, à Argentina, ao México.
Segundo o despacho, ‘a médio prazo, Brasil e Canárias são os destinos mais bem situados para absorver parte importante dos que desistiram de ir à Ásia’. Um operador disse que vem propondo ‘ativamente o Brasil’.
O bastante
Mas a imagem do Rio, sempre o destino maior no Brasil, não vai bem, ao menos segundo os sites do ‘Washington Post’ e do ‘Newsday’, que diziam anteontem, em resposta ao questionamento de uma turista:
– O Rio viu uma onda de ataques a turistas em novembro, incluindo tiros num espanhol, esfaqueamento de uma japonesa e assalto de 20 angolanos.
A sugestão foi ‘não andar sozinha em lugar nenhum e sempre carregar dinheiro bastante para satisfazer um ladrão, deixando o resto no hotel’.’
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‘Concurso de beleza’, copyright Folha de S. Paulo, 6/01/05
‘O site da ‘Economist’ não poupou ironia, sob o título ‘Mais generoso do que tu’:
– Os países ricos são piedosamente rápidos em gestos grandiosos logo após calamidades. E os gestos estão ficando mais grandiosos, com uns se sobrepondo aos outros no leilão de generosidade.
Era menção à Alemanha, que havia ‘saltado’ o Japão. Enunciado na Globo News:
– A Alemanha ficou com a liderança nas doações, que antes era do Japão.
Mais algumas horas e a Austrália passava à frente, na tabela do ‘Financial Times’.
O comissário de ajuda humanitária da União Européia, ouvido pela AP na Indonésia, reclamou então que o apoio financeiro às vítimas do tsunami estava virando ‘concurso de beleza, com nações disputando o título de maior doador’.
Não só as nações. O porta-voz de George W. Bush espalhou e a Fox News destacou que o presidente dos EUA doou US$ 10 mil. E os canais de notícias não se cansam das doações de celebridades, da banda Linkin Park ao diretor Steven Spielberg, do piloto Michael Schumacher ao ator Jackie Chan.
E não só celebridades. O canal Al Jazira anunciou que vai levantar fundos nos países árabes. Até o movimento Via Campesina, segundo o site Carta Maior, lançou campanha.
Mas o importante agora é menos o dinheiro, que passou dos US$ 3 bilhões, segundo a manchete do Jornal Nacional, e mais ‘o que está sendo feito no chão’. É o que insistiam tanto o comissário da União Européia como a ‘Economist’, ontem:
– A ajuda é empenhada mais rapidamente do que pode ser gasta. Os que dão e distribuem ajuda não aprenderam com os erros passados?
TSUNAMI E A WEB
Para a coluna de web do ‘Washington Post’, ‘a internet vem mostrando o seu melhor desde o tsunami’. Segundo o texto, a rede levou a ‘volumes sem precedentes de doação -e bondade- de gente do mundo todo’.
O ‘San Jose Mercury News’ acrescentou que os blogs em particular estabeleceram, com o episódio, um sentido de ‘comunidade global’. O ‘New York Times’ disse que eles ‘brilharam’, com relatos pungentes algumas vezes postados de celulares diretamente das áreas destruídas.
Por fim, o ‘Wall Street Journal’ avaliou que sobretudo os videoblogs, chamados de ‘vlogs’, saltaram para o primeiro plano na rede -em número e em diversidade de vídeos do fenômeno, mas principalmente em audiência.
O ‘NYT’ também tratou de expor como os debates na blogosfera seguem tão excêntricos como sempre, com teorias de conspiração etc. Num site, Democratic Underground, um blogueiro afirma que o terremoto foi efeito do bombardeio do Iraque. Afinal, ‘a Terra é orgânica, ela pode ser ferida’.
Mas ‘as mensagens esquisitas dos blogs não são apenas dos cidadãos comuns’, sublinhou o jornal. O ex-rei do Camboja, Norodom Sihanouk, descreveu em seu site como foi avisado por um astrólogo de um ‘cataclismo ultracatastrófico’, que só não atingiria seu país se ele realizasse certo ritual -o que ele fez, salvando o Camboja.
Não faltou também o caso mais citado do escritor de ficção científica Arthur C. Clarke, que mora em Sri Lanka. Em seu site, ele observou como em 1957, ‘curiosamente’, o primeiro livro que fez sobre o país tratou de uma onda gigante.
Estiagem 1
Na estiagem do recesso parlamentar, a cobertura política da Jovem Pan ao Jornal da Record não se cansa de seguir e detalhar cada encontro dos petistas Luiz Eduardo Greenhalgh e Virgílio Guimarães, em campanha pela Câmara, em Brasília.
