Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O Estado de S. Paulo

MÍDIA & POLÍTICA
Renato Janine Ribeiro

Garantias para um futuro obscuro

‘Estamos numa época de semi-unanimidades, em que quase todos se indignam com as mesmas coisas e no entanto elas continuam existindo; melhor dizendo, em que certas coisas parecem tão erradas que a solução para elas é simples. O exemplo do mês é a exigência de voto aberto para todos os assuntos no Legislativo, posta na ordem do dia pela absolvição do senador Renan Calheiros no processo por sua cassação.

Esta questão exige debate amplo, conceitual e pragmático. Temos de começar pela idéia de representação democrática. A representação é um dos eixos da democracia, na medida em que o resíduo de despotismo que há em todo poder executivo é limitado ou monitorado quando os cidadãos o controlam, mediante um organismo coletivo eleito no qual vontades opostas estão representadas. O executivo é uno, o legislativo é plural. Os dois representam o povo, mas o caráter plural e mesmo conflituoso do legislativo lhe confere uma natureza mais democrática – e mais ‘representativa’ – do que o poder executivo. Disso podemos deduzir quem pode usar o voto secreto e quem, o voto aberto.

Os representados devem utilizar o voto secreto, para proteger-se de perseguições. O voto (em francês, voix, voz ou voeu, anseio) é deles, ninguém tem o direito de saber qual foi. Toda eleição política exige o sigilo do sufrágio. Já os representantes devem votar em aberto, porque o voto não é deles, é nosso. São nossos procuradores, e por isso temos de saber o que fazem. Este é o princípio geral, corretamente enunciado na imprensa.

Contudo, o que se esquece na argumentação usual é que, para o voto em aberto do parlamentar valer, não basta haver a representação enquanto eleição. É preciso liberdade de expressão ou de imprensa. O deputado vota e isso é controlado pelo povo; mas, para esse controle, é preciso conhecermos seu voto. Ora, nossos apressados defensores do voto aberto esquecem que a Constituição prevê, em certos casos, a suspensão da liberdade de imprensa. Não falo numa constituição ditatorial; falo numa Carta democrática que admite restrições à liberdade, quando o País estiver ameaçado por guerra externa ou comoção interna.

Concordo que possa ser necessário o estado de sítio, às vezes; mas, nessas ocasiões, o voto aberto terá papel exatamente oposto ao que seus defensores pretendem. Se ele for aberto e não houver liberdade de imprensa, o povo não saberá como seu representante votou – mas o governo saberá. Esse é um enorme perigo para a sociedade. Os constituintes de 1988 foram sábios neste ponto, proibindo emendar a Constituição na vigência do estado de sítio. Já nossos legisladores atuais, talvez porque há muito tempo saiu de cena a ditadura, agora abrem a porta para uma situação provavelmente rara, mas certamente desastrosa.

Este é um detalhe? Não, pois diz respeito à essência da representação. Ela não se define de vez por todas no dia da eleição. Ela continua pelo mandato inteiro. Ela se reforça pela liberdade de expressão. Sem esta, a representação padece.

Mas vamos tomar o assunto Calheiros por inteiro. Vários reclamaram que ele não foi cassado ‘por pouco’, que faltaram só cinco votos para isso. Eu, ao contrário, acho uma temeridade permitir que metade mais um dos membros de um órgão cassem qualquer membro por uma acusação vaga de falta ao decoro parlamentar – termo que não é um conceito, carece de definição precisa e que mesmo os defensores da cassação dele diziam ter sentido basicamente político. No passado, eram necessários dois terços.

Imaginemos um governo, no começo do mandato, com forte apoio parlamentar – como foi o caso tanto de Collor, FHC e Lula. Imaginemos que levasse a julgamento, na Câmara e no Senado, os oposicionistas mais destacados e os cassasse, sempre invocando algo assim impreciso. Não é um risco enorme? O suplente substituiria o titular, a proporção dos partidos ou coligações não seria alterada, mas as lideranças seriam decapitadas.

Talvez precisemos definir outro modo de processar os parlamentares. Em alguns países o presidente, no curso do mandato, só é julgado por crimes relativos ao exercício do cargo; se cometer crimes comuns, recebe um tratamento majestático, somente indo a juízo após o mandato. Isso se justifica. A decisão soberana do povo quanto ao chefe de governo não pode depender de um caso, ainda que sério, localizado. O problema é que acabamos estendendo essa imunidade provisória a um conjunto enorme de pessoas, quase seiscentas só no Congresso. E o julgamento deste, quanto ao decoro, acaba sendo mais político do que qualquer outra coisa.

Uma instância deveria ser criada, que preserve a independência e as prerrogativas do Parlamento, mas que não seja tão corporativista – talvez tribunais mistos para julgar os congressistas, com juízes e parlamentares, com um corpo qualificado de assessores. Assim evitaríamos a manipulação partidária e a sensação tão amarga de impunidade e desrespeito aos cidadãos. Mas não resolvemos isso com soluções mágicas ou apressadas.

*Renato Janine Ribeiro é professor titular de Ética e Filosofia Política na Universidade de São Paulo. É autor de A sociedade contra o social: o alto custo da vida pública no Brasil e A universidade e a vida atual – Fellini não via filmes.’

