‘No meio da tarde arrastada do feriado, entra a manchete do UOL:
– Antecipado. Palocci vai depor amanhã.
Era o blog de Fernando Rodrigues que anunciava a presença do ministro no Senado, hoje, para dar um fim à novela de especulação que vem desde o ‘ouro de Havana’, há duas semanas.
Segundo o blog, ‘a antecipação foi feita porque há consenso no governo: é preciso resolver logo a crise envolvendo Antonio Palocci, sob risco de a economia ir para o brejo’.
O espetáculo na Comissão de Assuntos Econômicos, a partir das 15h, certamente com transmissão ao vivo pelos canais de notícias e talvez alguns abertos, vai juntar, entre os inquisidores, os pefelistas Jorge Bornhausen e Romeu Tuma, os tucanos Tasso Jereissati e Eduardo Azeredo. Do outro lado, os petistas Aloizio Mercadante e Eduardo Suplicy. Mais do blog:
– Certamente os mercados vão abrir nervosos ainda com a possibilidade de troca. Tudo vai depender do desempenho do ministro diante dos senadores.
Para animar o ambiente, as rádios Jovem Pan e CBN diziam ontem que o Ministério Público de São Paulo, aquele mesmo, ‘vai propor o indiciamento do ministro em dois crimes’.
E prosseguia ontem o vaivém de opiniões sobre o ministro da Fazenda, a começar do PT.
Na Jovem Pan, o secretário-geral Raul Pont dizia que a base petista quer outro rumo para a política econômica, mas na rádio Band News FM o deputado José Eduardo Cardozo defendia bravamente o ministro.
O mesmo se assistia entre os ministros. Enquanto o vice José Alencar atacava na Band a política de juros como ‘um pacto com o diabo’, na Globo o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, espalhava que ‘Palocci continua forte’ junto ao presidente Lula.
A expectativa chegou ao ‘New York Times’, em longa reportagem do novo correspondente Paulo Prada, ontem, com analistas especulando sobre os efeitos na economia. No aviso do próprio correspondente:
– A saída de Mr. Palocci certamente levantaria dúvidas sobre o futuro da economia.
Com ou sem Palocci, com ou sem a prorrogação das CPIs dos Correios e demais, a ‘crise já encheu o saco’.
Era um enunciado do blog de Josias de Souza, ontem, em comentário a um texto de Carlos Heitor Cony, ontem na Folha Online. Escreveu Cony:
– É sacal enfrentar cinco, seis páginas compactas com o noticiário dos escândalos, suas minúcias, seus cronogramas, a repetição das mesmas caras, dos mesmos esquemas… Se os textos são redundantes e vários deles confusos, o visual é pior…
Para o blogueiro, ‘Cony tem razão, a longevidade da crise vem transformando jornais e assemelhados, blogs inclusive, em coisas enfadonhas’.
FLORES
Logo do serviço de internet do ‘NYT’
Nos tempos que correm, em que o fim dos jornais é anunciado dia após dia, um enunciado assim chama a atenção:
– Estudo: jornais florescem.
São os jornais ‘on-line’. Os mesmos de antes, mas em suas versões para a internet, nos EUA. O título é do site News.com, da CNET, que cobre notícias da rede. E o estudo é do Nielsen, espécie de Ibope americano. No título do próprio relatório do instituto, ‘Jornais on-line têm crescimento de dois dígitos no ano, alcançando um em cada quatro usuários da internet’.
São sempre números dos EUA. Lá os sites dos jornais cresceram 11% em visitantes, mais do que o crescimento total da internet, que foi de 3%. Pela ordem, os sites de jornais mais visitados foram NYTimes.com, do ‘New York Times’ tão assolado por crises, USAToday.com, Washington Post.com, LATimes.com e SFGate.com.
SOB CONTROLE
Em Túnis, na Tunísia, em plena África, está sendo jogado nesta semana o destino da internet, segundo muitos, alguns deles brasileiros. É o Encontro Mundial sobre a Sociedade da Informação, que vai definir se o ‘controle da internet’ continua nas mãos dos Estados Unidos ou vai ser fragmentado, como querem Brasil e China, entre outros, com apoio velado da União Européia.
