INTERNET
‘Imprensa já não tem o poder que tinha’, diz presidente
‘O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que a humanidade vive um momento revolucionário por causa das transformações que a internet trouxe à comunicação. ‘A imprensa já não tem o poder que tinha há alguns anos atrás’, avaliou, para afirmar que ‘a informação já não é mais uma coisa seletiva’ como quando seus detentores ‘podiam dar um golpe de Estado’. O discurso, feito aos participantes do 10º Fórum Internacional do Software Livre, em Porto Alegre, foi aplaudido diversas vezes.
Segundo Lula, noticiários eletrônicos da noite já estão velhos no dia seguinte. ‘O jornal (impresso) fica tão velho que todos os jornais criaram blogs para informarem seus leitores junto com os internautas do mundo inteiro’. Embora o presidente não tenha tocado no assunto, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e titular da Comunicação Social, Franklin Martins, confirmaram que o governo vai criar o Blog do Planalto, em cerca de 30 dias. ‘O objetivo é se comunicar com uma parcela da sociedade que hoje em dia se informa basicamente pela internet’, disse Martins, que rejeitou a comparação com o blog criado pela Petrobrás, para divulgar informações que repassa aos jornalistas.
Lula aproveitou o evento para criticar o projeto do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) que prevê a possibilidade de identificar usuários da internet. ‘É policialesco fazer uma lei que permite adentrar nas casas para saber o que as pessoas estão fazendo’, disse Lula.
A visita ao Fórum de Software Livre foi o segundo compromisso de Lula em Porto Alegre. Antes ele foi ao bairro Bom Jesus, para anunciar a criação de mais um Território da Paz, do Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci). A maratona prosseguiu à noite, na inauguração do novo parque gráfico da RBS, onde o presidente retomou o tema da imprensa. Dessa vez, encerrou a cerimônia com um elogio. ‘O exercício da democracia feito pela imprensa brasileira é possivelmente o maior sustentáculo para que a gente continue errando, sendo criticado e consertando os nossos erros.’’
PUBLICIDADE
Brasil fecha participação em Cannes com 32 Leões
‘Nem sempre a quantidade de prêmios é a melhor medida da qualidade do trabalho. Esse era o tom das conversas entre os publicitários brasileiros ontem, no penúltimo dia da 56ª edição do Festival Internacional de Publicidade de Cannes. Com 32 Leões praticamente garantidos, já que os anúncios oficiais de hoje na costa francesa devem confirmar os três prêmios conquistados em filmes comerciais, o Brasil sai este ano com menos troféus do que no ano passado, quando ganhou 41. Mas a qualidade deles é superior. São sete Leões de ouro, contra apenas um no ano passado.
‘Esse desempenho mostra os sinais de vitalidade do negócio da propaganda brasileira, apesar do número de inscrições menor, por causa da crise global’, diz o sócio e diretor de criação da AlmapBBDO, Marcello Serpa. Sua agência deixa o festival com oito Leões, sendo três de ouro. É uma das mais premiadas, ao lado da DM9DDB, que conquistou nove Leões – dois ouros, quatro pratas e três bronzes.
Serpa considera que os ouros ganhos pelo País este ano demonstram a maturidade do mercado brasileiro. ‘Não são prêmios de jogadas espertas, mas peças que demonstram a consistência do mercado nacional, tanto em talento como em sofisticação’, diz. As espertezas a que se refere são principalmente as peças fantasmas, que nunca foram veiculadas, embora acolham uma boa ideia.
Com nove troféus a menos do que no ano passado, o Brasil encerra sua participação este ano com sete Leões de ouro, 11 de prata e 14 de bronze. Apesar de menos prêmios, o aproveitamento brasileiro este ano foi muito melhor, já que foram inscritas 1.519 peças, enquanto em 2008 foram 2.461.
Falta a oficialização de apenas duas categorias, o que acontecerá hoje pela manhã. Dos dois júris que vão revelar suas escolhas, o Brasil se saiu bem em apenas um: vai ganhar mais três Leões em filmes publicitários, ou Film Lions.
