Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

O Estado de S. Paulo

SARAMAGO
Portugal recebe com honras militares corpo de Saramago

‘Com honras militares e diante da presença de membros do Governo português e de outros países de fala lusa, de familiares, amigos e intelectuais foi recebido neste sábado, 19, no aeroporto de Lisboa, o corpo de José Saramago.

O avião militar português com o corpo do escritor chegou ao aeroporto internacional de Lisboa na mãnhã deste sábado procedente da ilha espanhola de Lanzarote, onde Saramago faleceu.

Um cortejo fúnebre vai transferir o féretro do Nobel até a Prefeitura da capital, cujo salão de honra foi preparado para receber o velório onde permanecerá por 24 horas para receber a homenagem de amigos, intelectuais e personalidades portuguesas.

Segundo a Fundação José Saramago, o corpo do escritor será cremado no domingo, 20, ao meio-dia (horário local), em cerimônia civil no cemitério lisboeta de Alto de São João e suas cinzas serão depositadas posteriormente em sua cidade natal, Azinhaga, na região central de Portugal, e em sua casa em Tías, em Lanzarote.

O cortejo fúnebre com o corpo do Prêmio Nobel de Literatura José Saramago, falecido na sexta-feira, 18, em Tías (Espanha) aos 87 anos, chegou às 9h40 (hora local, (5h40 de Brasília) ao aeroporto da ilha espanhola de Lanzarote, de onde o féretro viajou para Lisboa num avião C130 da Força Aérea portuguesa.

Nesse avião viajaram sua viúva, Pilar del Río; a ministra de Cultura de Portugal, Gabriela Canavilhas; María del Rio e Miguel del Rio – irmãos da viúva -; o filho de Pilar del Río, Juan José; quatro amigas pessoais da família; e o biógrafo do escritor.

A comitiva chegou escoltada por dois veículos da polícia local de Tías, localidade onde vivia o escritor português e onde morreu. Ela passou lentamente pela sede da Fundação José Saramago de Lisboa, que fica próximo ao aeroporto, no caminho para Prefeitura. Ali esperavam o Prefeito da capital, Antonio Costa, e inúmeras personalidades e autoridades governamentais.

Deve ir a Lisboa no domingo a primeira vice-presidente do Governo espanhol, María Teresa Fernández de la Vega, para assistir aos atos em homenagem ao escritor.

O corpo será velado por amigos, familiares e autoridades na Prefeitura lisboeta, onde está prevista a presença do primeiro-ministro português, José Sócrates.

A partir da Prefeitura, diante da qual se amontoavam neste sábado centenas de pessoas à espera do féretro, o corpo de Saramago será levado no domingo, 20, ao cemitério do Alto de São João da capital lusa onde será cremado.

Diversas instituições e personalidades continuam manifestando sua tristeza pela morte do escritor, entre eles os partidos da esquerda marxista lusa e a Igreja Católica, que apesar das polêmicas obras do Nobel expressou seu pesar pelo falecimento.’

 

Prefeito de Lisboa diz que é um orgulho para a cidade receber Saramago

‘O prefeito de Lisboa, Antonio Costa, declarou que é um ‘orgulho para a cidade receber o corpo de José Saramago no Salão Nobre da Prefeitura’, após sua morte na sexta-feira, 18, na ilha espanhola de Lanzarote.

A Prefeitura de Lisboa acolherá a partir do meio-dia deste sábado, 19, (horário local) o velório do escritor no Salão Nobre, local no qual seu corpo permanecerá até as 12h do domingo, quando será levado ao cemitério do Alto de São João, onde está previsto que seja cremado.

Fontes familiares do escritor detalharam que suas cinzas serão divididas depois entre seu povoado natal e sua casa de Lanzarote, onde ficarão enterradas junto a uma oliveira.

O prefeito da capital portuguesa lembrou em comunicado que Lisboa foi ‘uma causa que Saramago abraçou’ quando presidiu a assembleia municipal em 1990, e assegurou que seu ‘legado é inestimável’.’

