Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O Estado de S. Paulo


CRISE POLÍTICA
Ipojuca Pontes


O caso Casoy


‘É muito estranho e mesmo deplorável o caso de Boris Casoy, o mais confiável âncora da televisão brasileira, de fato, um apresentador em quem se podia acreditar. Casoy, que não tem diploma de jornalista, dirigiu com eficiência o jornal Folha de S.Paulo nos anos 1970/80, depois se voltou para o telejornalismo no SBT, convidado por Silvio Santos, e há oito anos ingressou na Rede Record de Televisão, onde, no Jornal da Record, entre 20h15 e 21horas, protegia seu numeroso público das mentiras oficiais e extra-oficiais que trafegam livremente em algumas emissoras, em especial na que lidera a audiência do noticiário televisivo.


O âncora da Record era uma mistura cabocla de Walter Cronkite com Tom Brokaw, na antiga CBS News, em Nova York, conduzindo um gênero de jornalismo que requer personalidade, conhecimento e segurança ao narrar, anunciar ou comentar a notícia. Com anos de experiência como editor de jornal, Boris Casoy tinha o sentimento dos fatos, era objetivo, corajoso, sabia contemporizar, mas não perdia o senso da integridade. Querem um exemplo? Na campanha presidencial, em 2002, entrevistando o candidato Lula da Silva, foi o único entrevistador a interrogar o atual presidente sobre as ligações deste com o Foro de São Paulo e as Farc, citando como fonte uma denúncia feita pelo poeta Armando Valladares, o ‘prisioneiro de consciência’ da Anistia Internacional. (Como resposta, à época, julgando-se ofendido e não tendo como se explicar, Lula preferiu partir para o ataque, afirmando que o poeta-mártir – torturado durante 22 anos por Fidel Castro nas masmorras da ilha-cárcere – ‘não passava de um picareta’).


Alçado ao poder, em 2003, o esquema de Lula – o homem da Ancinav e do Conselho Federal de Jornalismo, peças básicas e ainda não sepultadas na conjectura da construção de uma ‘democracia direta’ totalitária – passou a pressionar de forma intermitente os patrões de Casoy, para o pôrem no olho da rua. O dito esquema só aliviou a barra, pelo que se sabe, quando explodiu o caso Waldomiro Diniz, o braço esquerdo do comissário Zé Dirceu especialista em tomar a grana dos bicheiros, contraventores e tutti quanti, ao que se diz, para enfiá-la no ‘caixa’ de campanha. Antes, quando explodiu o escândalo do Banestado, ficou quase impossível falar nos nomes das personalidades oficiais envolvidas nas operações fraudulentas e até mesmo de mencionar a amizade de Lula com seu hospedeiro Roberto Teixeira, o agente de comissões e negócios junto às Prefeituras de Ribeirão Preto e São José dos Campos.


Mas, a partir do estrondoso escândalo do mensalão, o PT e o governo retornaram a pressionar com violência a emissora da Igreja Universal para que o apresentador fosse demitido. Na verdade, desde 2004, com a veiculação da notícia, em tom crítico (‘isto é uma vergonha!’), da compra ilegal de ingressos de show musical para arrecadar fundos de campanha para o PT, o Banco do Brasil, patrocinador do telejornal, atendeu a ordem superior e reduziu a cota de publicidade na emissora, que caiu, em números exatos, de R$ 1 milhão para R$ 300 mil mensais. Na retaliação, os anúncios foram retirados dos intervalos comerciais do noticiário e, a partir daí, programados em ‘inserções avulsas’. A decisão final de nocautear o arrojado âncora veio quando, em dezembro de 2005, ao assistir ao resumo dos acontecimentos políticos do ano, empreendido por Casoy, um áulico do Planalto teria concluído o seguinte: ‘Com esse homem no ar não há hipótese de se pensar em reeleição.’


Sempre muito distinto, Casoy garantiu numa entrevista que nunca foi alvo de censura, enquanto esteve à frente do jornal da Record, pelos donos da emissora. Saiu, 11 meses antes do término do contrato, segundo se afirmou, porque não concordava com o novo formato do noticiário a ser produzido – e hoje, pelo que se vê, mero pastiche do que se faz de pior no telejornalismo da Globo.