Para um dos criadores da internet, Robert Kahn, que era o representante do Pentágono na estruturação da Arpanet, origem de tudo nos anos 60, é perda de tempo. ‘Não tem nada lá para controlar’, diz, em reportagem do ‘NYT’. Para outro pioneiro, Robert Taylor, também do Pentágono à época, ‘a idéia de controle da internet é um paradoxo’. Sublinhe-se, foram ambos do Departamento de Defesa, que mantém o controle até hoje.
Para registro, o mesmo ‘NYT’ deu longo dossiê sobre o crescimento do software livre nos países em desenvolvimento, ontem, com textos novamente elogiosos ao programa brasileiro -e à economia que traz.’
FSP
CONTESTADAPainel do Leitor, FSP
‘Skymaster ‘, copyright Folha de S. Paulo, 16/11/05
‘‘A reportagem ‘Skymaster remeteu dólares na criação da CPI’ (Brasil, pág. A7, 15/11) se baseia nas fantasias de um deputado que só pensa na reeleição. Tenta-se fazer o linchamento de uma empresa privada séria e competente que ganha seus contratos públicos em licitações. A reportagem diz que a empresa enviou recursos às ilhas Virgens. É falso. Os aviões da Skymaster são arrendados nos Estados Unidos, para onde são enviados os pagamentos, sempre legalmente. Não são dólares transportados em cuecas, como naquele episódio que envolveu o partido do nobre acusador, o deputado federal José Eduardo Cardozo (São Paulo). Nem a Skymaster nem seus sócios remeteram qualquer quantia para qualquer paraíso fiscal, o que inclui as ilhas Virgens. É mentira que o Departamento de Aviação Civil tenha enviado informações à CPI sobre valores de leasing. O DAC apenas registra o leasing, e temos todos os registros. A bobagem de que um leasing de avião possa custar menos de US$ 10 mil mensais só pode sair da cabeça de quem conhece aviação apenas de tomar cafezinho em Congonhas. O deputado Cardozo, aliás, tem problemas sempre que calcula custos de transporte: deve achar que um Ômega blindado, como o que lhe foi cedido gratuitamente -sabe-se lá por quê-, por uma multinacional não custa nada. Quanto à defesa completa, inclusive sobre o tal bloqueio de bens no exterior (como é possível bloquear o que não existe?), a Skymaster espera o fim do showzinho particular do deputado para que possa se defender nos foros realmente competentes.’ Marli Gonçalves, Brickmann & Associados Comunicação, assessoria de imprensa da Skymaster (São Paulo, SP)’
INTERNET
Folha de S. Paulo
‘Guerra digital tem estantes como arena ‘, copyright Folha de S. Paulo, 16/11/05
‘Google, Microsoft e Yahoo! decidiram se enfrentar entre as estantes. Os três portais desenvolvem projetos de digitalização de livros, com o objetivo de incorporar as obras ao leque de resultados de suas buscas.
O programa mais avançado até o momento é o Google Print (www.print.google.com), pelo qual o internauta pode pesquisar por livros ou por assunto e visualizar capa, índice e trechos de publicações relacionadas.
Em cada resultado, são apresentados links de lojas on-line e de bibliotecas locais nas quais o livro em questão pode ser encontrado -é possível até buscar por edições usadas.
No último dia 3, cerca de 10 mil livros inteiramente digitalizados foram incorporados ao catálogo do Google, alimentado pelo acervo das bibliotecas das universidades de Michigan, de Harvard e de Stanford e da biblioteca pública de Nova York.
Mas, ao contrário do que se poderia supor, não é possível lê-los pela internet. O serviço permite apenas fazer buscas por trechos do livro nos quais determinada palavra aparece e informar o número de vezes em que esta se faz presente na obra. Com isso, o Google tenta apaziguar o ânimo das editoras que o acusam de pirataria.
Outra iniciativa da empresa nesse sentido é o Publisher Program (print.google.com/publisher), um canal para que os autores enviem suas obras ao Google por espontânea vontade.
Grandes planos
Cuidados com proteção autoral também foram tomados pela Microsoft, que iniciou sua empreitada pela digitalização literária por obras de domínio público.
