ECA-USP
Susto na volta à escola, 3/3/06
‘Logo ao chegar, tomei um susto com a cena: dois alunos do mesmo sexo fazendo carinhos um no outro, namorando numa boa na entrada da escola. Acho que só eu reparei, antigo que sou, porque os outros transeuntes passaram direto rumo ao auditório. Que os leitores não me entendam mal: não se trata de preconceito, nada disso, apenas de uma questão de data de nascimento, quer dizer, de época de entrada em cena na vida.
Como aluno da primeira turma da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, inaugurada há exatos 39 anos, fiquei contente com o convite para participar de um encontro com os calouros na manhã da última sexta-feira. É sempre bom voltar a lugares que foram importantes na nossa formação, deixar a memória cavoucar as lembranças e tentar entender os rumos que tomamos nas voltas que a vida dá.
De cara, encontrei um colega de turma, José Coelho Sobrinho, que passou direto da condição de aluno para a de professor e nunca mais saiu da escola. Os cabelos todos brancos, contente com o que faz, mais uma vez ele estava participando do ritual de receber seus novos alunos. Era como se fossem os primeiros de sua carreira, toda ela dedicada a uma única instituição. Nas muitas vezes em que passei pela ECA nestes anos todos, já que por quase três décadas morei pertinho da USP, nunca deixei de encontrar o Coelho para tomar um café na sala dos professores. E nunca o vi reclamar da vida.
Véspera de carnaval, eu pensei que ia encontrar no auditório meia dúzia de gatos pingados (o que são ‘gatos pingados’, Sérgio Rodrigues?), só os alunos mais ‘caxias’, como se dizia, já que a essa altura parecia que São Paulo inteira estava pegando a estrada. Para minha segunda surpresa do dia, a sala estava lotada, mais de 200 estudantes, alguns até em pé, para participar do nosso debate. Eu era o mais velho ali. Os outros dois ex-alunos convidados para falar sobre as suas experiências – o multimídia José Roberto Torero e o músico Fábio Torres – eram de turmas bem mais recentes do que a minha.
– No meu tempo, não tinha nem elevador no prédio… – lembrou Torero, o primeiro a falar. E o cortei logo, sem esperar minha vez: – … e no meu tempo não tinha nem o prédio…
É verdade. Em 1967, quando passei no primeiro vestibular da ECA na mesma semana em que comecei a trabalhar como repórter estagiário no ‘Estadão’, a escola foi abrigada provisoriamente num puxadinho do prédio velho da Reitoria. Criaram a faculdade, mas esqueceram de prover uma estrutura mínima para o seu funcionamento.
Até os professores eram improvisados, requisitados em outras escolas da própria USP. Entendiam tanto de comunicações e artes quanto os alunos, ou eram profissionais das áreas relacionadas aos diferentes cursos (jornalismo, rádio e televisão, teatro, cinema, música, biblioteconomia, relações públicas). Pode-se imaginar como eram os equipamentos – veteraníssimas máquinas de escrever com teclados despencando e enormes câmeras de televisão sobreviventes da TV Tupi, quase do tamanho de um carro. Às vezes, funcionavam.
Vivia-se o auge do movimento estudantil, que se mobilizava contra a ditadura militar e acabou explodindo no histórico ‘meia oito’, como ficou conhecida a nossa geração. No final das aulas, ia todo mundo para o ‘Rei das Batidas’, um bar que existe até hoje na entrada da Cidade Universitária. Com o tempo, passamos a ir ao ‘Rei’ antes das aulas mesmo…
Muitos alunos daquela turma, como eu, estouramos em faltas e fomos ‘jubilados’, a expressão que se usava para os alunos expulsos da faculdade, que não chegaram a se formar, depois de repetir de ano várias vezes. Por isso, vira e mexe encontro alguém que foi da minha turma, mas a ‘minha turma’ foram várias.
