Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O Estado de S. Paulo

JD NA WEB
Roldão Arruda

‘Jornal de Debates’ estréia na Internet

“O Jornal de Debates, que fez sucesso no Brasil entre 1946 e 1955, está de volta, dessa vez na internet. Será relançado pelo jornalista Paulo Markun, que pretende manter o mesmo espírito de tribuna livre que marcou a história do semanário no período imediatamente posterior ao fim do Estado Novo de Getúlio Vargas.

Na época, o texto de apresentação do jornal dizia tratar-se de uma tribuna ‘que agasalha toda e qualquer idéia, manifestada com proficiência sobre assuntos políticos, econômicos e sociais, não importando a cor política, a escola filosófica e o credo religioso dos autores’. Também ressalvava que não aceitaria ‘ataques pessoais, diretos ou indiretos, nem injúrias, claras ou veladas, porque idéias só se destroem com idéias’.

Markun disse ao Estado que a idéia surgiu quando analisava formas de estimular debates pela internet. ‘Queria um projeto coletivo, evitando o blog individual’, explicou. ‘Foi quando localizei uma coleção do Jornal de Debates e vi o quanto contribuiu no debate de grandes temas da época, como a constituinte, a luta pelo petróleo, os efeitos da guerra fria. Decidi reeditá-lo, mas pela internet, que é um veículo mais adequado a esse tipo de iniciativa.’

Segundo Markun, os grandes jornais já promovem debates em suas páginas de opinião, mas são limitados por problemas de espaço. Para levar adiante o projeto, ele associou-se ao IG, que colocará o jornal na internet na segunda-feira, no endereço www.jornaldedebates.com.br

Para respaldar o projeto, Markun organizou um conselho editorial com 50 personalidades, de diferentes áreas de conhecimento e correntes de pensamento. Entres elas estão os ex-presidentes José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, a ex-prefeita e sexóloga Marta Suplicy, os economistas Eduardo Giannetti e João Paulo dos Reis Veloso, o sociólogo Chico de Oliveira , o cineasta Cacá Diegues e o médico e escritor Drauzio Varela.

O conselho terá três funções, segundo Markun. ‘A primeira será demonstrar a pluralidade do projeto, que não tem compromisso com nenhuma linha política ou intelectual. Em segundo lugar irão propor os temas que serão discutidos. A terceira contribuição é, em casos extremos, ajudar o editor a definir se determinado texto deve ficar no ar ou não.’

As pessoas que quiserem contribuir terão que assinar um termo de compromisso aceitando as limitações legais à livre manifestação do pensamento. Essa é a terceira tentativa de reedição do jornal. As outras duas, em forma impressa, ocorreram nos anos 70 e 80.”



JORNALISMO NOS EUA 
O Estado de S. Paulo

Vazamento levou HP a investigar jornalistas

“Reuters e The New York Times  – A fabricante de computadores americana Hewlett-Packard, às voltas com um caso de espionagem interna, admitiu na quinta-feira que sua direção contratou investigadores particulares que conseguiram registros telefônicos de vários jornalistas, segundo informou o jornal Financial Times. A intenção da empresa era descobrir qual dos seus diretores estava vazando informações para a imprensa.

A empresa disse que a preocupação com vazamentos começou nos meses que antecederam à saída de Carly Fiorina da chefia da empresa no ano passado. Um relatório interno identificou George A. Keyworth II, o mais antigo diretor da companhia, como a fonte desses vazamentos.

Segundo a empresa, o relatório se baseou no monitoramento de ligações de membros do conselho, de linhas fixas da empresa e celulares, em janeiro, uma iniciativa autorizada pela presidente-executiva Patricia C. Dunn. Quando o relatório foi apresentado em maio, o conselho pediu para Keyworth renunciar, mas ele se recusou, dizendo que tinha sido eleito pelos acionistas, segundo um porta-voz da HP. Mas a empresa, que realizará eleições para seu conselho em março, garantiu que Keyworth não seria renomeado para seu posto.

A companhia informou também que a tentativa de ejetar Keyworth havia levado Thomas J. Perkins, o fundador da empresa de capital de risco Kleiner Perkins Caufield & Byers, a renunciar a seu cargo no conselho. O porta-voz da empresa Michael Moeller disse que, como Perkins não mencionou que estava renunciando por desacordo com o conselho, a companhia não revelou os fatos relacionados à investigação quando reportou sua renúncia à Securities and Exchange Commission (SEC, equivalente à Comissão de Valores Mobiliários brasileira, a CVM).

