Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O Estado de S. Paulo

10 ANOS SEM FRANCIS
Ruy Castro

Na redação da lendária Diners

‘Os dez anos da morte de Paulo Francis, que se completam amanhã, passaram muito depressa. Principalmente quando seus amigos mais antigos recordam certas peripécias da convivência com ele e constatam, atônitos, que alguns desses episódios parecem ter acontecido há uma eternidade – quarenta anos. Um deles, e dos mais bonitos na trajetória de Francis, foi sua curta, mas brilhante temporada como editor da revista Diners, no Rio, em 1968 – uma publicação, tanto hoje como na época, maciçamente desconhecida do público, mas, então, muito admirada no meio e o sonho de inúmeros jornalistas cariocas, que adorariam colaborar nela. Não era apenas a revista intelectualmente mais sofisticada da imprensa brasileira e herdeira direta da respeitada Senhor (1958-1964). Era também a que pagava melhor – e no ato.

Sim, foi há quarenta anos, porque a participação de Francis na revista começou, na verdade, em meados de 1967. Diners já existia desde 1962, como uma publicação mensal dirigida como brinde aos associados do Diners Club, o cartão de crédito administrado no Brasil por Horacio Klabin. Não chegava sequer a ser uma ‘revista society’, tipo Sombra ou Rio Magazine. Era quase um house-organ e, como tal, bem sem graça – sua receita consistia de uma saraivada de anúncios do varejo classe A, uma vasta seção de serviço, indicando hotéis, boates, restaurantes, butiques, lojas de carros importados etc, que estimulassem o uso do cartão, e um ou outro artigo ou ficção traduzido de uma publicação análoga do Diners Internacional. Como praticamente não continha material jornalístico, não precisava de um jornalista para dirigi-la – tanto que o encarregado de botá-la de pé a cada mês era o gerente Jayr Rosa de Miranda. Mas Jayr, em busca de alguém para traduzir o material estrangeiro e ajudá-lo a montar a revista, contratou em fins de 1966 o repórter José Carlos Monteiro, 22 anos.

Monteiro, ao perceber que Horacio Klabin tinha um especial carinho pela revista, tentou incrementar sua receita editorial comprando artigos de jornalistas seus amigos, do Correio da Manhã e do Jornal do Brasil – Sérgio Augusto, Christina Autran, Paulo Perdigão, Geraldo Mayrink, Nilcéa Nogueira. A revista melhorou e atraiu a atenção de Beki Klabin, ex-mulher de Horacio e ainda sua sócia na empresa.

Naqueles primeiros meses de 1967, a mordaz e expedita Beki estava particularmente entediada. A função de grã-fina era pouco para suas aspirações pessoais – Beki queria estrelar sua própria vida, e não como um satélite do ex-marido. Precavendo-se contra possíveis chuvas e trovoadas, o generoso Horacio chamou-a ao escritório (da empresa e da revista) na rua do Ouvidor, 61, no Centro do Rio, e ofereceu-lhe algumas opções sobre como ocupar seu tempo. Que tal um curso de cerâmica em Paris? Ou passar seis meses na Europa? Ou, quem sabe, dirigir a revista? Para surpresa de Horacio, Beki capturou no ar esta última sugestão. Garantiu que faria de Diners uma revista de que ele se orgulharia e que ela, antes de todo mundo, gostaria de ler. Para isto, precisaria de alguém experiente para editá-la e de colaboradores à altura do prestígio do Diners.

Beki convidou o jovem Monteiro a seu apartamento no edifício Chopin, em Copacabana, e expôs seus planos, que o excluíam. Monteiro concordou – nunca trabalhara na grande imprensa, sabia que ainda era verde na profissão e que vinha tocando a revista a título precário. Então, a pedido de Beki, indicou-lhe quatro nomes que, a seu ver, fariam um trabalho magnífico na direção da revista. Pela ordem: Janio de Freitas, ex-editor-chefe do JB e criador da famosa reforma por que passara o jornal em 1959; o cronista José Carlos (Carlinhos) Oliveira; o poeta, crítico de cinema e editorialista do Correio da Manhã, José Lino Grünewald; e o ex-editor da revista Senhor e também editorialista do Correio, Paulo Francis.