A grande fonte alimentadora do acervo será a British Library, a principal biblioteca britânica. Cerca de 25 milhões de suas páginas de papel ganharão versão digital para compor o MSN Book Search, a ser lançado em 2006. O investimento da empresa deve chegar a US$ 200 milhões.
Com planos ainda mais abrangentes, o Yahoo! pretende incluir em seu acervo não só livros mas também arquivos de vídeo e de áudio. Em parceria recentemente anunciada com a Open Content Alliance, organização composta pelo Yahoo!, Adobe, Hewlett-Packard, Internet Archive, O’Reilly Media e pelas universidades da Califórnia e de Toronto, o projeto será abastecido por contribuições voluntárias dos autores e não pretende abranger obras com proteção autoral, a não ser que haja uma autorização expressa dos detentores dos direitos.
Livraria
A Amazon (www.amazon.com), uma das primeiras e maiores livrarias on-line do mundo, anunciou dois serviços relacionados à digitalização de livros, prometidos para 2006.
Pelo Amazon Pages, os internautas terão a opção de adquirir apenas trechos das publicações, pagando alguns centavos de dólar por página comprada -o preço ainda não foi definido e poderá variar conforme a obra. Já pelo Amazon Upgrade, quem comprar um livro físico poderá, mediante pagamento de uma taxa, ter acesso permanente a uma versão on-line do mesmo.
Há alguns anos, a livraria permite que o internauta dê uma olhadela nas páginas digitais do livro antes de decidir comprá-lo. Segundo o criador da Amazon, Jeff Bezos, o canal, chamado Search Inside the Book, fez com que os livros que são folheados virtualmente apresentassem 8% de aumento nas vendas.’
RÁDIOS & TRÂNSITO
Alencar Izidoro e Fábio Takahashi
‘Rádios prometem carros ‘velozes e furiosos’’, copyright Folha de S. Paulo, 16/11/05
‘A moda de equipar os carros para deixá-los mais potentes e com visual extravagante levou duas emissoras de rádio FM de São Paulo a fazer promoções na contramão do que pregam os especialistas em segurança viária.
Quem vencer terá um veículo personalizado, com pintura e faróis especiais, rodas e pneus esportivos, dentre outros acessórios, e turbinado -com kits turbo e nitro para aumentar a potência do motor, equipamentos tradicionalmente relacionados às fortes arrancadas, altas velocidades e rachas automobilísticos.
O excesso de velocidade é uma das principais causas de morte no trânsito no Brasil e no mundo.
As promoções foram lançadas por duas emissoras concorrentes, voltadas ao público jovem, a Mix e a Metropolitana, no embalo da moda do tuning, que ganhou impulso em razão do filme ‘Velozes e Furiosos’, lançado em 2001, que trata do submundo das corridas de rua em Los Angeles.
O termo ‘carro tunado’ -que vem da palavra tuning- é uma versão atualizada dos antigos ‘carros envenenados’. Trata-se da instalação de equipamentos e acessórios para torná-los radicais.
São Paulo teve seu primeiro salão de tuning em 2005, com 65 mil visitantes e 96 expositores.
‘O carro tunado é a grande febre da garotada’, afirma Celso Rodrigues, diretor de promoções da Metropolitana, que fará as mudanças no carro do próprio ganhador, a ser sorteado no próximo dia 20. Com 87,4 mil ouvintes por minuto, a rádio ficou na sétima posição do ranking de audiência do Ibope em agosto na Grande São Paulo.
‘A molecada gosta muito de carro tunado’, diz Marcos Vicca, coordenador artístico da Mix, sexta no ranking, com 92,5 mil ouvintes por minuto, e que vai dar no mês que vem um carro já equipado, com modelo a ser definido.
As promoções são abertas a menores de idade. A apologia à velocidade é feita também pelo teor das propagandas.
‘Tudo o que você sempre sonhou para ter um carro veloz e furioso’, exalta a Mix. ‘O que adianta ter tudo isso de equipamento [rodas esportivas, pintura especial] pra deixar bonito sem ter um motor bom, não é verdade? Então vamos turbinar seu carro também’, diz a Metropolitana.
Sentido oposto
‘O que será feito com um carro turbinado? Não é para ficar parado no congestionamento’, afirma Ailton Brasiliense Pires, diretor-presidente do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).