RÚSSIA
Jamil Chade

Soviéticos resistem à extinção no mundo virtual

‘A União Soviética foi dissolvida há mais de 15 anos. Sua bandeira, seu hino e outros símbolos nacionais desapareceram. Na internet, porém, a URSS ainda resiste. Isso porque o domínio .su (iniciais de Soviet Union) não só continua em funcionamento como, para a surpresa dos usuários da rede mundial de computadores, recebe registros de um número cada vez maior de sites.

O registro de endereços na internet foi criado no fim dos anos 80 na Califórnia, mas logo passou às mãos da Iana – Internet Assigned Number Authority, ou Autoridade para Atribuição de Números na Internet. Em 1998, o então presidente americano Bill Clinton criou a Icann – Internet Corporation for Assigned Names and Numbers, ou Corporação para Atribuição de Nomes e Números na Internet – para gerenciar a rede e incorporar as incumbências da Iana.

A idéia da entidade era a de manter endereços apenas de países que existem. ‘Usamos uma lista de países reconhecida internacionalmente e nos baseamos nela’, explicou ao Estado o porta-voz da Icann na Europa, Andrew Robertsson.

‘Com o fim da URSS, não havia mais motivo para a manutenção do .su’, disse. ‘O problema é que a empresa que o registrou, em Moscou, recusa-se a desfazer-se do endereço.’

O conselho executivo da Icann já decidiu encerrar os registros com esse domínio. ‘Não sabemos quando, mas isso vai ocorrer em breve’, afirmou Robertsson, acrescentando que o objetivo da Icann é limpar a web.

Curiosamente, o domínio .su foi registrado pelos soviéticos pouco tempo antes do colapso do país. Nos documentos da Icann, o registro é de 19 de setembro de 1990. Quinze meses depois, a URSS deixava de existir. Cada ex-república soviética ganhou seu próprio endereço. A Rússia passou a usar o domínio .ru.

Em Moscou, a Icann confirmou que um movimento de resistência foi organizado para impedir o desaparecimento do domínio .su, que tem hoje cerca de 10 mil endereços registrados. Apenas em 2007, 1.500 sites foram criados por fãs soviéticos. São sites de empresas de turismo (www.blacksea.su), de música (www.metallist.su) e até de partidos políticos.

RESISTÊNCIA

Para resistir à ofensiva, o administrador do domínio, em Moscou, anunciou que os sites .su seriam barateados. Segundo a Icann, há vários exemplos no mundo de domínios que, desde o início da internet, deixaram de existir: o fim da Checoslováquia foi o fim do .cs; a mudança de nome do Zaire (atual República Democrática do Congo) sepultou o .zr; a unificação alemã aposentou o .dd, usado pela extinta República Democrática da Alemanha; a partilha da Iugoslávia acabou com o .yu.

O registro de nomes de países e a manutenção dos domínios estão se tornando tema polêmico. Nos primeiros dias da guerra no Iraque, em 2003, os endereços .iq foram desativados. Muitos países, incluindo o Brasil, alegam que é inaceitável que os registros da rede sejam feitos em uma entidade com sede nos EUA.

Para lidar com a situação, uma reunião internacional da ONU será realizada em novembro no Rio de Janeiro. Apesar de o governo brasileiro saber que não conseguirá transformar radicalmente a forma pela qual a internet é regulada, quer garantias de que outros países terão voz mais ativa no conselho da Icann.’

OESP & TIME OUT
O Estado de S. Paulo

Grupo Estado traz para o Brasil os guias de viagem Time Out

‘O Grupo Estado está trazendo para o Brasil os guias Time Out, marca inglesa que é referência mundial em turismo e entretenimento, presente em 15 países. O lançamento de três guias de viagem – Guias Estadão/Time Out de Miami, Buenos Aires e Dubai – marca a entrada estruturada do jornal no mercado de publicações – guias e livros. ‘É uma primeira iniciativa, alinhada com os planos do grupo, de trabalhar suas marcas em diversas plataformas’, diz o diretor de conteúdo, Ricardo Gandour.

O modelo de parceria adotado pelo Estado é diferente do que vigora em todos os países onde a Time Out atua: somente aqui a empresa inglesa aceitou a presença de uma marca local na capa dos guias, cuja tradução foi supervisionada pelo Estado. Em outros lugares, há apenas o licenciamento. ‘Ter um parceiro como o Grupo Estado no Brasil potencializa ainda mais o produto’, afirma Silvio Giannini, detentor da marca e publisher da Time Out no País. ‘O Brasil é um mercado enorme e nós estamos animados em chegar relativamente cedo’, diz Peter Fiennes, diretor da Time Out em Londres.

Conhecidos pela irreverência, bom humor e conteúdo diferenciado, os livros têm como proposta editorial tirar um pouco da ansiedade típica dos turistas de primeira viagem, que querem conhecer tudo em pouco tempo. Com texto sofisticado e despretensioso, os guias ensinam o turista a conhecer os destinos de outra maneira. ‘Os guias são opinativos o tempo todo, revelam a alma da cidade sem aquele deslumbramento que elogia todas as atrações do lugar’, diz Ilan Kow, editor-executivo do jornal e responsável pelo projeto.

O próximo lançamento, ainda em outubro, é o guia de Dubai, nos Emirados Árabes – uma inovação, já que será o primeiro roteiro em português sobre o local. Em novembro, chegam às livrarias e bancas os guias de Paris, Nova York e Roma. Cada edição tem entre 280 e 400 páginas e custa R$ 49,90.

Além dos guias de viagem, o Estado está lançando também um portal de turismo e uma coluna semanal no caderno Viagem & Aventura, publicado às terças-feiras.

