Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O Estado de S. Paulo

LULA REELEITO
Gilberto Dupas

A vitória de Lula E o segundo mandato

‘Para além das profundas raízes populares e da marcante personalidade política de Lula, são fáceis de entender as razões do seu segundo mandato: o desempenho social e econômico do seu governo, ainda que se beneficiando de um momento internacional muito favorável, superou com folga o do período FHC. O desemprego caiu, a informalidade reduziu-se, o salário mínimo teve importante evolução, a renda real média recuperou-se e houve sensível redução da pobreza com incorporação de 6 milhões de pessoas das classes D e E à classe C. As exportações dobraram, gerando notável recuperação do saldo comercial e zerando a dívida líquida externa. O programa Bolsa-Família, com gestão eficiente e pouca contaminação do varejo político, conseguiu atingir mais de 11 milhões de famílias e se constituir, juntamente com a ampliação da aposentadoria, numa importante ajuda para as classes baixas. Finalmente, o crescimento econômico, se foi pequeno em função das possibilidades que o momento internacional permitia, conseguiu ser um pouco superior à média do governo anterior.

Nenhuma surpresa, pois, com a conquista de Lula, especialmente quando exposto a um adversário muito aplicado, mas com pouco carisma e sem claras propostas alternativas. Com a guinada ao centro a partir da Carta aos Brasileiros – que permitiu um pacto de governabilidade com parte significativa das elites em torno da ortodoxia monetária e fiscal – e com volumes e preços dos produtos básicos em forte alta pelo crescimento excepcional da China, Lula construiu um caminho conservador na economia e criativo na retórica. Sua política externa soube aproveitar a radicalização do quadro internacional, permitindo espaços para uma ação mais agressiva sem prejudicar as relações com o governo norte-americano, que vê Lula como um moderado de esquerda em meio a ‘radicais’ como Hugo Chávez, Evo Morales ou um Néstor Kirchner desafiador do FMI, com sua bem-sucedida moratória.

Os passivos para o segundo mandato são difíceis. Os principais já vinham do governo anterior: a dívida interna e a da Previdência. Com medidas mais arrojadas de política econômica poderíamos ter crescido mais e atenuado ambos. Mas os tucanos acabaram deixando claro que não teriam feito diferente, até porque sempre elogiaram a ação econômica de Lula como a ‘única coisa boa de seu governo’. A dívida interna líquida, que FHC recebeu em 25% do PIB, entregou-a em 45%; Lula elevou-a a 50%. A da Previdência também já vinha crescendo; Lula fez a pequena e insuficiente reforma que a coalizão de forças daquele momento permitiu. Há, evidentemente, um passivo novo: a ampla transparência sobre os inúmeros casos de corrupção. Com isso, agir duramente para melhorar os padrões éticos da República – além de saber separar alhos de bugalhos – passa a ser um dos grandes desafios para a sua próxima gestão.

Mas por que as graves crises do ‘mensalão’, dos ‘sanguessugas’ e do ‘dossiê’ não liquidaram o caminho de Lula para o segundo mandato? Também não é difícil entender. A inflação baixa, os programas sociais e as transferências de renda já estavam fazendo seus efeitos entre os mais pobres quando as crises políticas começaram a explodir, em 2005. A economia internacional aquecida criava condições para um crescimento superior a 3%, aliviando tensões. Metido no olho do furacão, Lula soube recompor o núcleo de governo com eficiência e manter condições de governabilidade. Ele foi ajudado pela hesitação do PSDB em radicalizar e ser chamuscado pelo próprio fogo que assoprava; e conseguiu relativizar a questão da corrupção, classificando-a de ‘sistêmica’ e lançando conexões com o governo passado. Finalmente, o perigo de um debate eleitoral contra uma alternativa desenvolvimentista corajosa – que Serra teria tido condições de propor – foi abortado com a imposição de Alckmin.

Enfim, o presidente conseguiu ‘separar-se’ da crise política, liderou amplamente nos Estados mais pobres e melhorou no final também entre os mais ricos, no arrastão de ganhador. Sorte de Serra, talvez o grande vitorioso destas eleições, já que agora pode planejar seu futuro sem a sombra de Lula. Se souber, no governo de São Paulo, realizar uma gestão criativa e competente, retirando algumas bandeiras populares das mãos exclusivas de Lula e conseguindo mais somar que dividir – seu grande desafio -, o caminho de Serra estará bem pavimentado para 2010.