Por outro lado, no Congresso, na semana passada, reportando-se ao fato, o senador Antonio Carlos Magalhães, ativo coronel da política baiana, garantiu que Boris Casoy saiu da emissora pela vontade direta de Lula – informação que, curiosamente, não foi desmentida. De todo modo, o fato concreto é que o telespectador perdeu a apurado consciência crítica do âncora, uma ‘espiga de milho em meio ao cafezal’ da acomodação que acode o noticiário televisivo. De Casoy e, verdade seja dita, também de sua assistente, Salete Lemos, depois de Joelmir Beting, a mais competente analista do noticiário econômico da televisão brasileira.


O caso Casoy lembra, até certo ponto, o do jornalista Carlos Blanqui, editor do Revolución, jornal de grande importância na Cuba pós-revolucionária, de início comprometido com a busca da verdade. Depois de algum tempo, vendo que Fidel Castro fazia da ilha um posto avançado da URSS enquanto baixava a mão nefasta da censura sobre os órgãos de comunicação, Blanqui passou a criticá-lo abertamente. Resultado: ameaçado, teve de fugir para a Itália, não sem antes lembrar ao tirano a divisa de Rosa Luxemburgo, segunda a qual ‘a liberdade apenas para os partidários do governo, ou somente para os membros do partido, não importa quão numerosos, não é liberdade – só é liberdade se o for para aquele que pensa diferentemente’.


E esta não é a legenda, ao que tudo indica, de Lula e aliados do tipo Tarso Genro ou Gushiken, que querem a imprensa funcionando em favor do governo, controlada por conselhos e comitês estatais, a punir ou marginalizar os discordantes, como Boris Casoy, por exemplo, uma figura incômoda que levava às massas a crua indignação em face dos escândalos diários que tornaram a vida pública brasileira alguma coisa parecida com a zona.


Ipojuca Pontes, cineasta e jornalista, é autor do livro Politicamente Corretíssimos.


Excepcionalmente, o professor Miguel Reale não escreve o seu artigo hoje.’




PERFIL / ART BUCHWALD
Sérgio Augusto


Esperando a morte com um sorriso nos lábios


‘Art Buchwald está morrendo. Se é que não morreu de ontem para hoje.


Essas duas frases poderiam ter sido escritas na semana passada ou, mesmo, no mês passado, pois desde março, pelo menos, que Buchwald está para morrer a qualquer momento. Seus rins deixaram de funcionar às vésperas do Ano Novo. Metade de uma perna já se fora, amputada. Três sessões semanais de diálise, de cinco horas cada uma, poderiam mantê-lo vivo por mais algum tempo, mas, a exemplo de Rubem Braga, que se recusou a tratar do câncer que o derrotou em dezembro em 1990, Buchwald preferiu sucumbir ao diabetes em paz. Com naturalidade. Com dignidade. E sem perder o senso de humor.


Espiritualmente, ninguém está mais saudável do que ele. Internado há quase três meses num confortável asilo de Washington, seu quarto transformou-se num dos locais mais concorridos da capital americana. Políticos (todo o clã dos Kennedy, por exemplo), jornalistas graúdos e miúdos, gente do show business, escritores (William Styron, seu vizinho em Martha’s Vineyard, o mais assíduo) lá aparecem todos os dias, com presentes, fofocas e ouvidos atentos para as histórias e piadas que o álacre moribundo sempre tem para contar. ‘The hottest salon is a deathbed’ (O salão mais animado é um leito de morte), constatou a repórter Sharon Waxman, do New York Times, que em 26 de março aderiu à festiva romaria.


Se milagre existe, o de Buchwald já aconteceu: no início de janeiro os médicos lhe deram, sem diálise, de três a quatro semanas de vida. Nove semanas, sem diálise, já se passaram – e nada. ‘Já me convenci que o humor é de fato um elixir’, comentou Cathy Crary, fiel secretária do humorista há 22 anos e seu principal contato com o mundo exterior.


Nem das crônicas ele se afastou inteiramente. Não são mais duas por semana, como até quatro meses atrás. Quando lhe dá na telha, produz uma e a despacha para o Los Angeles Times, que a distribui para o Washington Post e mais 550 jornais, nos EUA e no exterior. Os políticos em geral – e o governo Bush em particular – continuam seus judas prediletos. Os US$ 9 trilhões de déficit acumulados pela atual administração lhe renderam uma crônica mordaz sobre a incompetência dos republicanos e o futuro do país (daqui a 20 anos, US$ 9 trilhões mal darão para pagar o salário de um bom jogador de beisebol). Mas até nessa crônica a questão da morte, tratada sem tabus de qualquer espécie, acabou se intrometedo. ‘Morte, dá-se um jeito. Impostos, não.’