No endereço www.guiatimeout.estadao.com.br, o internauta encontra o conteúdo integral dos guias impressos, informações completas sobre 230 destinos turísticos e ferramentas para a pesquisa e o planejamento de viagens.

Na coluna, que estréia nesta semana, há indicações da equipe Estadão/Time Out, baseadas nos 68 guias de viagem editados pelos ingleses em todo o mundo e na produção do suplemento semanal do jornal.

‘Esta parceria é o início de uma série de grandes novidades previstas para o ano que vem’, diz o diretor de Mercado Leitor, Antonio Hércules Jr.’

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Time Out: do guia de Londres para o mundo

‘Criada em 1968 como uma revista de programação de lazer em Londres, a Time Out hoje publica não só a versão londrina do roteiro de atrações, como as de Nova York, Chicago e outras 18 cidades, além de 68 guias de viagem (que devem chegar a 90 em 2008) e 24 guias de estilo de vida. Seu faturamento anual é de 35 milhões de libras (131 milhões de reais).

Desde o início sob o comando de Tony Elliott, a editora recusa ostensivamente a abertura de capital ou a entrada dos fundos de private equity. ‘A Time Out sempre fez questão de permanecer independente’, afirma Cathy Runciman, diretora de negócios internacionais.

Os guias de viagem foram lançados em 1990 e vendem, em média, 15 mil exemplares por semana em todo o mundo – em inglês, francês, espanhol, chinês e, agora, português. Cada um deles é feito por cerca de 20 jornalistas, todos moradores das cidades sobre a qual estão escrevendo. Recentemente, a editora lançou um guia sobre o Rio de Janeiro. ‘Até agora, nos preocupamos mais com a Europa e a América do Norte, mas isso está mudando’, diz o diretor editorial Peter Fiennes. ‘Precisamos de mais cidades sul-americanas e São Paulo está no topo da lista.’’

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Na internet, viagem completa

‘Como parte importante da parceria com a Time Out, o Grupo Estado lança também um portal de turismo, com conteúdo completo para o planejamento de viagens – desde a pesquisa do destino até a compra de passagens, em parceria com o Submarino Viagens.

Os guias impressos são publicados na íntegra no portal – numa amostra do estilo Time Out de exploração das cidades. Além de Miami, Buenos Aires e Dubai, em breve você vai encontrar Nova York, Paris e Roma. Por enquanto, pode também acessar o conteúdo essencial de 230 destinos, sendo 30 deles nacionais.

‘Os destaques do portal são mesmo Nova York, Buenos Aires, Paris e Roma’, diz Silvio Giannini, publisher da Time Out no Brasil. ‘Mas também há dicas sobre Turquia e Marrocos, por exemplo.’ Ainda este mês, outros 100 destinos serão incluídos no serviço da web. Todo o conteúdo é gratuito.

‘A internet é o lugar ideal para a pessoa sonhar com a viagem, conhecer lugares, fazer consultas e planejar’, afirma Giannini. Para ele, o conteúdo online vai servir para impulsionar a venda dos guias impressos. ‘Como reúne todas as informações, o guia será o melhor companheiro de viagem.’’

TELEVISÃO
Daniel Piza

Folhetim tropical

‘Quando soube que havia sido dado como morto, o escritor e humorista americano Mark Twain comentou com a ironia habitual: ‘Os boatos sobre minha morte são precipitados.’ O mesmo vale sobre as telenovelas brasileiras. É um gênero que volta e meia é dado como acabado, mas eis que aparece uma que põe fim ao boato. Ele se integrou à nossa cultura – no sentido mais amplo, antropológico – de tal forma que muitas vezes é o próprio público que não o deixa morrer. Apesar do desdém de pseudo-intelectuais e da chatice de alguns teóricos, as novelas continuam dando o que as mais diversas pessoas esperam, em alguns casos talvez até mais. No mínimo, portanto, não podem ser ignoradas.

É claro que há muitos problemas. Um deles, porém, é seu maior trunfo: a sensação de que as novelas se arrastam. Essa mesma redundância é o que permite que eu, por exemplo, tenha acompanhado Paraíso Tropical sem ter assistido mais que à metade de seus capítulos. Mas uma das qualidades dessa novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, que terminou anteontem (escrevo na quinta à tarde, sem ter visto os dois últimos capítulos), foi ser pouco arrastada, dosando boas reviravoltas na trama sem perder o fio e deixando apenas para os dois últimos meses a charada do ‘Quem matou?’. E olhe que em minha opinião um dos principais respiros de qualquer história, o núcleo cômico, não funcionou bem neste caso; as seqüências do condomínio, com aquelas brigas de síndico, não me divertiam nada. No entanto, a novela teve muito humor.

Me refiro, claro, ao elenco de vilões. É por eles que Paraíso Tropical será lembrada. O casal feito por Wagner Moura e Camila Pitanga ofuscou o de Fábio Assunção e Alessandra Negrini, antes de mais nada pelas qualidades dos atores. Bebel se tornou popular, com seus bordões e roupas e sua mistura de malícia com ternura, mas para mim a grande atuação foi a de Moura como Olavo. A passagem calibradíssima do puxa-saquismo para a intimidação, do cinismo para o desarme, e o gestual próprio, como aquele levantar de ombros quando saía caminhando com arrogância, impressionaram, mesmo a quem já o admirava. Que ator! Como não bastasse, Chico Diaz (Jader) fez ótimo cafetão, Tony Ramos (Antenor) encarnou tão bem seu empresário que apagou a lembrança de papéis anteriores, Vera Holtz (Marion) brilhou como parasita da ‘high society’.