‘Até o presidente Lula’, como diz o Jornal Nacional, parece não ter outro assunto para tratar, neste janeiro.
Estiagem 2
Como se não bastasse a estimulante eleição na Câmara dos Deputados, de uma hora para outra voltou ao ar a novela da convenção do PMDB, que afinal nem chegou a existir. Foi manchete no UOL e no Jornal da Band, entre outros:
– Anulada convenção em que o PMDB deixou o governo.
O que não dizer que voltou ao governo. Ele nem saiu.’
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‘De ‘sub do sub do sub’ a ‘sub do sub’’, copyright Folha de S. Paulo, 7/01/05
‘Robert Zoellick, representante comercial dos EUA, é o célebre ‘sub do sub do sub’, como Lula o chamou em 2002 -depois de ouvir dele que ou o Brasil aceitava a Alca ou só teria a Antártida para fazer comércio.
Pois Zoellick agora vai ser ‘sub do sub’. Segundo o ‘Financial Times’ e depois a agência Reuters, ele será anunciado por Condollezza Rice como seu vice, no Departamento de Estado, até o final do mês.
É boa notícia para os diplomatas ouvidos pelo ‘FT’. A escolha é mais um sinal de que o novo mandato de George W. Bush será menos ‘unilateralista’. Mas é má notícia para o livre comércio, no entender da ‘Economist’.
Dizendo que este é um ‘ano vital’ para as negociações comerciais, a revista cita a ‘provável’ saída de Zoellick da área como uma de ‘várias razões’ para temer pelo livre comércio global.
Ele é considerado próximo, até amigo de outros dois protagonistas das negociações, o francês Pascal Lamy e o chanceler brasileiro Celso Amorim.
Mais importante, diz a revista, é uma voz isolada num governo americano que não se refere a ‘livre comércio’ desde antes da campanha eleitoral.
Para piorar, o secretário de Comércio apontado por Bush, Carlos Gutierrez, foi ontem à audiência de confirmação no Senado. E prometeu, como se lia no site do ‘New York Times’, um ‘ataque agressivo’ a práticas supostamente injustas.
Foi em resposta aos lamentos de republicanos e democratas contra países como a China e o Brasil, por suas ações em temas como a propriedade intelectual e a produção de laranjas.
E havia mais, ontem. Os sites do ‘Wall Street Journal’ e da Bloomberg destacaram a decisão do governo dos EUA, em favor de tarifas sobre a importação de camarões do Brasil e da Tailândia, entre outros.
Não adiantou nem apelar, como fez a Tailândia, aos estragos do tsunami.
Enquanto isso, como mostrou o Jornal Nacional, Lula e Amorim recebiam embaixadores brasileiros de todo o mundo para sublinhar a prioridade às relações Sul-Sul, com regiões como América Latina e os países árabes.
Está aí o problema, para dois artigos ontem no ‘Miami Herald’, de longe a publicação mais atenta à diplomacia brasileira sob Lula.
Uma diretora da organização Diálogo Inter-Americano, de Washington (EUA), saudou a ‘política mais ativa’, mas avaliou que falta prioridade ao livre comércio, citando a Alca.
E um colunista, Andres Oppenheimer, deu detalhes do rascunho que obteve, da declaração final do encontro de países árabes e sul-americanos, que vai acontecer em maio no Brasil.
Entre pontos de promoção comercial e cultural, que elogiou, o jornalista achou críticas pesadas a Israel e, pior, uma ‘justificação’ indireta das ações do grupo terrorista Hamas.
Para Oppenheimer e para um funcionário do Departamento de Estado que ele ouviu, a política tem que ser deixada de fora, do encontro no Brasil.
Só aos EUA
Para quem não se cansa de reclamar da política comercial brasileira: o empresário mexicano Carlos Slim, o homem mais rico da América Latina, segundo a ‘Forbes’, recorreu ao país como exemplo, para criticar a política mexicana, em jornais de seu país.
Enquanto o México só faz vender aos EUA, o Brasil conseguiu ‘equilíbrio no intercâmbio internacional’.
Perigo
O ‘New York Times’ estragou o dia do ministro Roberto Rodrigues, da Agricultura. A pasta anunciou ontem, no dizer da Band News e da Jovem Pan, que ‘o agronegócio bate recorde de exportação em 2004’. Mas o ‘NYT’ trouxe longa reportagem, de Todd Benson, sobre a soja ‘em perigo’ no país, por conta da queda nos preços e da ferrugem.
E o ministro gastou o dia negando à Folha Online e outros sites a ameaça de prejuízos, por conta da doença.