Beki chamou os quatro para conversar, um a um. Janio não se interessou pela proposta, Carlinhos Oliveira pareceu-lhe ‘muito debochado’ e Grünewald, ‘intelectual e pacato demais’. Sobrou Francis. O fato de ele ter sido responsável pela melhor fase da falecida Senhor não queria dizer nada para Beki, porque ela nunca ouvira falar na revista. Mas gostou de Francis: ‘É arrogante como eu e com um senso de humor que me agrada’, ela disse a Monteiro. Além disso, Francis topava fazer a revista que Beki queria – ‘esnobe, elegante, inteligente’ -, desde que nos seus termos: com plenos poderes e independência total, começando por uma reforma gráfica e pela contratação de gente sua para trabalhar com ele. Beki concordou e só fez um pedido: que seu cachorro Pingo, um micro-yorkshire terrier, pesando menos de 1 quilo e que ela levava na mão onde quer que fosse, saísse na capa do primeiro número de Francis.

Isso deve ter acontecido por volta de julho ou agosto de 1967. Em setembro, Francis foi à minha mesa de foca da reportagem geral do Correio da Manhã e, baseado num artigo meu que lera no Segundo Caderno naquele dia, convidou-me a fazer parte de sua equipe de colaboradores fixos da Diners – na qual já contava com dois dos maiores talentos daquela geração, Flavio Macedo Soares, 24 anos, e Alfredo Grieco, 23, ambos alunos do Instituto Rio Branco e candidatos ao Itamaraty. (O próprio Francis não era tão mais velho: apenas 37 anos naquele dia de setembro. Claro que, para os meus dezenove, ele era um homem quase idoso, imagem que seus cabelos já grisalhos realçavam.) José Carlos Monteiro, convidado a continuar na revista, agradeceu, mas tinha um convite para trabalhar exatamente onde queria: na editoria internacional de O Globo.

Francis assumiu a Diners em janeiro de 1968, e o primeiro número sob sua direção, o de março, já começou com uma rebeldia: Pingo, o cachorro de Beki, não saiu na capa da revista. Mereceu apenas uma matéria interna, meses depois (Eu, Pingo – Autobiografia de um Aristocrata no Exílio, por Nick de Cyprins – sem dúvida, Alfredo). Foi um trauma e, não se sabe se por spleen ou acidente, o minúsculo Pingo caiu ou se atirou da banqueta da penteadeira de Beki e morreu. Mas, vida que segue. Flavio, Alfredo e eu, cada qual dominando diversos assuntos, éramos responsáveis por quase 70% do texto da revista: artigos ‘sérios’, crônicas de humor, perfis, entrevistas, adaptações de material estrangeiro, traduções etc. Eram tantos os artigos que tínhamos de assiná-los com os vários pseudônimos inventados por Francis: Jean Bogaudy, Jules Duplessys, Sandra Schindler, Mario Bendetti, Eduardo Saint-Clair, Guido Macedo – todos rotativos e este último, meio que só meu. Telmo Martino, ex-colega de Francis no Santo Inácio e recém-chegado da BBC de Londres, foi incorporado ao grupo. Vários outros jovens, como Edgard Telles Ribeiro, Jomico Azulay, Maria Ignez Duque Estrada, Alfredo Lobo e Jaime Rodrigues, também colaboravam. Pedro Oswaldo Cruz era o fotógrafo de plantão e o excelente caricaturista Vilmar fazia quase todas as ilustrações.

Os restantes 30% do texto da revista eram reservados aos grandes nomes: Carlos Drummond de Andrade, Antonio Callado, Paulo Mendes Campos, Glauber Rocha, Millôr Fernandes, Franklin de Oliveira, Armando Nogueira, Octavio Malta, Fausto Cunha, Flavio Rangel, José Lino Grünewald, Joel Silveira, os cartunistas Jaguar e Fortuna, o lingüista Adriano da Gama Kury e outros, todos muito bem pagos. A escolha desses nomes não se devia apenas ao fato de serem, de certa forma, medalhões – porque vários medalhões de verdade tiveram seus textos recusados por Francis. O importante era a qualidade e, nesse sentido, é impressionante a atualidade, até hoje, dos artigos publicados na Diners. O material estrangeiro, quase sempre de ficção, também era do primeiro time: contos de Julio Cortazar, Philip Roth (os dois, quase desconhecidos no Brasil), Dorothy Parker, Ernest Hemingway, Graham Greene, D. H. Lawrence, os perfis de Kenneth Tynan e Rex Reed, os cartuns de Jules Feiffer e, por influência de Grieco, muita science-fiction: Ray Bradbury, Paul Anderson, Robert Sheckley.