A maioria estudava e trabalhava, mas numa coisa só. Não é como hoje que, já na escola, o pessoal quer aprender e fazer de tudo um pouco. O melhor exemplo dessa febre multimídia dos tempos atuais é Torero, uma figuraça, meu colega de mesa naquela manhã, que faz cinema, roteiros para a televisão (o texto do ‘Retrato Falado’, com a Denise Fraga no ‘Fantástico’, é dele), escreve coluna de futebol na ‘Folha’ e nas horas vagas mantém um blog. No meu tempo de escola, eu era só repórter do ‘Estadão’. Lá fazia a cobertura do movimento estudantil, um caso típico de dupla personalidade, mais ou menos como se fosse ao mesmo tempo ator e crítico.
Detesto esta expressão ‘no meu tempo’, e mais ainda o hábito que muitos da minha geração têm de acharem que ‘no nosso tempo’ era tudo melhor do que hoje. Conversa. Fiquei muito bem impressionado com os calouros da ECA-USP, que em suas perguntas se mostraram informados e interessados sobre o que está acontecendo no país e nas áreas em que pretendem atuar profissionalmente. Foram três horas muito agradáveis, que me deram esperança de que esse pessoal que vem vindo aí vai fazer coisa boa nas comunicações e nas artes do nosso país.
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Ando numa fase de escrever muito sobre coisas do passado porque estou terminando de fazer a revisão de um livro de memórias, que me consumiu um ano de trabalho para resumir os pouco mais de quarenta de jornalismo, desde o inesquecível ano de 1964 (quando entrei na faculdade, já batalhava havia três anos em jornais de bairro, numa época em que não se exigia diploma para ser repórter).
Por isso, o título do livro acertado com a Companhia das Letras ficou sendo ‘Primeira Página’, com o subtítulo ‘Memórias de um repórter do Golpe ao Planalto’. Se alguém tiver alguma idéia melhor, agradeço. Quando lançou o dele, no começo do ano passado (‘Minhas histórias dos outros’), meu colega Zuenir Ventura chegou a fazer uma enquete aqui no site e parece que deu certo. O meu livro só deve sair em abril, ainda dá tempo de receber sugestões dos leitores.
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Vida de colunista não é fácil. Quase quebrei a cara com a minha coluna da semana passada em que falava maravilhas do meu time, o São Paulo. De lá para cá, o time não jogou mais nada. Não perdeu, é verdade, mas decepcionou. Ganhou dois jogos só por 2 a 1, no sufoco (contra a Ponte Preta, em Campinas, e o Caracas, na Venezuela), como se fosse outro time qualquer, e não aquele que estava encantando até a torcida do adversário com seu futebol ofensivo, rápido, matador.
Parecia até aquele São Paulo do ano passado, que foi tricampeão do mundo, mas não empolgava ninguém, e deixava a torcida com o coração na mão e o pé machucado de tanto chutar a mesa. Foi só fogo de palha, Muricy? Como diria o velho cronista esportivo, só nos resta agora aguardar as próximas partidas.’
O PODER POSITIVO
O intelectual o que é?, 27/2/06
‘Intelectuais são vistos, quase sempre, como sujeitos pedantes e amaneirados, que preferem as complicações inúteis do espírito às singelezas do mundo real. São tidos, sobretudo, como mal-humorados, homens cheios de negativismo e de azedume, e exageradamente críticos, sempre insatisfeitos com a vida e, em conseqüência, prontos para complicar e demolir. Algumas vezes, são tomados como chatos, outras como impostores. Quase nunca, como homens comuns.
Para enfrentar estes estigmas, o pensador norte-americano, radicado em Londres, Steve Fuller escreveu um pequeno petardo – ele também crítico, amargo e demolidor – que chega, agora, ao Brasil. ‘O intelectual/ O poder positivo do pensamento negativo’ (Relume Dumará), o breve e estimulante livro de Fuller, deita por terra o estereótipo, disseminado por conselheiros, livros de auto-ajuda e religiões, segundo o qual devemos nos apegar, somente, às ‘idéias positivas’ e fugir, sempre, de qualquer negativismo.