As apostas agora são de que a própria presidente da HP, que autorizou as investigações, não conseguirá se manter no cargo. ‘Se a presidente da empresa acredita que esta é a maneira certa de fazer negócios, talvez seja tempo de dar a ela um descanso’, disse Peter Morici, professor de economia da Universidade de Maryland. ‘É uma forma arrogante e inapropriada.’

Patricia Dunn disse que os diretores da empresa não sabiam que houve transgressões durante a investigação. ‘Nossa direção, na verdade, não tinha idéia do que estava ocorrendo’, disse. ‘E peço desculpas a qualquer pessoa que tenha sido vítima dessas investigações.’

A HP não quis revelar o número de jornalistas que foram investigados, e disse que está colaborando com as investigações feitas pelas autoridades do Estado da Califórnia. ‘Estamos absolutamente horrorizados com o fato de que os registros dos jornalistas tenham sido obtidos sem autorização’, disse um porta-voz da empresa.

As autoridades californianas disseram estar investigando se a HP infringiu alguma lei ao contratar investigadores que, com identidades falsas, obtiveram os registros nas companhias telefônicas. A HP disse que esses investigadores, que foram subcontratados, buscaram os registros telefônicos para tentar descobrir quem estava repassando informações da empresa à mídia.”



O Estado de S. Paulo

Jornalistas recebiam verba do governo

“ESTADOS UNIDOS – Três jornalistas do jornal El Nuevo Herald foram demitidos após receberem dinheiro do governo dos EUA para participar de programas de propaganda contra o líder cubano Fidel Castro, afastado temporariamente do poder. Um deles – que cobrem a comunidade cubana em Miami – teria recebido US$ 175 mil em cinco anos do governo dos EUA.”



TELEVISÃO
Aluízio Falcão

Na Cultura, um retrato musical do País

“Existe o país das maravilhas e tenho alguns dados para caracterizá-lo, pois hoje em dia não se pode afirmar nada sem logo apresentar estatísticas e números. Começo então por dizer que lá não existem pobres e o salário mínimo anda por volta de R$ 2 mil. A maioria esmagadora (80%) pertence às classes A e B. Esse país não fica na Europa ou América do Norte, mas longe daqui, aqui mesmo. Tem 14 milhões de habitantes, digo assinantes. Já percebeu o arguto leitor que me refiro ao país dos brasileiros que assistem a tevê a cabo.

De modo geral, os assinantes costumam viajar para o exterior, apreciam música americana e freqüentam os chamados templos do consumo. Uma pesquisa encomendada pela Globosat ao Instituto Ipsos Marplan adotou classificação pouco ortodoxa para dividir este universo de telespectadores: os bem informados, as mulheres atuais, os ligados, as descoladas, as dedicadas, os boa gente e os absolutos. Como se vê, é necessário uma bula para explicar o perfil de cada segmento. O resumo da ópera é que todos, embora ligeiramente diferenciados em termos comportamentais, nivelam-se pelo alto poder aquisitivo e grau de conhecimento. É pessoal tão bem informado que escapou da propaganda eleitoral obrigatória. O ministro Marco Aurélio Mello, homem de tantas explicações, talvez justifique este benefício.

Dentro e fora daquela telinha na TV a cabo fala-se inglês, francês, italiano, espanhol e também este nosso idioma sem status, mas que ali resiste, entrincheirado em alguns canais, principalmente o que adota o nome de Brasil, mostrando exclusivamente filmes nacionais e até shows completos de artistas brasileiros. Eis o ponto. Enquanto na tevê sofisticada abre-se espaço para MPB, este gênero é praticamente abandonado na tevê aberta ao povo brasileiro.

A gloriosa exceção, e agora falaremos dela mais longamente, está na TV Cultura, com o programa Sr. Brasil, que tem Rolando Boldrin como idealizador e apresentador. Produção bem pensada e bem realizada, tendo a música brasileira como atração principal, além de poemas e ‘causos’ da vida popular interiorana, ditos admiravelmente por Boldrin. Até agora, que eu tenha notado, não caiu na esparrela de apresentar reprise, este lamentável recurso das emissoras de TV a cabo e dos chamados canais alternativos da TV aberta.