O próprio Francis também ajudava a escrever a revista (e não apenas seus artigos assinados), além de criar a maioria dos títulos dos artigos – e, pelo estilo deles, sempre jogando com um subtítulo, via-se que Diners era mesmo uma continuação editorial da Senhor. Claro – porque era Francis quem os escrevia nas duas revistas. Alguns desses títulos eram: ‘Os jovens intelectuais – Gatinhas algo agitadas’; ‘Ópera: só da vovozinha, não senhor!’; ‘Ninguém me chama de Baudelaire’ (sobre Antonio Maria); ‘Você é o National Kid? Se não, batata, batata, batata’; ou ‘Na santa paz da Bastilha – Podem me prender que eu não mudo de opinião’. Às vezes, o colaborador já trazia o título, mas Francis arredondava a coisa com o subtítulo perfeito. Com a experiência adquirida em Senhor, Francis era ainda o gerador da maioria das idéias gráficas, a partir do projeto criado por seu diretor de arte, Dounê Spinola – idéias essas que nem sempre funcionavam porque a revista era impressa na gráfica de O Cruzeiro, cujas máquinas já tinham visto melhores dias. Mas onde Francis se esmerava de verdade era na criação das capas.

Era sempre uma foto, produzida especialmente para a revista em função de alguma matéria. A partir de um artigo sobre a Capitu de Machado de Assis, a dos ‘olhos de ressaca’, Francis teve a idéia de pedir à socialite Luiza Konder, uma das moças mais bonitas de seu tempo, que posasse para a capa com um saco de gelo à cabeça e sobraçando uma quantidade de garrafas vazias de uísque. A produção não se contentou em providenciar garrafas usadas, já vazias, e nem isso faria jus à classe do Diners. Um estoque de escoceses de primeira linha – Dimple, Chivas Regal, Swing – foi comprado a Catanhede, nosso fornecedor, e discretamente abatido por Francis e alguns de nós na redação. Quando todas as garrafas já estavam no ponto, foram levadas para o estúdio e Luiza deixou-se fotografar lindamente com elas. Notar também que, mesmo no ano mítico de 1968, ‘moças de família’ ainda não saíam normalmente em capas de revistas, muito menos sobraçando garrafas de uísque. E Luiza não foi a única em Diners – Monique Doria Machado posou de arma fumegante em punho, para uma capa sobre agressão, e Christina Oswaldo Cruz, filha de Beki, posou de noiva (de minivestido) para uma capa sobre casamento, fotografada por seu próprio marido, Pedrinho.

As capas não demoraram a ser uma fonte de problemas entre Francis e Beki. Nos primeiros números, ela fazia parte do grupo que Francis convidava à sala de projeção para palpitar sobre os cromos. Nos números seguintes, Francis já se ‘esquecia’ de chamá-la para participar da sessão. E, nos últimos, ele só faltava promover sessões secretas, sem Beki, para decidir sobre a foto. Na verdade, a lua-de-mel entre eles quase terminara antes mesmo de começar: quando entrou pela primeira vez no 5º andar do prédio da Ouvidor, onde funcionava a revista, Francis torceu o nariz para a decoração, que classificou de ‘kitsch’, e disse que ia mandar redecorar tudo – móveis, quadros, equipamentos. Beki se submeteu, embora aquela decoração tivesse sido ordenada por ela, poucos meses antes. E alguns artigos da Diners criaram problemas entre assinantes do cartão, pais de adolescentes, que não acharam graça em receber em casa uma revista que afirmava, entre outras coisas, que a virgindade ‘provocava câncer’. Era uma brincadeira, lógico, mas alguns devolveram a revista e outros cancelaram o cartão. Apesar disso, Francis nunca nos pediu que moderássemos.

