‘Há três semanas Raquel Pacheco, 21, atendia como prostituta em média quatro clientes por dia em seu flat em Moema, bairro de classe média alta de São Paulo. Hoje a garota -que tem como livro de cabeceira uma obra da espírita Zibia Gasparetto e responde pelo nome de Bruna Surfistinha- é um fenômeno editorial. Seu celular toca sem parar. Em vez de clientes, responde a pedidos de entrevistas de rádios e TVs.
Não sem motivo. Seu livro, ‘O Doce Veneno do Escorpião’ (ed. Panda Books, R$ 23,90, 172 págs.), viu esgotada sua primeira tiragem, de 10 mil exemplares, em duas semanas, devido a pedidos de livrarias. A próxima tiragem, que deve sair esta semana, será de mais 10 mil e já tem lista de espera. ‘Isso tem cheiro de best-seller. Poucos livros vendem tanto em tão pouco tempo’, avalia Paulo Roberto Pires, gerente editorial da concorrente Ediouro.
Ele explica que o livro se encaixa em um gênero literário do momento, chamado no mercado internacional de ‘não-ficção narrativa’. ‘São livros de reportagens, de memórias. Se você junta isso a sexo, é provável que venda muito.’ Em geral, um livro brasileiro de autor iniciante tem primeira tiragem de 3.000 exemplares; uma fornada com mais de 10 mil é para conhecidos, como Lya Luft (40 mil) e Arnaldo Jabor (20 mil de ‘Amor É Prosa, Sexo é Poesia’).
‘Sou uma prostituta bem-sucedida’, comemora Raquel, que diz ter parado de se prostituir há três semanas. ‘Parei porque completei 21 anos, não queria me acabar nessa vida, eu sei o que acontece com prostituta mais velha.’
O fenômeno ‘relato de garota transviada’ não foi inventado por ela. Bruna Surfistinha nunca leu o livro ‘Hell’, de Lollita Pille, onde a adolescente rica francesa conta sua vida de compras, drogas e orgias de maneira crua, mas sua história (e a narrativa) se assemelha à da francesa que virou fenômeno mundial de vendas e é autora cult. Lollita vendeu 80 mil exemplares na França e 12 mil no Brasil, onde foi lançada há dois anos. ‘A Lollita é um fenômeno mundial e deu partida para livros confessionais de garotas. Não sei se esse gênero tem sobrevida’, diz Jorge Oakim, da editora Intrínseca, que lançou ‘Hell’ no Brasil. Segundo ele, um dos méritos de Lollita é não se arrepender de nada. ‘O livro não tem nada de moralista, de pessoa arrependida.’
Surfistinha também não se arrepende. Estudou em escolas tradicionais de SP, como Bandeirantes e Imaculada Conceição. Nunca sofreu falta de dinheiro. E se prostituiu em casas dos Jardins e Moema, regiões nobres da cidade.
A moça, que desde 2003 tem um blog, fala da prostituição com naturalidade, tanto no livro (escrito em parceria com o jornalista Jorge Tarquini) como pessoalmente. ‘Já trabalhei em muita casa, mas decidi atender no meu flat porque aí não tenho cafetão. Cafetão foi um atraso na minha vida. Tive uma cafetina que ficava com 60% do meu dinheiro e me obrigava a trabalhar doente’, diz. Também não se arrepende do passado. ‘Por que me arrepender? Vou ter que conviver até os 80 anos com o fato ser ex-prostituta, ex-drogada e ex-quase bandida.’
Ela fugiu de casa aos 17 anos por causa de problemas com a família. ‘Eu tinha uma relação muito ruim com eles. Materialmente não me faltava nada, mas eles não entendiam a minha rebeldia de adolescente.’ Ela fala isso como se a adolescência já tivesse passado. ‘Esse tempo em que fui prostituta passou muito rápido pra mim.’
No livro, ela conta detalhes de transas com clientes, visitas a clubes de swing, sexo oral com mulheres (seu preferido) e relata as festinhas em apartamento de garotos. Em uma delas, era a única mulher para oito caras. ‘Gozei muito’, ela escreve no livro.
A vergonha veio na hora em que viu o livro publicado: ‘Fiquei angustiada e pensei que todo mundo ia saber dos meus podres. Fiquei com medo de ser hostilizada, de ser agredida’. Até agora, não foi. Aproveita a fama para fazer planos e pensa em escrever um livro de memórias de uma ex-prostituta e outro de auto-ajuda sobre sexo. ‘Não sou especialista. Mas, nesses quatro anos, o que eu realizei de fantasia de pessoas… Acho que sou bastante experiente.’
