Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O Globo


‘A febre pelo formato tablóide que vem tomando conta dos principais jornais da Europa e dos Estados Unidos e a transparência, inclusive nos cortes de custos, foram alguns dos temas do terceiro e último dia do 58 Congresso Mundial de Jornais e 12 Fórum Mundial de Jornais, promovido pela Associação Mundial de Jornais (WAN, na sigla em inglês). Perguntado se o ‘New York Times’ adotaria o formato, como fizeram outros jornais de grande circulação, Ochs Sulzberger Jr., editor e presidente do grupo, foi taxativo:


– Mudar para tablóide? Significa oferecer menos conteúdo, menos jornalismo aos nossos leitores. A menos que você duplique o numero de páginas, mas não é o que eu tenho visto acontecer – disse o empresário. – Nós não vamos mudar.


Base do negócio é credibilidade, diz ‘Times’


Curiosamente, o representante do ‘Times’ estava ao lado de Gavin O’Reilly, principal executivo da Independent News and Media, a empresa responsável pela mudança de formato para tablóide de jornais europeus nos últimos anos. O’Reilly defendeu-se:


– Não mudamos apenas o formato, mudamos toda a lógica do produto e do marketing – destacou O’Reilly, que foi eleito presidente da WAN até 2006.


Num dia em que o Congresso da WAN foi marcado pelo impacto da revelação da identidade do Garganta Profunda, principal fonte do caso Watergate, Sulzberger Jr. disse que o ‘Times’ prefere investir em conteúdos multimídia, como programas de TV e internet – esta, após dez anos de prejuízo, começa a dar lucro ao jornal. Ele disse que a base do negócio é ter credibilidade e transparência.


– Nossa primeira responsabilidade é com a verdade. Tornamos públicos todos os movimentos da empresa, inclusive cortes de custos – disse, acrescentando que o caso Jayson Blair (jornalista do ‘Times’ que forjou entrevistas e fatos) foi muito ruim para a empresa.’



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‘Mas ‘NYT’ se rende ao lançar jornal’, copyright O Globo, 2/06/05


‘O formato tablóide venceu as resistências do jornal americano ‘The New York Times’. Não, o tradicional diário americano não vai mudar de formato, mas anunciou ontem o lançamento de um tablóide semanal gratuito. O novo jornal, chamado ‘Market Place’, vai começar a circular no dia 9 e terá 150 mil cópias. Sua circulação será a metade da circulação de seus concorrentes gratuitos.


O ‘Times’ já havia entrado no mercado de jornais gratuitos com a compra recente de 49% da empresa que publica o diário ‘Metro’ (também tablóide) na cidade de Boston, onde o jornal também controla o ‘The Boston Globe’. Segundo o jornal americano, o ‘Market Place’ terá oito páginas de classificados e três de reportagens ligadas aos temas dos anúncios. A empresa não informou o valor do investimento.’



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‘Como velhos meios podem sobreviver na era digital’, copyright O Globo, 2/06/05


‘Um guia de sobrevivência para os tradicionais meios de comunicação. Este foi o tema de um especial do ‘Wall Street Journal’, publicado terça-feira, com o título ‘Como a velha mídia pode sobreviver no novo mundo’, com sugestões de especialistas para revitalizar jornais, redes de TV e estúdios de cinema, cada vez mais preocupados com a queda dos lucros.


Os jornais dos EUA, por exemplo, vêm enfrentando queda no número de exemplares vendidos – 1,9% no período de seis meses findo em março, segundo o órgão que apura a circulação. Os analistas ouvidos pelo ‘Journal’ sugerem recorrer à mídia digital: ‘pensar mais em notícias, menos em papel’.


Andrew Swinand, vice-presidente sênior da consultoria Starcom Worldwide, do Grupo Publicis, afirma que os executivos de jornais reclamam muito da circulação, mas nunca falam de idéias para a geração de conteúdo. Ele recomenda que os jornais ofereçam em seus sites algo mais além da edição impressa. Alguns repórteres poderiam ter blogs sobre sua área de especialização, onde os leitores fariam comentários.


Já S.W. ‘Sammy’ Papert III, presidente da consultoria Belden Associates, defende que a personalização dos jornais. Ele diz que os leitores online deveriam poder criar uma edição de acordo com seus interesses, seja negócios, política ou cultura. Outra sugestão é ir atrás dos leitores, por exemplo, enviando alertas sobre fatos importantes para o celular.


Para os jornais televisivos, cuja audiência caiu 28,4% desde 1991, o ‘Journal’ sugere romper a formalidade da notícia, aproximando-se do telespectador. Uma maneira, diz o produtor Corey Bergman, seria mostrar entrevistas sem edição e cenas de bastidores. A transmissão para celulares é um campo a ser explorado, acrescenta. E alianças com redes de outros países garantiriam uma ampla cobertura global.