No segundo semestre, o sucesso de estima da revista era tanto que, numa decisão editorial ousada, Diners passou a ser vendida nas bancas a partir de setembro. A carga publicitária, que já era enorme, aumentou ainda mais, mas as vendas foram um fiasco – os jornaleiros não sabiam o que fazer com a revista. E era também uma revista de alto custo na redação. Os artigos eram pagos contra a entrega – o colaborador já saía dali com o cheque no bolso. E de quanto eram esses cheques? Na mesma época, eu colaborava também no Segundo Caderno (diário) e no Quarto Caderno (dominical) do Correio da Manhã, igualmente dirigidos por Francis – o jornal pagava trinta mil cruzeiros velhos por colaboração e o dinheiro só saía dali a um mês. Na Diners, um artigo do mesmo tamanho ou menor valia trezentos mil cruzeiros velhos, à vista. Para se ter uma idéia do valor desse dinheiro, fui morar no já lendário Solar da Fossa, em Botafogo, pagando 130 mil cruzeiros velhos pelo aluguel de um bom quarto (com banheiro) – por mês!. Ou seja, com uma matéria, eu pagava mais de dois meses de aluguel e ainda sobrava um troco para comprar um LP importado de Charles Mingus ou Fats Waller na Modern Sound. E minha média era de duas matérias por semana para Diners!

A revista poderia ter sobrevivido à indiferença popular, mas não se contava com que, muito antes que ela se firmasse nas bancas, acontecesse o Ato Institucional nº 5, em 13 de dezembro daquele ano. A revista não era política e não tinha por que ser atingida pela truculência dos militares. Mas a crise institucional no país e a ameaça de instabilidade econômica tornavam difícil a existência de uma revista tão cara e de idéias arejadas. Além disso, não ficava bem ao Diners Club manter uma revista cujo diretor fora preso no próprio dia do ato institucional. Francis acabou sendo libertado no Natal, mas Horacio Klabin não se recuperou do trauma. Com a queda considerável da publicidade no primeiro semestre de 1969, ficou também inviável manter a remuneração dos colaboradores, e a própria Beki, desiludida, resolveu encerrar a operação. Em junho de 1969, saiu a última Diners, com material comprado por Francis – e ainda sobraram dezenas e dezenas de artigos, todos pagos, que não se sabe que fim levaram. Era o fim de uma experiência inesquecível para quem a viveu.

Em seguida, quase sem respirar, alguns dos nomes da Diners – Francis, Millôr e eu próprio – iríamos reencarnar numa nova publicação na praça: O Pasquim, fundado, entre outros, por Jaguar. Mas essa é, literalmente, outra história.

Perfil

Paulo Francis, na verdade, Franz Paul Trannin Heilborn, nasceu no dia 2 de setembro de 1930, em Botafogo, zona sul do Rio. Decidiu ser escritor aos 14 anos. Ainda na adolescência, quis ser padre. Em seguida foi fazer teatro. Começou como coadjuvante, nos anos 1950, com Paschoal Carlos Magno – que lhe deu o pseudônimo de Paulo Francis. Foi ator revelação em 1952, dirigiu seis espetáculos, mas optou pela crítica. Brigou com Paulo Autran com quem trocou tapas por causa de Tônia Carrero, sobre quem tinha escrito um artigo ‘sórdido, imperdoável, mesquinho e cruel’, segundo ele mesmo. Tornou-se trotskista antes do suicídio de Getúlio, cuja morte não o abalou. Acreditou no primado da revolução permanente de Trotski, mas se interessou (‘com grande relutância intelectual’) por ‘Juscelinos, Juarezes e Lacerdas’. Começou na imprensa em 1957 – primeiro como crítico de teatro da Revista Semanal, do Diário Carioca e da Última Hora, todas publicações do Rio, e participou da criação da revista Senhor. Antes de se mudar, em 1970, para os Estados Unidos, escreveu para os jornais Correio da Manhã e Tribuna da Imprensa, para a revista Realidade e o semanário O Pasquim. Em sua coluna, tratava de assuntos diversos, sob uma ótica peculiar, provocadora, que despertava paixão e desprezo. ‘Não tenho papas na língua’, reiterava. Manteve uma coluna na Folha de S.Paulo até 1990, quando se transferiu para o Estado, escrevendo até momentos antes sua morte, aos 66 anos, em seu apartamento no centro de Manhattan, vítima de enfarte. Seus dois últimos artigos foram publicados postumamente no Estado. Também escreveu romances e um inédito, Jogando Cantos Felizes, será publicado nos próximos meses pela editora Francis.