A editora comemora o fenômeno. ‘É um sucesso inacreditável’, diz Marcelo Duarte, dono da Panda Books. Ele já recebeu proposta para lançar o livro em Portugal e vender os direitos para o cinema. ‘Acho que o motivo dessa febre é que a história é muito boa.’
‘Eu esperava sim que o meu livro fosse fazer sucesso, só não achava que fosse tanto. Criei o blog pra ter com quem conversar e falar. Mas vi que aquilo mexeu com as pessoas. Vida de garota de programa causa muita curiosidade’, diz Raquel. Sua história não é só de festas. Ela já teve depressão, pensou em se matar, teve bulimia, fez análise. A mágoa é nunca mais ter visto os pais: ‘Que pais se orgulham por ver a filha fazendo sucesso como prostituta?’.
Por enquanto, Raquel aproveita a fama. Quem entra hoje no seu site não se depara com confissões sexuais, mas sim com uma agenda que diz coisas como ‘hoje darei entrevista para uma revista, mas vai ser aqui em casa, então vocês não poderão me ver’.’
Eduardo Simões
‘Letras migram de volta para o papel ‘, copyright Folha de S. Paulo, 22/11/05
‘Pelo visto, as letras, que antes migravam do papel para o mundo virtual, estão fazendo, cada vez mais, o caminho de volta. Prova disso é o crescente número de publicações que reproduzem textos feitos originalmente para blogs e afins. No ano passado, a editora Barracuda se lançou no mercado com ‘Wunderblogs.com’, coletânea de textos de 11 blogs. Esta semana chegam às prateleiras, além dos relatos de Bruna Surfistinha, o ‘Blog de Papel’, da editora Gênese, e ‘Blônicas’, da editora Jaboticaba.
Os lançamentos parecem um sinal de que a internet não é mais a vilã, mas sim mocinha na formação do leitor. De acordo com o Retrato da Leitura no Brasil, um estudo divulgado na semana passada pela Câmara Brasileira do Livro, o país tem um mercado de leitores potenciais de cerca de 40 milhões de jovens, entre 14 e 29 anos. Numa entrevista para a ‘Panorama Editorial’, publicação da CBL, Paulo Werneck, editor de livros infanto-juvenis da Cosacnaify, defende que ‘as novas tecnologias estão trazendo um certo retorno com relação à palavra escrita’. Alguns blogueiros assinam embaixo.
‘Os blogs literários podem sim aquecer o mercado de leitores potenciais, pois esses se tornam visitantes assíduos, com uma fidelidade difícil de se ver hoje em dia’, defende Nelson Botter, organizador do ‘Blônicas’.
‘Além disso cria-se uma marca, uma já conhecida bandeira, o que comercialmente falando é uma grande vantagem para os editores, pois há a certeza de que se trata de um livro que não parte do zero para a conquista dos leitores’, arremata.
Dona da editora Gênese, que se dedica há quatro anos à publicação de escritores revelados na internet, Alê Félix se juntou ao escritor Nelson Natalino no projeto de ‘Blog de Papel’. Félix, que também assina um blog, o www.alexfelix.com.br, diz que é impossível ler alguns blogs e não imaginá-los no papel.
‘Nunca tive dúvidas de que, no futuro, grandes nomes da literatura serão de autores que nunca seriam publicados se os seus posts não tivessem caído nas graças dos leitores de blogs’, sustenta a editora. ‘A migração da internet para o papel não só existe como está fazendo o contrário, está provando que a resistência e até mesmo um possível preconceito contra a ferramenta blog são tão estúpidos quanto os que os escritores da época das máquinas de escrever tinham contra computadores.’
Natalino, que chegou aos autores compilados em ‘Blog de Papel’ navegando na rede, ressalta que todos se tornaram leitura obrigatória para ele, pelo conteúdo, pela fluência, pela característica narrativa que continham e pela qualidade de seus blogs.
‘Entendi que deveria estender os textos dos autores a leitores que não têm o hábito de acessar a internet, mas que gostam de ler um bom livro’, diz Natalino, dono do www.sinaleiroamarelo.blogger.com.br.