Isso não levanta um problema, até de ordem moral? O casal bonzinho precisava ser tão xarope, tão caricato, tão unidimensional? Aqui e ali os autores tentavam dar consistência para eles, como quando deram a Daniel uma fala em que dizia para a gêmea má, Taís, que uma pessoa pode ser correta e esperta ao mesmo tempo e que nem todo trambiqueiro é inteligente. Mas ele e sua mulher não pareciam nada espertos; os vilões se divertiram mais, tiveram uma temporada bem mais intensa e arriscada. Essa diferença não foi exclusiva de Paraíso Tropical, claro. Vilões sempre puxam a audiência, como as recentes de Fernanda Montenegro em Belíssima, Renata Sorrah em Senhora do Destino e Cláudia Abreu em Celebridade; e basta pensar no Lineu da Grande Família (o excelente Marco Nanini) para confirmar a praxe de que o sujeito de bem é sem graça, burocrático, bege como sua camisa. Desde que folhetins existem é assim. Mas desta vez a assimetria extrapolou.

Apesar disso, a novela sobreviveu a todos os problemas – além do início hesitante, logo corrigido – porque levantava as questões certas. Embora sedutores, não havia dúvida sobre quem eram os vilões, nas mais diversas graduações, desde a vilã por falta de alternativa Bebel até o vilão por falta de caráter Olavo, passando pelo vilão por falta de amor Antenor. Atribuo a essas graduações o sucesso da novela. Numa época em que o Brasil lamenta e debate tantas nuances éticas, o encaixe foi enriquecedor. Sim, novela não se sustenta apenas nisso; precisa combinar divertimento, ação e romance, além de muita conversa fiada, a qual ajuda a dar para ela um ritmo parecido ao do nosso cotidiano. Mas o que dá grandeza é a maneira como traduz seu tempo – e não por acaso Roque Santeiro e Vale Tudo são até hoje eleitas como as melhores da história, justamente porque é impossível entender o Brasil da abertura democrática sem a primeira e o Brasil da decepção democrática sem a segunda. Faltou pouco para Paraíso Tropical chegar a esse patamar.

Outra prova de que novelas se amarram a suas épocas – até porque desenvolvidas de acordo com pesquisas – é a observação de que nos últimos anos a Globo abandonou a velha alternância entre uma novela rural (ou litorânea) e uma novela urbana. Todas as últimas foram urbanas. Se houvesse crítica cultural no Brasil, ela estaria refletindo sobre o motivo dessa mudança. A nação quer se ver nas novelas, e essa nação está em transformação acentuada dos anos 90 para cá; a vila de província dominada por coronel fazendeiro e padre paroquial ainda existe, mas fala a poucos; as metrópoles com periferias crescentes estão no foco. O que tudo isso mostra, claro, é que o Brasil já não é – se é que foi um dia e se é que não é melhor assim – nenhum paraíso tropical.

DE LA MUSIQUE

É um exercício interessante comparar a versão de Roberta Sá e a de Maria Rita para a mesma canção, Novo Amor, de Edu Krieger, em seus CDs recém-lançados. Até a faixa tem o mesmo número, 11. A de Roberta Sá tem um arranjo excelente, com Hamilton de Holanda ao bandolim, e sua interpretação é ao mesmo tempo mais lenta e mais luminosa. A de Maria Rita, com predomínio do cavaquinho, é mais acelerada, mas também mais plana. Seu timbre é lindo, sua afinação perfeita, e ela está mais contida nos trejeitos que tanto lembravam a mãe. Mas o samba que canta – seguindo a atual tendência de gravar o gênero – não parece descontraído.

Hamilton de Holanda, por sinal, está lançando dois belos CDs: Íntimo, em que toca clássicos como Beatriz, de Chico Buarque e Edu Lobo, e O Bem do Mar, de Dorival Caymmi; e, em parceria com o grande pianista André Mehmari, Contínua Amizade, em que, além de Cartola e Pixinguinha, eles dialogam em composições próprias, de Egberto Gismonti e de Guinga. São novos testemunhos do grande momento por que passa a música instrumental brasileira.

Lanço amanhã, a partir das 18h30, na Livraria Cultura da Avenida Paulista, meu novo livro, Contemporâneo de Mim (Bertrand Brasil), uma coletânea de dez anos desta coluna. Estão todos convidados.

POR QUE NÃO ME UFANO (1)

Por falar em nuances éticas, escrevi no blog, a pretexto de Tropa de Elite, que acho absurda a pirataria que feriu os direitos de todos que criaram, produziram e distribuiriam o filme. Não é que a maioria dos internautas defendeu a pirataria? Eles dizem que roubo é cobrar R$ 40 por um DVD, CD ou livro e que o governo não garante o acesso à cultura como prescreve a Constituição. Eis onde fomos parar. Uma coisa é dizer que os direitos de propriedade intelectual estão sendo rediscutidos em função da internet, e que hoje existem máquinas copiadoras que transferem porcentual ao autor. Outra é celebrar a pirataria como ‘atitude’. Quem vive de pirataria não cria, não paga impostos e não zela pela qualidade; só por isso pode cobrar preço abaixo do custo e ser premiado pelo descaso geral com a lei, o que só faz encarecer o produto original. Isso sem mencionar que muitos poderiam sim pagar pelo ingresso de cinema ou pelo aluguel do filme – ou pelo livro de que tiram xerox nas universidades. O pior são os argumentos ‘laterais’, digamos: quem é contra pirataria é por ser burguês, purista ou elitista…