Dá-se um jeito na morte se você se chama Art Buchwald e tem a mesma sede de viver. ‘I’m having the time of my life’, gaba-se a torto e a direito – o que, em bom português, quer dizer que ele está se divertindo paca. Os filhos e netos lhe enchem de guloseimas do McDonald’s. Sem compromissos com dietas (açúcar é um veneno? rá! rá!), quebra o jejum com um fruit parfait (mistura de três frutas com iogurte e granola), uma minibroa de canela e leite chocolatado. Em 4 de março, Suzette Martinez Standring, da Editor & Publisher, entregou-lhe o Ernie Pyle Lifetime Achievement Award de 2006, galardão da Sociedade Nacional dos Colunistas de Jornal. Já não era sem tempo. Afinal, são quase seis décadas de sátira política.


(Ernie Pyle foi o mais lido correspondente de guerra dos EUA, o jornalista que mais se esforçou para humanizar o conflito na Europa. Morreu durante a ocupação de Okinawa, em 1945.)


Buchwald tomava champanha com o filho Joel, a nora Tamara e dois netos quando Suzette entrou no quarto, trazendo o prêmio e um título: o humorista agora é ‘o santo padroeiro da sátira política’. Ele adorou o epíteto. Três semanas mais tarde, outra recompensa – uma medalha do governo francês – entregue pessoalmente pelo embaixador da França. ‘Fique sabendo que eu agora sou comandante da Ordem das Artes e das Letras’, comunicou de imediato, por telefone, a Styron, crente que o humilharia. ‘Essa eu também tenho’, respondeu o escritor, sem, no entanto, esmorecer o velho companheiro de folguedos parisienses.


Paris ainda era uma festa quando Buchwald lá desembarcou em 1948, só com a passagem de ida. Tinha 22 anos. Sonhava com ela desde a guerra no Pacífico, de onde voltou sargento da Marinha. Filho de um fabricante de tapetes judeu, Buchwald nasceu em Mount Vernon (Nova York) e só concluiu os estudos universitários depois de quatro anos de combate. Editou a revista Wampus e foi colunista do jornal Daily Trojan, ambos da Universidade do Sul da Califórnia, onde adquiriu know how para quebrar um galho como correspondente do Variety em Paris. Em janeiro de 1949, sugeriu uma coluna diferente sobre a noite e a boemia parisienses, ‘Paris After Dark’, ao New York Herald Tribune (aquele jornal que Jean Seberg vende em Acossado), que em poucos meses transformou-o numa celebridade. Graças a ela, privou da intimidade de todas as personalidades que realmente importavam no jet set internacional. Seu casamento com a católica Ann McGarry, complotado pela cantora Lena Horne, contou com convidados ilustres, como Gene Kelly, John Huston e Jose Ferrer.


Buchwald não limitou seu raio de ação à capital francesa. De vez em quando, relatava uma experiência testemunhada alhures, surpreendente e reconstituída com a dose certa de ironia: uma parada do Dia do Trabalho em Berlim Oriental, uma escalada a montanhas iugoslavas, um banho turco em Estambul, uma visita de três semanas à União Soviética a bordo de uma limusine com motorista de libré. Não obstante, notabilizou-se como o americano mais engraçado de Paris. Gostava tanto da cidade, onde viveu 14 anos, que deu a um de seus 30 e tantos livros o título de I’ll Always Have Paris (Eu sempre terei Paris), alusão à famosa frase (‘Nós sempre teremos Paris’) com que Humphrey Bogart tenta consolar Ingrid Bergman em Casablanca.


‘Uma das alegrias de ser americano em Paris’, escreveu de uma feita, ‘é não se amofinar com os problemas locais, a menos que afetem o preço das ostras’. Eis uma frase digna, até por suas implicações gastronômicas, do Luís Fernando Verissimo, que não sei se é fã do velho Buchwald. Tarso de Castro, um dos fundadores do Pasquim, era. Mais do que fã, um indisfarçável discípulo. Assim como Carlos Eduardo Novaes, que também o descobriu na Última Hora, importado pessoalmente por Samuel Wainer, amigo do humorista desde a década de 50. Até 1995 Buchwald produzia três colunas semanais, legado já na altura das 8 mil crônicas, devidamente condecoradas, em 1982, com o prêmio Pulitzer.