Marcelino Freire, autor compilado em ‘Blônicas’ e dono do www.eraodito.blogspot.com, acredita que os blogs estimulam a leitura fora da rede e representam uma revolução, como instrumentos de divulgação, sem intermediários.
‘É o cara no computador, sozinho, escrevendo o que quiser, e o outro, sozinho no computador, lendo. Os blogs são perfeitos instrumentos de divulgação. Eu mesmo uso o meu para divulgar poucas e boas. Dar furos literários. Fofocar sobre lançamentos. Acontecimentos por aí, enfim.’
Já o escritor Santiago Nazarian, autor de ‘Feriado de Mim Mesmo’ e cujo www.santiagonazarian.blogspot.com já teve até 500 visitas por dia, não é tão otimista. Para ele, a força dos blogs foi diluída pela sua proliferação.
‘Essa coisa de escritores que são ‘descobertos pela internet’, como foram o [João Paulo] Cuenca, a Clarah [Averbuck] e o [Daniel] Galera, está cada vez mais difícil. Tem gente demais com blog. Muita gente publicando em sites literários. Então as editoras não prestam mais tanta atenção nisso’.’
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‘Autores ‘virtuais’ ganham superfície sólida’, copyright Folha de S. Paulo, 22/11/05
‘A editora Gênese defende que ‘Blog de Papel’ é uma boa alternativa para quem ‘se interessa por literatura e não tem a menor idéia do que é um blog’. Lançado na Primavera dos Livros, no último sábado, o título compila 14 textos de blogueiros. Ilustrados por outros 14 blogueiros.
Chamados de ‘exercícios de escrita’, os textos, diz a dona da editora, Alê Féliz, aproximam o conto do poema em prosa (‘Linha e Agulha’, de Ane Aguirre), do monólogo (‘Blogografias’, de Maira Parula) e do diário (‘Breve Diário do Desencanto’, de Fal Vitiello de Azevedo). Ou encerram diálogos que lembram o teatro do absurdo, como ‘Flauta, Sax e Cavaquinho’, de Nelson Moraes.
Já ‘Blônicas’ traz crônicas sobre política, religião etc. Marcelino Freire assina três, duas delas inéditas em livro.
‘Falo de duas múmias gays que foram encontradas abraçadas na Holanda. A última é sobre o meu encontro com o Gilberto Freyre, lá no Recife, quando eu tinha uns 15 aninhos’, diz o autor.
Blog de Papel Autor: Vários Editora: Gênese Quanto: R$ 25 (128 págs.)
Blônicas Autor: Vários Editora: Jaboticaba Quanto: R$ 34,90 (176 págs., sessão de autógrafos hoje, às 19h, no bar Maddá, r. Mourato Coelho, 1.280, tel.: 0/xx/ 11/3812-7056)’
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Geralda Doca e Mirelle de França
‘Cerco a bebidas alcoólicas e remédios’, copyright O Globo, 23/11/05
‘O governo quer criar regras mais rígidas para a propaganda de bebidas e remédios e dar mais poderes à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para retirar campanhas do ar. Também quer autuar e multar os responsáveis por peças consideradas prejudiciais à saúde pública. Um dos pontos polêmicos é a obrigatoriedade de advertência-padrão sobre os malefícios do consumo de álcool em artigos e reportagens jornalísticas sobre bebidas alcoólicas. As propostas foram colocadas em consulta pública pela Anvisa, que receberá opiniões até 17 de janeiro de 2006.
Bebidas de teor alcoólico acima de 13 graus (vinhos e destilados) somente poderão ser anunciadas na mídia entre 21h e 6h. Na divulgação de medicamentos, será exigida a inclusão de mensagens equilibradas para orientar o usuário sobre os benefícios e os efeitos colaterais da substância.
– A exigência para que os meios de comunicação incluam nos artigos e reportagens sobre bebidas que contenham álcool é um dos pontos mais polêmicos – reconheceu a gerente-geral de Monitoramento e Fiscalização da Anvisa, Maria José Fagundes.
Ela explicou que a medida tem a finalidade de evitar lobby das empresas do setor, na tentativa de driblar as regras. Também não será permitido anunciar vantagens do consumo da bebida para a saúde ou desempenho sexual sem a comprovação científica. Segundo ela, hoje não existe uma política de Estado com regras claras sobre os dois produtos.