POR QUE NÃO ME UFANO (2)

Com as novas revelações da Polícia Federal a respeito do valerioduto mineiro, tramado na campanha de Eduardo Azeredo para o governo estadual, tucanos e petistas ficam sem saída. Os tucanos se comportam da mesma maneira que Lula – dizendo que foi ‘apenas’ caixa 2 – ou então comparam um esquema com outro, já que no caso federal houve o mensalão, o pagamento a políticos aliados nos bancos de Marcos Valério, mas nada garante que não aconteceria o mesmo se Azeredo tivesse vencido a eleição. Os petistas, por sua vez, não podem insistir na tese de que não houve dinheiro público, pois o esquema mineiro deixa mais uma vez evidente que Valério vivia dele e só dele, por meio de licitações e outros canais. Se FHC disse que o esquema petista mostrava um tipo ‘sistêmico’ de corrupção, agora o PT pode dizer o mesmo sobre o tucano. Acontece que, aí, estaria confessando: ‘Somos todos iguais, afundados na mesma lama.’ O cidadão, esse não pode imaginar outra coisa.’

Renata Gallo

‘Não sou meu tipo de homem’

‘Ele renega o título de galã, mas, mais uma vez, estréia na tela no papel de um conquistador. Juvenal Antena, novo personagem de Antônio Fagundes em Duas Caras, será um líder comunitário, fundador da Favela Portelinha. ‘Digamos que ele terá um acesso a um grande número de mulheres’, explica. Aos 58 anos, depois de cinco anos fora das novelas, Fagundes diz que estava com saudade do gênero e que não teve como recusar o convite de Aguinaldo Silva após ler as mais de 100 páginas da sinopse do personagem. ‘A sinopse era quase um romance. E extraordinária’, diz.

Para o Juvenal, você buscou algo além da sinopse?

Costumo dizer que 90% do trabalho do ator é de observação. Até porque seria impossível você compor um personagem em semanas. Ainda mais um personagem com a intensidade do Juvenal. Naturalmente o texto do Aguinaldo já encaminha, eu diria 80%, do que você tem que buscar. Acho que seria disperso demais você buscar em outros lugares. Quantos líderes comunitários existem só no Rio? Então preferi fazer o meu, ele não é baseado em ninguém, ele é baseado no Juvenal Antena do Aguinaldo Silva.

Não subiu nenhum morro?

Eu, particularmente, sou contra isso. Acho que é um tipo de trabalho inútil. Você vai encontrar no morro um monte de coisa que não tem no texto e um monte de coisa que você tem no texto você não vai ver no morro. E, como você vai ter que seguir o texto, é melhor se concentrar no seu trabalho e criar aquele personagem – não esquecendo que novela é uma obra de ficção, não é um documentário. Subir o morro pode ser muito divertido, mas não vai ajudar em nada.

Isso é a regra no seu trabalho?

Sim. A não ser que tenha que ter alguma habilidade física que não tenha. As pessoas costumam perguntar quanto tempo me preparei para tal personagem e sempre digo, 58 anos.

E com 58 anos encarar uma rotina de TV é mais fácil?

Não muda muito. O nervoso da estréia, a ansiedade é a mesma. A espera (entre uma cena e outra) também.

A maturidade não te trouxe mais paciência?

Não, mas trago um livrinho sempre (está lendo ‘Tábula Rasa’, de Steven Pinker). Acho que consegui compensar essa ansiedade pela espera com muita leitura. A época que mais leio é quando eu estou fazendo novela.

Duas Caras terá um grande núcleo que irá viver na favela. Você é daqueles que acham que a novela tem função social?

Acho que TV é entretenimento e novela é um produto de entretenimento. Se a novela não entreter, não distrair, ela não vai servir ao seu objetivo maior. O que vier além disso é lucro. O que acho é que a teledramaturgia brasileira sempre lucrou muito. Ou seja, não deixou de tocar em assuntos importantes da realidade brasileira e tocou com muita seriedade. Nós já falamos de reforma agrária, homossexualismo, drogas, violência contra a mulher… Temas tabus da sociedade que foram ouvidos por serem através de uma mídia de entretenimento. Talvez não fossem levados tão a sério se fossem colocados dentro de um programa cultural ou especificamente educativo. Através daquela historinha que está sendo contada, a gente consegue paulatinamente abrir para assuntos importantes, o que fez da teledramaturgia brasileira uma coisa que tem um diferencial em relação a todos os outros produtos similares no resto do mundo.

E por que acha que só agora essa parcela significativa da sociedade, que vive em favela, está tendo destaque?

Acho que sempre houve uma tentativa de se fazer isso. O Carga Pesada mesmo fez isso por cinco anos com muita categoria, sem nunca deixar de ser entretenimento. Acho que o que diferencia essa novela é que o Aguinaldo resolveu aprofundar o tema, mostrar a formação de uma favela a partir de um terreno baldio, a comunidade sendo formada e crescendo com leis próprias e problemáticas diferenciadas.

Será o líder da comunidade. Como anda seu lado militante?

(risos) Nunca fui militante, quer dizer, nunca tive carteirinha. Vamos dizer que sou um observador atento.