Comecei lendo o santo padroeiro da sátira política ainda na adolescência. Traduzido para o português. Não o achava tão engraçado quanto Sérgio Porto e nunca ousei compará-lo ao Millôr. No original, descobri mais tarde, era bem melhor. Prova dos noves: a crônica em que inventou a versão francesa do Dia de Ação de Graças, Le Jour de Merci Donnant, republicada todos os anos pelo International Herald Tribune. Algumas de suas tiradas ganharam, merecidamente, as antologias de aforismos, apotegmas e correlatos. Uma: ‘Todo homem casado sabe por que só se dão nomes femininos aos furacões.’ Outra: ‘É mais fácil encontrar um companheiro de viagem do que se livrar de um.’ Mais uma: ‘Ações são tão seguras quanto aviões. Cem por cento dos aviões que sobem descem.’


Sua obra-prima é uma crônica sobre a ‘swingin’ London’, a agitada Londres do final dos anos 1960, início dos 70. Impressionado com uma reportagem de capa da revista Time sobre a intensa badalação londrina, Buchwald cruzou o Canal da Mancha para avaliar in loco a vibração de uma cidade que sempre lhe parecera o oposto do que então se dizia: uma metrópole fidalga, esnobe, pacata, meio fria até. No aeroporto Heathrow pegou um táxi e pediu ao motorista que rodasse pelo Soho, Portobello Road e outros pontos ditos quentíssimos da cidade. Tudo calmo como dantes. No dia seguinte, foi cobrar satisfações à sucursal da Time. Sentia-logrado pela reportagem; não vira ‘swingin’ London’ alguma. Ao entrar no escritório da revista, levou um susto. Repórteres, fotógrafos, secretárias e contínuos na maior farra, no chão e em cima das mesas, ao som dos Beatles e dos Rolling Stones, todos vestidos de maneira extravagante, fumando maconha e usando os papéis do telex como confetes e serpentinas. A ‘swingin’ London’ só existia, mesmo, na sucursal da Time.


Claro que a ‘swingin’ London’ existiu de verdade. Mas a crônica de Buchwald, valendo-se da licença poética a que os humoristas também têm direito, era um apólogo sobre a tendência da imprensa para inventar fenômenos sociológicos sem sair da redação.


Por falar em Londres, há 9 anos outro totem da crônica humorística, Jeffrey Bernard, morreu aos pouquinhos, velado por seus leitores, também destruído pelo diabetes e com uma perna a menos. Este não circulou pelos jornais daqui. Fazia a coluna ‘Low Life’, no Spectator, e deixou uma legião de aficionados em toda a Europa. Era o mais célebre bebum do Soho, um misto de Genet e Bukowski com o senso de humor de Oscar Wilde. Quando sua saúde, tratada a vodca, piorava, sua coluna saía em branco, com o aviso ‘Jeffrey Bernard está doente’. Um dia, o aviso mudou: ‘Jeffrey Bernard morreu’. Antes, porém, escrevera o seu próprio necrológio. Não sei com que frase despediu-se deste mundo. Os humoristas não costumam ser engraçados no último suspiro. ‘Já sinto as flores crescendo em cima de mim’ não foi dita por um gaiato, em seu leito de morte, mas por um poeta, John Keats.


Buchwald talvez já tenha alguma frase lapidar guardada para sua derradeira despedida. A crônica do dia seguinte à sua morte ele já escreveu. Só ele conhece o seu conteúdo. Engraçada quase certamente será. Com algum travo de melancolia. Ele deixou escapar que sentirá falta das óperas de Verdi e lamentou que o problema do aquecimento global só será resolvido depois de sua morte. Agnóstico, nem no estado em que se encontra pensa na possibilidade de um ser superior, nem em vida após a morte. ‘Se soubesse que existe vida após a morte, meus leitores seriam os primeiros a tomar conhecimento disso’, gracejou em sua crônica de 14 de março, intitulada The End. Or Maybe Not (O fim. Ou talvez não). E que terminava assim: ‘A grande questão, ainda sem resposta, não é para onde, afinal, estamos indo, mas o que, afinal, estivemos fazendo aqui esse tempo todo.’


Há dias ele sonhou que estava no aeroporto de Washington, na fila de espera de um vôo para o Céu, com escala em Dallas, Chicago e Albuquerque. Na fila, uma porção de conhecidos, alguns mais novos do que ele, dois dos quais fumantes. Ao passar pela rigorosa segurança, a inevitável pergunta: ‘Quem iria seqüestrar um avião que está indo pro Céu?’ A melhor parte do sonho era quando o alto-falante anunciava que, devido ao mau tempo, o vôo fora cancelado: ‘Voltem amanhã e entrem na fila de espera.’