‘Isso vai no sentido oposto da educação no trânsito’, avalia Cristina Baddini, da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos). A contrariedade dos especialistas aumenta pelo fato de os jovens serem as principais vítimas do trânsito. No final dos anos 90, os que tinham de 18 a 30 anos representavam 52% das mortes em acidentes em São Paulo.
A polêmica é agravada pela dificuldade de ter um carro turbinado de forma regular e segura no país. Não é à toa que as rádios incluem no regulamento ressalvas. A lei não proíbe a instalação do turbo, mas as exigências para fazer as mudanças levam a maioria a dispensar as regras legais.
O procedimento correto abrange a autorização prévia do Detran (Departamento Estadual de Trânsito), entrega das notas fiscais de todos os equipamentos, realização de vistoria em oficina credenciada pelo Inmetro e alterações no documento e no valor do IPVA -com o pagamento de taxas.
O problema na oferta das rádios, apontado por especialistas ouvidos pela Folha, é que a lei proíbe alterações na suspensão de carros de passeio ou de uso misto. E, segundo eles, aumentar a potência do motor sem mudar o freio e a suspensão só eleva os riscos. ‘Eu me recuso a dar um certificado de segurança veicular nessas condições’, diz Roberto Petruci, engenheiro da Cetra, uma das oficinas credenciadas a fazer as vistorias em São Paulo.
Logo que tirou a carteira de habilitação, aos 18 anos, Celso já colocou turbo no seu carro. Por que fez isso?. ‘Dá prazer em dizer: meu carro é turbinado’, conta.
Treze anos se passaram e o comerciante continua modificando o motor do seu veículo. Agora, Celso tem um Gol, que vale R$ 10 mil. Para colocar o turbo, ele gastou R$ 15 mil. ‘O que mais gosto é o ‘espirro’ [ruído] que faz quando você troca as marchas. Isso é uma coisa que seduz’, relata.’
***
‘Emissoras negam incentivo’, copyright Folha de S. Paulo, 16/11/05
‘As rádios Mix e Metropolitana afirmaram que suas promoções não incentivam a velocidade. Além disso, as emissoras disseram que as mudanças no motor dos carros só serão feitas se estiverem de acordo com a legislação.
Para sustentar a afirmação de que não há estímulo à alta velocidade, as duas rádios disseram que as campanhas dão ênfase aos acessórios -como pintura, rodas e retrovisores especiais- que os vencedores irão receber.
Elas também não viram problema na campanha já que as próprias montadoras fazem propaganda do turbo em carros que têm tal especificação -esses saem adaptados de fábrica.
As emissoras ressaltaram ainda que as modificações no motor não poderão ser feitas se os carros forem incompatíveis com as alterações, segundo as normas de trânsito.
Na promoção da Mix, o ouvinte irá ganhar o carro que será ‘tunado’. ‘É o controle que teremos. Vamos escolher um que possa ser adaptado totalmente’, afirmou o coordenador artístico da rádio, Marcos Vicca.
No da Metropolitana, as modificações serão feitas no próprio carro do ganhador. Apesar de não ver problema em sua campanha, o diretor de promoções da rádio, Celso Rodrigues, disse que irá analisar as críticas dos especialistas em trânsito -o que servirá de parâmetro para futuras promoções. ‘Buscamos sempre melhorar’, declarou Rodrigues.
O diretor afirmou que a emissora defende ‘boas ações’, veiculando mensagens durante sua programação que incentivam a doação de sangue ou de ajuda a pessoas de baixa renda.
O tenente Sergio Marques, que trabalha na divisão de fiscalização do Detran (Departamento Estadual de Trânsito), afirma que foram feitas 6.574 infrações no ano passado de veículos com as características alteradas.
Ele não possui os dados detalhados, mas diz que a maioria desses carros foram multados por mudança indevida no combustível. Em segundo lugar, os veículos foram autuados por instalação de turbo. Em terceiro, pelo rebaixamento irregular da suspensão.
Esses motoristas pagam R$ 127,69 pela infração, perdem cinco pontos no prontuário e têm seu documento do carro recolhido até a regularização.’