Lula e o Brasil precisam agora de uma nova coalizão para enfrentar temas essenciais logo no começo da gestão: reforma política, reforma fiscal e segundo capítulo da Previdência. O presidente estará de olho no novo PSDB de Aécio e Serra, que estarão de olho em suas próprias chances para suceder a Lula. Mas é importante que nesse jogo – inerente à política – haja lugar para as prioridades do País; precisamos reencontrar já um espaço estratégico corajoso que nos permita voltar a crescer em níveis compatíveis com nossas demandas sociais básicas, que não podem depender eternamente do Bolsa-Família. E, para tanto, uma base política ampla é necessária. No balaio de gatos do PMDB há agora os pesos pesados Nelson Jobim e Delfim Netto, este ainda que sem mandato.

Se não houver uma crise forte na área internacional, e com uma redução mais dura da taxa de juros, em tese há condições para manter um crescimento entre 3,5% e 4% ao ano, o que é menos do que precisamos. Mas, se houver turbulência maior via ajustes nos EUA e na China, o quadro pode-se complicar e Lula cair na maldição dos segundos mandatos. Esperemos os primeiros movimentos dos vencedores e a evolução do quadro internacional para enxergarmos melhor o que nos pode aguardar.

*Gilberto Dupas, presidente do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais (IEEI), coordenador-geral do Grupo de Conjuntura Internacional da USP, é autor de vários livros, entre os quais O Mito do Progresso (Editora Unesp)’



DIPLOMA EM DEBATE
Ricardo Brandt, Carlos Marchi

Fenaj recorrerá de liminar que derruba diploma

‘A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) anunciou ontem que vai entrar com recurso para tentar derrubar a liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que garante o exercício da profissão de jornalista independentemente de registro no Ministério do Trabalho ou de diploma de curso superior na área.

A decisão do STF reacendeu a discussão entre entidades contrárias e favoráveis à exigência do diploma para o exercício do jornalismo. A liminar foi concedida poucos dias após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidir em julgamento de mérito – em outro caso – a obrigatoriedade de diploma específico para o exercício do jornalismo.

A decisão da Primeira Seção do STJ foi dada dia 8 em mandado de segurança impetrado pelo médico José Eduardo Marques, de Bauru (SP), contra portaria do Ministério do Trabalho, publicada no início do ano, que anulava todos os registros precários para a profissão.

No caso do STJ, o julgamento é específico para o médico que tem um programa na área de saúde na imprensa local. A decisão do STF, de anteontem, diz respeito ao interesse coletivo e atende a ação cautelar proposta pela Procuradoria-Geral da República.

Na ação, o procurador-geral, Antonio Fernando Souza, alega que ela é necessária ‘para evitar a ocorrência de graves prejuízos àqueles indivíduos que estavam exercendo a atividade jornalística’, independentemente de registro ou diploma na área.

Em nota, o presidente da Fenaj, Sérgio Murillo de Andrade, diz que ‘é no mínimo estranho’ o argumento do Ministério Público. ‘Além de não ver sentido no envolvimento do MP nessa polêmica entre a categoria e o patronato, questiono o argumento de dizer que há graves prejuízos depois de mais de um ano de vigência da decisão da Justiça Federal de São Paulo, que revogou todos os registros precários’, afirma ele.

Para o presidente da entidade, ‘é insustentável a defesa de um direito – o exercício irregular da profissão – obtido com base em decisões consideradas ilegais’. Ele usou a polêmica para defender o autocontrole da profissão.

O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo, também saiu em defesa da necessidade de formação acadêmica na área para o exercício da profissão, especialmente em matérias específicas como teoria e técnicas de comunicação. Contrário à exigência do diploma, o diretor-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Fernando Martins, diz que ela ‘limita o direito de livre expressão’.

A organização não-governamental internacional Repórteres sem Fronteiras também protestou contra a decisão da Justiça brasileira obrigando o uso do diploma. ‘É jornalista aquele trata ou produz informação’, diz texto divulgado pela ONG. ‘A competência jornalística não depende de capacitação a priori, pois está ligada à prática da profissão.’’



LIBÉ EM CRISE
Thomas Crampton

Novo editor tenta salvar ‘Libéracion’

‘Dias antes dos procedimentos de falência ameaçarem fechar as portas do famoso jornal francês Libération, um importante editor se apresentou, na quinta-feira, se oferecendo para fazer uma reestruturação radical no jornal de esquerda.

