‘Como previsto, nem saiu Severino e já começou a ‘briga de foice’. Ou, no dizer contido da Globo, à tarde:
– Escolha divide os partidos. Todos falam em consenso, mas como são muitos candidatos não está descartada a disputa.
Dentro das próprias legendas são muitos os candidatos. O ‘Jornal Nacional’, relatando que ‘os partidos passaram o dia todo tratando da sucessão’, abriu com os petistas:
– O PT tem a maior bancada e quatro possíveis candidatos.
Ou nenhum. Até Alexandre Garcia saiu reclamando no ‘Bom Dia Brasil’ que ‘governo e PT repetem o seu erro e vetam José Eduardo Cardozo e Paulo Delgado, porque porta-vozes da autocrítica sensata’.
Lula estaria inclinado a nomes do PSB e PCdoB.
No vazio petista, cresce o PMDB. De Osmar Serraglio, que admitiu à Jovem Pan ‘refletir em torno do cargo’, a Michel Temer, citado como ‘excelente nome’ até por Renan Calheiros, no site da Agência Estado.
É o segundo que concentra as apostas. Do blog de Fernando Rodrigues, à noite, no UOL:
– José Sarney decidiu apoiar Temer. Eis um movimento a ser registrado e bem analisado pelo Palácio do Planalto.
Outro foi a visita de Temer a Jorge Bornhausen. ‘Interessado no cargo’, segundo o ‘JN’, ‘ele ouviu que o candidato natural tem que ser Nonô’.
É José Thomaz Nonô, do PFL, o vice de Severino Cavalcanti.
Segundo o site da Agência Nordeste, ‘para convencer o PMDB a apoiar Nonô’ e assim ‘deixar o PT mais uma vez de fora da Mesa, o PFL garante o seu apoio ao nome que o partido indicar para vice’, depois.
Nonô, registre-se, surgiu no ‘Jornal da Band’ dizendo, com aberta ironia, não acreditar que Lula tenha tanto ‘medo’ dele.
E não pára aí a ‘briga’, ainda tem Severino a se debater.
Segundo o Blog do Moreno, enquanto prepara o discurso e ameaça vingança contra o PFL, ele vai insinuando a candidatura do afilhado Ciro Nogueira ou qualquer outro do baixo clero.
Ao fundo, sob olhar dos blogs, prossegue o vaivém partidário.
O baiano Antonio Imbassahy vai do PFL ao PSDB, adiantou na terça o baiano Mário Kertész. Já Delcídio Amaral não sai mais do PT, segundo Rodrigues, mas vai para a esquerda petista.
O DOLEIRO
Na Band News, início da tarde, ‘doleiro diz que Márcio Thomaz Bastos não foi seu cliente’. Na Globo, ‘o doleiro fez questão de esclarecer que não acusou o ministro’. Começou a reclamação. ‘Trazê-lo foi perda de tempo’, disse Jefferson Perez. ‘Essa CPMI tá um porre… zzzzz…’, postou o blogueiro baiano Mário Kertész.
Nem deu para dormir e o doleiro começou a falar. Abriu a escalada de manchetes do ‘JN’:
– Toninho da Barcelona afirma que movimentou R$ 7 milhões para campanhas do PT.
Sites e demais telejornais foram na mesma linha. O contraste foi o Valor On Line, com o enunciado ‘Doleiro ouviu que corretora Bônus-Banval trabalhava para PT’. No texto, ‘ele disse ter ouvido ‘em conversas informais’ que o dinheiro [que enviou à corretora] era para gastos de campanha de partidos’.
À VONTADE
Hoje tem Daniel Dantas, afinal. Mas ontem o banqueiro pediu, no enunciado da Folha Online, ‘habeas corpus para silenciar’. Na Record, Paulo Henrique Amorim não perdoou:
– Daniel Dantas pediu para ser considerado investigado, não testemunha. É o mesmo que fizeram Delúbio e Valério. Eles quer, como eles, o direito de mentir e não acontecer nada. Quer dizer, não ir para a cadeia.
E ele conseguiu, anunciou o ‘JN’, explicando que ‘o banqueiro obteve o direito de não responder a perguntas que possam incriminá-lo’. Ou, no dizer de uma repórter da Record, ‘pode mentir à vontade’.
Excluído
José Dirceu deu entrevista à CBN e o site do PT destacou, de suas declarações:
– Sou inocente… Querem me banir de novo, me cassar… Me excluíram primeiro do governo, agora visam a me excluir da vida política. Mas eu vou continuar fazendo política, ninguém vai me impedir… Tenho certeza de que serei absolvido. Não há nada contra mim.
Enfim
O chanceler Celso Amorim deu entrevista de meia hora à BBC, sobre ONU, comércio, EUA etc. Era um programa questionador, ‘Hard Talk’, mas ele só perdeu a calma quando o entrevistador insinuou que o Brasil, tão ‘violento’, não pode criticar a morte de Jean Charles de Menezes. Dele:
– Você justifica o assassinato de um inocente!’