Outra novidade na consulta pública é a inclusão de frases de impacto nas propagandas de bebida, além do aviso ‘beba com moderação’, já existente. O texto sugere termos mais contundentes, como ‘cerca de 70% dos acidentes fatais são causados pelo consumo de álcool’. Também não serão autorizadas propagandas que usem termos imperativos, por exemplo ‘beba’, ‘experimente’ e ‘tome’. Os anúncios de bebidas, incluindo cervejas, não poderão associar o consumo a idéias de sucesso ou esportes.
Na divulgação de remédios sem prescrição médica, será obrigatória a inserção da mensagem: ‘Isto é um medicamento. Seu uso pode trazer riscos e efeitos colaterais. Leia atentamente a bula e, em caso de dúvida, consulte o médico ou a orientação de um farmacêutico’. Quando se tratar de lançamento, será necessário alertar que reações desconhecidas poderão ocorrer.
De acordo com a proposta, as amostras de medicamentos com prescrição médica terão que conter a mesma quantidade da embalagem colocada à venda nas farmácias. Outra novidade é a proibição de peças publicitárias com slogans de instituições governamentais ou privadas, entidades filantrópicas ou selos de fundação. A intenção é evitar agregação de valores que possam estimular a venda de medicamentos.
A assessoria do Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária (Conar) informou que o órgão vai reunir os anunciantes dos setores afetados pelas medidas para que sejam apresentadas sugestões à Anvisa. Para Sergio Amado, presidente do Grupo Ogilvy Brasil e ex-presidente da Associação Brasileiras das Agências de Publicidade (Abap), a medida é negativa:
– Haverá perda de receita e desemprego. Não há sentido nessas medidas, uma vez que já existem fortes restrições.’
Carlos Franco
‘De novo, Casas Bahia é o maior anunciante ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 22/11/05
‘Pelo segundo ano consecutivo, as Casas Bahia dispararam na liderança do ranking de anunciantes do País e mantiveram no topo a agência de publicidade Y&R, que segundo pesquisa do Ibope/Monitor investiu R$ 2,3 bilhões de janeiro a outubro na compra de espaço nos meios de comunicação. O valor supera o faturamento global da agência no ano passado, de R$ 1,9 bilhão. A pesquisa, porém, não leva em conta as políticas de descontos dos veículos para agências e anunciantes, que podem provocar, em média, uma redução de até 40% do valor.
A divulgação dos dados, com a Y&R à frente, alivia as tensões na agência, interinamente sob o comando de Roberto Justus, desde a saída no início do mês de Silvio Matos da presidência e da sociedade no Grupo Newcomm, de Justus. Matos ainda não anunciou oficialmente seu destino, mas negocia parceria com o Grupo WPP, sócio da Y&R que controla também as redes Ogilvy, JWT, 141 Worldwide e Grey.
A briga dos sócios não afetou os negócios com as Casas Bahia, que é atendida por estrutura própria, montada pela Y&R em São Caetano do Sul, onde está a sede da rede varejista. São cerca de 100 funcionários para as ações de marketing da rede, que tem no garoto-propaganda Fabiano Augusto uma de suas principais armas.
A agência McCann-Erickson, também sob novo comando com a aposentadoria de Jens Olesen, ficou em segundo lugar, com compra de mídia no valor de R$ 812 milhões, seguida pela Almap/BBDO (R$ 787,3 milhões), JWT (R$ 729,5 milhões), Lew, Lara (R$ 716,7 milhões), DM9DDB (R$ 692,5 milhões), Ogilvy (R$ 604, 1 milhões), F/Nazca (R$ 596,3 milhões), Giovanni, FCB (R$ 579,9 milhões) e Publicis Brasil (R$ 568, 6 milhões).
A Lew, Lara é a maior agência de capital nacional entre as dez maiores, e seu resultado elevou o total de mídia comprada pelo Grupo Praxx – comandado por Washington Olivetto, que inclui também a W/Brasil e a Escala – para R$ 1,1 bilhão de janeiro a outubro.
O segundo grupo nacional na pesquisa Ibope/Monitor é o Ypy, comandado por Nizan Guanaes, que tem as agências Africa e MPM, e somou R$ 640 milhões. Esse grupo tem também participação na DM9DDB e na Eugenio DDB. No total, o grupo deve superar este ano a marca de R$ 1 bilhão. Já o Grupo Talent, de Júlio Ribeiro, com Talent e QG, aparece em terceiro, com R$ 480 milhões de compra de mídia.’