Rolando Boldrin, paulista de São Joaquim da Barra, encarna um personagem-síntese do Brasil profundo. Sem fazer o tipo caipira de festa junina, usa o seu talento de ator para traduzir na expressão do rosto, no gestual e no sotaque, o nosso compatriota sem maneirismos cosmopolitas. Quando ele conta uma estória, me lembro sempre de Mário de Andrade e de Rubem Braga. De Rubem: ‘Sou um homem do interior, tenho uma certa emoção do interior, às vezes penso que merecia ter nascido goiano.’ De Mário, aquele verso em que o poeta, comovido, sincroniza sua noite burguesa e confortável, de livro na mão, em São Paulo, com o adormecer de um seringueiro exausto nos confins do Acre: ‘Esse homem é brasileiro que nem eu.’

Os compositores e músicos que se encarregam do repertório de cada noite no Sr. Brasil são jovens, em sua maioria. Reanimam a nossa fé na canção nativa de qualidade. Embora ignorada pela grande mídia eletrônica, ela chega às novas gerações, movida pela própria força. Uma voz chamando outra, como o canto sucessivo dos galos tecendo a manhã, daquele poema de João Cabral.

Para renovar continuamente seu elenco de artistas, o programa recorre a um banco de CDs e fitas enviadas de todo o Brasil. Os nomes e respectivas cidades de origem dos escolhidos aparecem no vídeo, durante as apresentações. Apoiando-se nos moços, o programa não exclui os veteranos. Reparte-se igualitariamente, adotando a meritocracia como forma de seleção. É bem-vinda sua insubmissão às nem sempre justas leis do mercado. Gente que andava sumida ressurge, com o talento de sempre, mostrando-se no auge da forma para compor e cantar. A platéia é um espelho do palco: moças, rapazes, senhoras e senhores. Isto salva o programa de cair na mesmice etária, perigoso caminho de exclusão e intolerância.

O Sr. Brasil é um democrata. Ainda não ouvi Rolando Boldrin amaldiçoando outros gêneros musicais. Ficando claro, por toda a trajetória do artista, sua grande preferência pela moda caipira de raiz, mesmo assim ele não apedreja os sertanejos comerciais, como é praxe entre os radicais bem-pensantes. Também Martinho da Vila, por exemplo, se recusa a falar mal dos pagodeiros. Boldrin vê o fenômeno das novas duplas com equilíbrio e sensatez. Um trecho de seu lúcido posicionamento sobre o tema na revista Som Sertanejo:

‘A força da chamada música sertaneja é inegável. Seus intérpretes, muitos deles meus amigos, são grandes cantores, e até hei de louvar a ousadia de todos os que fazem parte desta corrente, pois com o tempo conseguiram até levar no peito os portões da poderosa TV Globo. Admiro-lhes a luta e estratégia, mas daí a impor tal ‘produto’ como coisa genuinamente brasileira vai uma grande distância. Ainda espero que um dia todos eles possam usar esse prestígio alcançado para trabalhar de novo em favor da nossa música caipira, a mesma que imortalizou tantos artistas talentosos, e possa eu vê-los voltando pra casa, de onde nunca deveriam ter saído.’

Bem faria o inspirado apresentador se fosse igualmente moderado em política, evitando versos de protesto às vezes declamados em meio a outros mais fiéis ao contexto do programa. A natureza cultural do Sr. Brasil sofre com estes desvios, felizmente raros.

Boldrin, como ator, mostra facetas divertidas. Noite dessas, cantando um samba de Jorge Veiga, imitou à perfeição a voz nasalada e inconfundível do antigo intérprete. Logo me recordei de sua participação, em 1972, com Irene Ravache, na peça Roda Cor de Roda, quando ele fazia impecável imitação de Nelson Gonçalves.

O cenário de Patrícia Maia é simples, despojado, arrumando objetos do cotidiano popular do interior. Tudo na justa medida, sem cair no pitoresco ou abusar do artesanato. Nas paredes, fotos de grandes compositores da MPB no passado e no presente. Este formato cênico é aproveitado com inventividade pelas câmeras e Boldrin consegue dar um ritmo ao programa que o diferencia, para melhor, do Som Brasil e Empório Brasileiro, ambos ancorados por ele na Globo e na Bandeirantes.