Para a indústria cinematográfica, às voltas com a pirataria de DVD, as recomendações são investir na expansão do formato multiplex, que poderia incluir shows e eventos esportivos.


O ‘Journal’ sugere que a indústria fonográfica, também assolada pela pirataria, use as armas do inimigo: acordos com sites para download de músicas.’



CHINA


O Estado de S. Paulo


‘Jornalistas farão teste de ideologia comunista ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 2/06/05


‘Os jornalistas chineses que trabalham em meios de comunicação não oficiais terão de se submeter a um exame de ideologia comunista, que inclui teorias de Marx, Lenin e Mao Tsé-tung, para obter o registro profissional, informou ontem a imprensa independente chinesa. Para se submeter ao exame, os jornalistas de Pequim e Xangai terão de pagar cerca de US$ 169 dólares. Segundo um jornal independente, o objetivo é estender a tradicional censura oficial chinesa ao recém-liberalizado setor dos meios de comunicação.


Os jornalistas que trabalham para os meios de comunicação oficiais (a agência Nova China, a Rádio Internacional da China e a tevê CCTV, entre outros) são pagos pelo governo e estão subordinados às determinações do Partido Comunista chinês. Segundo relatório de Repórteres Sem Fronteiras, a China continua limitando a liberdade de expressão, apesar de o setor de informação ter crescido muito nos últimos anos.’



INTERNET


Renato Cruz


‘Diretor do Media Lab defende tecnologias abertas, como a Web ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 2/06/05


‘Walter Bender, diretor do Media Lab, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), destacou ontem, durante apresentação no Instituto Fernando Henrique Cardoso, a importância do erro para a inovação tecnológica. ‘Cometemos muitos erros no Media Lab’, afirmou Bender. ‘Não fazemos coisas que funcionam, mas forçamos as coisas para além do limite do funcionamento. Cada um que contratamos está lá para mudar o mundo.’ Para ele, quando não existe risco, não existe mudança.


O pesquisador defendeu um semi-alinhamento entre a indústria e a academia. ‘A inovação não é um jogo de tênis, em que cada um fica em seu campo, mas um jogo de futebol’, explicou, acrescentando que um alinhamento total, onde os pesquisadores são contratados para dar respostas a problemas específicos das empresas, acaba com as chances da criação de tecnologias revolucionárias.


Revolucionário como pode ser o computador portátil de US$ 100, caso tudo der certo. Até o fim do mês, Nicholas Negroponte, fundador do Media Lab e autor do best seller Vida Digital, vem ao País para dar continuidade às conversas com o governo brasileiro. Bender e o pesquisador David Cavallo estiveram em Brasília na segunda, apresentando o projeto a autoridades. ‘Existe algum trabalho a ser feito no ambiente regulatório’, explicou Bender, assustado com a burocracia existente no Brasil para estabelecer, por exemplo, uma rede de comunicação sem fio.


O governo estuda comprar 1 milhão de unidades, para serem usadas por estudantes. A máquina teria processador com velocidade de 500 MHz, 128 Mb de memória, 1 Gb de espaço para armazenamento em memória flash ou 5 Gb de disco rígido, tela de cristal líquido, 4 portas USB para conectar acessórios e bateria com 3 horas de autonomia.


Sua apresentação trazia, em um dos slides, um pingüim (símbolo do sistema operacional Linux) com a camisa da seleção brasileira. Bender defendeu os sistemas abertos (como o Linux) para que haja uma difusão maior da tecnologia. ‘O código aberto permite que todos participem’, afirmou, exemplificando com a Web. ‘Todos os navegadores de internet, até mesmo os produzidos em Redmond, Washington, possibilitam que qualquer um veja o código da página e construa a sua própria página a partir do conhecimento adquirido. A web foi o primeiro meio de comunicação a permitir que todos vejam sua estrutura.’


O pesquisador David Cavallo, também do Media Lab, defendeu uma revolução no ensino, a partir da tecnologia. Para ele, os laboratórios de informática das escolas são ineficientes. ‘É um desperdício enorme de dinheiro construir laboratórios onde as crianças têm acesso ao computador somente 12 minutos por semana’, explicou. Por isso, Cavallo considera importante o projeto do micro portátil de US$ 100, que fica o tempo todo com a criança, vai para casa com ela depois da aula.


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comparou as propostas dos pesquisadores com o que acontece no governo. ‘Quando fizemos o Plano Real, foi decisivo tornar as coisas claras à população, abrindo o jogo’, explicou Fernando Henrique. ‘Muitos economistas eram contra. Foi importante eu não ser economista. A tomada de decisão foi um processo aberto.’ Para o ex-presidente, ‘o que faz a diferença é a imaginação, mas tem que ter alguma formalização. Muito experimento no governo pode dar bobagem também.’’