***
‘Lula lá e cá’, copyright Folha de S. Paulo, 20/09/05
‘Vem aí o presidente George W. Bush, em um mês e meio, noticiou a Band. E ontem ‘Lula recebeu o presidente Heinz Fischer, da Áustria’, anunciou a Globo.
No programa ‘Café com o Presidente’, pela manhã, Lula ‘reforçou a importância da política externa brasileira’, no relato da rádio Bandeirantes.
Entende-se por que Lula volta os olhos para o exterior.
Na semana passada, o ‘New York Times’ publicou editorial saudando seu governo pela queda nos números do desmatamento da Amazônia.
E a revista ‘The Economist’, nas bancas, elogia em editorial e longa reportagem, com enviado a Ocara, no Ceará, o programa Bolsa Família.
Não à toa, Lula também tratou dele ontem, em seu programa semanal de rádio.
O editorial da ‘Economist’ abre dizendo que a América Latina não chama tanta atenção como a África, em pobreza, mas aqui é a desigualdade que conta. Dá estatísticas e diz:
– Felizmente, há razões para pensar que tais números vão melhorar em breve -e não só porque muitas economias latino-americanas voltaram a crescer fortemente depois de anos de estagnação.
Segue a revista:
– Os governos democráticos da região iniciaram grandes e inovadores esforços para enfrentar a pobreza. Eles se concentram em programas que oferecem dinheiro às famílias pobres, sob a condição de manter as crianças na escola.
Cita Brasil e México à frente, com 7,5 milhões e 5 milhões de beneficiados respectivamente, mais Colômbia etc.
Louvado no exterior, Lula quer manter a atenção por lá, mas não. Nas manchetes do ‘Jornal Nacional’, da Record e dos demais:
– Severino Cavalcanti se encontra com o presidente Lula e diz que vai renunciar.
Segundo o blog de Fernando Rodrigues, Severino ‘se sentiu abandonado pelo Palácio do Planalto’, daí pedir a reunião -para arrancar de Lula a permanência dos seus indicados e, só então, confirmar publicamente a renúncia.
Foto que ilustra editorial da ‘Economist’ com elogios ao Bolsa Família
É a economia 1
Para além de eventuais resultados nos programas contra desmatamento e miséria, o que explica os elogios fartos a Lula no exterior é a economia. Fim da tarde de ontem, entra a repórter da Globo News:
– Um dia histórico na Bolsa de Valores. O índice Bovespa bateu os 30 mil pontos.
O ‘otimismo’ foi parar até nas manchetes do ‘JN’.
É a economia 2
‘Financial Times’, antes até de começar o pregão:
– Parece que os mercados financeiros do Brasil estão operando no piloto automático, com investidores dando de ombro para as más notícias, mesmo quando a crise piora.
Era uma referência, diga-se, ao crescimento da esquerda nas eleições do PT.
Mais complicado
Os telejornais anunciam segundo turno no PT, mas para Franklin Martins, na CBN, ‘uma coisa está clara’:
– O tempo em que o Campo Majoritário decidia e o PT acompanhava acabou. A política fica mais complicada.
Eduardo Suplicy, na Jovem Pan, deu sua versão da decisão de Lula de não votar:
– Sinalizou certa independência, mas também que não vai tomar partido nem em relação ao Campo Majoritário.
Do cofre
Nem crise nem economia. O que espantou os telejornais, abrindo as escaladas, foi o furto na PF, ultimamente tão elogiada. Começa o ‘JN’:
– R$ 2 milhões somem do cofre da Polícia Federal no Rio e 60 policiais são afastados.
VAI ACABAR
O blogueiro pefelista Cesar Maia anunciou ao blogueiro Jorge Bastos Moreno, ontem, que sai do ar no próximo dia 30. Argumentando que não conseguia ‘conciliar’ o blog com a ‘leitura substantiva (livros e teses)’, vai fechá-lo aos ‘dois meses e uma semana’. Não, nada a ver com o trabalho de prefeito do Rio. Dele, sobre a curta -e barulhenta- existência do blog:
– Foi uma experiência exitosa e fundadora entre os políticos brasileiros. Pensava em levá-la. Mas… encerro com tristeza, mas não tenho alternativa.
Entre seus leitores, com orgulho, cita José Dirceu.’
