FOCAS DO ESTADÃO
Os novos jornalistas mostram a que vieram
‘Todo bom jornalista já teve seus dias de ‘foca’, como os veteranos da profissão costumam chamar os novatos da redação. Lígia Formenti, repórter do Grupo Estado há 15 anos, atualmente na sucursal de Brasília, também enfrentou os seus. Parte deles Lígia passou numa sala da sede da empresa, repleta de outros jovens jornalistas que buscavam aperfeiçoamento – tal e qual os 30 que encerraram ontem a 17ª edição do Curso Intensivo de Jornalismo Aplicado oferecido pelo Grupo com este caderno especial sobre trânsito. Remanescente da primeira turma, de 1990, Lígia não tem dúvidas da importância daquela experiência. ‘O curso foi ótimo, fundamental para a minha formação.’
Idealizado para fazer a ponte entre a faculdade e o mercado de trabalho, o programa é identificado por seus coordenadores como uma residência jornalística. ‘Ele está para o novo profissional de comunicações como a residência médica está para os egressos das faculdades de Medicina’, diz seu diretor, o jornalista Francisco Ornellas.
Desde o início, o curso agrega patrocinadores. Neste ano, figuram como incentivadores do programa: Santander Banespa, Odebrecht, Philip Morris e TIM, empresas que recepcionaram os novos profissionais em programas de intercâmbio que incluíram contatos com diretores e visitas às suas instalações.
O Curso Estado de Jornalismo é o único do gênero a oferecer ao mercado o trabalho dos profissionais que ajuda a formar, abrindo o Banco Estado de Talentos (www.estadao.com.br/talentos) a todas as empresas interessadas.’
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Tempo de aprender e nunca esquecer
‘Focas das primeiras turmas ainda lembram das lições recebidas
Desde 1990 e o primeiro curso, muita coisa mudou. O programa se tornou referência entre estudantes de Jornalismo e agora é reconhecido como extensão universitária pela Faculdade de Comunicação da Universidade de Navarra, na Espanha. A procura cresceu – neste ano, houve 3.164 candidatos, cinco vezes mais que os 615 da primeira edição. E os limites se expandiram – dos inscritos para tentar o curso em 2006, 36% eram de fora de São Paulo, número que não passava de 4% em 1990.
Mudou ainda a dinâmica do programa. Os três meses de curso são dedicados a palestras com profissionais da área e a aulas de política, economia, filosofia, ética e técnicas de reportagem. Há tempo para freqüentar as redações do Grupo Estado e conviver com os jornalistas – coisa rara na época de Lígia Formenti. ‘A experiência na redação serviu para que eu começasse a entender como funciona um grande jornal’, conta Juliano Machado, aluno em 2005 e hoje repórter do Estado.
Apesar das diferenças, a essência é a mesma. A vontade de ver na prática o que a universidade ensina na teoria ainda é o grande apelo. Veteranos e principiantes concordam que se nota logo o ganho de aprendizado. ‘Terminado o curso, senti a mudança. E editores de publicações para que eu prestava colaboração, também. Eles diziam que eu havia amadurecido’, lembra Lígia. Marcela Buscato, aluna deste ano, pensa o mesmo: ‘O mais gratificante é ver seu próprio texto mudar, ver como sai mais fácil e bem-feito’, diz a foca de 23 anos. Para Lígia e outros profissionais, o curso foi a porta de entrada para o Estado. Dos 480 participantes do programa desde 1990, 40% deles (190) atuaram nas redações do grupo e 64 ainda são funcionários.
Mas dedicar-se ao curso exige sacrifícios. Em agosto, Paulo Rubens Sampaio, de 40 anos, deixou o emprego como professor universitário de Filosofia no Rio para participar. ‘Não tinha experiência em redação e vi no curso uma chance de conhecer o ofício.’ Após três meses, ele se sente mais confiante. ‘Acho que vai ser menos difícil encontrar lugar no ‘bendito’ mercado de trabalho.’ Sampaio é 1 dos 13 alunos de 2006 que vieram de Estados como Rio, Minas, Santa Catarina, Ceará, Pernambuco e Espírito Santo. Outros 17 são de São Paulo.
Na coordenação desde o início, Francisco Ornellas destaca o que considera um dos papéis do programa. ‘O curso tem se mostrado uma eficiente alternativa para fazer a ponte entre a faculdade e as redações.’ Sua opinião tem o respaldo dos alunos. Para Karin Hueck, de 21 anos, da turma de 2006, o programa teve várias funções, mas uma em especial: ‘Acho que foi a primeira vez que entendi realmente essa profissão. Nem faculdade, nem estágios me ensinaram isso.’ Para isso, Karin e seus colegas tiveram a ajuda de experientes profissionais que lhes contaram suas trajetórias. Também receberam orientação de como administrar suas carreiras.