Bem-humorado, criativo, zeloso das tradições e aberto às boas novidades – eis um possível resumo deste programa único em nossa tevê. Já completou o seu primeiro ano de exibição e ganhou merecidamente o prêmio APCA de melhor musical televisivo do ano. O título Sr. Brasil ao mesmo tempo designa o programa e o apresentador. Em nenhum momento este nosso patrício de 70 anos e cabelos inteiramente brancos imita David Letterman ou qualquer outro ícone do charmoso país da TV por assinatura, onde tantos vão buscar modelos e atitudes.

Vejam a TV Cultura nas terças-feiras às 22h30. Ali reaparece um país hoje quase invisível nas metrópoles e já descrito pelos cantadores Gilberto Gil e Caetano Veloso como o Brasil do interior do mato, da caatinga e do roçado, onde o oculto do mistério se escondeu. Um Brasil chamado pejorativamente de grotão, mas bastante cioso de sua identidade, o que não acontece nos grandes centros, cada vez mais parecidos uns com os outros, principalmente naquilo que têm de mais aflitivo e inquietante.”



Etienne Jacintho

Rockstar define vencedor dia 17

“O reality show Rockstar: Supernova, do canal People + Arts, está na reta final. O programa definirá o vocalista da banda Supernova formada pelos roqueiros Tommy Lee (ex-Motley Crue), Jason Newsted (ex-Metallica) e Gilby Clark (ex-Guns n’ Roses) em show que será realizado no dia 13, em Los Angeles. No Brasil, os episódios finais irão ao ar nesta terça-feira, às 22 horas, e no domingo, dia 17, às 21 horas.

Rockstar mostra a competição entre cantores que querem uma vaga na banda. Para conquistá-la, os concorrentes interpretam sucessos do rock com apoio da chamada houseband. Entre os músicos que sobem ao palco está o brasileiro Rafael Moreira, guitarrista.

Seguindo a política da boa vizinhança, Rafael não comenta o favoritismo de Dilana nem diz quem é sua aposta, mas deixa escapar que muito roqueiro está lá pela vitrine. O exemplo máximo é Zayra, que mais parece uma diva pop. Ela já foi eliminada. ‘E podia ter saído antes’, diz Rafael. ‘Ela é talentosa, mas não tem a ver.’

Rafael conta que o relacionamento com os concorrentes é bom e que ele e seus companheiros músicos só se irritam quando alguém quer fazer arranjos novos em clássicos do rock. Apesar disso, confessa que o arranjo que Dilana fez para Layla, de Bob Dylan, ficou bom. Ainda assim, o brasileiro ataca a favorita ao prêmio – outros cotados são Toby e Lukas. ‘A Dilana, que nunca ouviu The Who, vem e quer mudar tudo’, reclama. ‘Ela que vá para uma escola de música!’

Essas são as únicas reclamações do moço que, depois de duas edições de Rockstar – a primeira escolheu o novo vocalista do INXS – lançou um CD-solo e está fazendo shows com sua banda Magnetico. Para saber mais sobre Rafael Moreira, entre no site www.myspace.com/magnetico.

Uma mula no Ipiranga

O d. Pedro da vez é Otávio Mesquita, em gravação para o A Noite É Uma Criança de hoje, na Band. Ele reconta o episódio da Independência com algumas ‘curiosidades’, como o fato de d. Pedro ter chegado ao Ipiranga montado em uma mula, e não no clássico cavalo branco.

Entre-linhas

Fonte de piada para o pessoal do Casseta & Planeta, a distância entre Viviane Pasmanter e Caco Ciocler em Páginas da Vida se reduz a partir desta segunda-feira. Os fotógrafos Isabel e Renato se reencontram e se beijam, mas, como isso é novela, o romance ainda não vinga.

O GNT começa a avaliar em outubro os projetos de séries que poderão compor sua programação no ano que vem. É a quarta edição do Pitching GNT, que abre espaço para produções independetes no canal. As séries devem ter conteúdo para a produção de 5 a 13 episódios.”



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Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.

Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

Carta Maior

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