Há vagas
Os telejornais da Globo anunciam ontem ‘vagas no além-mar’. É mais do que isso. O governo brasileiro oferece empregos no Timor Leste, para professores de português e outros. O mapa que surgiu na tela mostrou que é logo ali, do lado do epicentro do tsunami.
Cautela
Foi manchete no Globo Online e destaque no Valor On Line a pesquisa da FGV dizendo que a recuperação do emprego e da renda ‘melhorou as expectativas da população’.
Mas eram duas notícias ao mesmo tempo. De um lado, ‘o consumidor tem otimismo recorde em dezembro’ de 2004. De outro, ‘o consumidor vê 2005 com cautela’.’
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‘Outros EUA’, copyright Folha de S. Paulo, 10/01/05
‘Agências espalhavam pelos jornais latino-americanos, ontem, que a indicação de Robert Zoellick para o Departamento de Estado, por George W. Bush, deu seu primeiro sinal de que as coisas vão mesmo mudar.
Zoellick, que assume em duas semanas como sub de Condoleezza Rice, acertou com o brasileiro Celso Amorim, em telefonema no sábado, um encontro para o final do mês no Fórum Econômico Mundial, na Suíça.
É para discutir a relações comerciais entre os EUA, o Brasil e a América Latina, vale dizer, a Alca. Mas é sobretudo para tratar das negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio.
Em Davos, os dois querem reunir ministros e representantes de 25 países. Ah, e Lula deve se encontrar com o agora ‘sub do sub’.
Para o ‘Miami Herald’, também ontem, a liderança de Zoellick nas negociações comerciais globais, nos últimos anos, deverá agora ‘fazer do Departamento de Estado um ator mais ativo na política econômica global’.
Considerado multilateralista, mas muito ligado a Bush, como Rice, avalia-se que Zoellick vai ajudar a mudar a diplomacia dos EUA em geral -e em relação à América Latina em particular.
Para tanto, haveria um último obstáculo, o responsável pela região no Departamento de Estado, o conservador Roger Noriega. Mas ele estaria para sair, talvez em poucos meses.
Para seu lugar, vários candidatos, entre eles o embaixador dos EUA no Brasil, John Danilovich.
O pentecostalismo cresce
Por todo lado, no mundo, ‘a religião é uma força em crescimento’, avaliou texto do ‘New York Times’, ontem. E não só as versões mais fundamentalistas, no Oriente Médio ou na Índia. Na verdade, sublinhou o jornal, ‘a religião que cresce mais rapidamente é a asa pentecostal do cristianismo’. Entre os pentecostais, o ‘NYT’ destacou os daqui:
– O Brasil, onde os missionários americanos plantaram o pentecostalismo no século 20, agora tem congregação com rede própria de televisão, time de futebol, partido político.
Amigável
Há cerca de um mês, a revista ‘Wired’ abordou longamente o programa de software livre do Brasil. O projeto vem de longe, já levou à reação da Microsoft no país, mas ainda não havia sinal concreto de mudança -até ontem, quando a estatal Agência Brasil anunciou sua saída do ar, para a troca do programa.
Volta hoje ao meio-dia, prometendo ‘textos de uma forma muito mais amigável’.
Na Palestina
O Brasil enviou delegados com estardalhaço ao pleito palestino. Ontem, nas agências, um deles, o deputado Jamil Murad, falava das dificuldades dos palestinos para votar, em função da ocupação e do muro.
A aposta
A visita do mês a Brasília, como vêm noticiando os jornais espanhóis, é do primeiro-ministro socialista, José Luís Zapatero. Ontem, um texto do ‘El País’ afirmava que ‘o Brasil tem que ser a aposta estratégica da Espanha na América do Sul’.
Aos pobres
Resenha do ‘Financial Times’ abordou três livros que tratam do combate à pobreza. Um deles, de um professor da universidade Michigan, foi elogiado por dizer que as corporações ‘exploram’ pouco o mercado dos pobres em países como Brasil e Índia. Deu o exemplo da rede brasileira que criou linha de crédito para compradores sem renda -com mínima inadimplência.
Eixo do mal
Segundo a BBC, em reportagem carregada de ironia, a Coréia do Norte iniciou ‘um ataque intensivo de mídia contra seu mais recente arquiinimigo: o corte errado de cabelo’. A televisão estatal expõe -até entrevista- cidadãos que considera maus exemplos, em contraste com bons exemplos no ‘estilo de vida socialista’. Recomenda no máximo cinco centímetros para os fios de cabelos, mas permite aos homens com mais de 50 anos até sete centímetros, para cobrir a calvície.