Para começar, Fuller escreve contra certo espírito ‘neutro’ e ‘equilibrado’, dito científico, que, no seu entender, predomina hoje nas universidades. Nelas, protegidos por doutorados, papers e séqüitos de orientandos, os acadêmicos se fecham à brutalidade do mundo. ‘Gostaria de dar um conselho aos acadêmicos’, ele se atreve, ‘mesmo que tenham perdido o desejo de se tornarem intelectuais’. É uma advertência simples, mas dura: ‘Resistam à tentação de aniquilar o espírito libertário e irrequieto que caracteriza o florescimento do intelecto crítico’, diz. Na Inglaterra, onde vive há dez anos, Fuller aprendeu a conviver com acadêmicos que se consideram, acima de tudo, pragmáticos e ‘antiintelectuais’ – ‘técnicos do saber’, em contraposição aos franceses, que seriam ‘intelectualistas’ e diletantes. Mas essa imagem solene, do doutor frio e respeitável, não o comove, nem o engana.
Em desgraça por 2.500 anos Em seu livro, Steve Fuller combate quatro estigmas que costumamos associar à imagem do intelectual. Os intelectuais nasceram de pé atrás, diz o primeiro estereótipo. Eles sofrem, quase sempre, de ligeira paranóia, diz o segundo. De acordo com o terceiro, os intelectuais carecem de um plano de negócios, pois são idealistas e confusos. Por fim, diz-se, os intelectuais fracassam porque – ao contrário dos acadêmicos, sempre restritos à objetividade de seu campo de pesquisa – procuram a ‘verdade total’, ou seja, aquilo que nunca será encontrado.
Em defesa dos intelectuais, que são por princípio prolixos e atuantes, Fuller se põe a escavar a história do pensamento ocidental. Nos primórdios da filosofia, uma grande má vontade cercava a figura dos sofistas – conhecidos por aparecer nos diálogos de Platão como os contestadores mais espertos de Sócrates. Platão cunhou a imagem dos sofistas como ilusionistas, arrogantes e sabichões, e não sábios – como a expressão ‘sofista’ quer dizer em sua origem. Enquanto isso, Sócrates se tornou o ícone do racionalismo crítico ocidental. Ainda hoje, nas pegadas de Platão e Sócrates, o dicionário define um sofisma como um ‘argumento aparentemente válido, mas não conclusivo’.
Graças a Platão, Fuller nos lembra, os sofistas permaneceram em desgraça por 2.500 anos. Na verdade, ele diz, a figura do intelectual moderno surgiu de uma mescla entre as duas imagens. ‘Ambos, Protágoras (480-410 AC) – o mais célebres dos sofistas – e Sócrates, nos legaram dois estilos complementares que definem o intelectual’, observa. Meio explorador, como os sofistas ainda hoje são vistos, meio inquisidor, um mestre das perguntas desconcertantes como Sócrates, o intelectual de hoje tem uma imagem dúbia. A daquele
que evita tanto o otimismo empresarial estimulado por Protágoras, quanto o pessimismo paranóico a que Sócrates era propenso.
A paranóia – eis outra marca registrada, inconfundível, dos intelectuais. ‘O paranóico se considera um instrumento inestimável da totalidade da realidade’, Fuller descreve. Como acreditam que a razão tem o poder de modificar o mundo, os intelectuais estão constantemente à procura de conspirações, ou de motivos ocultos sob a realidade das coisas.
Respostas a perguntas não formuladas e o mal resultante de atos não-intencionais são dois aspectos que ilustram a imagem do intelectual à procura das sombras que escapam ao observador desatento. Elas podem ser, em muitos casos, de fato, produtos doentios de sua fértil imaginação. Mas, de outro lado, alerta Fuller, a luta do intelectual exige ‘eterna vigilância’, isto é, exige paranóia.