Mas você já se expôs…

Tive um momento da minha vida que eu achei que era importante contribuir com algumas coisas. Hoje em dia eu não sei se essa contribuição é válida. Acho que quando você ajuda a eleger alguém você deveria ter o mesmo espaço para dizer depois sobre as coisas que você não concorda. E isso não acontece. É como se você tivesse dado um cheque em branco para pessoas que não merecem. Hoje acho que se meu trabalho conseguir tocar em alguns problemas da realidade brasileira já estou dando uma grande contribuição.

Você disse que raramente regrava uma cena…

Bom, no que depender de mim eu já gravo no ensaio (risos). Acho que se você consegue estabelecer um clima de concentração, sem ser estressante, a cena sai de primeira.

Você está falando de companheiros experientes…

Acho que se você tem um grupo experiente e coloca ao lado dele atores sem tanta experiência eles vão se esforçar dez vezes mais para, pelo menos, não atrapalhar (risos).

O seu personagem será um conquistador?

Vamos dizer que ele terá acesso a um número grande de mulheres (risos).

E você nega o título de galã…

A história diz que o galã era o namorado da mocinha. E o namorado da mocinha tinha que ser bonito. Então, o título de galã ficou como uma coisa pejorativa, o cara que era bonito e mau ator. Gosto de me imaginar como um cara feio e bom ator. Mesmo porque não me acho um caro bonito, não sou meu tipo de homem (risos).

E qual é o seu tipo?

Ah, um Brad Pitt.

Se este rótulo não lhe cabe não é contra-senso aceitar o papel de homem conquistador?

Não, porque é um trabalho de ator. Se não me considero bonito, mas consigo convencer que conquisto aquela mulher que é linda, eu sou um bom ator, não sou? Mas acho que não fiz nunca um personagem que tivesse essa característica única.

Você se acha o bom partido que proclamam por ai?

Proclamam por aí? Ah, que bom (risos)! Os títulos são sempre bem-vindos, eu agradeço. A minha filha mais velha, de 26 anos, toda vez que lê uma notícia dessas me liga e diz: ‘Que povo bom, hein, meu pai?’

Vaidade

‘Tenho a vaidade do personagem. Se o personagem é gordo eu vou ficar vaidoso em ser gordo, minha vaidade vai ser buscar a gordura do personagem. Se ele tem um preparo físico maior, vou atrás disso. Para o Juvenal, como havia um processo de passagem de tempo de 10 anos, optamos fazer a mudança antes. Escurecemos o cabelo e o bigode para a primeira fase. Fora do trabalho, costumo brincar que sou limpinho (risos)’

Carga Pesada

‘Por mim e pelo Stênio nós continuamos com o programa como teríamos continuado há 28 se a Globo não tivesse tirado do ar. Achamos que é um programa que tem mil chances, mil oportunidade de tocar na realidade brasileira, um programa que coloca o trabalhador no ar, Acredito que seja um programa importante. Não sei se ele vai continuar, mas acho que o ‘Carga Pesada’ tem fôlego para mais de 20 anos.’

A volta

‘Faz cinco que eu não fazia novela e posso dizer que deu até uma saudadezinha. Apesar de terem sido cinco anos maravilhosos com o Carga Pesada, a gente gravava só em externas, então era muito gostoso, mas muito cansativo também. Por incrível que pareça, vim descansar em uma novela. Mas agora que estou aqui e já gravei os 10 primeiros capítulos, tenho minhas dúvidas (risos)’’

Keila Jimenez

Duas caras, várias manchetes

‘Aguinaldo Silva, pai de Duas Caras, é um colecionador de notícias. Sempre que vê algo inusitado em jornais e revistas, recorta e guarda. Desses recortes do mundo real sai boa parte da inspiração para o ficcional.

Foi assim em Senhora do Destino, quando utilizou o drama mais do que noticiado do menino Pedrinho, seqüestrado da mãe na maternidade, como base principal da trama. Será assim agora, em Duas Caras, com o homem que aplicou um golpe e trocou de personalidade e rosto (por meio de plásticas), Adalberto Rangel ou Marconi Ferraço, vivido por Dalton Vigh.

Parte do personagem saiu da história de um sujeito que chegou a ser chefe da Censura Federal, até que descobriram que ele era outra pessoa, condenada por um crime gravíssimo. Já a idéia das cirurgias plásticas, admite o autor, veio da história do ex-deputado e ex-ministro José Dirceu, que mudou de rosto para fugir da repressão na época da ditadura.’

Keila Jimenez

‘A Record tem memória curta’

‘Duas Caras, que estréia amanhã na Globo, tem quase 100 personagens. Em conversa com o Estado, o autor Aguinaldo Silva reivindica para si o título de primeiro a apostar em uma favela em novela.

Foi difícil escalar o protagonista de Duas Caras?

Eu queria o Du Moscovis, mas ele não pôde aceitar. Fiquei triste, mas o Wolf (Maya, diretor) me disse que encontraríamos a pessoa certa. Brincando, eu disse que tudo bem, mas que tinha que ser alguém que o nome começasse com a letra ‘D’ (risos). ‘Dalton Vigh’, gritou o Wolf. Adorei a idéia.

Escolha criteriosa, hein?

Muito (risos). Mas deu certo.

Foi idéia sua colocar a Marília Gabriela como mulher de favela?

Eu a queria para o papel que ficou para a Suzana Vieira, a empresária Branca. Mas o Wolf me surpreendeu falando que colocaria a Marília como mulher do povo.