 

Fatah: ‘Saramago mostrou ao mundo que causa palestina é universal’

‘O chefe do Comitê de Relações Internacionais do partido nacionalista Fatah, Nabil Shaath, lamentou neste sábado, 19, a morte do escritor português José Saramago, de quem disse que ‘mostrou ao mundo que a causa palestina é universal’.

‘O companheiro José Saramago mostrou ao mundo que a causa palestina é universal e pode ser assumida por qualquer um que queira aderir aos princípios de liberdade, igualdade, paz e justiça. José foi um deles e se foi como um de nós’, afirmou o destacado funcionário e ex-ministro da Autoridade Nacional Palestina (ANP).

Shaath também enviou suas condolências a sua família e amigos e ressaltou o trabalho de solidariedade de Saramago com a causa palestina.

‘O nome de José Saramago foi escrito com letras de ouro na história do movimento de solidariedade com o povo palestino, e estamos confiantes em que o exemplo dado por gente como ele há de derivar mais tarde que cedo em conseguir o objetivo de um Estado palestino independente com Jerusalém como capital’, disse.

O prêmio Nobel de literatura visitou os territórios palestinos na primavera de 2002, como parte de uma delegação de oito literatos do Parlamento Internacional de Escritores.

Acompanhados pelo poeta palestino por excelência, o falecido Mahmoud Darwish, o Parlamento de Escritores expressou sua solidariedade contra as condições de humilhação nas quais vive a população palestina, em geral, e seus escritores em particular.

Em entrevista coletiva na cidade cisjordaniana de Ramala, Saramago comparou as ações do Exército israelense nos territórios palestinos com o que sofreram os judeus durante a Segunda Guerra Mundial, no campo de concentração de Auschwitz.

‘É o mesmo, embora levemos em conta as diferenças de espaço e tempo’, afirmou o escritor português na qual foi sua primeira visita à região, o que despertou a ira do Governo israelense.

Essa comparação causou também a indignação de alguns dos jornalistas que cobriam a entrevista coletiva, entre eles a reconhecida jornalista israelense Amira Hass, do jornal progressista ‘Haaretz’, que costuma defender a causa palestina em seus artigos.

Perante a indignação dessa profissional, o escritor português ressaltou que a única diferença entre ambos os casos é que no dos palestinos não existem câmaras de gás, como ocorreu em Auschwitz, onde o regime nazista de Hitler assassinou mais de um milhão e meio de pessoas, uma grande parte deles judeus.’

 

Igreja Católica lusa elogia obra de Saramago, mas lamenta suas polêmicas

‘A Igreja Católica portuguesa manifesta neste sábado, 19, seu pesar pela morte do escritor José Saramago e elogia sua obra, embora lamente as polêmicas em torno da religião provocadas por alguns de seus livros.

O Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC) da Igreja Católica lusa lembra, em comunicado divulgado hoje, que Saramago ‘foi um grande criador da língua portuguesa’ e aponta que ‘o cristianismo e o texto bíblico interessaram muito ao autor como objeto de sua recriação literária’.

No entanto, o secretariado católico lamenta que a ‘aproximação’ do Nobel de literatura à religião ‘não fosse mais desprendida de posicionamentos ideológicos’.

A temática religiosa está presente nas criações de Saramago, em títulos como ‘O Evangelho segundo Jesus Cristo’, ‘In Nomine Dei’ e ‘A Segunda Vida de Francisco Assis’.

Textos que criaram polêmica em Portugal, ‘mas cuja vivacidade do debate que suscitam em nada diminui o dever de cordialidade de um encontro cultural que só pode ser gerado na abertura e na diferença’, acrescenta o comunicado da Igreja portuguesa.

Na apresentação de seu último livro ‘Caim’ (2009), Saramago afirmou que a Bíblia tem ‘coisas admiráveis do ponto de vista literário’ e ‘que vale muito a pena ler’, embora também a definiu como ‘um livro de maus costumes’.

Diante das críticas que esta obra despertou no seio da Igreja Católica portuguesa, o escritor acusou aos representantes de instituição de terem criticado o livro sem tê-lo lido.

José Saramago, de 87 anos, morreu na sexta-feira, 18, na ilha espanhola de Lanzarote e seus restos mortais serão repatriados hoje a Lisboa, em Portugal, onde ocorrerão as cerimônias fúnebres.’