TV GLOBO
Daniel Castro
‘Globo adia pesquisa para julgar ‘Belíssima’’, copyright Folha de S. Paulo, 23/11/05
‘A direção da TV Globo decidiu adiar a primeira pesquisa com grupos de telespectadores para avaliar a novela ‘Belíssima’. As primeiras avaliações, que sempre ocorrem por volta do 20º capítulo, só devem acontecer agora no início de 2006, após o 40º episódio.
A Globo dispensou o primeiro julgamento popular de ‘Belíssima’ porque considera que não há nada em sua trama a ser corrigido agora. A emissora se baseou na reação positiva de telespectadores que lhe telefonam e, principalmente, na boa audiência _48 pontos, com a sintonia de 70% dos televisores ligados.
A média é a mesma de ‘América’ em suas duas primeiras semanas. Mas, diferentemente, ‘América’ teve pesquisa com telespectadores antes de completar um mês no ar _até porque seus defeitos foram escancarados com a saída do diretor Jayme Monjardim. ‘Senhora do Destino’, que marcou 46 pontos nos primeiros 12 capítulos, também não teve pesquisa em sua fase inicial.
Para reduzir a queda de audiência normal em dezembro, o autor Sílvio de Abreu queimará alguns cartuchos. Um deles será a revelação de que Bia Falcão (Fernanda Montenegro) teve um filho (ou filha) com Murat (Lima Duarte). O segredo será revelado pela ex-vedete Mary Montilla (Carmem Verônica), que aparece a partir de amanhã. Bia nem sequer viu o bebê, que entregou a um orfanato. Murat não sabe de sua existência.
OUTRO CANAL
Sonoro 1 O CD nacional de ‘Belíssima’ está saindo com uma tiragem de 100 mil cópias, algo inédito nos últimos anos, de crise na indústria fonográfica. Vem com duas faixas extras.
Sonoro 2 Segundo a Som Livre, gravadora da Globo, o CD de ‘Bang Bang’, que estreou um mês antes de ‘Belíssima’, sai na semana que vem. Teria atrasado devido à falta de autorização para uma música.
Sonoro 3 Simultaneamente ao DVD, a Globo está lançando um CD (5.000 cópias) com a trilha sonora da minissérie ‘O Tempo e o Vento’ (1985), estrelada por Tom Jobim.
Definitivo A direção da Rede TV! diz que suspendeu a exibição do ‘Eu Vi na TV’ por ‘tempo indeterminado’. Mas na emissora é dado como certo que o programa não volta. Perdeu patrocínio.
Enviando Fez muito sucesso, na central de atendimento ao telespectador da Globo, a cena de ‘Belíssima’, na semana passada, em que Bia (Fernanda Montenegro) repreendia uma secretária que tem o vício de usar verbo no infinitivo associado a gerúndio.
Balanço A Globo não levou nenhum dos três Emmys internacionais a que concorreu anteontem, em Nova York. Mas quem viu ‘Young Andersen’ (Dinamarca) achou justo esse concorrente ter vencido a microssérie ‘Hoje É Dia de Maria’.’
Taíssa Stivanin
‘Meta de Sinhá é frear Record ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 22/11/05
‘Não foi à toa que a Globo escolheu Sinhá Moça para o horário das 6, substituindo Alma Gêmea. Como a faixa das 7 vai mal, o mínimo que a emissora pode fazer para frear a audiência da novela da Record – a atual, Prova de Amor, tem alcançado até 14 pontos de média – é manter os altos índices de seu folhetim das 6 para retardar ao máximo o zapping.
Nas mãos de Benedito Ruy Barbosa, o remake de Sinhá Moça é receita já avalizada pelo público. A Globo define o elenco da trama até amanhã. A estréia está prevista para março de 2006. O autor e o diretor, Ricardo Waddington, têm encontrado dificuldade para fechar o casting – além dos atores que estão no ar, outros já estão reservados para Páginas da Vida, novela de Manoel Carlos que substituirá Belíssima. ‘Sinhá Moça deveria entrar em 1997, mas a Globo antecipou. Alguns atores com quem acertamos se comprometeram com outras produções para o ano que vem’, conta Edmara Barbosa, filha e uma das colaboradoras do autor.
