Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O Globo

‘Mais magra, mas feliz, a jornalista francesa Florence Aubenas teve uma recepção calorosa ao chegar em casa em Paris, depois que ela e seu motorista iraquiano foram libertados ontem após passarem cinco meses no cativeiro no Iraque. O presidente Jacques Chirac recebeu a jornalista ainda na pista do aeroporto de Villacoublay, cidade a oeste da capital. Momentos antes do desembarque, Chirac agradeceu em pronunciamento transmitido pela TV os esforços da polícia iraquiana para libertar a repórter do jornal ‘Libération’, de 43 anos, e Hussein Hanoun al-Saadi.

– Depois de um longo e doloroso cativeiro, eles finalmente voltaram para suas famílias – disse Chirac.

As autoridades francesas não deram detalhes da libertação. Mas o ex-ministro das Relações Exteriores Michel Barnier, que trabalhou no caso até deixar o cargo este mês, disse que não foi pago resgate aos insurgentes, que divulgaram em março um vídeo em que Florence suplicava por sua vida. Os seqüestradores não foram identificados, embora França e Iraque acreditem que eles almejavam dinheiro e não ganhos políticos.’



O Estado de S. Paulo

‘Francesa é libertada no Iraque’, copyright O Estado de S. Paulo, 13/06/2005

‘Libertada no sábado depois de 157 dias de cativeiro no Iraque, a jornalista francesa Florence Aubenas regressou ontem a Paris, onde o clima nos meios oficiais era de euforia pelo êxito das negociações com os seqüestradores.

Ela estava surpreendentemente bem humorada e contou um pouco de sua saga de cinco meses. ‘Os seqüestradores me disseram: ‘Você está muito deprimida e poderá ver televisão’, destacou, acrescentando: ‘Sabemos que a televisão levanta o ânimo.’ Os seqüestradores desamarraram os pés e as mãos dela e permitiram que ela tirasse a venda dos olhos: ‘Assim, pude ver na TV uma apresentadora com letreiro que a identificava como Florence Hussein. ‘É bom sinal, disse para mi m mesma’. Logo apareceu um número, 140. Então concluí: ‘Florence Hussein significa que falam de mim e número representa os dias de cativeiro.’

Duas semanas depois, ela seria libertada com o guia Hussein Hanun, que já se reuniu com a família em Bagdá.

Florence desembarcou na base aérea de Villacoublay, de Paris. Ela veio de Chipre, para onde havia sido levada de avião de Bagdá. O chanceler francês, Philippe Douste-Blazy, dirigiu-se a Nicósia num avião Falcon em companhia de Serge July, diretor do jornal Libération, no qual Florence, de 44 anos, trabalha (ler ao lado). Eles foram dar as boas vindas à repórter e trazê-la de volta à França.

O presidente Jacques Chirac manifestou alegria e ressaltou o ‘ testemunho magnífico de solidariedade e esperança’ registrado no mundo.

‘Estou louca de alegria’, exultou Sylvi, irmã de Florence. ‘Estamos todos extremamente aliviados e contentes por ela, e sobretudo, muito, muito agradecidos a todos que contribuíram para este desfecho feliz’, acrescentou

O presidente do Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), Dalil Bubakeur, expressou a ‘grande satisfação’ da comunidade muçulmana francesa.

O secretário-geral dos Repórteres sem Fronteiras, Robert Menard, deu a entender que os intermediários dos seqüestradores pediram resgate de US$ 15 milhões. O governo francês respondeu, no entanto, que essa versão ‘não correspondia à verdade’. Menard declarou depois que havia ‘se expressado mal’. Mas as dúvidas continuam.’



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‘Para colegas, ela não tem medo, mas não é imprudente’, copyright O Estado de S. Paulo, 13/06/2005

‘PAIXÃO PELA NOTÍCIA: Para seus colegas, Florence Aubenas, de 44 anos, é uma grande repórter, que foge da redação e vai buscar as notícias nos lugares onde os fatos ocorrem. Em sua viagem ao Iraque, a jornalista ia cobrir as eleições de 30 de janeiro e tinha intenção de fazer uma reportagem sobre os deslocados do bastião sunita de Faluja, a oeste de Bagdá. Nascida em 1961 na Bélgica, mas de nacionalidade francesa, Florence trabalhou para o diário Le Matin e o semanário Le Nouvel Observateur antes de entrar, em 1986, no jornal parisiense de esquerda Libération.