 

Ubiratan Brasil

‘Um talento que lembrava Shakespeare’

‘Em 2003, o crítico literário norte-americano Harold Bloom reforçou a fama de provocador ao afirmar que Saramago era, em sua opinião, o mais talentoso escritor vivo daquele momento. O único a ombreá-lo seria o também americano Philip Roth. Era o início de uma amizade intensa, marcada tanto por afagos desse quilate como por troca de farpas, especialmente quando suas opiniões discordavam em relação à política internacional.

‘Ele era um homem inigualável’, comentou Bloom ao Estado, de sua casa, em Nova York, em entrevista realizada ontem, por telefone. ‘A literatura vai sentir muito sua falta.’ Para o crítico, o escritor português aproximava-se de Shakespeare por conta de sua versatilidade, trafegando com inteligência do drama à comédia. E, a partir da união de Saramago com a espanhola Pilar, Bloom – que organizou um livro sobre o ficcionista – identificou traços mais visíveis da paixão na prosa do ganhador do Nobel. ‘Houve maior exaltação do amor heterossexual’, disse ele, na entrevista a seguir.

Qual é o principal legado de José Saramago, em sua opinião?

Eu o conheci há dez anos, quando estivemos juntos na Universidade de Coimbra e iniciamos uma troca de correspondência. Naquela época, eu já escrevera alguns ensaios entusiasmados sobre sua obra e o considerava um homem notável. Claro que houve o controverso período da ditadura de Antonio Salazar, quando ele foi acusado de se manter distante dos horrores daquele momento político. Na verdade, isso não me interessa – prefiro vê-lo como o escritor que deixou ao menos oito romances de grande qualidade. Trata-se de um feito raro. Em meu país, creio que Philip Roth tem, por enquanto, duas obras incomparáveis, assim como outros nomes talentosos: Thomas Pynchon também tem dois livros memoráveis, enquanto Don DeLillo e Cormac McCarthy despontam com apenas um cada. Volto a dizer, isso é notável. Saramago também era autor de textos bem-humorados, ao contrário do que atacavam seus críticos.

Qual seu livro preferido entre os escritos por Saramago?

Talvez O Ano da Morte de Ricardo Reis, que traz uma prosa saborosa, divertida até. Eu o reli há alguns anos e notei um frescor preservado. Para mim, Saramago tanto escrevia comédias deliciosas como romances tenebrosos e melancólicos. Mas ainda estou convencido de que seu melhor romance continua sendo O Evangelho Segundo Jesus Cristo: corajoso, polêmico contra o cristianismo em particular mas contra as religiões em geral. Há poucos livros que conseguem tratar Cristo e o catolicismo sem se sujeitar a um respeito obrigatório. Aqui, Saramago conseguiu, assim como D. H. Lawrence e, em menor grau, Norman Mailer. Creio que, entre os premiados com o Nobel de literatura nos últimos anos, ele foi quem realmente mereceu.

O curioso é que, apesar de sua veemente posição política (ele se descrevia como um ‘comunista hormonal’), Saramago não foi um autor de uma obra abertamente política, não?

Sim, de fato, ele preferia a alegoria, entendida muita vezes como uma espécie de cegueira. Ele era político como cidadão e, em muitos casos, um polêmico político. Lembro-me de quando ele certa vez estava na Polônia (em 2002) e criticou a ocupação israelense dos territórios palestinos, comparando-a com o campo de extermínio nazista de Auschwitz. Claro que isso gerou uma polêmica muito grande, creio que ele foi até impedido de entrar em Israel. Escrevi sobre esse assunto desagradável na época e, meses depois, quando nos reencontramos, tivemos conversas não muito amistosas sobre o assunto. Infelizmente, quando falava de política, Saramago assumia, às vezes, o estereótipo stalinista de sempre.

Comenta-se que a mudança do escritor para a ilha de Lanzarote foi determinante em sua prosa. O senhor concorda?