Para chocar?

Acho que sim, o público não está acostumado a vê-la assim.

Novamente vem duelo entre Suzana Vieira e Renata Sorrah?

É , como em Senhora do Destino. Só que agora o público vai torcer por Renata. Ela será a mulher batalhadora, do povo. A Suzana será durona.

E por que Suzana será Branca de novo, como em Por Amor?

Eu já tinha escolhido o nome quando a criei para Marília (Gabriela). Aí trocamos para a Suzana e a Globo falou: ‘Branca de novo?’. Sim, de novo. Só consigo escrever pensando antes no nome do personagem e não vou mudar. Não tem problema que ela já foi Branca, eu não copiaria o Manoel Carlos.

Executivos da Record têm dito que a Globo só vai botar favela em novela depois que eles fizeram a deles em Vidas Opostas.

(risos) Essa é boa. A Record está com problema de memória. Senhora do Destino foi a primeira novela a ter favela. E falo de favela que trata de gente trabalhadora. Essa história de favela que só tem bandido me incomoda. É assim em Cidade dos Homens. Há bandido lá também, mas a maioria é gente batalhadora. E eles querem se ver na TV. Agora, a Record, como está há pouco tempo fazendo dramaturgia, sofre de memória curta. Não sabe que novela se faz desde o tempos da Tupi (risos).’

Shaonny Takaiama

Band refuta o termo ‘novelinha’

‘Uma história de amor permeada por passos de mambo, tango, hip hop, salsa, balé clássico, jazz e sapateado. Esta é a trama de Dance Dance Dance, novela da Band que estréia amanhã, às 20h15, e é inspirada, segundo a emissora, em filmes como Flashdance, Grease e Dirty Dancing. O foco musical e o licenciamento da marca em produtos capazes de seduzir a platéia teen, no entanto, não negam a referência à bem-sucedida receita de High School Musical.

Juliana Baroni é Sofia, a protagonista. Moça do interior, de origem russa, ela tem o sonho de se tornar bailarina da Broadway e de encontrar a mãe, que foi para o exterior.

Sofia segue então para São Paulo. Vai estudar balé na Fundação Verônica Marques. Na capital, conhece Rafael (Ricardo Martins), por quem se apaixona. Mas ele, filho do empresário Lúcio Pimentel (Eduardo Galvão), não contará com a torcida do pai, que prefere como nora a patricinha Amanda.’

Mário Viana

Donas de casa, sem razão, desesperadas

‘A pergunta vem por e-mail, de Campinas: a quem interessa produzir a estranhíssima versão brasileira de Desperate Housewives? Cartaz da Rede TV!, a série Donas de Casa Desesperadas é uma co-produção da emissora brasileira com a americana Disney ABC. No ar, o que vemos é uma dublagem visual da série pioneira. Cenários, figurinos, tramas, ângulos de câmera, é tudo seguido à risca. A quem, afinal, interessa investir dinheiro nessa cópia? Antes de prosseguir a leitura, fica o aviso: eu não sei a resposta.

Até agora a única certeza que se tem é sobre quem saiu ganhando com a versão brasileira: os 13 atores, o diretor e uma parte da equipe técnica (outra parte é co-dividida com Argentina, Colômbia e Equador). A Rede TV!, no material para os jornalistas, diz que aplicou US$ 5 mi na brincadeira, cabendo o restante ao braço da Disney. O.k. Por quê?

Pelo jeito, nenhum dos responsáveis pelo projeto, nos escritórios da Disney nos Estados Unidos, parou para se perguntar: quem são os bons profissionais de TV nesses países? Sinceramente, não faço a menor idéia de como é a TV equatoriana, mas a brasileira, nós sabemos, é capaz de exibir produções muito melhores que essa anêmica reunião de dondocas mal traduzidas. E não é de hoje. Disponíveis em DVD, quaisquer episódios de Malu Mulher (1979) ou Armação Ilimitada (1983/1988) dão de goleada nessa nova série. Até mesmo Mothern, apesar do título bobo e das traminhas frouxas, tem mais apelo.

Embutida nessa produção, reside uma teoria sinistra: os roteiristas verde-amarelos não exibem mais a criatividade de outrora. Digamos que isso seja verdade – não é, mas digamos que. A RedeTV! deglutiu os roteiros originais, chamou um diretor experiente de cinema e botou o trem nos trilhos. O resultado é o que se vê: fraco. Então, não é só uma questão de roteiro, hein? A parte técnica brasileira – direção, cenografia, etc. – também merece ser revisitada. Será?

Há no fundo disso a prepotência primeiro-mundista de negar a nós, do andar de baixo, o direito de fazer uma boa TV. E pior: nós mesmos acreditamos nisso. Eles fazem seriados melhores? Sem dúvida. Os canais pagos provam isso diariamente. Mas nós também fazemos. Por que não ir atrás da nossa produção, como têm feito HBO e GNT? Prefiro mil vezes descobrir quem matou Taís (a essa altura, o Brasil inteiro já sabe) do que saber por que morreu Alice Monteiro (Sônia Braga).’

Etienne Jacintho

Trump e seu robe cor-de-rosa

‘Domingo passado, parei no People+Arts por três horas seguidas! Era maratona de O Aprendiz 5. Vi poucos episódios dessa temporada, mas foi o suficiente para odiar Allie. É incrível como Donald Trump consegue ser ridiculamente divertido. Ele dá broncas com um sorriso no rosto. Impagável. Assisti até ver Allie ser demitida ao lado de Roxanne. Sim, duas demitidas de uma só vez. Não é a primeira vez que o milionário mata dois coelhos com uma cajadada só, mas é sempre engraçado vê-lo em ação. Trump faz aquilo que o público quer ver!