Fundado nos anos 70 pelo filósofo Jean-Paul Sartre e um grupo de antigos maoístas, o jornal recentemente sofreu uma forte queda, de circulação e de publicidade. Seus leitores não rejuvenesceram, não indo além da geração que tomou as ruas de Paris em 1968. Os prejuízos chegaram a US$ 6,4 milhões no primeiro semestre.

Em junho, Edouard de Rothschild, o maior investidor do jornal, demitiu o editor Serge July, recusando-se a continuar financiando a publicação enquanto não fosse apresentado um plano de reestruturação e um novo editor que o satisfizesse. Pelo estatuto do jornal, os jornalistas têm poder de veto sobre as decisões da diretoria e poderes para eleger seu editor-chefe.

O candidato que se apresentou, Laurent Joffrin, é um ex-vice editor do Libération que hoje é o principal editor da revista semanal Le Nouvel Observateur. Ele se apresentou como um candidato confiável, podendo agradar aos jornalistas e a Rotschild. Os jornalistas devem votar se aceitam sua candidatura.

‘Meu plano, em primeiro lugar, é a sobrevivência e, depois, a reconquista’, disse Joffrim. ‘Pretendo transformar o Libération numa verdadeira empresa de multimídia.’

Ele disse que Rothschild apoiou seu novo conceito do jornal. Muitos manifestaram surpresa com o fato de um herdeiro da fortuna Rotschild se envolver com o jornal. Ele investiu US$ 26 milhões em janeiro de 2005, assumindo uma participação de 38,7% do jornal.

‘A primeira coisa que disse a Rotschild é que nunca mudarei uma única linha do jornal’, afirmou Joffrin. ‘Com 54 anos, não decidi ser uma marionete.’

Segundo ele, caso consiga o apoio dos jornalista, Rotschild contribuirá com US$6,5 milhões dos US$19 milhões de investimentos. Ele não informou o nome dos outros investidores.

Entre os problemas que deve enfrentar estão um esquema de demissões a que os funcionários se opõem. Rotschild quer que o número de funcionários passe de 280 para 100.

Joffrin espera que, com o corte de funcionários, o jornal equilibre as finanças em 2008. Os jornalistas, porém, precisam ser convencidos a ceder seu poder de veto sobre decisões importantes de administração, afirmou. A posição política do Libération não mudará, mas o jornal será mais positivo e adotará posições incisivas. ‘Será um jornal combativo. Um jornal para as pessoas que desejam mudar o mundo.’’



TELEVISÃO
Renato Cruz

Telefônica pronta para lançar TV

‘A Telefônica deve lançar nos próximos dias seu serviço de TV paga via satélite. A central de atendimento da empresa informou que o serviço poderá ser contratado no Estado de São Paulo a partir de segunda-feira, mas a assessoria da empresa nega a informação, dizendo que houve um ‘erro de script’. Oficialmente, a companhia garantiu que a data do lançamento ainda não foi marcada, e que não será segunda-feira.

Segundo a atendente do call center, o pacote mais barato custará R$ 39,90, com 18 canais, incluindo os abertos SBT, Bandeirantes e MTV. O mais caro sairá por R$ 79,90, com 58 canais, incluindo os três abertos e 10 canais da HBO. A Telefônica também nega que os preços estejam definidos. Caso o serviço saia com esses preços, será mais barato que o dos concorrentes Net e Sky/DirecTV. O pacote de entrada da Sky, com 29 canais, está em R$ 64,90. O de menor preço da Net sai por R$ 49,90.

A atendente também informou que o kit de antena e conversor será oferecido em comodato. Ou seja, o cliente não precisa comprá-lo, como acontece na Sky. Ela também disse que, no início do ano que vem, quem tem Speedy, serviço de banda larga da Telefônica, terá desconto na TV paga. A empresa tem em andamento um piloto de televisão por satélite em São Carlos (SP).

Para oferecer o serviço, a Telefônica fechou um acordo operacional com a Astralsat, que já tinha uma licença de DTH, sigla de Direct To Home, sistema de TV paga via satélite. O presidente da Sky, Luiz Eduardo Baptista, acusou a prestação do serviço pela Telefônica de ilegal.