Livros

CABEÇA DE NEGRO (Francis)

WAAL (Companhia das Letras)

CERTEZAS DA DÚVIDA (Paz e Terra)

FILHAS DO SEGUNDO SEXO (Francis)

TRINTA ANOS ESTA NOITE (Francis)

CABEÇA DE PAPEL (Francis)’



VENEZUELA
O Estado de S. Paulo

Preço da CANTV não será revelado

‘O governo venezuelano informou ontem que não revelará o preço que será pago pela empresa de telefonia CANTV, em meio ao processo de nacionalização, para ‘evitar alterações na bolsa de valores’. O ministro de Telecomunicações e Informática, Jesse Chacón, disse que será selecionada a opção que traga menos custo ao Estado. O partido opositor Primeiro Justiça, que nas eleições de dezembro tornou-se a 3.ª força política da Venezuela, dividiu-se ontem, um dia antes de suas eleições internas, anunciou Leopoldo López, prefeito do município de Chacao, que deixou o partido.’



MÍDIA & RELIGIÃO
O Estado de S. Paulo

TV Gospel demite funcionários

‘Pelo menos 50 funcionários da Rede Gospel de Televisão que não pertencem à Renascer ou não têm parentesco com bispos e pastores nomeados pela igreja foram demitidos na última semana, sob acusação de passar informações sobre a família de seus fundadores para a imprensa. Foram dispensados produtores, radialistas e cinegrafistas. Na tarde de ontem, um grupo de demitidos que diz não ter recebido indenizações trabalhistas entregou denúncias no Sindicato dos Radialistas de São Paulo – e planejava fazer manifestações de protesto na frente da emissora.’



INTERNET
O Estado de S. Paulo

You Tube será obrigado a tirar vídeos do ar

‘Reuters – A Viacom pediu ontem que o YouTube, serviço de vídeo mais popular da internet, remova mais de 100 mil arquivos, após não ter alcançado um acordo de distribuição com o Google, dono do site.

A Viacom informou ter enviado uma notificação ao YouTube na manhã de ontem, pedindo que o site retire do ar clips e vídeos de empresas do grupo Viacom, incluindo a MTV Networks, Nickelodeon e Comedy Central. A medida pode atingir 100 mil videoclips.

A empresa de mídia controlada por Sumner Redstone disse que as cópias ilegais de seus vídeos disponíveis no YouTube já tiveram cerca de 1,2 bilhão de acessos, com base em estudo de uma consultoria externa.

Representantes do YouTube não estavam disponíveis para comentar o assunto.

Em comunicado, a Viacom afirma que o YouTube e o Google prometeram repetidas vezes usar ferramentas para filtrar o conteúdo no site de vídeos, mas os mecanismos ainda não foram instalados, e ‘eles continuam a hospedar e permitir o acesso a uma série de vídeos piratas’.

WARNER

Para o analista Ben Schachter, do UBS, a Viacom está usando uma tática de negociação.

Outras empresas de mídia –como Warner Music, Universal Music e NBC Universal– fizeram acordos com o YouTube.

A CBS Corp., que se separou da Viacom, também fez um acerto com o site de vídeos.

A CBS até criou um concurso pelo qual os usuários do YouTube submetem os vídeos que criaram e os vencedores terão as imagens transmitidas na emissora de televisão.

Horas depois que a Viacom fez o anúncio do pedido de remoção de vídeos do YouTube, a CBS informou que fará a exibição na TV do primeiro vídeo vencedor do torneio no domingo.

Apesar de algumas empresas de mídia terem optado por experimentar uma parceria com o YouTube, outras companhias como News Corp., NBC e Viacom têm mantido discussões para criar seu próprio serviço online de vídeos, segundo fontes.

O presidente-executivo do Google, Eric Schmidt, disse a jornalistas na quarta-feira que o YouTube está atuando na introdução de tecnologias, incluindo impressão digital eletrônica para identificar material protegido por copyright.’

Laura Diniz

Site do TJ troca dados de ação por resumo de novela

‘A bancária Marina Bornholdt Costa, de 22 anos, entrou com uma despretensiosa ação contra a Claro, por causa do celular, e praticamente se viu envolvida numa trama de ameaças, seqüestro e prisão. Segundo o site do Tribunal de Justiça (TJ), o andamento do processo no dia 29 era: ‘Aguardando publicação do despacho de Em O Profeta, Clóvis abre um sorriso e se diz muito feliz com o filho. Quando fica sozinho, esbraveja e faz ameaças a Marcos. Lindomar encontra o colar na bolsa de Joana. Rúbia grita o nome do filho na beira do poço. Marcos desce no poço. Joana não fala nada no seu depoimento e acaba presa. Clóvis leva Sônia e Amadeu à delegacia e diz que eles são testemunhas de que Marcos tentou raptar Analu.’