Em Titanium and Integrated, categoria que julga ações complexas de marketing em diferentes canais de comunicação, o Brasil não conseguiu sequer se classificou nas listas prévias. Essa área de disputa é dominada pelos Estados Unidos, que têm 14 trabalhos entre os 23 finalistas. Entre eles, a ação de marketing que ajudou a eleger o presidente Barack Obama.
Em filmes, o Brasil ganhará um ouro numa subcategoria que não via um prêmio desses desde 1982. É o comercial da Volkswagen denominado Cachorro-Peixe, criado pela agência AlmapBBDO. Os outros dois prêmios são de bronze: um para um comercial da VW Caminhões, de novo da AlmapBBDO, e o outro da campanha da rede de lojas Tok & Stok, da agência DM9DDB.
O jornal ?O Estado de S. Paulo? é o representante oficial do Festival de Cannes no Brasil ‘
Para o Google, pior da crise já passou
‘Eric Schmidt, presidente do Google, subiu ontem ao palco do principal auditório do Palácio dos Festivais sob o peso do grande sucesso feito por Steve Ballmer, presidente da Microsoft, dois dias antes. Ballmer falou essencialmente do Bing, o buscador que acabou de lançar para concorrer com o Google. Schmidt deu o troco ao ser perguntado se conhecia a ferramenta: ‘Já visitei. O Google fica feliz com quem continua tentando entrar nesse mercado.’
Convidado de Maurice Lévy, presidente do grupo francês Publicis, Schmidt falou sobre crise global, e disse achar que o pior já passou. Admitiu, porém, que ela prejudicou em parte os seus negócios, por causa dos cortes de verbas publicitárias Mas reforçou seu usual discurso de que, em períodos de retração econômica, as pessoas pesquisam mais os preços para encontrar melhores ofertas. E fazem isso nos sites de busca.
Schmidt Comentou também a falta de liberdade de expressão, em crítica às restrições sofridas pela internet em países como China e Irã, onde sites são bloqueados pelos governos.. Informou que tem mobilizado seus advogados para enfrentar a questão.
ANUNCIANTES
Em outro seminário bastante esperado, Martin Sorrel, presidente do maior grupo de propaganda global, o inglês WPP, trouxe quatro grandes anunciantes para falar de propaganda em tempos de crise. Sorrel juntou os principais executivos de marketing da Kraft Foods, Procter & Gamble, McDonald?s e Johnson & Johnson. Juntos, esses grupos investem mais de US$ 15 bilhões por ano em comunicação.
Porém, se, de um lado, Sorrel queria estimular as empresas a investir em mídia como uma boa receita para crescer na crise, do outro, os anunciantes reclamaram que o marketing está carecendo de boas ideias – aquelas que efetivamente liguem os consumidores às marcas.’
‘Ideias ruins na propaganda merecem o lixo’
‘O presidente de júri que, este ano, assumiu o papel de durão foi o americano David Lubars, presidente da rede BBDO para a América do Norte. Não chega a ser novidade. Todos os anos, um deles se destaca na função de querer pôr ordem nas disputas e negociações de bastidores dos jurados em defesa de seus países. Quando os júris que comandou – impressos e filmes – apresentaram as listas prévias, ele mandou cortar pela metade. Não estava disposto a distribuir Leões de qualquer jeito. Lubars declarou que aprecia a produção brasileira.
Quem merecia o prêmio máximo, o Grand Prix?
Em anúncios impressos, a minha peça preferida era um anúncio do Brasil (da AlmapBBDO para a Escola Panamericana de Artes), mas ela não ganhou. Os jurados preferiram o anúncio da Wrangler.
Por que o Brasil não chegou lá?
Houve uma discussão intensa dos jurados. Não ficaram somente entre uma e outra peça. Três trabalhos ficaram na disputa final. As peças da Wrangler, da Alka Seltzer e da Latin Stock (também do Brasil, da DM9DDB).Três candidatos com o mérito do frescor para estar lá, na disputa.