Acredito que sim, pois ele se tornou um homem iluminado ao se mudar para as Canárias. Saramago foi infeliz em seu primeiro casamento, assunto do qual pouco conversamos. Mas reencontrou a felicidade com Pilar, uma mulher mais jovem, bonita, interessada em seu trabalho. Isso influenciou seu trabalho. Como em A História do Cerco de Lisboa em outros romances, houve maior exaltação do amor heterossexual. Lembro-me de poucos livros do século 20 e mesmo do início do século 21 que trataram a paixão de forma tão charmosa. Outro romance que me surpreendeu foi As Intermitências da Morte, cujos personagens têm sua rotina modificada tanto pela Morte, que entra em greve, como por um violoncelista que gosta da Suíte Nº 6 para Violoncelo de Bach. Trata-se de uma memorável forma de se utilizar a imaginação.’

 

América Latina lamenta perda do ‘imortal’ Saramago, grande autor

‘Os governos da América Latina e grandes escritores da região lamentaram nesta sexta-feira, 18, a morte de José Samarago, a quem qualificaram como um ‘imortal’ graças ao legado de suas obras.

O primeiro presidente a se pronunciar logo após o mundo se inteirar da morte do escritor português por causa de uma leucemia foi Luiz Inácio Lula da Silva, que destacou a origem humilde e o caráter autodidata de Saramago, ‘um dos maiores nomes da literatura mundial’. ‘Intelectual respeitado em todo o mundo, nunca esqueceu suas origens, tornando-se militante das causas sociais e da liberdade por toda a vida’, disse em comunicado enviado pela Presidência.

‘José Saramago contribuiu de maneira decisiva para valorizar a língua portuguesa. De origem humilde, tornou-se autodidata e se projetou como um dos maiores nomes da literatura mundial’, disse Lula .

Para o presidente, Saramago, o único Nobel de Literatura em língua portuguesa, foi um intelectual ‘respeitado no mundo todo’, que nunca ‘esqueceu suas origens’ e foi um defensor ‘das causas sociais e da liberdade por toda a vida’.

O presidente do México, Felipe Calderón, também lamentou a morte do escritor, para ele uma ‘dolorosa perda’ para o pensamento humanista contemporâneo.

Em nota, Calderón diz que ‘a obra de José Saramago é uma referência indispensável na literatura universal, já que permite entender, através da imaginação e de uma ironia sutil, as transformações da sociedade’.

O presidente de El Salvador, Mauricio Funes, e sua esposa, Vanda Pignato, destacaram a força das palavras de Saramago, sempre cheias de verdade. O casal afirmou em um comunicado que o escritor era um ‘amigo pessoal’. ‘A notícia de sua morte nos comove e enche de tristeza a família presidencial e a sociedade salvadorenha’, disseram.

O governo da Colômbia elogiou o escritor por seu ‘pensamento universal’ e garantiu que sua morte implica na perda de ‘um dos seres mais representativos da literatura’.

A ministra equatoriana do Patrimônio Cultural e Natural, María Fernanda Espinosa, disse que Saramago ‘era um grande ouvinte da realidade dos povos subalternos’.

Igualmente aos governantes, destacados representantes da literatura latinoamericana também manifestaram sua tristeza pela morte do escritor e ressaltaram tanto sua figura social e política como literária.

O presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Marcos Vinicius Vilaça, anunciou que a instituição fará três dias luto com a bandeira a meio haste pela morte de Saramago, que foi nomeado sócio correspondente da entidade em junho passado por sua contribuição à difusão do português como língua literária.

O cineasta brasileiro Fernando Meirelles, que dirigiu o filme Ensaio sobre a Cegueira, de 2008, baseado na obra homônima de José Saramago, disse que, ‘definitivamente, hoje o mundo está ainda mais burro e cego’.

O escritor argentino Santiago Kovadloff o considerou ‘um grande lutador’ a favor da democracia até a caída da ditadura de Antonio de Oliveira Salazar em Portugal, em 1974.

Segundo Miguel Barnet, presidente da União de Escritores e Artistas de Cuba (UNEAC), Saramago foi ‘um amigo fiel’ de Cuba até o último dia de sua vida. Barnet ressaltou ‘sua ética, sua lucidez e pensamento coerente com seu ideário comunista’.