Buchwald não tem feito outra coisa acordado desde março.’




TELEVISÃO
Beatriz Coelho Silva


Regina Casé leva para a Globo a arte das periferias


‘A atriz Regina Casé sempre gostou dos circuitos fora da moda. E adora mostrar na televisão o que está aí, na cara de todo mundo, e ninguém presta atenção. O programa Central da Periferia, que estréia hoje na Rede Globo, após o Caldeirão do Hulk, é mais uma dessas experiências, que começaram com o Brasil legal e que levaram Regina a tornar-se cada vez mais apresentadora e repórter. Desta vez, ela mostra a arte dos arrabaldes das metrópoles, manifestações que só serão percebidas pelos meios de comunicação daqui a algum tempo. É uma delícia ir com ela aos morros (mesmo os que ficam nas planícies) e ver gente simples, que trabalha desde criança, mata dois leões por dia para viver dignamente e ainda acha tempo e ânimo para fazer arte, divertir platéias e ser feliz. Num momento em que falcões e infratores parecem onipresentes nos meios de comunicações, Regina Casé aponta o que a periferia tem de bom e honesto.


No primeiro programa, sobre a periferia do Recife, ela foi à casa dos artistas para mostrar como vivem e promoveu um show que durou dois dias, um para ensaio e outro à vera. ‘Não estou descobrindo nada, pois essas pessoas já fazem sucesso nos lugares onde vivem’, explica Regina, que se aliou nessa empreitada a Guel Arraes (que abrigou o programa em seu núcleo de criação) e Hermano Vianna, antropólogo irmão de Herbert e parceiro da atriz de longa data, que também se dedica, na vida acadêmica e nos meios de comunicação, às manifestações culturais que estão emergindo, geralmente nas periferias ou nos bairros pobres. ‘Tudo o que a gente conhece como cultura brasileira, tudo o que nos identifica vem daí. A feijoada, o carnaval, o samba, o funk e os dois Ronaldinhos do futebol, todos são crias da periferia. Por isso, fui lá para ver o que acontece neste momento.’


Neste primeiro programa, ela apresenta Dedesso, jovem cantor de música romântica que não tem medo de ser chamado de brega. Vai à casa de seus pais, que contam como sempre trouxeram o menino sob vigilância e confessam o orgulho de vê-lo vitorioso. Tem também Zé Brown, líder do grupo Faces do Subúrbio, que faz um rap irado e panfletário, e Michelle Melo, que se define como a Madonna do Agreste. Nos próximos programas, ela vai a São Paulo e recebe , entre outros, Jair Rodrigues e a família. Depois vai para Belém do Pará e, por fim, volta ao Rio.’


Keila Jimenez


Globo muda seleção do ‘Big Brother’


‘A cúpula da Globo nem sonha em fazer um Big Brother com celebridades. A emissora, que não ficou lá muito satisfeita com a sexta edição da atração, garantiu apenas ao mercado publicitário a exibição do BBB7, no próximo ano, que será com anônimos e com mudanças na forma de inscrição. A rede quer acabar com essa história dos sorteados entre os telespectadores ganharem o milhão. Tanto é que na próxima edição só haverá candidatos selecionados, nada mais de sorteio. Já a oitava edição, prevista em contrato com a Endemol, pode não sair do papel.


A TV via celular


Hábitos são iguais aos da TV normal


Em andamento na semana que passou, a edição 2006 do MipTV, evento que reúne teleguiados do mundo todo em Cannes, teve direito a um painel sobre video on demand no celular. A informação nos chega aqui pela reportagem da Pay TV, revista especializada no setor.


Segundo a Pay TV, ao comparar os horários de audiência do consumidor de vídeo no celular e do telespectador convencional, a MTV Networks do Reino Unido observou um pico de audiência entre o público adulto às 23 h. ‘A curva é similar à da audiência de televisão’, mostrou Matthew Kershaw, diretor da MTV no Reino Unido. A programadora criou os canais específicos para a telinha do celular: o Snax (de variedades) e o Trax (para os videoclipes musicais).


Na cidade de Oxford, a operadora de celular O2 detectou que o nível de consumo médio do usuário de vídeo é 3 horas por semana, com programas que duram em média 23 minutos. A supresa é que o local onde as pessoas assistem mais é em casa e o primetime é o mesmo da TV aberta: horário da noite, com picos às 22h e 23h. A Nokia também pesquisou o hábito de quem baixa vídeos no celular e concluiu que as pessoas fazem download para assistir quando têm tempo.’




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