Qual é a atual tendência da propaganda?
Isso é uma bobagem. O que há são boas ideias. As que funcionam são as que chegam ao consumidor e dão o seu recado. As outras merecem o lixo.’
POLÍTICA CULTURAL
MinC lança hoje edital no valor de R$ 1 milhão
‘Será lançada hoje, às 11 horas, na Pinacoteca do Estado, a segunda edição do Edital Arte e Patrimônio 2009, como parte do Programa Brasil Arte Contemporânea do Ministério da Cultura (MinC). Uma verba de R$ 1 milhão será destinada a dez projetos que promovam o diálogo entre artes visuais contemporâneas e o patrimônio artístico e histórico nacional. O patrocínio é da Petrobrás. Para marcar o lançamento ocorrerá hoje uma mesa-redonda com a presença de Ivo Mesquita, curador-chefe da Pinacoteca do Estado, Anna Beatriz Ayroza Galvão, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e dos artistas Gilberto Mariotti e João Loureiro. O evento é aberto ao público.
A partir de hoje e até o dia 10 podem ser feitas as inscrições para o edital, por meio do site www.artepatrimonio.org.br. Serão aceitas propostas de artistas, pensadores e profissionais brasileiros ou estrangeiros, amparados por pessoas jurídicas de natureza cultural sediadas no Brasil (autônomas ou vinculadas a instituições culturais). No regulamento pede-se que os projetos devem ser realizados obrigatoriamente entre setembro de 2009 e fevereiro de 2010.
Uma comissão de especialistas (a ser revelada apenas depois da seleção) vai analisar as propostas. O resultado será divulgado em agosto nos sites do Ministério da Cultura e do edital. Mais informações pelo telefone (21) 2524-1662 – de segunda a sexta-feira, das 10 às 17 horas – ou pelo e-mail info@artepatrimonio.org.br.’
TELEVISÃO
Troca de loiras
‘Sai uma loira, entra outra. Ana Hickmann assume a partir da próxima semana o comando do Tudo É Possível no lugar de Eliana, que foi para o SBT.
A disputa pela vaga na Record foi acirrada. No páreo, além de Ana Hickmann – há tempos com um programa-solo prometido pela rede – estavam Maria Cândida, também da emissora, e as cantoras Wanessa Camargo e Kelly Key.
Esta última chegou a ter uma reunião com dirigentes do canal, sem sucesso.
A entrada de Ana deve ser anunciada até quarta-feira, quando a Record pretende gravar o primeiro Tudo É Possível com ela. Para tanto, a rede está insistindo para Ivete Sangalo, que havia agendado gravação nesse dia com Eliana, manter o combinado e comparecer na atração, mesmo que seja com outra apresentadora.
Eliana, que deixou programas gravados na Record até 12 de julho, já tem participação certa no sofá da Hebe, do SBT, no dia 6.
A intenção da Record a longo prazo é extinguir o Tudo É Possível e dar a Ana Hickmann um novo programa, a versão nacional do Project Runway, uma competição de novos estilistas.’
MÚSICA
A banda que separou corpo e mente
‘Nestes tempos de atenção escassa disputada em frases bombásticas, suspeito que o autor à minha frente, explicando pela enésima vez o título de seu livro, começa a se arrepender de não ter ficado apenas com o subtítulo – Uma História Alternativa da Música Popular Americana. Apesar de os Beatles serem tema do último capítulo, é difícil não questionar o título Como Os Beatles Destruíram o Rock?n?roll.
Cáspite, Elijah Wald! Foi com a indignação de quem sempre esperava o dia 9 de outubro para despejar leite condensado sobre o bolo de aniversário de John Lennon que fiz a repórter calar a fã mirim que um dia eu fui.
O novo livro do historiador Elijah Wald despertou reações variadas, nenhum tédio. Seu argumento é que a história da música popular, e da arte em geral, é monopolizada pelo gosto de críticos. No caso da música, a história oficial acaba relegando a notas de rodapé personagens importantes como Paul Whiteman, citado como influência por Duke Ellington e Louis Armstrong e, nos anos, 20, o mais bem sucedido band leader dos Estados Unidos.