‘Eles precisariam da aprovação da Anatel’, disse o executivo, referindo-se à Agência Nacional de Telecomunicações. ‘Se o serviço for lançado, será uma afronta de uma empresa estrangeira à agência reguladora brasileira.’ A Anatel informou que o processo, em que a Telefônica comunicou à agência seu acordo com a Astralsat, ainda se encontra em processo de instrução e que não existe prazo previsto para a agência se posicionar.

No último dia 5, na saída de um evento no sindicato de técnicos de DTH, em São Paulo, foi distribuído um folheto que dizia: ‘Telefônica contrata técnicos para sua TV via satélite. Registro em carteira, ass. médica, vale transp., vale refeição e outros benefícios’. No dia 12, o Caderno de Empregos deste jornal publicou um anúncio em que uma empresa de telecomunicações procurava instaladores de TV paga via satélite.

‘Temos indícios muito estranhos nos últimos dias, que apontam para um lançamento no dia 20’, afirmou Baptista. ‘Os movimentos da Telefônica nos últimos 60 dias mostram que ela quer monopolizar o mercado de São Paulo. Por que ela não lança TV paga no Nordeste?’ Para o executivo, o acordo com a Astralsat significa, na prática, que a Telefônica assumiu o controle da empresa, pois, segundo ele, a operadora vende o serviço com a sua marca, define preços, contrata programação e técnicos.

A Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) entrou ontem com um documento na Anatel contra os planos da Telefônica de operar TV paga em São Paulo, o que considera ilegal e anticompetitivo.’



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Empresa briga pelo mercado com Telmex

‘A entrada da Telefônica na TV paga pode ser vista no contexto da disputa do mercado latino-americano de telecomunicações com o grupo mexicano Telmex/América Móvil, dono da Embratel, Net e Claro. Com sua oferta de telefonia, internet e televisão, em um único pacote, a Net ataca os clientes mais rentáveis da Telefônica em São Paulo.

Em 29 de outubro, os presidentes do Grupo Telefônica no Brasil, Fernando Xavier Ferreira, e do Grupo Abril, Roberto Civita, assinaram um contrato de venda da empresa de TV paga para a operadora, que ainda precisa ser aprovado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A Telefônica assumiu 100% das operações de MMDS, TV por microondas, da TVA em São Paulo, Rio, Curitiba e Porto Alegre. Por causa de limitações legais, ficou com 19,9% das ações com direito a voto das operações de TV a cabo em São Paulo e 49% em Curitiba, Florianópolis e Foz do Iguaçu.

O presidente da Sky, Luiz Eduardo Baptista. Ele argumentou que a Lei Geral de Telecomunicações (LGT) não permite que uma concessionária opere outro serviço em sua área de concessão. A regulamentação permite, no entanto, que empresas do mesmo grupo da concessionária façam isso, como a Vivo, joint venture entre a Telefônica e a Portugal Telecom, e o Terra, provedor de internet da Telefônica.

A legislação limita a 49% a participação do capital estrangeiro no controle de empresas de TV a cabo. O contrato das operadoras locais diz que elas não podem ter TV a cabo em sua área de concessão. Na visão da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), compartilhada pela Sky, esta proibição se estende a qualquer tipo de serviço de televisão por assinatura, para garantir a concorrência.’

Cristina Padiglione

‘Páginas da Vida’: novela menciona o caso hoje

‘Habituado a mencionar episódios da vida real em seus enredos, Manoel Carlos leva o caso da modelo Ana Carolina ao capítulo de hoje de Páginas da Vida. Conta o autor ao Estado que a morte da modelo em conseqüência de anorexia será mencionada numa conversa entre Anna (Débora Evelyn) e Giselle (Pérola Faria), mãe e filha, obcecada por magreza.

Desde o capítulo de anteontem, a bulimia de Giselle resgatou seu espaço no enredo – na última semana, o foco sobre a personagem valorizou a primeira relação sexual da garota.

‘Esta semana (próxima), você vai ver a retomada da bulimia de Giselle, uma nova ida ao analista e a confissão que ela faz – pela primeira vez – de que se sabe bulímica’, fala o autor. Manoel Carlos conta que Giselle, porque se vê ‘gorda’, terá vergonha de se despir diante do namorado.

O início do folhetim sublinhava bem a preocupação da mãe, Anna, com peso e forma física, mas o autor faz a ressalva: ‘Isso acontecia antes de ela saber que a filha é bulímica. Assim que ela soube pelo médico que isso era uma doença e uma doença grave, ela parou com a dieta da filha e passou a ver a questão por outro ângulo. Se ela insistisse, estaria matando a filha.’’