O escritor colombiano Álvaro Mutis afirmou sentir uma tristeza ‘tremenda’ pela morte de Saramago, um homem que se conduziu com rigor ‘em todos os atos de sua vida’.

O poeta chileno Gonzalo Rojas considerou que o escritor português morreu prematuramente, pois o via ‘como um garoto’ em plena ebulição criativa. ‘Quantos anos tinha José? 87 anos (…), era um garoto’. O autor uruguaio Eduardo Galeano concordou com o colega chileno, ao dizer que Saramago ‘era o mais jovem dos escritores. E continuará sendo’.

Para o escritor nicaraguense Sergio Ramírez, o prêmio Nobel luso ‘foi a consciência da literatura’, ‘um juiz severo de sua época’.

O diretor da Academia Hondurenha da Língua, Oscar Acosta, classificou a obra de Saramago de ‘sólida e muito exemplar’. ‘Saramago foi um expoente da literatura peninsular’, declarou à Efe.

Com informações da Efe e BBC’

 

ELEIÇÃO
Rodrigo Alvares

Ministro concede liminar para suspender programas do PSDB na TV

‘O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou nesta sexta-feira, 18, em liminar, a suspensão imediata das inserções do PSDB que iriam ao ar nos dias 22, 26 e 29 de junho. O material, veiculado em rede nacional na terça-feira, exibiu o candidato à Presidência pelos tucanos, José Serra, e motivou uma representação do PT por propaganda antecipada.

O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Aldir Passarinho Junior, julgou que as inserções apresentaram ‘manifestações pessoais’ de Serra. A infração teria ficado expressa quando o candidato disse frases como: ‘Esse é o meu jeito, como eu sempre fiz. Do fundo do meu coração: é nisso que eu acredito’, ‘Eu acho que já passou da hora’ e ‘Dá para fazer. Vamos juntos melhorar a saúde do nosso País’.

O PSDB poderá substituir o material que seria exibido na próxima semana por outro, com conteúdo voltado para as propostas políticas do partido, como determina a lei. O ministro abriu prazo de cinco dias para o PSDB e Serra apresentarem defesa. Procurado pela reportagem, o PSDB informou ainda não ter sido notificado da decisão.

No mérito, ainda não julgado, o PT pede ainda a cassação no segundo semestre deste ano do tempo equivalente a cinco vezes ao das inserções questionadas e a aplicação de multa entre R$ 5 mil e R$ 25 mil.

As peças, de 30 segundos cada, enalteciam feitos de Serra. Na primeira, o candidato, ex-ministro da Saúde, falou da necessidade de ampliar o investimento federal na área. Na segunda, afirmou que um governante precisa ‘fazer acontecer’.’

 

Andrei Netto

Dilma menospreza sabatinas e diz que já debate com jornalistas

‘A candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, deixou claro nesta sexta-feira, 18, que não faz questão de participar de sabatinas organizadas com outros presidenciáveis. Em entrevista de 10 minutos concedida após o encontro com o presidente de governo da Espanha, José Luis Zapatero, em Madri, a petista menosprezou a importância dos debates com José Serra e Marina Silva, candidatos do PSDB e do PV, e rebateu as críticas de que esteja fugindo do debate eleitoral em sua viagem de cinco dias à Europa. ‘Eu tenho feito vários debates com jornalistas’, argumentou.

Dilma fez as declarações no fim de sua passagem pela Espanha, a terceira etapa da turnê pela Europa, após Paris e Bruxelas. Questionada sobre as críticas, feitas ontem por José Serra, de que esteja usando a turnê para fugir aos debates, Dilma argumentou: ‘Eu (só) não fui na sabatina da Folha’. Em sua resposta a candidata não informou que o PT havia cancelado no Brasil sua participação em outra sabatina, desta vez organizada pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA), marcada para 1º de julho.

Para justificar sua ausência, a petista insinuou que sabatinas não são relevantes. ‘Não me consta que a sabatina da Folha seja um debate, a não ser um debate com jornalistas. Eu tenho feito vários debates com jornalistas, inclusive estou aqui diante de vocês.’