Antônio Fagundes, por exemplo, estava quase certo como o coronel Ferreira, mas foi chamado pela emissora para continuar no seriado Carga Pesada. Maria-Flor, atualmente em Belíssima, seria Juliana, melhor amiga da sinhazinha, papel que agora será de Vanessa Giácomo, a cabocla. Carolina Dieckmann, que seria a protagonista, deverá ser Ana do Véu, e Débora Falabella – que a princípio estaria em Páginas da Vida, viverá a Sinhá. Danton Mello será seu par romântico, Rodolfo.
A novela terá 40 capítulos a mais – no original são 150. O final será mantido, as disputas entre abolicionistas e escravagistas serão incrementadas. A trama também ganha mais personagens femininas, que não existiam na primeira versão. ‘Vamos criar pares para os homens e ter mais romance.’’
BAIXARIA NA TV
Marcelo Coelho
‘O fascismo ao alcance de todos ‘, copyright Folha de S. Paulo, 23/11/05
‘Saiu uma boa notícia na Ilustrada de domingo: os programas de baixaria na TV aberta perderam audiência e anunciantes nos últimos tempos. O programa do Ratinho, que dava 26 pontos no Ibope quando estreou no SBT em 1998, hoje tem seis. Márcia Goldschmidt, da Bandeirantes, sai do ar no que vem.
Em compensação, o trash corre solto nas transmissões da TV Senado. Passou o tempo das sessões de gala, quando Roberto Jefferson surgia em cena com sua gravata lilás, um olho roxo e o microfone na mão, capaz de extrair do peito, como um daqueles maridos enganados nos sambas de Lupicínio Rodrigues, as denúncias mais graves, as mais canoras e sentidas queixas, as pérolas mais cintilantes de uma ironia timbrada de amargura.
Para continuar no clima de baile da saudade, tivemos também as participações de deputadas e senadoras que souberam secundar, não digo com grande classe, mas pelo menos com repiques de viola, ritmos de corta-jaca, aboios de Inezita Barroso e lamúrias de Isaurinha Garcia o inesquecível tenor do PTB.
Fomos depois parar nos depoimentos de Delúbio Soares: era o fino da fossa, o som de fim de noite, o crooner de voz pastosa vencendo a custo os rumores da boate ao fundo, um melancólico tilintar de copos (ou de caixa registradora?) entre notas esparsas de um piano decadente. O público escasseava.
Vieram então rodadas mais apelativas. Começou a temporada das acareações múltiplas, dos encontros de empresários, assessores e doleiros que prometiam reviver as grandes emoções do telecatch, como no final do programa ‘Reis do Ringue’, quando quatro lutadores e dois juízes se engalfinhavam na chamada ‘luta australiana’, verdadeira balbúrdia de irregularidades e injustiças.
Assisti na semana passada ao depoimento de Sérgio Gomes da Silva na CPI dos Bingos. Apelidado de ‘Sombra’, ele é acusado de mandar matar Celso Daniel. Para dizer o mínimo, suas declarações sobre o seqüestro do amigo foram inconvincentes.
Mesmo assim, o fato é que, na CPI, o escândalo foi outro. Por mais que Sérgio Gomes da Silva seja suspeito, não sei qual a vantagem eleitoral, judicial ou política de submetê-lo a inquirições sem lógica ou puramente achincalhantes, como as protagonizadas por alguns senadores naquela sessão.
Um dos mais humanos e simpáticos, o senador Geraldo Mesquita Jr. (PSOL-AC), começou estranhando a falta de emoção do depoente. Se era amigo de Celso Daniel, como é que sua voz não se embargava, como é que não se viam lágrimas em seus olhos… Suspeitíssimo, com certeza. Mais adiante, o senador contou que estava numa praia do Ceará, quando viu o filho pequeno entrar no mar; de repente, percebeu que o menino estava se afogando. ‘Não sou corajoso’, disse Mesquita; ‘Não sei nadar’. Mesmo assim, ele se atirou na água para salvar o filho.
Ora, perguntou ele, então como é que Sérgio Gomes da Silva, segurança profissional, mestre em artes marciais, nada fez para defender o amigo Celso Daniel ao ver sua vida em perigo? Mais suspeito, impossível.