Apaixonada por seu trabalho, a jornalista trabalhou em Ruanda, Kosovo, Argélia, Afeganistão e Iraque.

‘É uma grande profissional, acostumada a regiões de risco,’ assinalou o diretor de redação do ‘Libé’, Antoine de Gaudemar.’



Folha de S. Paulo

‘Jornalista francesa é libertada no Iraque’, copyright Folha de S. Paulo, 13/06/2005

‘A jornalista francesa Florence Aubenas, 44, refém por 157 dias no Iraque, foi libertada na tarde de sábado e transportada ontem de volta a Paris, sendo recebida numa base militar por familiares e pelo presidente Jacques Chirac.

Ela estava em Bagdá como enviada especial do jornal ‘Libération’. Foi seqüestrada em companhia de seu guia e tradutor, o iraquiano Hussein Hanoun al Saadi, também libertado anteontem e já de volta à sua casa, em Bagdá.

O embaixador francês no Iraque, Bernard Bajolet, disse que a operação de resgate foi ‘extremamente perigosa’, mas não deu detalhes. A ministra francesa da Defesa, Michelle Alliot-Marie, agradeceu o empenho os serviços de inteligência de seu país, conhecidos pela sigla DGSE.

O ex-chanceler Michel Barnier, negociador francês até deixar o governo recentemente, negou que a França tenha pago resgate em troca da libertação da jornalista e de seu tradutor.

Mas o jornal italiano ‘Corriere della Sera’ cita rumores de que o governo francês teria pago aos seqüestradores US$ 15 milhões.

O jornal ‘Libération’ disse em seu site que, após uma longa sucessão de contatos, os reféns foram deslocados até um bairro periférico de Bagdá, onde foram por fim resgatados.

O resgate ocorreu às 16h30 locais, no sábado. Mas as autoridades que participaram da operação mantiveram o compromisso de só divulgá-lo quando a jornalista já estivesse fora do Iraque.

Antes das 17h, o próprio presidente Chirac dava a boa notícia à família de Florence Aubenas, mas pedia que ela guardasse a discrição. O diretor do ‘Libération’, Serge July, também foi informado, mas não chegou a repassar a boa nova para seus subordinados até ontem de manhã.

A notícia só foi divulgada às 10h30 de ontem, hora de Paris, quando a porta-voz da Chancelaria, Cécile Pozzo di Borgo, divulgou um curto comunicado: ‘Florence Aubenas foi libertada. Ela está a caminho da França’.

A retirada da jornalista de Bagdá foi feita em condições excepcionais. O aeroporto local está fechado desde sexta-feira em razão de uma tempestade de areia. O Falcon militar francês foi o único aparelho autorizado a aterrissar e a decolar em seguida.

O avião fez uma escala técnica em Chipre, onde o ministro francês das Relações Exteriores, Philippe Douste-Blazy, embarcou em companhia da ex-refém. Ela estava mais magra e com as rugas do rosto mais pronunciadas. Mostrava-se, no entanto, sorridente e muito descontraída.

O Falcon pousou na base de Villacoublay às 19h15, hora de Paris, onde cerca de 200 pessoas aguardavam a jornalista. Ela foi longamente abraçada por Jacques Chirac. O presidente francês não recebia boas notícias desde a crise aberta em 29 de maio, com a vitória do ‘não’ no plebiscito sobre a Constituição da União Européia.

O abraço de Chirac tinha algo de inusitado. O ‘Libération’ é um jornal em sua origem mais à esquerda do que o Partido Comunista. Chirac é líder conservador.