Após a demissão, o prêmio da dupla vencedora foi jantar com os filhos de Trump. E a fofoca foi boa. Um dos aprendizes pediu aos herdeiros: ‘Conte algo sobre Trump que só vocês sabem.’ E Ivanka não titubeou: ‘Ele usa robe rosa.’ Hilário! Imagine Trump de robe rosa…

A vilania no cast de O Aprendiz também é boa. Nessa temporada, Allie era péssima, assim como o palhaço Brent. Porém, ninguém supera a melhor vilã de reality show de todos os tempos, a insuportável Omarosa, uma daquelas vilãs tão boas que o público até gosta. Eu adorava! Mas vilões nunca se dão bem…

Na última edição de America’s Next Top Model, Melrose era a melhor top, mas a mais chata. Chegou na final e perdeu. Tyra Banks me disse que se arrependeu da demissão. Em Project Runway, o metido Keith foi desclassificado por burlar as regras do show. Esses chatos sem graça merecem a forca! Faz tempo que não aparece uma Omarosa para dar mais esperteza aos vilões da vida real! Ah, em terras brasileiras, o Alberto do BBB7 até que tentou… Coitado!’

Roberto Godoy

Ô falta de respeito…

‘Todas ou quase todas as séries campeãs terminaram suas temporadas – e algumas delas não voltarão ao cabo caro. Vários títulos entraram em imediata reapresentação mas, e aí é o nó da questão, misturando episódios muito antigos com outros nem tanto e diversos mais ou menos recentes. Alguém aí do outro lado do balcão pode botar ordem nessa zona? O que custa, caramba, informar por meio da revista Monet, pelos canais de relacionamento ou equivalentes, o que é que estamos pagando para assistir? Ou mesmo tratar de coisas básicas, como uma grade com a data da reestréia dos seriados. O novo Dexter, da Fox, revolucionário até na iluminação, acabou domingo passado. Sem misericórdia: o serial killer do bem mata o irmão, recém saído do passado do personagem mas, diferente dele, um assassino do mal. Para quando está prevista a segunda temporada? Nem o site internacional da exibidora tem a resposta. E só por conta de uma entrevista do ator Kiefer Sutherland, o Jack Bauer, é que se sabe que sai do forno em março o pacote inédito de 24 Horas. Ele será comandado por uma mulher, presidente dos Estados Unidos, enérgica, loura, advogada. Hillary, claro.

Do leitor Ari Silva: ‘o canal AXN precisa dar descanso a Alias. Há episódios de 2002 sendo repetidos. Um saco.’ É.’

Cristina Padiglione

Quem está mentindo?

‘Quinta-feira passada, ao apresentar a inauguração do novo canal da casa, a Record News, o mestre-de-cerimônias da ocasião, Celso Freitas, referiu-se à Record como ‘a segunda emissora mais vista no País’.

Depende. Das 7h às 24h, de segunda a segunda, a Record pode dizer que tomou a vice-liderança do SBT por dois décimos no Painel Nacional de Televisão (PNT) do Ibope no mês de agosto. Já das 6h às 6h, também de segunda a segunda, o SBT ainda canta vitória como vice-líder no Brasil.

Tecnicamente, os dados divulgados por uma e outra representam empate técnico. A Record rufou tambores porque já bate o SBT em São Paulo, praça que lidera os investimentos publicitários no País, há meses. E a TV de Silvio Santos, em reação à Record, sempre se apega ao fato de ainda ocupar a vice-liderança em território nacional.

Procurado pelo Estado, o Ibope esclareceu que nem Record nem SBT estão mentindo ao se proclamarem vice-líderes nacionais. A diferença nos números divulgados por cada uma está justamente na referência de horários distintos.

Nas sete horas descartadas pelas contas da Record, e que favorecem o SBT, a TV de Silvio Santos exibe filmes e bons seriados – como Carnivale e A Sete Palmos, produções da HBO – além do Jornal do SBT Manhã, às 6h05, comandado por Hermano Henning e Analice Nicolau (ex-Jornal das pernas, lembra?) que às vezes até é líder no ibope em São Paulo.

Enquanto isso, a Record dedica a faixa da 1h às 6h justamente aos cultos da Igreja Universal do Reino de Deus. É a Programação IURD, confinada às madrugadas para livrar a rede do vínculo com a Igreja de Edir Macedo.

FINAL DE NOVELA

Marqueteiros da oposição ao crescimento da Record atribuem o bom resultado de agosto ao fim da novela Vidas Opostas, dona da melhor audiência desfilada por um folhetim da emissora.

Mas, antes que o balanço nacional de setembro seja fechado, a Globo, citada pela Record num anúncio publicitário, resolveu reagir. É que a Record, anunciando-se vice nacional, tomou alguns programas da Globo como referência para proclamar que a emissora carioca perdeu 11,8% de audiência de agosto de 2006 a agosto de 2007, enquanto ela, Record, ganhou 50,2% nesse mesmo período.

Ao reagir, a Globo debochou da disputa entre SBT e Record pelo segundo lugar para lembrar que a soma de dados dessas duas não alcança seus índices de liderança.

A briga é boa. E promete novas emoções pelos próximos capítulos.’

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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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