‘Como Batman, que atravessa os céus noturnos de Gotham City à espera de um sinal do morcego requisitando seus serviços, para o intelectual as notícias são como apelos ocultos de um mundo desesperado à procura de orientação’, Steve Fuller compara. Para os intelectuais – assim como para os super-heróis – a vida social é o terreno por excelência da luta sangrenta do Bem contra o Mal. Identificar os dois lados, seja para agir como Bertrand Russel, que acreditava que o Bem sempre triunfa sobre o Mal, seja para agir como Jean-Paul Sartre, para quem a diferença entre o Bem e o Mal depende de qual deles merece a nossa afeição, é a tarefa do intelectual. E é o que alimenta seu gosto fatal pela paranóia.
Mas, e a verdade, onde fica? Quanto a ela, observa Steve Fuller, existem duas maneiras de pensá-la. A primeira busca ‘só a verdade’; a segunda, ‘toda a verdade’. A primeira indaga: ‘essa afirmativa corresponde à realidade?’ A segunda quer saber: ‘a realidade é tudo o que se afirmou, ou algo importante ficou de fora?’ Fuller argumenta que os tribunais erram ao desejar ‘toda a verdade e nada mais que a verdade’, pois, com isso, excluem incertezas e perplexidades, só por medo de que elas escondam falsidades. Mas também aqueles que buscam ‘toda a verdade’ correm graves riscos, ele nos diz. No entender de Fuller, estes erram ‘ao incluir incertezas na esperança de que possam revelar verdades’. A busca da verdade – que é freqüentemente enfrentada, com duros conflitos íntimos, também pelos jornalistas – inclui necessariamente a tolerância ao erro, implica na convivência com a ignorância. Abrange, e não exclui, a imperfeição.
Eficácia acima da precisão
O ponto alto do livro de Fuller é um estimulante diálogo imaginário entre um intelectual – o livre pensador clássico – e um filósofo – o pensador sistemático da academia. O filósofo é o pensador cauteloso, que freqüenta as salas de aula e que mede as palavras; já o intelectual, sem vínculos que o prendam, atua em várias frentes, sem medir as palavras.
Prudente, o filósofo acusa o intelectual de forçar seu ponto de vista sobre as coisas, de reduzir a complexidade do mundo a suas pequenas idéias. O intelectual ironiza os argumentos do filósofo, para quem algo só deve ser afirmado quando corresponde inteiramente à verdade. Orgulha-se, ao contrário, de falar ‘ao público comum’, isto é, de colocar a eficácia acima da precisão. ‘Ele espera cometer erros instrutivos que sirvam para ampliar a inteligência coletiva da sociedade’, Fuller o define.
O filósofo ironiza no intelectual sua submissão a prazos, a editores e à mídia. ‘Os intelectuais não são filósofos operando sob condições difíceis’, defende-se, porém, o intelectual. Mas, afora isso, Fuller acrescenta, também os filósofos se submetem a limites, ainda que limites ‘de sala de aula’, que envolvem currículos, programas de ensino e títulos. Eles estão tão expostos às interferências públicas quanto eles, intelectuais.
O intelectual de Fuller critica nos filósofos ‘continentais’ (eruditos franceses e alemães, que se opõem ao sentido prático dos doutores ingleses) a ânsia de sempre repetir o que disseram seus mestres. ‘Desde que você tenha aprendido a pensar como, digamos, Michel Foucault, ou Jurgen Habermas, nunca mais vai precisar pensar por você mesmo’, ele ironiza. Sem arredar pé, o intelectual ressalva, contudo, que nada tem contra Foucault ou contra Habermas, mas ‘contra seus epígonos, clones e parasitas’. É o filósofo como um repetidor do mestre que ele, sem medir as palavras, ataca. Nele critica, ainda, a ‘prosa impenetrável’, que exclui os homens comuns.