Mas o longo seqüestro de Aubenas teve o poder de catalisar apoios e apagar diferenças partidárias. Uma comissão de mobilização, apoiada pelo ‘Libé’ e pela ONG Repórteres sem Fronteiras, promoveu atos públicos e espetáculos por toda a França. Dois painéis gigantescos traziam as fotos da jornalista e de seu tradutor e informavam, em Paris, o número de dias do seqüestro.

Aubenas dará entrevista amanhã. Mas disse já ontem que ela e Hussein ficaram presos pelos 157 dias no pavimento subterrâneo de uma casa, cuja localização ela não soube precisar. Seus punhos e tornozelos permaneciam atados. Uma venda lhe tapava permanentemente os olhos.

Ela disse que estava particularmente deprimida recentemente. Um dos seqüestradores lhe deu, então, de presente a possibilidade de assistir à televisão. Sintonizou o aparelho na TV5, o canal internacional em língua francesa.

Aubenas disse, então, que viu no canto da tela seu nome e o de Hussein com a menção aos 140 dias que haviam passado desde o momento do seqüestro.’



FRANÇA & INGLATERRA

Mario Sergio Conti

‘Rosbifes contra sapos’, copyright No Mínimo (www.nominimo.com.br), 12/06/2005

‘Os franceses implicam com os ingleses e vice-versa. Talvez desde o tempo em que a corte inglesa falava francês. Ou desde a guerra dos Cem Anos e a batalha de Agincourt (We few, we happy few, we band of brothers). Ou de quando a Normandia era, ora vejam só, normanda, inglesa. Ou desde a revolução francesa de 1789. Ou desde a batalha de Waterloo. Ou desde o exílio de Napoleão em Santa Helena. Desde que a França capitulou e a Inglaterra combateu o nazismo. Desde sempre.

As desavenças hoje são cordiais. Como cordial foi o Entendimento Cordial, um acerto entre parte dos imperialismos europeus que há pouco comemorou cem anos. Quer dizer: cordial mas nem tanto. Jacques Chirac vive às turras com Tony Blair. Agora mesmo, o presidente francês pediu de público aos ‘amigos ingleses’ que contribuam com maior generosidade para o orçamento da União Européia. Blair respondeu que, nos últimos dez anos, a Inglaterra contribuiu com mais que o dobro que a França para União Européia. Poderia ter acrescentado que 45% do orçamento vai para os subsídios agrícolas, uma bolada cujos principais beneficiários são os agricultores franceses.

No nível popular, as relações entre os rosbifes (que é jeito com que, numa metonímia culinária, os continentais se referem aos ilhéus) e os sapos (vice-versa) são ambíguas. Os franceses são fascinados pelos ingleses. Acham eles peculiares. Em Paris e nas grandes metrópoles, da alta classe média para cima, gostariam que Chirac imitasse Thatcher e Blair: quebrasse os sindicatos, impusesse medidas neoliberais, tirasse a França da pasmaceira, mas não a tornasse vassala do Império americano. Esses sapos gostariam de ter casas maiores, enriquecer e, quem sabe, até ter um rei e uma rainha de brincadeirinha – tudo como os rosbifes.

Nos meios rurais, trabalhistas e do funcionalismo público, é inamovível o apego ao estatismo francês, que lhes garante algumas proteções sociais. Ninguém quer saber do modelo inglês.

Do lado dos ingleses, não sei. Só noto que, entre os rosbifes que têm dinheiro para ter uma casa de campo, eles preferem comprá-las na França. Atravessam o canal da Mancha (ou o canal Inglês, como dizem os de lá) em busca de temperaturas amenas, um pouco de sol, e compram vilarejos inteiros na Bretanha, na Normandia, na Provence e no Périgord. Um dos sonhos dos rosbifes, acho, é se aposentar na França. Um sonho inimaginável para qualquer sapo. No máximo, um francês quer passar um fim-de-semana em Londres.