Na realidade, ao longo de sua estada na Europa Dilma vem fugindo da imprensa. Na sexta, sua assessoria informou o voo que a candidata tomaria de Paris para Madri duas horas antes da partida, quando todos os jornalistas já tinham outras passagens nas mãos. Uma vez no aeroporto de Madri, a comitiva, apoiada pela embaixada do Brasil, saiu por uma porta lateral, longe do alcance da imprensa. A partir de então, seus assessores não atenderam os telefones, não informando o paradeiro do grupo, o hotel em que se hospedaria e se partiria no mesmo dia para Portugal.

Além disso, Dilma usa as entrevistas para fazer discursos de campanha, respondendo a parte das perguntas com os olhos fixos na câmera de João Lourenço Garcia Pena, cinegrafista contratado pelo PT para acompanhar a viagem.

Na Espanha, a candidata pôde incrementar suas imagens de campanha durante o encontro com Zapatero, realizado às 18h no Palácio da Moncloa, a sede do governo espanhol. Foi a sua mais longa reunião do giro pela Europa, com duração de uma hora e 20 minutos. Na pauta, estiveram a crise pela qual o país atravessa e as relações bilaterais. A visita, entretanto, não despertou grande curiosidade da imprensa local. Nenhum jornalista espanhol esperou a candidata na saída para entrevistá-la. Pela manhã, o jornal El País mencionava Dilma, mas não falando de sua reunião com Zapatero, e sim se referindo ao ‘suposto escândalo de espionagem política’, que envolve o ex-consultor de comunicação da campanha do PT, Luiz Lanzetta.’

 

Mauro Chaves

O direito à confrontação

‘Desde que a Suprema Corte norte-americana, na década de 1970, firmou jurisprudência quanto à interpretação do direito à liberdade de expressão estabelecido em 1793 pela Primeira Emenda à Constituição dos Estados Unidos da América – que se tornou uma espécie de base institucional da imprensa livre nas democracias contemporâneas -, passou-se a entender que muito mais importante do que o direito de o jornalista informar é o direito da sociedade de ser informada. Essa inversão de polaridade também cabe, perfeitamente, no processo eleitoral, em que é muito mais importante o direito de os eleitores conhecerem os que buscam seu voto do que o direito de os candidatos se fazerem conhecidos pelos eleitores. E nada melhor haverá para se conhecerem as características dos candidatos do que confrontá-los com seus adversários.

Os eleitores têm todo o direito de conhecer, em pormenores, as pessoas que existem por trás das transformações – às vezes ‘milagrosas’ – operadas pela tecnologia avançada do marketing político, na cabeça, no corpo e na personalidade dos candidatos a governante. Especialmente porque tais transformações são apenas maquiagens, elementos de encenação que criam e aperfeiçoam personagens, para efeitos de apreciação pública, mas não têm condição alguma (e é óbvio que jamais poderiam ter) de alterar a estrutura de pensamento, as características de temperamento e, sobretudo, a biografia das pessoas – e qualquer tentativa de ‘reescrevê-la’, ao molde stalinista, será espúria falsificação. Mas não havendo confrontação entre os candidatos as campanhas eleitorais podem ser absorvidas como se consomem as novelas, com suas cenas emocionantes ou maçantes, seus personagens marcantes ou menos envolventes – mas nada que ajude, efetivamente, a escolha de quem tenha a melhor capacidade de governar.

Há marqueteiros políticos que julgam ser possível candidatos desenvolverem suas campanhas eleitorais fugindo inteiramente de quaisquer embates com seus adversários. Partindo da suposição de que os eleitores sempre preferem as chamadas ‘campanhas positivas’ – algo historicamente ainda não comprovado, além do fato de poder ser considerada muito positiva, pelo eleitor, a forte crítica ao que ele julga negativo -, marqueteiros vislumbram campanhas programadas para só passar ‘coisas boas’ para o público: imagens positivas – e muito bem produzidas – na televisão, a apresentação de uma enxurrada de dados, gráficos, estatísticas, fotos e filmes de obras púbicas, depoimentos emocionados – de cidadãos comuns ou de bons atores anônimos que os representem -, crianças (muitas), multidões, efeitos especiais e coisas que tais, tudo isso embalado por fundo musical animado, criativos jingles e sonoplastia de alto nível profissional, visando sempre a agradar, emocionar e entusiasmar o público eleitor. Considera-se, então, que tanto críticas aos adversários quanto respostas a eventuais críticas destes podem significar desperdício do precioso tempo disponível na comunicação eletrônica de massa.