Mas o filósofo também tem duros reparos a fazer ao intelectual. Nele critica, por exemplo, o ‘verniz habilidoso’, quer dizer, o brilho dos argumentos rápidos, que no fim seriam apenas uma ‘mistificação obscurantista’. ‘Considero um problema o modo como você politizou a história da ciência’, o filósofo desabafa, cansado dos argumentos transitórios do intelectual. Este, porém, não se abala: ‘Sim, é por isso que você é um filósofo e eu sou um intelectual’, distingue. Para um, as palavras são fim; para outro, meio.
Enquanto o filósofo prefere a ‘profundidade’, o intelectual opta pela ‘abrangência’ – que é desprestigiada na academia, mas muito popular nos institutos de pesquisa. Para o intelectual, a vida acadêmica – com suas imersões ‘profundas’ – é a grande responsável pelo surgimento de uma superstição em relação à vida intelectual. O intelectual prefere a abrangência à profundidade porque se recusa a acreditar que o saber possa se restringir a poucas pessoas, seja objeto apenas de nobres especialistas ‘cujas palavras não somente são reverenciadas pelos acadêmicos, como também lhes serve de modelos para discursos’. Não esconde sua aversão à rotina de escola e aos rituais de qualificação. ‘Não considero as universidades como fabricantes primordiais de padrões intelectuais e, muito menos, de gosto’.
Para o intelectual, as idéias só importam se estão disseminadas pelo mundo, se agem sobre ele. ‘A idéia de que todas as pessoas são importantes, e igualmente importantes, não é só um princípio político, mas também um princípio epistêmico’, ele argumenta. ‘Vocês, intelectuais, reduzem de tal forma a complexidade das questões que terminam por solapar seu claro objetivo de dizer a verdade ao poder’, rebate o filósofo. Mas, para o intelectual, os filósofos hesitam sempre que são chamados a fazer afirmações sobre o que é incerto. ‘Vocês preferem livrar-se das incertezas, ou emprestar sua voz a uma versão da realidade menos incerta’, ele protesta. Em outras palavras: seja como for, os filósofos fazem um retorno à metafísica, ele acusa. Entre o real e as idéias, ficam com as idéias.
Tidos como ‘birutas’
Na terceira parte de seu livro, Steve Fuller tenta responder a algumas questões difíceis que ajudam a definir o perfil do intelectual. ‘Qual é a atitude dos intelectuais em relação às idéias?’, ele se pergunta.
Existem dois papéis opostos para o intelectual, responde: o de censor, que veta o cultivo de certas idéias, e o de advogado do diabo, que expõe as pessoas a idéias inesperadas. O primeiro prolifera nas paisagens autoritárias, o segundo, nos cenários democráticos. ‘Como um intelectual adquire credibilidade?’, pergunta ainda. Demonstrando independência de pensamento, Fuller responde. ‘Exibindo autonomia, quer dizer, quando é capaz de adotar posições que não parecem ser do seu interesse ostentar.’
Mas, ele se apressa a ressaltar, é fácil mostrar autonomia quando você vem de um ambiente abastado, ou aristocrático – como o Buda. É muito mais difícil, e dolorido, se você vem de um ambiente proletário, ou pobre. Também a autonomia de pensamento não está descolada do real. Nos dois casos, a grande dificuldade enfrentada hoje pelos intelectuais, Fuller avalia, se dá quando ele vê suas idéias rebeldes se tornarem consagradas, se tornarem senso comum. Aí, sim, é realmente difícil sustentá-las, é muito doloroso conservar uma posição.
Outra dificuldade para o intelectual, Fuller sustenta, é a convivência serena com estigmas dolorosos, como o de ‘biruta’. Intelectuais são tidos como ‘birutas’ porque se movimentam por temas variados, não se apegam a posições fixas e pensam nas horas e situações mais inadequadas, em que ninguém mais se atreve a pensar. É mais cômodo ser o intelectual do tipo ‘câmara acústica’, ele argumenta, um daqueles sujeitos que se limita a traduzir o cotidiano para o perene. Mas a verdade é que este pensador pacato, que se limita a difundir e aprimorar o senso comum, não chega a tocar na realidade. E, portanto, sequer chega a ser um intelectual.’
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