Wald aponta dois marcos em seu livro. O abandono da performance ao vivo pelos Beatles teria consolidado a gravação como referência primordial da música. E a evolução dos Beatles, da banda que tocava música dançável com influência negra e tinha uma base de fãs adolescentes, para uma banda de ‘artistas’. As aspas não se destinam denegrir a qualidade do som de Sgt. Pepper?s Lonely Heart?s Club Band. A língua inglesa distingue artistic de arty: o segundo adjetivo sugere pretensão calculada. Wald acha que nós latinos somos abençoados com uma certa falta de puritanismo e isso faz com que ‘os mais intelectuais’ dos compositores brasileiros criem música que não separa o corpo da mente – mas logo pede para não considerar o comentário uma simplificação da complexa tradição musical brasileira.
Como o rock?n?roll foi destruído pelos Beatles?
É uma ideia que não deve ser tomada literalmente porque o rock ainda está por aí. Até os Beatles aparecerem, a performance ao vivo era a principal parte da música. Os Beatles foram as primeiras grandes estrelas a simplesmente parar de se apresentar ao vivo e se tornaram músicos de estúdio. Isso causou duas grandes mudanças. Desde então, quando pensamos em música popular, pensamos em gravações. Quando os Beatles começaram, e falávamos de sua chegada aos Estados Unidos, pensávamos na famosa apresentação no Ed Sullivan Show e não num disco. Eles foram o último grupo musical importante a comprovar esse truísmo. Depois deles, a principal associação da música popular é com as gravações. Em segundo lugar, o contexto racial. Quando os Beatles chegaram aqui, a música americana estava no momento de maior integração racial de sua história. A música americana, como a brasileira, tinha comportado esse processo de interação entre a tradição africana e a europeia. No começo dos anos 60, pela primeira vez, havia uma interação mais igualitária entre as duas tradições. O pessoal da Motown, Ottis Redding, James Brown, eles eram programados em shows ao vivo e de TV e o público estava mais misto. De repente, acontece a invasão britânica. E a invasão simplesmente dividiu as plateias americanas entre os fãs do rock, que se tornou todo branco, e os fãs do soul, disco e hip hop, que viraram gêneros predominantemente negros.
Mas se você leva em conta que grande parte da plateia do rap era branca e suburbana…
Não desapareceu o público. É aí que faço a conexão com a gravação. Uma vez que a música popular passou a depender de gravação, era possível ser um tremendo fã de música negra sem nunca estar na presença de uma pessoa negra. Uma vez que tudo estava gravado, você ouvia o que quisesse sem estar na companhia especial de ninguém, fora do seu universo. E acho que foi um dos fatores na separação. Quando os Beatles começaram, eles tocavam gêneros negros e brancos. Depois deles, isso não foi mais necessário. Até os anos 50, todas as bandas tinham que tocar todo o espectro da música popular.
Também cresci ouvindo os Beatles mas não vivi o contexto de segregação musical que você viveu.
É verdade, mas vamos levar em conta também o fato de que o Brasil nunca fez a mesma separação . Os mais intelectuais dos grandes músicos brasileiros continuam a compor música que funciona num ambiente de dança. Os Beatles abandonaram o salão. E o rock também abandonou a dança, que ficou mais ligada a outros gêneros. Quando digo que os Beatles destruíram o rock, faço humor sobre o fato de que todos os grandes eventos acomodam ganhos e perdas. O lado vitorioso domina a narrativa e a gente para de pensar no que se perdeu. Eu não quero ser simplista, mas a ideia protestante de que a mente é virtuosa e o corpo, não, pode explicar boa parte do que estamos dizendo aqui. Quando dizem que os Beatles ‘elevaram’ o rock, não se referem apenas à música mais inteligente, mas também à música menos física. E, para mim, este foi um grande racha.