Levando em conta o nosso sistema de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão – e as restrições impostas, no período eleitoral, à livre expressão nos veículos de comunicação eletrônica de massa, o que não se vê em outras democracias do mundo contemporâneo -, é claro que os debates entre os candidatos, transmitidos pelas redes de televisão e de rádio, constituem o melhor mecanismo para o exercício do direito à confrontação eleitoral, mesmo que a exigência de participação de concorrentes sem condições de competitividade pulverize as discussões, dilua seu conteúdo e se torne pretexto para a fuga de candidatos que não queiram arriscar-se, por estarem à frente nas pesquisas de intenção de voto. E esses debates são fundamentais, mesmo que seus organizadores tenham de se submeter à ‘camisa de força’ estabelecida pela legislação eleitoral. Mas a confrontação não se resume aos debates diretos, porque pode ocorrer no conjunto das aparições públicas dos candidatos, reproduzidas pela mídia, assim como no próprio horário gratuito, quando pelo menos parte dele é usado (o que é mais do que legítimo) para criticar ou desmentir adversários. De qualquer maneira, é direito inquestionável de todo eleitor ver e ouvir os ‘advogados do diabo’ dos que pretendem disputar seu voto, ou assistir ao contraditório entre os que concorrem à tarefa de cuidar da coisa pública e/ou comandar um governo.

Hoje em dia, o desrespeito ao direito de o cidadão se informar melhor sobre o pensamento, a capacidade e o comportamento dos candidatos, por meio da confrontação dos adversários, pode ser combatido com a poderosa arma das redes sociais. A fuga ao contraditório, seja pelo não-comparecimento aos debates no rádio, na televisão ou pela internet, seja pela adoção de uma suposta ‘campanha positiva’ no horário gratuito, pode despertar uma reação negativa, reproduzida de forma gigantesca via internet. A rapidez formidável desse tipo de comunicação se comprovou na última eleição presidencial norte-americana.

A confrontação de candidatos leva o eleitorado a fazer comparações, avaliações e, ao final, a escolha da candidatura que lhe pareça mais benéfica à sociedade. Isso diz respeito a programas e projetos, mas fundamentalmente a biografias – já que a boa execução dos programas e projetos depende da capacidade das pessoas que os comandam. Assim, por trás das maquiagens e dos efeitos especiais, o eleitor precisa conhecer o histórico dessa capacidade pessoal, pois é como saberá que fará melhor quem já provou que sabe fazer, porque já fez, e não porque outros fizeram ou deixaram de fazer.’

 

INTERNET
Rodrigo Petry

Banda larga móvel ultrapassa pela primeira vez a fixa no Brasil

‘Os usuários de banda de larga móvel ultrapassaram pela primeira vez os usuários de banda larga fixa, segundo levantamento divulgado nesta sexta-feira, 18, pela empresa de soluções de telecomunicações Huawei, em parceria com a consultoria Teleco. As adições líquidas de acessos a banda larga móvel somaram 4,9 milhões no primeiro trimestre, o que elevou a base de clientes a 11,9 milhões de clientes. Já o total de assinantes da banda larga fixa encerrou o primeiro trimestre em 11,8 milhões de clientes.

Segundo o levantamento, o avanço da banda larga móvel sobre a fixa foi impulsionado, principalmente, pelos celulares 3G, que saltaram de 1,5 milhão de janeiro a março de 2009 para 8,7 milhões no mesmo período deste ano. No caso das conexões de banda larga com modems 3G, o incremento no período superou os 100%, atingindo 3,2 milhões de usuários.

A pesquisa constatou ainda que os planos com pacotes de 500MB e 1GB custam, em média, R$ 69,90 e R$ 84,90 respectivamente. Como comparação, na Argentina é possível pagar o equivalente a R$ 31,65 por 500MB, enquanto no Reino Unido o custo do plano de 3GB equivale a R$ 39,94.