Sim, o resumo de um capítulo do remake de O Profeta, da TV Globo, foi colado no site do TJ, no lugar das informações corretas sobre o processo. No cartório do Juizado Especial Cível do Fórum do Jabaquara, onde corre a ação, ninguém sabe ninguém viu. Fala-se até em um possível vírus malvado que ‘troca as coisas que você digita’.

‘Fiquei sem reação quando soube. Me mandaram até mensagem no (site de relacionamentos) Orkut, dizendo que meu processo tinha ido parar em site de piada’, disse Marina ao Estado. ‘O Judiciário já tem tantos problemas. Acho isso um pouco de falta de respeito.’ Ela ainda não sabe se tomará alguma providência a respeito.

A Secretaria de Tecnologia e Informação (STI) do TJ abriu uma sindicância para apurar o fato e a funcionária responsável pela atualização dos dados foi suspensa temporariamente – continua no cartório, mas não pode pôr a mão no computador. Segundo a Assessoria de Imprensa do tribunal, a STI trabalha com duas hipóteses: má-fé ou erro. A segunda é mais provável, na visão da STI, porque a funcionária em questão é servidora há anos e sempre fez um trabalho sério. Ainda de acordo com a assessoria, o TJ não cogita a possibilidade da ação de hackers no caso porque a funcionária estava mexendo no processo.

Em resumo, ela deveria estar trabalhando com pelo menos três telas abertas no computador: uma com as informações do processo, outra do site do tribunal e uma terceira com sinopses dos capítulos das novelas. Em vez de copiar as informações oficiais, repassou o trecho do resumo de O Profeta.

Ontem passou a constar no site a versão correta dos últimos trâmites do processo. Mas o resumo da novela continua lá. A assessoria do TJ explicou que apenas a Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), autarquia estadual que cuida do sistema de informática do Tribunal, pode retirar algo do site. Isso, aliás, só deve ocorrer após o final da sindicância.

Na ação, Marina reclamava que, em alguns meses do ano passado, a Claro havia cobrado indevidamente 10% a mais de mensalidade de seu celular. Foi feito um acordo e ela ganhou o direito de ter uma restituição. Segundo ela, o dinheiro ainda não está na conta. E a resposta a isso não está no Profeta.’



O AUTOR NA PRAÇA
Ubiratan Brasil

Encontro reúne Ricardo Kotscho e José Hamilton Ribeiro

‘Os dois figuram na lista dos principais jornalistas brasileiros, o que o leitor poderá comprovar hoje, entre 14 h e 18 horas, quando José Hamilton Ribeiro e Ricardo Kotscho participam de mais um encontro O Autor na Praça, no Espaço Plínio Marcos, na Praça Benedito Calixto. Ambos ganharam notoriedade pelo texto fluente, pela curiosidade incansável, pela determinação em não se contentar apenas com a versão oficial.

Autor do recente Do Golpe ao Planalto (Companhia das Letras), Kotscho construiu uma carreira invejável, tanto trabalhando como correspondente no exterior e cobrindo sucessões papais, como cruzando o País de norte a sul, quando presenciou o nascimento da dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó e contribuiu para o livro Tortura nunca mais. Consagrou-se como um dos maiores repórteres brasileiros, com passagens memoráveis pelo Estado, Jornal do Brasil, IstoÉ e Folha de S. Paulo, até se tornar porta-voz do presidente Lula em seu primeiro mandato.

José Hamilton Ribeiro tem uma ficha mais extensa e também marcada por grandes emoções. É o que comprova a reunião de suas grandes matérias no livro O Repórter do Século (Geração/Ediouro), recentemente lançado. Ali estão algumas das reportagens que lhe valeram sete Prêmios Esso de Reportagem, uma das maiores distinções da imprensa brasileira. A maioria escrita para a revista Realidade, publicação que, nos anos 1970, se tornou referência na acuidade de suas matérias, na profundidade com que tratava os temas, na elegância do texto.

