‘Diretor do Estado diz que o espaço para tomadas de posição diferencia o jornal
Na semana em que completa 80 anos, o diretor do Estado, Ruy Mesquita, foi o convidado a dar a palestra de abertura da segunda semana de aula do 9.º Master em Jornalismo – Gestão de Empresas de Comunicação, do Centro de Extensão Universitária, em São Paulo. Ruy Mesquita lembrou, na conversa com os alunos, a missão do jornal desde que seu avô, Julio Mesquita, assumiu a direção da empresa, na última década do século 19. ‘Nunca se visou à conquista de poder, mas ao aperfeiçoamento das instituições políticas e à transformação do País numa democracia’, disse. ‘O Estado mantém a pretensão de defender idéias. É uma missão.’
Ruy Mesquita, que há 56 anos vive o jornalismo diariamente, é um dos maiores defensores do espaço de Opinião do jornal, o grande diferencial hoje do Estado entre as grandes publicações, segundo ele. ‘O mais importante é a objetividade com que se dá uma opinião e a qualidade do texto.’
É exatamente pelas páginas de Opinião e por artigos de colunistas que Ruy Mesquita começa, diariamente, sua leitura, por volta das 6 horas da manhã. Mais tarde ele conversa com os editorialistas do Grupo Estado e encomenda textos para a equipe.
‘A opinião do Estado é única’, diz. E completa: ‘O desafio do Estado é ser objetivo. Assumimos nossa posição, mesmo em assuntos controversos do ponto de vista ideológico’. Segundo ele, não há um editorial que não tenha reação imediata da área atingida. ‘Mas não é por isso que nos furtaremos de assumir sistematicamente determinadas posições.’’
NYT & OPINIÃO
‘‘The New York Times’ muda seção de opinião’, copyright O Estado de S. Paulo / The New York Times, 12/04/05
‘Pela primeira vez desde que The New York Times criou a seção Op-Ed (Opposite Editorial, página de opinião oposta à reservada aos editoriais), em 1970, nosso espaço cresceu. O jornal de domingo agora terá uma seção de opinião maior. A tradicional página de editoriais e cartas abrirá o cortejo, seguida por outras duas.
Sabemos que alguns leitores resistirão no início. Os leitores do Times têm uma relação muito pessoal com o jornal. Eles tendem a ficar insatisfeitos com qualquer mudança e principalmente quando se trata dos colunistas.
Sempre chamamos esta seção de Op-Ed porque ela aparecia na página oposta à dos editoriais. Fisicamente, não será assim aos domingos. Mas do ponto de vista do papel desempenhado, isso ainda valerá. Na seção de opinião, os editoriais, que estão agora na página precedente, têm um objetivo muito diferente do resto. Há uma comissão de 16 pessoas com crenças e opiniões políticas específicas, refletindo valores defendidos pelos editorialistas há um século. O objetivo é convencê-lo e não oferecer o melhor argumento.
No mundo do Op-Ed os editores se esforçam para apresentar um grande espectro de opinião, para que você não só se regale com textos que refletem suas próprias visões, mas também compreenda pontos de vista alternativos. O lado noticioso do jornal informa, lutando para oferecer a reportagem mais justa e imparcial possível. O lado opinativo está mergulhado na parcialidade, mas uma parcialidade com todas as suas variantes.’