FSP
CONTESTADAPainel do Leitor, FSP
‘Skymaster’, copyright Folha de S. Paulo, 21/09/05
‘‘A reportagem ‘Sócio da Skymaster ligou para PT ao menos quatro vezes’ (Brasil, 20/9) merece alguns esclarecimentos. Primeiro, não nos consta que haja alguma irregularidade em telefonar para a sede de um partido político legalmente constituído -e isso foi dito ao repórter, que esqueceu de citar a duração dos telefonemas. Segundo os registros que o repórter diz ter em mãos, a duração das ligações variou de menos de um minuto até um minuto e vinte segundos (e tiveram espaçamento de meses). Que tenebrosas conspirações terá havido nesse período? A revelação desse detalhe teria sido importante, porque a reportagem insinua que houve conspirações e grandes tratos nesses contatos. Segundo o repórter, num telefonema dessa assessoria de imprensa que durou vários minutos, ‘eles poderiam ter marcado um encontro’. Ou, se foram quatro telefonemas, quatro encontros, por que não? E a musiquinha de espera, será que houve? Quanto tempo terá consumido? A reportagem alega ainda que os telefonemas ‘contradizem o depoimento’ de outro sócio, que procurou (a propósito, abertamente) o então secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, e se reuniu com ele em local público. Em que consistem as contradições? Se um sócio procura um dirigente partidário, ficarão todos os demais associados proibidos de telefonar para o partido? Enfim, qual a grande revelação? Os jornalistas receberam -ao solicitar informações do caso- nota em que se esclareceu objetivamente vários pontos das acusações reais, que, no entanto, foram desprezados e que poderiam interessar ao leitor da Folha que vem acompanhando as apurações da CPMI.’ Marli Gonçalves, Brickmann&Associados Comunicação, assessoria de imprensa da Skymaster (São Paulo, SP)
Nota da Redação – Por falha de edição, a reportagem deixou de informar que as ligações de Américo Proietti para a sede do diretório do PT em Brasília duraram de um minuto a um minuto e 20 segundos.
Febem
‘Em referência à reportagem ‘Justiça afasta diretora de unidade da Febem’ (Cotidiano, 16/9), chamamos a atenção para a foto que mostra um jovem com os dois braços apoiados em tipóias e que tem a seguinte legenda: ‘Adolescente com os braços quebrados internado na Vila Maria 1’. Esclarecemos que essa informação não é verdadeira. O jovem C.N, identificado na foto, foi ferido durante uma tentativa de fuga na unidade Adoniran Barbosa, também na Vila Maria, no último dia 31 de agosto. Ele tentou agredir um funcionário e, no confronto, acabou machucando um dos braços. Vale informar que o adolescente em questão foi imediatamente levado à enfermaria da unidade e, posteriormente, encaminhado ao pronto-socorro do Tatuapé para realizar exames e raio X. No local, o rapaz foi examinado pelo ortopedista de plantão, que constatou a inexistência de qualquer tipo de fratura. Assim, não é verdade que o adolescente foi agredido na unidade Tietê da Vila Maria -e é ainda menos verdade que ele estava com os braços quebrados. Ressaltamos que essas informações estavam à disposição dos repórteres do jornal se estes tivessem se dado ao trabalho de, pelo menos, nos perguntar.’ Marco Antonio de Siqueira, assessor-chefe da Assessoria de Imprensa da Febem (São Paulo, SP)
Resposta do jornalista Gilmar Penteado – As fotos estão no processo judicial que culminou no afastamento da diretora da unidade 1 da Vila Maria por suspeitas de espancamento. No dia anterior à publicação, a assessoria da Febem foi consultada, mas preferiu não se manifestar. Disse que não se pronunciaria sobre o caso por não ter sido notificada e por não saber o teor da manifestação judicial.’
MERCADO EDITORIAL
Folha de S. Paulo
‘Livros Em Baixa ‘, copyright Folha de S. Paulo, 21/09/05
‘Não é nada animador o retrato que emerge de pesquisas recentes sobre o consumo de livros no Brasil. Segundo levantamento anual da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, em 2004 a venda desses itens regrediu aos índices pífios do início dos anos 90. No ano passado, foram vendidos cerca de 289 milhões de livros, aproximadamente 1 milhão a menos do que em 1991, sendo que quase a metade desses exemplares foi adquirida pelo poder público.
Sem dúvida não há nenhuma novidade em constatar que se lê muito pouco no país. Sabe-se, por exemplo, que o brasileiro adquire em média 2,5 livros por ano, aí incluídos os didáticos, enquanto o francês compra mais de sete livros por ano.
O que causa inquietação é que o fraco desempenho do mercado editorial ocorreu no mesmo período em que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) registrou aumentos na renda média e na escolaridade da população brasileira.
Fatos como esses mostram que determinar as razões pelas quais o hábito da leitura é escasso no Brasil é uma tarefa mais árdua do que parece. Além da escolaridade e da renda, é preciso verificar a influência de outras variáveis. A introdução de novas mídias como a internet, por exemplo, coloca obras literárias à disposição do leitor. Todavia, em que pesem essas variáveis, é evidente que a população carente se encontra privada não apenas do acesso às livrarias e boas bibliotecas como de qualquer outro veículo de leitura.
É claro que não será da noite para o dia que o Brasil atingirá os patamares de um país como a França. Mas já é hora de traçar estratégias mais agressivas para formar um público leitor. Equipar bibliotecas existentes e construir outras mais, facilitar o acesso ao livro e investir na formação de professores e em programas de incentivo são boas medidas para fomentar essa cultura.’