Mariana Segala, aluna do curso de 2005, é redatora da Agência Estado’
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Focas aprendem na prática a fazer bom jornalismo
‘Estes são os alunos do 17.º Curso Intensivo de Jornalismo Aplicado do Grupo Estado. Os 30 jornalistas, recém-formados por faculdades de São Paulo, Minas, Rio, Espírito Santo, Pernambuco, Ceará e Santa Catarina, foram escolhidos entre 3.164 candidatos. De 4 de setembro a 8 de
dezembro, os focas tiveram aulas de economia, filosofia, ética, ciência política, gramática e texto jornalístico.
Além de participar nas redações do Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, Agência Estado, Rádio Eldorado e Portal Estadão, receberam a visita de jornalistas experientes. Na primeira fileira, de cima para baixo e da esquerda para a direita:
Natália Consonni Cesana, Itamar Saccochi Cardin, Paulo Lauria Darcie e Lucas Nobile.
Na segunda: Karin Hueck, Martín Fernandez, Ana Carolina Faleiros C. Moreno, Marcela Savoy Buscato e Thiago de Souza Cid.
A terceira fileira: Bruno Cesar Santos Dias, Danilo Gregório dos Santos, Renata Miranda e Paulo Rubens Sampaio.
Na quarta: Leandro Augusto Silveira, Marianna Duarte de Aragão, Renato de Moura Machado, Alline Dauroiz de Souza Soares e Carolina Cerqueira Oddone.
Depois vêm: Humberto Pellegrini Maia Junior, Bruna Fioreti, Talita de Siqueira Marçal, Márcio Labes Fukuda e Andressa C. Zanandrea Nunes.
Na penúltima fileira: Carolina Dias de Freitas, Gustavo Colares Melo Carlos, Maria Emilia de Souza Calábria e Karina Pardini Toledo.
Na última: Elisângela Roxo Magarotto, Camila Neumam Moura Ribeiro e Letícia Helena Ferreira Santos.’
Paco Sanchez
Jornalismo e valores morais
‘Durante minha última estada em São Paulo para dar aulas no Curso Estado de Jornalismo, fiz uma rápida viagem a Montevidéu. Entrei no avião resmungando porque me havia esquecido de pedir lugar no corredor e, pelo cartão de embarque, estava irremediavelmente destinado a acomodar-me junto a uma janela. Pensava nisto na fila de passageiros que não andava. Fui ver o que se passava. Um homem loiro de 40 e muitos anos, óculos de moldura dourada, vasto bigode de barão, olhar azul de assassino de aluguel, disfarçado com um terno mal cortado, chamava a comissária com dois dedos da mão estendida, sem se importar com a confusão de todo o processo de embarque. Parecia muito seguro de si mesmo. Finalmente, a comissária se aproximou esgueirando-se entre os passageiros e ele lhe disse:
– Explique, por favor, a esta senhora qual é o seu assento.
A mulher em questão havia-se acomodado no assento da janela e olhava a comissária com ar ferino e desafiante. A comissária sentenciou:
– Seu lugar é no corredor, senhora.
– Pois eu pedi lugar na janela e não vou trocar.
– Tem de sentar aqui, senhora, a não ser que alguém queira trocar.
– Eu troco.
Eu disse estas duas palavras com um tom alto, mas seco, tentando esconder o entusiasmo e a vontade de ser o primeiro, a vontade de que ninguém se adiantasse ante tal oportunidade: poderia, enfim, viajar no corredor e esticar as pernas, também me levantar. Nada me impediria.
A comissária parecia feliz por haver resolvido o problema tão rapidamente. A mulher me disse um ‘obrigado’ tímido, como se lhe tivesse presenteado com algo muito importante, e sentou-se na minha janela. Mas eu estava mais curioso pela reação do homem loiro. Ele não disse nada. Baixou os olhos de repente, como se houvesse perdido, por um momento, toda a segurança. Mas não hesitou um instante: cedeu a passagem à mulher, sentou-se em sua janela e ali ficou quieto durante todo o vôo. Me alegrou notar-lhe algo confuso e envergonhado.
Suponho que assim funciona a economia de mercado: três egoístas satisfeitos e atendidos. Quatro, se contarmos a comissária consciente de sua autoridade reguladora. Apenas que sobre meros interesses, sem nada mais, não se constroem comunidades. As comunidades são construídas sobre valores.