Já o Irã, o outro remanescente do ‘eixo do mal’, não soa engraçado em sua repressão mais recente. A ONG Repórteres Sem Fronteiras denunciou o uso de tortura na confissão de dois blogueiros iranianos, no final da semana. O país vive uma explosão de blogs políticos.’
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‘No sertão e no agreste’, copyright Folha de S. Paulo, 11/01/05
‘A televisão acordou para a estiagem, afinal.
Durante o dia todo, na Globo News e nos telejornais da Globo, até o Jornal Nacional, o destaque foi para ‘a seca e o calor no Nordeste e no Sul’, em contraste com os ‘temporais no Sudeste’. Da manchete do JN:
– A estiagem leva mais de 300 municípios a decretar estado de emergência.
A maior parte fica ‘no sertão e no agreste’ nordestinos, onde estão os ‘problemas maiores’:
– Os açudes secaram, as plantações não vingaram.
Um dos atingidos, ‘seu Antônio Martins’, avisou:
– Tem que chover logo, se não vai ser pior para a gente.
Da Paraíba para o Rio Grande do Sul, a ‘outra região onde falta chuva’:
– A terra está rachada no litoral gaúcho. Uma lagoa que é santuário para aves migratórias virou deserto.
De um pescador:
– A situação nossa hoje é uma situação triste, lamentável.
Enquanto não vem sinal de ajuda dos governos, os atingidos apelam, principalmente no Nordeste.
Em Quixadá, Ceará, a Globo foi encontrar, renovada, a fé nos ‘profetas do sertão’.
Eles ‘interpretam a natureza, observam as nuvens, as plantas, os animais, para fazer previsões do tempo’.
Na ilustração da própria CBS, ontem, o jovem Bush diante do logotipo da rede
UMA GRANDE HISTÓRIA
Com destaque nos sites dos jornais americanos, chegou ao fim o maior escândalo da cobertura eleitoral -o da reportagem da CBS, apresentada pelo âncora Dan Rather a poucas semanas da eleição, apontando ‘favorecimento’ de George W. Bush na prestação de serviço militar no Texas, nos anos 70, longe do Vietnã.
O ‘painel’ de investigação criado pela rede entregou relatório questionando os profissionais por ‘correrem’ para pôr a reportagem no ar com medo da concorrência. E a direção da CBS/Viacom saiu distribuindo punições, como a demissão de uma produtora do ‘60 Minutes’ e de três executivos.
Mas a CBS poupou Rather, 73. Disse que ele se adiantou ao pedir para deixar o telejornal ‘Evening News’ em março. E que isso era o bastante.
No relatório do painel, a rede viu até boa notícia, de que ‘os erros não foram motivados por agenda política’. Ou melhor, no texto do próprio relatório:
– O painel não encontra base para acusar os que investigaram, produziram, editaram ou transmitiram [a reportagem] de agir com viés político.
E Dan Rather já aparecia ontem como notícia, sempre ele, mas em outra reportagem do ‘New York Times’, com tradução no UOL. Era sobre a cobertura do tsunami pelas redes -e pelos âncoras- dos EUA.
Desta vez, nenhum foi enviado à Ásia, para a transmissão do local. Mas Rather, ‘um jornalista extremamente competitivo e que não quer que o episódio [do ‘60 Minutes´] seja seu epitáfio profissional’, insistiu até o limite com a CBS. Dele, sobre o tsunami:- É difícil para quem está fora entender os sentimentos contraditórios com os quais nos deparamos como jornalistas. Eu digo a mim mesmo que estou falando de um número de mortes que é impossível de se imaginar. Ao mesmo tempo, me dou conta de que é uma grande história. Eu literalmente rezo todos os dias, agradecendo por estar fazendo este trabalho. É uma história como esta que faz a sua carreira.
Livre, quase
Ecoou pela internet do mundo, nas agências e em sites engajados como Libertad Digital, a mudança do site da estatal Agência Brasil/Radiobrás para software livre, deixando a Microsoft para trás.
E ontem já estava lá a página ‘livre’, não muito diferente no visual e absolutamente igual no conteúdo -com destaque para a campanha de Luiz Eduardo Greenhalgh na Câmara.
Lula, o mito
A BBC vem mostrando longa reportagem sobre o Brasil. Diz que o país ‘chegou ao palco do mundo’ e ouve do chanceler Celso Amorim ao embaixador dos EUA. A história trata de Haiti e exportações, mas o centro é a visita à cidade onde Lula nasceu. É a velha história:
– Clinton dizia sentir a dor das pessoas. Pode-se dizer que Lula viveu a dor. Esta foi a sua casa até os sete anos…’