‘Zé Hamilton é o melhor argumento para provar, em debates e palestras, que a reportagem é um gênero literário, sim’, escreve Kotscho, na apresentação do livro do amigo. ‘Frases curtas, diretas, sem enfeites, cortando caminhos sem atalhos para contar uma boa história sobre qualquer assunto para ser lida em qualquer época.’

É o que se pode comprovar, por exemplo, na primeira reportagem, sobre a dificuldade que, na época (o texto é de 1967), a medicina encontrava em transplantar rim. Ribeiro elege um personagem, o jovem Emílio, para apresentar o drama das pessoas necessitadas de um órgão doado. Mesmo quando o assunto invade a seara médica, com seus termos e procedimentos próprios, o repórter exibe sua habilidade em não deixar que o leitor se distraia.

Talvez o texto mais interessante seja Eu Estive na Guerra, relato considerado como exemplo da arte da reportagem. Ribeiro teve uma perna amputada ao pisar em uma mina quando cobria o conflito do Vietnã, em 1968. Deficiência que jamais abalou sua capacidade, como se percebe na resposta, dada num programa de auditório no Rio, sobre o infortúnio de ser repórter com uma perna só: ‘É mais difícil do que com duas, mas é mais fácil do que com quatro.’

O Autor na Praça. Teatro Cultural Alberico Rodrigues. Pça. Benedito Calixto, 3085-1502. Hoje, 14 às 18h. Entrada franca’



TELEVISÃO
Cristina Padiglione

Faltou diplomacia

‘Band substitui Avallone sem avisá-lo

Foi pelos jornais que Roberto Avallone soube que seria substituído por José Luiz Datena no comando da principal mesa redonda da Band. Amanhã, às 21h, na troca de um pelo outro, vale o pretexto para repaginar o cenário e o nome da atração: o Show do Esporte passa a ser Por dentro da Bola.

A partir do outro domingo, Renata Fan, ex-Milton Neves, há de se juntar a Datena no novo programa. A Band só não fará isso amanhã para preservar o ‘impacto’ de sua estréia como âncora da mesa diária Jogo Aberto, a partir de segunda, às 11h30.

Avallone, que diz nunca ter sofrido situação semelhante em 40 anos de carreira, entende a chegada da bonitona ao programa, mas não obteve da direção da casa uma explicação plausível para ser substituído por Datena. Até porque seu ibope no horário, e mesmo antes de a Band voltar a investir em futebol, nunca foi fraco.

‘No pique’, como costuma dizer, Avallone nos resume o imbróglio e conta que tem encontro marcado com o vice-presidente Marcelo Parada e com a diretora de programação, Elisabetta Zenatti (a quem nunca foi apresentado pessoalmente), em 5 de março, para discutir um novo projeto na casa, ‘fora da área esportiva’, adianta. A ver.

Nas alturas

O triatleta e apresentador do Band Esporte Clube, Guilherme Arruda, comemorou seu 50.º salto de pára-quedas em Boituva, a 4 mil metros de altura. O público poderá acompanhar a aventura do moço, na edição de hoje do programa esportivo, às 20h15.

Entre-linhas

Suspenso na véspera, o Jornal da Massa, de Ratinho, voltou à programação do SBT anteontem, às 21h30 e gravado, não mais ao vivo.

A versão gravada para o Jornal da Massa teria sido um pedido da nova diretora artística do SBT, Daniela Beyrute, filha do patrão, que se chocou com algumas cenas enfocadas no programa. Se Silvio Santos não mudar de novo de idéia, o que é improvável, assim será por alguns dias.

Nem mesmo a produção da novela Maria Mercedes escapou dos pitacos de Silvio Santos. Capítulos estão sendo regravados porque ele trocou o nome da adaptação da trama mexicana para Maria Aparecida.

Para ganhar o horário das 17h30 definitivamente, a novela da Band, Paixões Proibidas, terá direito a um compacto da história nessa nova faixa até o dia 16, quando os capítulos inéditos, exibidos ainda às 22h até lá, passarão a ir ao ar apenas no novo horário.

A mudança de horário de Paixões Proibidas foi feita por causa do futebol, que provocava a interrupção da novela às quartas-feiras.

A Rede Mulher estréia hoje, às 21h15, a série de ficção-científica Battlestar Galactica, exibida também pelo canal pago TNT.

Marília Gabriela conversa com a ex-garota de programa Bruna Surfistinha e com Gabriela Leite, presidente da grife Daspu no GNT. Amanhã, às 22 h.’

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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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