Edward Wyatt

Lost: alguém já acionou a tecla pausa

‘Nos Estados Unidos, depois de pouco mais de um mês de suspenses e reviravoltas, levando os fãs a achar que o programa atingira o máximo da emoção, Lost, por assim dizer, está desaparecendo na selva. Após o episódio da noite de quarta retrasada, o sexto da nova temporada, a ABC – como havia anunciado desde o início – retirou a série do ar por 13 semanas. Ela só retornará em 7 de fevereiro, com 16 ou 17 episódios, que devem prender os telespectadores até o fim de maio.

Essa interrupção da série, na verdade, é um subterfúgio programado e que terá enormes conseqüências não só para a rede ABC, mas também para qualquer gênero de série televisiva, um teste para saber se o público é leal a ponto de suportar que atrações caras e complexas sejam interrompidas por um longo período no meio da temporada. Essas interrupções prolongadas são comuns na HBO e outros canais especiais, que vêm apresentando séries populares como Família Soprano com intervalos maiores, para acomodar a agenda de criação do roteiro, de produção e filmagem, necessária para a produção de séries tão cinematográficas como essas.

Porém, é muito raro que um canal de TV, que ainda mantém o período de setembro a maio para uma série, tire inteiramente o programa do seu quadro de programação por três meses no meio do ano. ‘Adoraríamos ter 35 semanas de episódios, sem interrupção’, disse Jeffrey D. Bader, vice-presidente-executivo da ABC Entertainment, responsável pelo planejamento e programação das emissões do horário nobre da rede. Mas a entrada no ar de Lost depende do programa da produção. E como acontece com os programas de uma hora de duração, apenas um determinado número de episódios pode ser entregue para o outono.’

Essa interrupção em parte foi resultado da reação dos fãs, que, na última temporada, se queixaram das freqüentes reprises entre os episódios novos. Na reunião anual com os anunciantes, no primeiro trimestre, Stephen McPherson, presidente da ABC Entertainment, prometeu resolver o problema.

Damon Lindelof e Carlton Cuse, produtores-executivos de Lost, disseram que, com o novo quadro de programação nesta temporada, os fãs poderão acompanhar melhor a série. ‘Na última temporada, procuramos criar uma história que tivesse continuidade por três ou quatro semanas e depois tudo morreu com três ou quatro reprises’, lembrou Cuse. ‘Não queremos que isso se repita este ano, em que o público assiste ao programa e não sabe se é um novo episódio ou não.’

Mas a nova programação ainda deve provocar muita confusão e consternação entre os fãs de Lost que não têm tempo a perder procurando episódios gravados e websites dos fãs para conseguir pistas sobre os mistérios da ilha onde a série é gravada. Ao assistir ao próximo programa, no mesmo horário, eles foram recebidos com o primeiro episódio de Day Break, nova série estrelada por Taye Diggs, que tem seus próprios mistérios sobrenaturais.

Parte do problema reside no fato de que, como as séries de TV estão cada vez mais semelhantes a um filme, o tempo necessário para se produzir um único episódio aumentou. Enquanto séries como Marcus Welby e M.D. podem exigir apenas cinco dias para a gravação das cenas necessárias para preencher um programa de uma hora, outras como Lost, ou o sucesso da Fox, 24 Horas, precisam de oito dias de filmagem, sem incluir os fins de semana.

Barry Jossen, vice-presidente executivo de produção da Touchstone Television, estúdio que produz Lost, explicou que, comparado com séries como Marcus Welby, cada episódio dos programas mais novos tem mais cenas, mais personagens e mais ângulos de câmera em cima deles.

E acrescente-se também o tempo exigido para a produção dos efeitos especiais e também as horas gastas com a edição de todas as cenas e ângulos de câmera. Assim, a criação de um episódio de uma hora pode levar duas semanas ou mais.

Uma solução seria começar a produção mais cedo. O que é difícil no caso das séries de televisão, que têm uma história que segue uma linha durante toda a temporada, significando que o roteiro para a temporada inteira tem de ser concebido antecipadamente. Por isso, é preciso mais tempo escrevendo e criando o roteiro no verão, antes que os atores comecem a atuar diante das câmeras.

