Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O Globo

‘O jornal francês ‘Le Figaro’, conhecido por seu conservadorismo, rendeu-se aos novos tempos. O diário, fundado há 139 anos, vai passar por uma plástica rejuvenescedora: seu formato será reduzido, haverá uma nova seção de moda e cultura, e as páginas terão um tom mais claro. O ‘Figaro’ é, entre os grandes jornais europeus, o mais novo adepto do formato reduzido. As mudanças entram em vigor na próxima segunda-feira, 3 de outubro, informou o diretor de redação, Nicolas Beytout.


Ele disse que o jornal está procurando por ‘um tom mais claro e uma linha editorial mais definida’, com o objetivo de atrair principalmente mulheres e jovens. As páginas ficarão 3,4 centímetros mais estreitas, as fotografias terão mais destaque, a seção de Esportes vai aumentar, e haverá reportagens sobre medicina e ciência todos os dias. As mudanças, resultado de uma pesquisa com leitores, são parte da estratégia de tornar o jornal ‘mais agradável de se ver, com um logo mais moderno’, disse Beytout.


Segundo dados oficiais, a venda do ‘Figaro’ caiu 3,4%, para 326.690 exemplares por dia, à frente do rival ‘Le Monde’, que recuou 3,9%, para 324.401.’


Ancelmo Gois


‘Imprensa’, copyright O Globo, 29/9/05


‘Um ministro que faz parte da célula da crise no Planalto diz que ‘o governo perdeu não só o apoio como a tolerância de toda a imprensa escrita’.


Há controvérsias.’


Joaquim Ferreira dos Santos


‘Sexo selvagem’, copyright O Globo, 29/9/05


‘O MP conseguiu suspender em todo o país a veiculação da propaganda em rádio da revista ‘4 Rodas’. Nela a filha pede ao pai para trazer o namorado para dormir em casa e ‘passar a noite fazendo sexo selvagem, acordando a vizinhança toda’. O pai concorda, ‘ufa, achei que ela ia me pedir o carro’. O promotor Fábio Trajano alegou que o comercial era ‘ofensivo à instituição familiar’.’


Demétrio Magnoli


‘Miséria da filosofia’, copyright Folha de S. Paulo, 29/9/05


‘O filósofo Renato Janine Ribeiro, que ocupa cargo de nomeação federal, afirmou que a mídia ‘não admite a diferença’ e declarou-se ‘pasmo’ com a publicação, pela Folha, da carta de Marilena Chaui aos seus alunos, um texto ‘privado, ainda que circule’. A declaração opera no mesmo registro da carta, que não é o que parece ser.


Chaui atribuiu ao seu texto um estatuto privado, de reflexão pessoal no ambiente acadêmico, que é reforçado por menções à doença de sua mãe. Mas a carta tem como destinatário o público genérico dos alunos da filósofa, é postada na internet e aborda a crise política atual. Num lance de prestidigitação, a autora produz uma narrativa que deve ser pública o suficiente para cumprir uma função política, mas suficientemente privada para protegê-la da crítica pública. Ao deslocar o texto para a esfera pública, à qual de fato pertence, a Folha o submete ao escrutínio geral, o que provoca a ira de Janine Ribeiro.


O estatuto atribuído por Chaui a seu texto deve ser entendido como elemento auxiliar de produção de sentido. A carta acusa a mídia de fabricar o silêncio da filósofa, como parte de uma campanha deliberada de desinformação dirigida contra o governo Lula e o PT. A narrativa é tecida com o instrumento da razão seletiva, que recorta e cola fragmentos de notícias e artigos opinativos de fontes díspares. O produto disso é a imagem sedutora de uma conspiração permanente e inclemente, urdida segundo etapas temáticas definidas, com finalidades golpistas.


A ‘intelectual orgânica’ do PT não está em silêncio. A pretexto de criticar a mídia, ela produz uma narrativa que procura o efeito persuasivo de negar a existência real de uma organização criminosa incrustada no governo e no PT e engajada na corrupção das instituições políticas. Marilena Chaui está dizendo que a realidade é uma invenção abominável dos meios de comunicação e, como antídoto contra os fatos, oferece a história de um complô orquestrado desde a posse de Lula.


O texto de Chaui participa de um campo discursivo mais vasto. O cientista político Wanderley Guilherme dos Santos elaborou a tese do ‘golpe branco das elites’, que foi encampada por parcela significativa da direção do PT e das direções associadas da CUT e da UNE. A Executiva Nacional petista aprovou uma resolução, escrita por Tarso Genro, na qual a mídia aparece como agente de uma campanha ‘fascista’ para ‘criminalizar o PT’. José Dirceu, na trilha percorrida antes por Lula, nega as evidências da ação da quadrilha no governo e repete o estribilho, criado pelo ministro-advogado Thomaz Bastos, de que todo o escândalo limita-se à prática de caixa dois de campanha. Entre a filosofia e a ideologia, Chaui optou pela segunda, renunciando à crítica política e emprestando sua autoridade intelectual à estratégia da negação.


