Friday, 15 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

O Estado de S. Paulo

‘Proporcionalmente a sua população, Cuba é o país que prendeu mais jornalistas do mundo, indicou um relatório divulgado ontem pelo Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ). No final de 2004, a China – um país com uma população de 1,3 bilhão – tinha 42 jornalistas presos; Cuba, 23; Eritréia, 17; e Mianmá, 11, informou a organização com sede em Nova York. Em seu informe anual, o CPJ disse que até 31 de dezembro de 2004 havia 122 jornalistas presos em 20 países.’



CASO IVANDEL
Fausto Salvadori Filho

‘Polícia retoma busca por ossos do jornalista’, copyright Folha de S. Paulo, 2/2/05

‘A polícia de São Paulo reiniciou ontem as buscas pela ossada do jornalista Ivandel Machado Godinho Júnior, 55, seqüestrado em 22 de outubro de 2003, mas já levanta a hipótese de que os seus restos mortais tenham sido totalmente destruídos.

‘Se o corpo foi queimado, a temperatura pode ter calcinado os ossos, reduzindo-os a cinzas’, afirmou o perito Ruggero Bernardo, do IML Oeste, especializado em perícias especiais (corpos em decomposição e ossadas), que participou das buscas de ontem.

Das 11h50 às 17h10, sete policiais, da Delegacia Anti-Seqüestro e do Instituto de Criminalística, fizeram novas escavações no campinho de futebol onde o corpo de Godinho teria sido carbonizado e enterrado, no Capão Redondo (zona sul da capital), em 25 de outubro de 2003.

O delegado Eduardo Camargo Lima, da DAS, disse que as escavações foram interrompidas mais cedo devido à chuva, mas serão retomadas hoje.

‘Como já se passou mais de um ano, a natureza se encarregou de transformar os restos orgânicos em minerais, o que impossibilita a identificação’, disse Bernardo. Foram achados alguns pedaços de ossos -aparentemente de animais- e de pneus, que serão analisados. A polícia já recolheu uma ossada no local em 5 de janeiro, mas um exame de DNA mostrou que os ossos eram de animais.

Por enquanto, o único indício da polícia é o depoimento de três suspeitos, presos em 4 de janeiro. Segundo a polícia, os três confessaram que esquartejaram e queimaram o corpo do jornalista.

O delegado acredita que três suspeitos foragidos possam ajudar a encontrar provas da morte do jornalista. Segundo Lima, é possível que os foragidos tenham voltado ao campinho para recolher os restos do jornalista.’



LÚCIO FLÁVIO EM HARVARD
Elio Gaspari

‘O Jornal Pessoal vai a Harvard’, copyright Folha de S. Paulo, 6/2/05

‘Na tarde de 21 de dezembro, o empresário Ronaldo Maiorana agrediu e ameaçou de morte o jornalista Lúcio Flávio Pinto num restaurante de Belém do Pará. Maiorana é um dos donos e diretor do maior grupo de comunicações da região Norte. Edita o jornal ‘O Liberal’, que publica esta coluna há cerca de dez anos. Lúcio Flávio Pinto, com 55 anos e 39 de profissão, mantém desde 1988 o ‘Jornal Pessoal’, um periódico mensal que lhe vale admiradores, encrencas e inimigos. Maiorana teve uma má idéia e meteu-se numa das grandes encrencas do jornalismo nacional.

O empresário já disse que se arrependeu do espancamento. Segundo ele, foi um ‘ato impensado’. Segundo o auto de corpo de delito, resultou em ‘edema traumático na região zigomática direita’ do jornalista.

O nome de Lúcio Flávio Pinto acaba de ser encaminhado à comissão julgadora do prêmio Maria Moors Cabot, da Universidade Columbia. Trata-se do mais conhecido prêmio do jornalismo interamericano. Mais: por sugestão do cientista político Biorn Maybury-Lewis (ex-professor da Universidade Federal do Pará), ele foi convidado para uma passagem pela Universidade Harvard. Lá, contaria suas experiências profissionais. A visita será patrocinada pelo Centro David Rockefeller para Estudos Latino-Americanos (onde o signatário passa este semestre). Lúcio Flávio informou que só poderá viajar aos Estados Unidos em abril.

Para que as pessoas interessadas em azucrinar o jornalista saibam a intensidade da frente fria que têm pela frente, foi-lhe dito que poderá vir quando quiser, inclusive no dia em que achar que sua segurança está ameaçada.’