Nenhuma declaração do acusado poderia valer num inquérito de tal subjetividade. Mas isso foi café pequeno diante da arguição do senador Magno Malta (PL-ES). Tento resumir. Lembremos que Gomes da Silva prestou depoimentos contraditórios em diferentes instâncias da investigação. Argumenta que estava nervoso, que não consegue se lembrar direito dos acontecimentos, que tudo foi muito rápido e confuso. O senador não se convence: como assim, nervoso? A cada depoimento o acusado deveria ficar mais calmo, deveria lembrar-se melhor do que aconteceu…
Ai do acusado se tentasse dizer que o nervosismo não foi na hora do depoimento, mas sim na hora do seqüestro. Veio em seguida uma verdadeira sessão de tortura verbal em torno do funcionamento do câmbio da Pajero -e nenhuma tentativa de explicar o famoso enguiço do carro seria possível em meio às interrupções, ataques e distorções de raciocínio a que se entregava o senador.
As coisas não tinham pé nem cabeça. Perguntava-se também se Gomes da Silva tinha ou não feito um depósito de tantos mil reais, no ano tal, na conta deste ou daquele cidadão. O acusado dizia não se lembrar. Precisava ter em mãos os extratos do banco. O pedido era recebido com sarcasmo pelos inquisidores.
Surgiu em cena uma alma justa, a do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que considerou razoável garantir a Gomes da Silva acesso aos documentos em se baseava a acusação. Mas o pesadelo não se interrompeu. No seu estilo mais desesperador, Suplicy perdeu-se em digressões quilométricas. Levou minutos explicando, por exemplo, que seu filho Supla também possui uma Pajero. Ia contar um episódio de pescaria que lhe fora narrado pelo presidente Lula quando, por força da entropia reinante, passou-se a palavra a outro senador.
O espetáculo não é exceção nas CPIs. Esqueci o nome do parlamentar que, pensando obter mais votos quanto mais humilhasse Delúbio Soares, chegou para o ex-tesoureiro do PT com uma pergunta nestes termos: ‘O senhor vai agora ter coragem de olhar nos olhos do seu papai, da sua mamãe, lá no interior de Goiás?’.
No meio dos questionamentos a Marcos Valério, também foi explorado o fato de que ele perdeu um filho pequeno, vítima de câncer.
Isso para não falar dos freqüentes ‘Cala a boca!’, ‘Aqui quem pergunta sou eu’ etc., que tantos parlamentares, da oposição e da situação, jogam na cara dos depoentes conforme o seu interesse. Acabam se transformando em tiras de última categoria ou em cópias dos piores apresentadores dos programas de crime na TV. Não é só corrupção, mentira e falta de caráter: também o fascismo está ao alcance de todos os partidos.’
Cristina Padiglione
‘Rede TV! tira programa de Kleber do ar ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 22/11/05
‘A RedeTV! suspendeu ontem o programa Eu Vi na TV, de João Kleber, que às segundas exibe o quadro Teste de Fidelidade. Ele terá de ser reformulado e não deverá mais exibir cenas de agressão a mulheres. Foi o que a RedeTV! se comprometeu a cumprir como parte do acordo feito com o Ministério Público Federal (MPF) há uma semana, quando a emissora ficou 25 horas fora do ar por decisão judicial. Embora o alvo da ação fosse o outro programa de Kleber – Tardes Quentes -, o Eu Vi na TV entrou no pacote considerado abusivo pelo MPF.
Kleber voltou de Portugal no fim de semana e esteve na emissora anteontem. Como já havia deixado pronta a edição do Eu Vi na TV antes de viajar – e do compromisso com o MPF -, ele foi lá para tentar reeditar o quadro de forma a não ferir o acordo. Ontem à tarde, porém, a direção da TV optou pela suspensão temporária do programa. A vaga foi ocupada pela extensão do Superpop, de Luciana Gimenez, e do Leitura Dinâmica.’
DIA DE MARIA
Daniel Castro
‘NBC quer fazer ‘Dia de Maria’ para EUA’, copyright Folha de S. Paulo, 22/11/05
‘A microssérie ‘Hoje É Dia de Maria’, sucesso de público e crítica no Brasil, pode ganhar uma versão em inglês. Segundo a Globo, a NBC Universal _que controla a rede americana NBC, uma das maiores do mundo_ quer adquirir o formato da microssérie para uma possível co-produção.
A NBC usa o termo formato porque não pretende comprar apenas cópias em inglês de ‘Hoje É Dia Maria’ mas adaptá-la usando a mesma linguagem da série original brasileira.