A carta de Chaui ensina que não é possível acreditar na mídia, pois, ‘na sociedade capitalista, os meios de comunicação são empresas privadas e, portanto, pertencem ao espaço privado dos interesses de mercado’.


Mas, numa polêmica com José Arthur Giannotti, em 2001, a filósofa escreveu que, ‘ao desqualificar os partidos políticos e a imprensa, Giannotti desqualifica politicamente algo mais profundo: a sociedade civil e o conjunto dos cidadãos’. O que mudou? O governo Lula começou em 2003.’


JORNALISTAS & CIA
Eduardo Ribeiro


‘Desculpem-me, mas hoje é dia de festa’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 28/9/05


‘Hoje não vou escrever nada que possa ser considerado sério ou útil para a vida das pessoas. Vou é falar de festa. Da festa de aniversário dos dez anos do Jornalistas&Cia. Do show que estaremos promovendo logo mais, à noite, com mais de seiscentos jornalistas, entre os que vão assistir e os que vão se apresentar.


Isso mesmo. Teremos jornalistas na platéia, na fila do gargarejo, aplaudindo ou vaiando outros jornalistas que vão cantar, assobiar, dançar, tricotar, imitar, tocar, contar piadas, num evento que os menos avisados poderiam chamar de show de calouros, mas que, longe disso, vai mostrar jornalistas bambas também fora das redações.


Há tempos trazia comigo a idéia de um dia fazer um show com jornalistas no palco, valendo-me do conhecimento que tinha de talentos como Luís Nassif, precioso no bandolim, Róbson Moreira, um furor no palco, Assis Ângelo, grande folclorista, poeta e pesquisador, entre tantos outros que longe das redações curtem a vida ‘com arte’.


Lá no começo do ano pensei: acho que agora vai dar. O mote era exatamente os dez suados anos da versão impressa deste Jornalistas&Cia, completados nesta semana. Avancei, recuei, investi, desisti, até que um dia, num almoço com Fátima Turci, amiga e irmã de todos os momentos, recebi a certeira intimação: a idéia é genial e você não tem o direito de não fazer. Vai fazer sim e eu vou te ajudar. E de cara já te aviso que você terá ao seu lado uma das melhores roteiristas desse País, a Sandra Mello, do Grupo Fedra.


Tremi nas bases. Ela foi tão incisiva e persuasiva que, ali, na hora, eu não tinha como dizer não. Disse um sim titubeante, até para ganhar tempo já pensando em, mais tarde, ligar dizendo que… pensando bem, não vai dar, fica para uma outra oportunidade etc e tal.


Imediatamente me pus a pensar como iria, além de tudo, convencer essas figuras a ir a um show como esse, que nunca ninguém tinha feito, correndo o risco de pagar um mico! Vai ser uma roubada, pensava lá no íntimo com meus botões.


Pelo sim, pelo não, como além de tudo havia a questão econômica, resolvi arriscar para ver se alguma das empresas que tradicionalmente nos apóiam topariam patrocinar a festa. Era o jeito certeiro de cair fora ao primeiro ‘não’. Afinal, de nada adiantaria termos um cast a custo zero se não houvesse recursos para as outras coisas.


Para mal dos meus pecados, quatro organizações adoraram a idéia e de imediato toparam patrocinar a festa: a Odebrecht, a Alcoa, o Santander Banespa e a Nova Schin, que, aliás, é a fornecedora oficial do próprio Avenida Club.


Meu Deus, pensei, agora a encrenca está definitivamente criada. Com o apoio da Fátima e da Sandra, nossa brava equipe, Fernando Soares, repórter deste J&Cia, à frente, arregaçou às mangas e saiu atrás das preciosas atrações. Foi, para nossa surpresa, um sim atrás do outro, exceção aos colegas que efetivamente estavam fora de forma. Uma curtição.


Vimos duplas marcando ensaios nos finais de semana, colegas indo atrás de parceiros para incrementar as apresentações, convidados preocupados em atualizar repertório. Outros desentocando instrumentos empoeirados. Parceiros querendo trazer profissionais para dar mais tempero à canja. Enfim, um frenesi que contagiou a equipe inteira, e que realmente nos deu a certeza de que essa será efetivamente uma festa diferente, animada, com surpresa e bom humor, uma festa quem sabe para entrar no calendário anual dos jornalistas brasileiros.


Nosso roteiro, para vocês terem uma idéia, começa com o conto O Ovo e a Galinha, de Clarice Lispector, que ganhou uma nova roupagem, transformando-se em O Ovo – A Metáfora do Sacrifício Feminino, uma adaptação para o teatro, representada por Róbson Moreira, que, nos dias úteis, dá expediente como diretor de Conteúdo da Rede STV (Rede Sesc Senac de TV). Róbson apresentará um trecho da peça que está há mais de um ano em cartaz, em São Paulo, com ele próprio como protagonista.