Erica Ribeiro e Ramona Ordoñez


‘Telefone por internet já incomoda as teles fixas’, copyright O Globo, 2/06/05


‘A promessa de ligações interurbanas e internacionais até 90% mais baratas que as oferecidas pelo mercado de telefonia fixa tem sido o canto da sereia de empresas de telefonia via internet – sistema conhecido como VoIP. Mais difundido nas empresas, o serviço está crescendo entre clientes residenciais. Na terça-feira, ao comentar os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, o secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Paulo Lustosa, chegou a dizer que a VoIP é um dos novos componentes tecnológicos que contribuíram para a queda de 3,2% no setor de comunicações, na comparação com o primeiro trimestre de 2004.


O serviço ainda não é para todos, já que o usuário precisa ter um computador e acesso à banda larga (internet de alta velocidade) para fazer as ligações. Mas já incomoda a concorrência, apesar de a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ainda estar discutindo o serviço. O analista de telecomunicações Eduardo Roche, da Ágora Senior, lembra que o sistema de VoIP ainda não está regulamentado no país. Mas ele acredita que, se há difusão do serviço, ela é sobretudo no mercado corporativo. No residencial, seria ainda muito residual.


As empresas de telefonia fixa reconhecem que a oferta da VoIP vem crescendo no país, como ocorreu no exterior. O presidente da Associação Brasileira de Prestadoras de Serviço Telefônico Fixo e Comutado (Abrafix, que reúne as concessionárias de telefonia fixa), José Fernandes Pauletti, explicou que a maioria das empresas já começou a oferecer o serviço para clientes corporativos.


— As operadoras de telefonia fixa vendem os serviços de banda larga. Mas sobre a forma como ela é usada, se para passar imagem ou voz, não se tem controle – explicou Pauletti.


Com o uso da nova tecnologia, calcula-se que os gastos com a conta de telefone caiam em até 40% para o usuário médio. Para quem faz muitas chamadas interurbanas e internacionais, a economia pode ser ainda maior. A pedagoga Marjorie Botelho passou a usar o computador para fazer ligações para dentro e para fora do país desde o início do ano com o serviço Skype. Segundo ela, isso permitiu uma redução de cerca de 60% em sua conta telefônica. Marjorie trabalha no Sobrado Cultural Vila Isabel e faz muitas chamadas interurbanas, principalmente para o Sul e o Nordeste.


— O serviço permite uma grande redução de custos — comemora Marjorie.


O ex-banqueiro Luiz César Fernandes, dono da Redevox, lançou há alguns meses o Thao, que permite ao usuário de internet banda larga fazer interurbanos pagando uma tarifa local – ou até falar gratuitamente, se o usuário do outro lado também tiver o sistema ou fizer parte das 80 outras operadoras mundiais com as quais ele tem convênio. Fernandes acha que o crescimento desse serviço é inexorável.


O provedor Universo Online (UOL) também lançou, há menos de um mês, o UOL Fone, restrito a assinantes do portal de internet banda larga. O usuário compra créditos para ligações telefônicas nos valor de R$ 20 ou R$ 40. A vantagem, segundo a empresa, é o baixo custo das ligações. Uma ligação para o Japão pode sair 90% menos pelo serviço. O Skype é outro sistema bastante procurado por usuários residenciais. Nas ligações entre usuários Skype não há custo, e nas ligações internacionais é preciso comprar créditos em euro com cartão de crédito internacional.


O Brasil não dispõe de estatísticas sobre o número de empresas que estão migrando para a tecnologia de VoIP, mas cresce no mercado o número de profissionais que oferecem suporte a esse tipo de tecnologia. Se é verdade que as operadoras de telefonia estão preocupadas com a perda de arrecadação com os interurbanos, também há quem diga que elas podem se beneficiar de mudanças na tarifação dos seus serviços. A transmissão de pacotes de dados pela internet – que é o caso da VoIP – é mais cara que o serviço tradicional de transmissão de voz.’



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‘A voz digitalizada’, copyright O Globo, 2/06/05


‘Também conhecida como VoIP (acrônimo de voice over internet protocol), a tecnologia de voz sobre IP permite transmissão de voz pela internet de banda larga com excelente qualidade. Ou seja: o usuário faz chamadas telefônicas pela internet usando seu computador, em vez da rede telefônica tradicional.


Trata-se de um serviço mais barato que o oferecido pelas operadoras de telefonia. Por isso, tem atraído muitos usuários domésticos e, principalmente, clientes corporativos, em todo o mundo.


Para que essa conversa via internet seja possível, é necessário usar programas que digitalizam e transmitem a voz. Se o usuário da outra ponta da chamada estiver em um computador, é preciso usar o mesmo programa, mas as chamadas também podem ser feitas para telefones comuns.’