Segundo a Globo, os americanos ficaram impressionados com a estética de ‘Hoje É Dia de Maria’ durante apresentação feita sábado, em Nova York, pelo diretor Luiz Fernando Carvalho, em evento pré-Emmy International.
Além de ‘Hoje É Dia de Maria’, na categoria minissérie, a Globo concorria ao Emmy (a premiação foi ontem à noite) com Carolina Oliveira (a protagonista da microssérie, como melhor atriz) e Douglas Silva (o Acerola de ‘Cidade dos Homens’, como melhor ator). O Emmy International é como o Oscar da TV mundial, sem contar os Estados Unidos.
Após a apresentação, Carvalho teve uma reunião com Leslie Jones, executiva da NBC Universal. A reunião foi intermediada por Bruce Paisner, presidente da International Academy of Television Arts and Sciences. Na reunião, Jones fez a proposta de co-produção, que será agora estudada pela cúpula da Globo.
OUTRO CANAL
Protesto 1 Emílio Surita apresentou o ‘Pânico na TV’ no domingo com um pato de brinquedo na mão. Era um protesto contra o décimo ranking da campanha Quem Financia a Baixaria É contra a Cidadania, em que o programa aparece com 3.189 ‘denúncias’, das quais mais da metade obtidas por corrente na internet.
Protesto 2 Ontem, Surita afirmou que o ranking da baixaria ‘nunca foi sério’ e que a votação obtida pelo programa foi ‘uma grande mentira’. ‘Tiraram o João Kléber do ar e agora vão pegar no pé do ‘Pânico’. O ‘Pânico’ é a merda do momento’, reclamou.
Alta A direção da Band gostou da narração de José Luiz Datena fez de Real Madrid x Barcelona, sábado, e convidou o apresentador a transmitir mais jogos. Com o futebol (que deu 11 pontos), a Band bateu a Record no sábado por 4,3 pontos a 3,9 na média do dia.
Rede No ‘Diário Oficial da União’ da última sexta, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, concedeu cinco retransmissoras para a TV Cidade Modelo, de Dourados (MS), a RIT, emissora do bispo R.R. Soares.
Pegou Duda Nagle, que acaba de fazer ‘América’, em que interpretava o Radar, já está escalado para ‘Páginas da Vida’, sucessora de ‘Belíssima’ na faixa das 21h da Globo. Autor da novela, Manoel Carlos ainda não confirma Cléo Pires no elenco.’
EMMY 2005
Lilian Fernandes
‘Programa dinamarquês leva o Emmy’, copyright O Globo, 23/11/05
‘Nem Douglas Silva, nem Carolina Oliveira, nem a microssérie ‘Hoje é dia de Maria’. O Brasil – mais especificamente a Rede Globo – tinha três indicações ao Emmy Internacional, realizado anteontem à noite, em Nova York, mas saiu da festa de mãos vazias. Ficaram com as estatuetas das categorias disputadas por eles o francês Thierry Fremont, eleito melhor ator por ‘Dans la tête du tueur’, a chinesa He Lin, melhor atriz por ‘Slave mother’, e a série dinamarquesa ‘Young Andersen’, sobre a vida do escritor Hans Christian Andersen.
Na platéia, a expectativa de Carolina e Douglas
A festa em que os americanos premiam os melhores da televisão mundial foi realizada no Hotel Hilton, na Rua 53. Também receberam prêmios a série cômica canadense ‘The newsroom’, a série dramática dinamarquesa ‘The eagle’, o programa infantil ‘The dark oracle’ e o documentário alemão ‘The drama of Dresden’.
Douglas Silva, um dos protagonistas de ‘Cidade dos homens’, e Carolina Oliveira e Luiz Fernando Carvalho, atriz e diretor de ‘Hoje é dia de Maria’, viajaram para os Estados Unidos para assistir à entrega dos prêmios. Da Rede Globo, também estiveram presentes o diretor de produção Eduardo Figueira, o diretor de núcleo Guel Arraes e Edna Palatnik, gerente de projetos e pesquisa de dramaturgia. A 02, responsável por ‘Cidade dos homens’, foi representada pelos sócios Paulo Morelli e Andréa Barata Ribeiro.
A boa notícia foi a intenção demonstrada pelos executivos da rede NBC de realizar uma co-produção com Luiz Fernando Carvalho. Eles ficaram impressionados com a estética de ‘Hoje é dia de Maria’, exibida no sábado durante um evento em que os competidores mostram suas produções.’