Armando Nogueira detestava o lugar-comum – a elegância e a poesia dos seus textos esportivos são a melhor prova. O que ele escrevia para o dia seguinte tornou-se literatura definitiva – graças ao jornal impresso onde nada se deleta, tudo fica. Armando participou das mais importantes experiências jornalísticas da segunda metade do século passado: no Diário Carioca, no Jornal do Brasil e até mesmo numa reforma da Tribuna da Imprensa que não chegou a se materializar.
Nas tocantes homenagens prestadas na segunda e terça-feira (29 e 30/3) na mídia brasileira, pouco se falou da sua atividade como pauteiro do Jornal do Brasil no início dos anos 1960. Parecia galã de cinema, pilotava ultraleves, era tenista, gourmet exigente. Tocador de gaita. Mas durante alguns anos era o primeiro a chegar à Redação, o jornal saía da sua alma e da sua Olivetti horas depois.
Anos dourados
Ninguém lembrou que a presença de Armando Nogueira na chefia da Central Globo de Jornalismo significou uma transfusão vital dos rigorosos paradigmas do jornalismo impresso para o mundo da imagem em movimento.
Professor nato mas não teorizador, líder sem bravatas, este acreano de Xapuri foi o mais autêntico representante do jornalismo carioca nos anos dourados.
Este jornalismo está fazendo falta.