Os sociólogos mais respeitados estão de acordo em algumas coisas ao analisar nosso tempo: temos evoluído em eras, e a atual, sob o ponto de vista científico e tecnológico, não tem parâmetro com nenhuma outra. O salto desde a sociedade industrial para esta sociedade global é gigantesco. Também estão de acordo em uma série de novos fenômenos. Em primeiro lugar, a desigualdade: os ricos estão mais ricos que nunca e os pobres também estão mais pobres, tanto se pensamos em países como em pessoas (as classes médias tendem a diminuir, inclusive nos países avançados). Também o surgimento de novas formas de violência, elas igualmente globalizadas: o terrorismo fundamentalista, as gangues juvenis internacionais, as máfias de todo tipo e origem, etc. A criminalidade global facilitada pelo mecanismo da nova economia que multiplica os traficantes: de drogas, de pessoas, de armas, etc. A quebra da família: se multiplicam aquelas sem pai – ou mãe – e também o número de pessoas que vivem sós. Muitos concordam com o diagnóstico: temos mais poder científico, técnico e comercial que nunca, mas menos valores morais. Alguns atribuem esta hemiplegia à crise que sofreram, paralelamente à revolução tecnológica, as instituições que habitualmente provêem os valores: as igrejas, as famílias e as organizações educacionais.
E o jornalismo? Também está em crise. Em parte, porque as notícias interessam na medida em que afetam os valores. Mas, se debilitado o sistema reconhecido de valores, se verdadeiramente comuns são os grandes espaços comerciais que, com idêntica ou diferente marca, se multiplicam pelo mundo, então o que interessa compartilhar – ou discutir – são os egoísmos pessoais que se chocam com o meu.
Muitas outras vezes eu disse e escrevi que comunicar é fazer comunidade: unir, integrar, ajudar que os diferentes se conheçam e se compreendam. Para isso é imprescindível, entre muitas outras coisas, o apoio moral dos profissionais do jornalismo. Especialmente os novos profissionais. Como estes que acabam de concluir o Curso Estado de Jornalismo, tão queridos, com os quais hoje, orgulhosamente, compartilho espaço, e dos quais depende a solução das crises.
*Paco Sanchez é diretor do Grupo Voz, de Espanha’
TELEVISÃO
Troca de informação
‘Canais universitários ganham portal
Começa a funcionar na próxima quarta-feira uma operação que permitirá um intercâmbio nacional entre todas as unidades que compõem a Associação Brasileira de Televisão Universitária, ABTU. Batizado como Rede de Intercâmbio de Televisão Universitária (RITV), o novo organismo facilitará a troca de programas entre os canais universitários de todo o País, ação que até aqui era feita de modo precário – a troca se dava pela viagem (física ou via internet) de cópias para lá e para cá.
Agora, as TVs universitárias enviarão seus produtos via internet a uma central de operações na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo (RS). Lá, os programas serão disponibilizados num portal para que os sócios da ABTU baixem aquilo que lhes interessar.
O sistema foi viabilizado pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, RNP, ligado aos Ministérios da Ciência e Tecnologia e da Educação.
Presidente da ABTU, Gabriel Priolli ressalta que o portal resolverá um dos dramas das emissoras universitárias, que é preencher uma grade de programação de 24 horas. Dito isso, enfatize-se ainda a grande troca de experiências que nasce aí e a redução de custos que isso representa.
Band na disputa pelo Brasileirão
Apesar de a Band negar, a Sport Promotion, empresa de marketing esportivo, confirma que chegou a propor uma parceria com a emissora na compra dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, do qual a Globo detém os direitos. O que deu errado: o fato de a Band seguir em uma negociação paralela com a líder pelo o evento. O que a Band também insiste em negar. O fato é que com uma parceira ou sozinha a Band é candidata forte a dividir o Brasileirão com a Globo, uma vez que não convém à rede exibi-lo sozinha, evitando a acusação de monopólio.
entre-linhas
O Show do Tom de hoje, na Record, faz piada da crise aérea brasileira no quadro Aerolulalá.
Vesgo e Silvio, do Pânico, fizeram plantão na porta da casa da loira, fazendo uma campanha de doação de calcinhas para ela. Galisteu, que apareceu sem a peça íntima em um evento dias atrás, topou a brincadeira. No ar amanhã, na RedeTV!.
O Rei realmente estava eclético na gravação de seu especial na Globo este ano. Além de Marisa Monte e Jorge Ben, Roberto Carlos cantou ao lado de MC Leozinho o funk Se Ela Dança, Eu Danço. Imperdível.’
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