Hoje, com o iPod, a pessoa que houve a Beyoncé pode nunca ser exposta ao Rufus Wainright e vice-versa.
Exatamente. Acabou o mainstream. Antes, não importava qual a sua preferência, era impossível evitar um repertório popular. A outra mudança é que o repertório de grandes compositores, como o Jobim, tinha interpretações variadas. Hoje, as músicas do Caetano Veloso são mais conhecidas como as músicas do Caetano, as gravações dele definem e memória do repertório. E isso é um fator importante para encolher o mercado; se uma canção existe principalmente no momento em que foi gravada e não em centenas de versões.
Um dos contrapontos históricos do seu livro é sobre como a evolução da tecnologia foi afetando formatos e gêneros. O que a tecnologia digital está fazendo com a música?
Todos têm me feito a mesma pergunta. Se há algo que você aprende, como historiador, é que a gente sempre tira conclusões erradas sobre o presente. Neste momento, eu suponho que sabemos menos sobre o estado da música popular do que em qualquer outro momento na história. A música escapuliu das grandes corporações. As vendas de discos não significam mais nada. Uma pessoa compra um CD e aí? Cem outras copiam? Ou serão mil pessoas, online? Ninguém sabe quem está comprando o que. O rádio perdeu influência, é ouvido principalmente no carro, nos Estados Unidos. As pessoas ouvem as suas playlists, não a lista da estação de rádio. Veja dois exemplos recentes que confirmam a minha ignorância. A música mexicana, poderosa nos Estados Unidos, é distribuída predominantemente por celulares. A maioria dos downloads de MP3 no país são de música mexicana, para consumidores que nem têm outro aparelho além do celular. Numa loja de discos, vejo uma seção inteira devotada a álbuns de videogames. Você compra o CD do Aerosmith como um original do jogo Rock Star. Então, quem sabe de fato o que está acontecendo? A ironia é que as corporações multinacionais continuam muito poderosas, mas os sistemas de distribuição mudaram demais. Não sei como está a audiência do YouTube comparada à audiência dos cinemas. E a tecnologia transforma todos em produtores de conteúdo. Uma coisa é certa. A música ao vivo continua perdendo terreno. É cada vez mais difícil arrancar gente de casa para ver qualquer coisa ao vivo.
Uma vez o João Bosco lembrou que a música brasileira relevante da segunda metade do século 20 repousava numa escala de sucesso comercial que hoje seria impensável. Alguns dos nossos grandes compositores não teriam nem contrato com gravadora.
Concordo, o universo dos números é outro. Mas é importante entender também o quanto as gravações adquiriram importância muito mais tarde. Até o começo dos anos 60, a maioria dos artistas ganhava dinheiro ao vivo. Os discos eram veículos promocionais. Os músicos não se ligavam tanto em royalties, até aparecerem os Beatles. Foi a outra mudança que eles trouxeram – a ideia de que podia se ganhar muito mais com as próprias composições.. Os Beatles são o exemplo perfeito de uma banda que, por um momento reuniu os dois grupos de público e depois tomou outro caminho. E tomou, das adolescentes que gritavam, a música que tinham dado a elas. E não digo que isso é mau, é apenas diferente. Em nenhum momento considero que foi ruim os Beatles terem se tornado artistas. Só constato que isso removeu a música deles do lugar original.
Você critica os historiadores que consideram, por exemplo, a Sarah Vaughn legítima mas não a imensamente popular Connie Francis. O que há de errado com isto?
Não há nada errado em contar a história do que apreciamos. E é assim que a história do jazz e do rock é contada. Mas , se alguém quer entender o que aconteceu, não pode falar só do que aprecia , tem que falar do que não gosta. Os Beatles, o Elvis Presley, eles eram músicos profissionais trabalhando no mundo real. Eles gostavam de muita música que os críticos ainda detestam. Julgar a música deles pelo que combina com o gosto dos críticos é OK, mas se queremos entender a evolução da música temos de levar em conta mais do que o gosto dos críticos.’
******************
Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.