***

As desavenças entre ingleses e franceses se expressam sobretudo na imprensa e na televisão. Elas têm estilos bem caracterizados. O dos franceses é condescendente e irônico. O dos ingleses, agressivo e provocador. No telejornal de maior audiência, o da TF1, quando não há notícias prementes, eles sempre dão uma matéria sobre os ingleses. É infalível. A média deve ser uma por semana. São matérias longas (o telejornal tem 45 minutos corridos, não é interrompido por comerciais) sobre assuntos estapafúrdios.

Houve uma reportagem sobre os chicletes que os londrinos jogam no chão. Outra sobre as clínicas para cachorros obesos. Outra sobre um concurso de beleza canina. E por aí vai. Isso sem falar das notícias que são notícias mesmo: o fim da caça à raposa, o sujeito que se fantasiou de Batman e se aboletou numa janela do palácio real, o casamento do príncipe Charles com Camila. O tom geral das matérias, sintetizado na expressão do apresentador, parece ser o de um suspiro: ah, os rosbifes… O telejornal não adota esse tom com nenhum outro país. Nem com os Estados Unidos. Só com os ingleses.

Os tablóides ingleses revidam. Eles sempre dão um jeito de mostrar caricaturas de franceses de boina, bigodinho e baguete debaixo do sovaco. Sempre lembram a ocupação alemã. Dão um jeito de falar de Waterloo.

Nada muito sério. Lembra um pouco as irritações mútuas entre brasileiros e argentinos.

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As dificuldades conjugais de Nicolas Sarkozy tomaram o rumo do apaziguamento. Depois de todo o fuzuê, o casal reapareceu junto. Em Madrid. Jantando com o rei e a rainha da Espanha. Parecia que o estremecimento não passara de mais um golpe de marketing do tinhoso Sarkozy: simular uma crise familiar para depois surgir como vencedor, como o político que vence qualquer dificuldade, a começar pelas domésticas. A velha jogada da ‘transparência’.

Mas eis que, ao tomar posse como ministro do Interior, Sarkozy anunciou que iria demitir aqueles que conspiraram contra ele. Contra os que divulgaram ‘boatos’ sobre sua família. Cumpriu o prometido: mandou demitir o diretor de comunicação da Prefeitura de Polícia de Paris. Fez saber que o sujeito, que estava há dez anos no cargo, que é importante, dissera coisas impróprias à ‘imprensa estrangeira’.

Como já escrevi, em nenhum momento a imprensa francesa relatou a natureza das dificuldades conjugais de Sarkozy e senhora. Quando li a referência à ‘imprensa estrangeira’, finalmente entendi o que estava se passando. Dito e feito: na imprensa inglesa, havia detalhes e mais detalhes sobre a crise conjugal. Contava-se que Cécilia havia saído de casa. Que viajara para a Jordânia com o amante, Richard Attia, diretor da agência Publicis (que organiza o Fórum Econômico de Davos). Que ela não suportava mais as infidelidades do marido. Que ele estava desesperado, tentando uma reconciliação a qualquer custo, pois considerava que a imagem de corno prejudicaria suas pretensões presidenciais.

Para saber as baixarias e fofocas sobre os poderosos franceses, há que se ler os jornais ingleses.

Finalmente, um motivo para comemorar.’



FRANÇA

Carlos Chaparro

‘Uma tristeza às margens do Sena’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 27/05/2005

‘O XIS DA QUESTÃO – Em andanças de férias, passei por Paris e folheei os principais jornais franceses. São diários fortes, definidos, diferenciados, praticando um jornalismo que não renunciou à arte do texto nem ao dever prioritário do enxergar crítico da realidade. Imaginei comparações… Ao contrário dos jornais franceses, os diários brasileiros de referência são todos parecidos, sem jeitos próprios de olhar, compreender e explicar o mundo. Falta-lhes a ousadia intelectual de pensar e atribuir significados ao que acontece.E as comparações me deixaram triste, às margens do Sena.

Estou em estado de férias, material e mentalmente. Quase sem ler jornais. Desligado da TV. Vagueio em estradas distantes de São Paulo, no outro lado do Atlântico. Propenso, portanto, a não me enquadrar no formato da coluna. Nem em temas pré-definidos. Rejeito, até, aqueles esforços que sempre fazemos, antes de escrever, para tentar adivinhar que assuntos ou formas de abordagem interessariam aos outros. Mas é dia de mandar o texto para o Comunique-se. E há que encarar a tarefa com um mínimo de galhardia e honestidade.