Em março de 2010, a cobertura da banda larga móvel no Brasil já era superior aos compromissos estabelecidos para 2012, atingindo 13,1% dos municípios. Todas as capitais e municípios com mais de 500 mil habitantes passaram a ser atendidos por quatro operadoras.

As projeções da Huawei são de que até o final do ano o número de clientes com banda larga móvel atinja 18 milhões, enquanto os da fixa cheguem a 13 milhões.’

 

Associated Press

Gritos de gol no Twitter

‘O Twitter tem visto um aumento gigantesco de tráfego durante os jogos da Copa do Mundo quando um gol é marcado. Embora o Twitter tenha uma média de 750 tweets por segundo durante um dia normal, houve um recorde de 2.940 tweets por segundo depois que o Japão marcou um gol em cima da seleção de Camarões na segunda-feira, 14.

Quase a mesma quantidade de tweets foi identificada depois que a seleção brasileira marcou o primeiro gol contra a Coréia do Norte na terça-feira. A mesma coisa ocorreu quando o México embatou por 1 a 1 com a África do Sul, o primeiro jogo da Copa, no dia 11.

O Twitter ainda deve anunciar os números da Copa de sexta-feira, 18, quando os Estados Unidos empataram com a Eslovênia por 2 a 2. É esperado que o empate tenha causado outra grande atividade no site.

O basquete, porém, ainda é maior do que o campeonato mundial de futebol. Na noite de quinta-feira, 17, quando os times Los Angeles Lakers e Boston Celtics se enfrentaram, a média de tweets subiu para 3,085 mensagens por segundo. A quantidade de usuários dos Estados Unidos — que são maioria no Twitter — pode explicar o alto número de tweets.

O enorme tráfego por causa da Copa do Mundo causou problemas ao Twitter nesta semana. O site está adiando os planos de reestruturar a sua rede até que o tsunami de mensagens da Copa tenha acabado.’

 

Facebook: US$ 800 milhões em 2009

‘A performance financeira do Facebook é mais forte do que se imaginava. O explosivo crescimento no número de usuários e de anunciantes da rede social deram ao Facebook uma receita de Us$ 800 milhões, de acordo com duas fontes familiarizadas com a situação financeira do site.

A empresa também teve um sólido lucro líquido, na casa dos dez milhões de dólares, no último ano, disse uma das fontes consultadas pela Reuters.

O crescimento em lucro e receita demonstra como o Facebook está cada vez mais tirando dinheiro do seu serviço, com apenas 6 anos de existência, que é considerada a maior rede social do mundo, com quase meio bilhão de usuários.

Esse tipo de performance estimula o apetite de investidores entusiasmados por uma participação na empresa, apesar da insistência do Facebook de dizer que uma oferta de ações na bolsa não é uma prioridade no curto-prazo.

Criado por Mark Zuckerberg e seus amigos em um dormitório de Harvard em 2004, o Facebook é uma companhia privada e tem divulgado apenas informações limitadas sobre suas finanças.

Os resultados de 2009 são significativamente maiores do que alguns dentro do Facebook já haviam sugerido no ano passado, e também são maiores do que as estimativas de analistas.

Em julho do ano passado, o ex-membro do conselho da empresa Marc Andreessen disse à Reuters que o Facebook estava a caminho de superar uma receita de US$ 500 milhões ao fim do ano. E em setembro, o Facebook disse que o fluxo de caixa havia sido positivo, o que significava que a empresa estava gerando lucro suficiente para cobrir suas despesas.

Estimativas de diversos relatórios diziam que o Facebook teria uma receita entre US$ 550 milhões e US$ 700 milhões.

As duas fontes disserram, porém, que a receita em 2009 foi na verdade entre US$ 700 milhões e US$ 800 milhões.

‘Eles estão jogando para baixo sua performance’, disse uma fonte, acrescentando que em 2009 a receita foi mais do que o dobro do que no ano anterior. ‘Não há vantagens em criar altas expectativas nas pessoas, é sempre melhor trabalhar um valor menor’.

O Facebook se negou a comentar.’

 

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