Depois vamos ter um momento especial, a editora Roseli Loturco, do DCI, cantando Nara Leão, debutando no showbizz. Terá o apoio do designer e músico Paulo Sant’Ana, que é da equipe do J&Cia, junto com o irmão Luiz Carlos Sant’Ana, mais Marcos Soledade, que vão acompanhar (e socorrer) nossa musa nessa experiência inédita.


A terceira atração será nada menos do que Luís Nassif, chorão de talento reconhecido, que certamente fará com que todos esqueçam-se momentaneamente de crise e economia, das falcatruas, dos severinos, para um embalo ao som de um dos mais aprazíveis ritmos do Brasil, o chorinho.


Sai Nassif e entra o repórter da revista Contigo Mauro Soares, e a Companhia dos Texugos, para apresentar um trecho do show Caetano canta tudo, que ele já apresentou profissionalmente por algumas temporadas em São Paulo e adjacências. Mauro interpreta não só Caetano mas também Nei Matogrosso, inclusive em duetos memoráveis. Detalhe: ele interpreta canções que nunca foram cantadas pelos dois, instigando ainda mais a imaginação do público. Um show nota 10, dentro do espírito dos dez anos do J&Cia.


E isso ainda é só o começo. Querem ver o que mais garimpamos? Depois de Mauro e Texugos, entra no palco a Banda Happy Hour, um quarteto vocal pra lá de animado e descontraído, formado por Cecília do Val, assessora de imprensa da editora Cosac Naify, Renata Celani, carioca que apresenta o programa Educação na TV, na Rede TV!, mas que também é solista e professora de canto, Isac Martins, criador do Coral das Letras USP; todos acompanhados pelo contrabaixo de Maurício Guedes, da Art Press, que começou a estudar música aos sete anos e nunca mais parou. Para se ter uma idéia, esse grupo já teve uma indicação ao Prêmio Sharp de Música pelo CD ‘Sentimental Journey’.


Da música para a poesia, do canto para a declamação, a festa – É 10! Um show de jornalista pra jornalista! – vai receber o jornalista, poeta, folclorista, apresentador e contador de causos Assis Ângelo, que numa incrível coincidência apaga as velinhas de 53 anos exatamente nesta noite. Assis virá direto do programa que apresenta na allTV, sobre cultura e música popular brasileira, para o Avenida Club e ali recitará Patativa do Assaré, o maior poeta popular que o Brasil já teve. É dele, Patativa do Assaré, a prosaica receita para explicar o seu sucesso. Ele dizia que para ser poeta não era preciso ser professor. ‘Basta, no mês de maio, recolher um poema em cada flor brotada nas árvores do sertão’.


Do sertão para a cidade, do Brasil para os Estados Unidos, do canto popular para o jazz. A canja, depois de Assis, será do editor-chefe da Folha Online, Ricardo Feltrin, músico desde a tenra idade, que reservou algumas boas surpresas para a festa.


Depois, ainda em clima intimista, a viagem vai para o sul dos Estados Unidos, numa jam session exclusiva com a banda de blues Bad News, formada pelos guitarristas jornalistas Luís Fernando Ramos, do The Jeffrey Group, e Edson Franco, da revista Ele&Ela.


A festa prosseguirá com a editora do Caderno Internacional da Folha Online, a compositora e vocalista, Ligia Braslauskas, ou simplesmente Ligia Kas, como é conhecida no mundo do Pop Rock. Ligia, para quem não conhece, já integrou as bandas Alibebel e os Cotonetes, Feind des Ritmus, ZAT e Bomba-i, e agora está se iniciando em carreira solo, inclusive com a produção de um novo CD.


A descontração e o bom humor chegarão com Maurício Menezes, jornalista que de tanto contar piadas e causos dos colegas nos plantões da vida, virou humorista de verdade, hoje se apresentando em todo o Brasil com o show Mancadas da Imprensa que tem lotado os teatros onde é apresentado. Maurício, que já esteve algumas vezes no Jô, vem do Rio acompanhado de Hélio Júnior, especialmente para participar da festa, numa deferência toda especial ao J&Cia.


O fecho ficará por conta do cover de Frank Sinatra, Renato Luti, gerente de Imprensa da GM do Brasil, que cantará My Way.


E depois, vamos todos cair na dança, com o DJ Luiz Pattoli. Eu, inclusive. Ou o que sobrar de mim.


Claro: 40 felizes usuários do Comunique-se, que saíram na frente (ver nota de ontem), ganharam convites e vão poder testemunhar, ao vivo, tudo isso que relatei. Quanto aos demais, bem… só para o ano.’