Rigorosamente, não sei sobre o que o escrever. Ou melhor: não sabia, até minutos atrás. Ao ligar o computador, fui salvo por um parente cético, que quis conversar sobre manipulações feitas pela mídia e na mídia, por parte dos poderosos. Eles criam fatos e falas recheados de simulações, para gerar aquilo a que Chomsky chama de ‘fabricação do consentimento’ -e assim se legitimam ações, omissões e contradições que o bem comum e os valores éticos repudiariam. A teoria se aplica, por exemplo, às mais recentes invasões americanas.

Trata-se de um belo tema. Mas complicado demais para quem está de férias. Além disso, tenho as minhas dúvidas sobre a linearidade dessas lógicas, para as quais os destinatários da mensagem jornalística são sempre e inevitavelmente entes manipuláveis.

Não estou para discussões filosóficas. Aproveito a deixa, porém, para dar sentido particular à notícia que corre por aqui, e no mundo, dando conta da provável vitória do ‘Não’, no referendo pelo qual os franceses dirão se aceitam ou rejeitam a adesão uma Constituição européia. Os governantes querem o ‘Sim’; o povo, segundo as sondagens, parece propenso a dizer ‘Não’. Mesmo que o improvável ‘Sim’ ganhe, será a vitória da polêmica, da divergência, não a vitória da manipulação. E a discussão se alongará bem além do referendo.

Qualquer que seja o resultado, a democracia francesa viveu e vive um momento importante. Sai fortalecida do referendo. Porque fez a discussão antes de decidir. E está pronta para aprofundar divergências. Detalhe importante: no processo de acolher e acalentar a polêmica, a imprensa cumpriu bem o seu papel.

Nas andanças das férias, passei por Paris e folheei os principais jornais franceses. São diários fortes, definidos, com jeitos próprios de pensar e relatar a atualidade.Jornais com nome e sobrenome, história feita, história para contar. E exibindo um jornalismo que não renunciou à arte do texto nem ao dever de projetar no texto o exercício prioritário de enxergar criticamente o mundo.

Se preferirem, arrisco uma síntese, dizendo que são jornais com identidade – ideológica, cultural, estética, ética, comportamental. As marcas de identidade afloram em títulos, abordagens, angulações, com explicitações e subjetividades que compõem, em dosagens próprias, convenientes, o estilo de cada um.

É a identidade forte dos jornais que nos ajuda a gostar mais de um ou de outro, a preferir este ou aquele. E a sermos fiéis à escolha feita. Quando a identidade de um jornal se afirma clara e constante a cada edição, a relação entre o jornal e o leitor se organiza e se mantém viva por compromissos diariamente renovados.

Pois em meio ao desfrute desse encantamento pelo jornalismo francês, cometi a imprudência de fazer comparações mentais com os principais diários brasileiros. Assino o Estadão e a Folha. Leio com certa regularidade O Globo e o JB. De qual gosto mais? Com qual deles me identifico? A qual deles juraria fidelidade, se tivesse de escolher um?

Não consegui respostas. São todos diária e exageradamente parecidos. Sem identidades marcantes, que os diferenciem.

Com exceção de O Valor (que também leio com alguma regularidade), os nossos jornais diários não têm um jeito próprio de olhar, compreender e explicar o mundo. Nos dão relatos que se atêm à materialidade dos acontecimentos, e com ela se satisfazem. Porque lhes falta a ousadia intelectual de pensar e atribuir significados ao que acontece.

Então, uma estranha tristeza me toldou a mente.

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NOTA DE RODAPÉ – As andanças de férias durarão ainda mais duas semanas. O mais provável é que, durante esse tempo, me faltem condições psicológicas para escrever. Assim, peço dispensa até 17 de junho, sexta-feira em que estarei de volta a este espaço.’