A Fox resolve o problema, colocando a série 24 Horas no ar apenas em janeiro e apresentando-a durante 24 semanas ininterruptas, sem reprises. Bader disse que a ABC havia pensado nessa alternativa, mas outros fatores surgiram contrariando a idéia. ‘Sabíamos que este seria um outono perigoso para nós’, disse. Este ano, as emissões de futebol nas noites de segunda-feira passaram da ABC para a ESPN, deixando um vácuo no quadro de programação do horário nobre. A rede também transferiu a série Grey’s Anatomy dos domingos para terça e, em dúvida quanto aos resultados dessas mudanças, decidiu que não poderia se permitir retirar mais uma franquia característica do canal, Lost, da programação de outono.

Uma temporada com episódios contínuos exigiria uma abordagem diferente. ‘Podemos dizer, tudo bem, Lost será apresentada durante 30 semanas sem interrupção’, afirmou Bader. ‘Mas, se produzirmos todos esses episódios, não conseguiríamos preparar a temporada do próximo ano e os telespectadores precisariam esperar até 2008-2009 pelos próximos episódios.’

Em vez disso, a ABC pretende atrair os fãs de Lost para os Lost’s Nuggets, clipes promocionais de 30 segundos com cenas de episódios que ainda não foram transmitidos e que darão uma sugestão do que acontecerá com os náufragos da ilha quando a série retornar. Os Nuggets serão apresentados semanalmente durante o Day Break, embora a ABC não informe o horário, o que significa que os interessados ‘terão de acompanhar o Day Break ou gravá-lo e depois procurar os clipes inseridos nessa emissão para descobrir alguns indícios dos futuros episódios da série Lost.

TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO’

Etienne Jacintho

Novela ao som de Chico Buarque

‘Vidas Opostas, nova novela da Record que estreará na terça-feira, tem trilha sonora de Chico Buarque. As composições darão clima à trama de Marcílio Moraes na voz do próprio artista e de outros cantores. Segundo o produtor musical Márcio Vip Antonucci, a escolha tem a ver com a variedade do repertório de Chico. ‘Ele já falou de tudo o que está na novela – de amor, de mulher, de homem… E consegui tudo de Chico para a novela’, comemora o produtor. Vidas Opostas falará de temas atuais, como a violência urbana e a exclusão social.

entre- linhas

Foram meses de negociação até a Globo trazer Silvia Pfeiffer de volta às novelas. A atriz estava trabalhando e morando em Portugal havia quatro anos e retorna agora, para viver a poderosa Maria em Pé na Jaca.

As gravações de Páginas da Vida nunca estiveram tão atrasadas. A Globo não liberou nenhum capítulo da trama para a próxima semana. Normalmente, eles chegam com sete dias de antecedência.

Popó é o entrevistado de hoje, às 21 horas, do Bola da Vez, da ESPN Brasil.

30 anos depois

O Fantástico gravou com exclusividade o show dos Mutantes realizado na quarta-feira, no Rio. O grupo – que agora traz Zélia Duncan no vocal- não tocava para o público brasileiro havia 30 anos. A atração exibe, em domingos diferentes, duas das músicas gravadas.’



***

RedeTV! edita 2006

‘Especiais de Natal , de Ano-Novo, retrospectivas, musicais: a RedeTV! já fechou sua grade de programação de final de ano. Entre as novidades estão uma retrospectiva esportiva. A emissora exibe no dia 24 de dezembro, às 20 horas, um especial com o que de melhor e pior (sem esquecer a Copa) aconteceu no ano no mundo do esporte. Fernando Vanucci e Cris Lira comandam a atração.

A retrospectiva jornalística, que vai ao ar no dia 31, às 18 h, terá a apresentação de Marcelo Rezende, Rita Lisauskas, Renata Maranhão, Claudia Barthel e Augusto Xavier.

A turma do Pânico também deve fazer sua retrospectiva do ano.

Superpop, TV Fama, Bom Dia Mulher, Late Show e Pânico na TV! ganham edição especial de Natal e de Ano-Novo, é claro.

Entre os especiais natalinos de destaque estão os desenhos O Natal dos Wobots e Todos os Cães do Natal. A emissora também exibe um show da banda Fatboy Slim gravado na Inglaterra, à meia-noite do dia 31.

Depois disso, boa parte da programação sai de férias e volta ao ar no dia 8 de janeiro, com especial de verão da emissora, que este ano estará com estúdio móvel em Ubatuba.’



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