Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O Estado de S. Paulo

MÍDIA & POLÍTICA
O Estado de S. Paulo

Abuso da internet jogou contra prefeito

‘Apesar de ser lembrado pelo prefeito Cesar Maia como o grande fator de sua derrocada política, a ‘trombada’ com o elevado custo dos Jogos Pan-americanos nos cofres públicos descrita por ele não foi o único motivo de desgaste. Entusiasta da internet, o prefeito terminou às voltas com o impacto negativo produzido por sua afinidade com as novas tecnologias de comunicação.

A historiadora Marly Motta, da FGV, critica o uso que o prefeito fez de seu blog na rede, hoje transformado apenas num boletim diário com análises políticas. ‘A internet veio servir muito mais a seu estilo político do que como instrumento eficaz de comunicação’, diz ela. ‘Acho que, pessoalmente, não é um homem de grande exposição.’

Maia não vê a situação dessa forma. Ele diz que, no segundo mandato, reduziu aparições públicas por já se considerar conhecido da população. E lembra que, por problemas de saúde (quebrou duas vértebras em 2002), em 2003 e 2004 chegou ao auge da reclusão. Mesmo assim, afirma, foi reeleito com maioria absoluta dos votos. Ao falar sobre sua afinidade com a internet, recorda que já mantinha comunicação em rede com seus auxiliares, inicialmente via fax, um hábito que acabou dando origem, em 2005, ao blog atualizado ao longo do dia. ‘E fez um sucesso espetacular, além do que eu podia imaginar.’

No Rio, porém, ocorreu um efeito colateral inesperado: muita gente o acusou de abandonar o trabalho para ficar ‘pendurado’ na internet. Ele então transformou o blog em boletim, com apenas uma edição diária, enviada a assinantes. ‘Com a internet, o prefeito acabou se expondo muito’, diz o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS). ‘Em política, não se consegue ser ator e comentarista ao mesmo tempo.’

Outro pesquisador, César Romero Jacob, cientista político da PUC do Rio, acha que o ex-blog foi uma forma de Maia ‘manter sua tropa unida’, mas freqüentemente abordava questões nacionais, indicando que ele se desinteressava da cidade. ‘Nesse sentido, o de desprezar o local pelo nacional, repetiu Brizola e Garotinho.’’

 

FUTURO DOS IMPRESSOS
Celso Ming

Os jornais enfrentam o futuro

‘A crise que chegou aos jornais pouco tem a ver com o tombo em que mergulham os mercados. Alguns dos fatos mais marcantes do ano no segmento chegaram no quarto trimestre. São eles:

Em outubro, o centenário The Christian Science Monitor, em parte financiado pela First Church of Christ Scientist, anunciou que, a partir de 2009, não sairá mais na edição diária impressa. O assinante o receberá online. Apenas a edição de fim de semana virá em papel. É a primeira vez que um grande diário dá esse passo.

No início deste mês, o grupo Tribune, que controla o Los Angeles Times (460 mil exemplares diários) e o Chicago Tribune (864 mil), mais dez diários e 23 canais de TV, encaminhou à corte federal de Delaware pedido de concordata. O grupo possui uma dívida de US$ 13 bilhões; o patrimônio é de US$ 7,6 bilhões.

Também em dezembro, o New York Times informou que teve de hipotecar o edifício-sede, em Manhattan, para garantir o empréstimo de US$ 225 milhões, tomado para equilibrar as finanças. Seu editor-executivo, Bill Keller, não esconde a tirania dos custos: ‘Bom jornalismo é caro. Não há blogs ou sites com acesso grátis pela internet que sustentem sucursal em Bagdá.’

O caroço da crise não é o declínio dos anúncios, embora ele também exista. (A consultoria ZenightOptimedia aponta queda nos Estados Unidos de 3,8% neste ano em relação a 2007 e projeta queda de 6,2% em 2009 em relação a 2008.) O problema é a aparentemente inexorável migração do leitor para a internet, como, de resto, já avisou o New York Times.

Mas as coisas não param por aí. Os números variam de caso a caso, mas pode-se aceitar que cerca de 60% dos custos de um grande jornal se concentram em três áreas: papel, distribuição e impressão. E, espantosamente, esses custos podem desaparecer se o jornal passar a ser veiculado apenas pela internet.

Algo parecido ocorreu no cinema. Quando o filme passou à ser rodado em tecnologia digital, a indústria do cinema não teve mais de pagar cerca de US$ 3 mil por cópia (podem ser necessárias mais de 40 para cobrir um grande lançamento em São Paulo) nem gastar dinheiro grosso com transporte e armazenagem. O filme chega para as redes de exibição pela internet. O custo da indústria caiu entre 60% e 70%.

O leitor está acostumado a receber diariamente seu jornal à porta ou a comprá-lo na banca. Nada parece capaz de substituir esse ritual. Mas a concorrência da internet parece inexorável.

Há algumas semanas, um analista americano chamava a atenção para o que ocorreu no dia seguinte ao da eleição de Barack Obama. Os jornais não conseguiram apresentar uma única informação que não fosse do conhecimento geral e não tivesse sido veiculada antes por TV, rádio e internet.

Além disso, tudo se passa como se as pessoas tivessem necessidade limitadas de informação. Acham que sabem o que se passa e têm opinião formada sobre tudo, como no futebol. Esta síndrome pode apressar a mudança. O problema é que ninguém sabe como se fará a transição nem a partir de quando ficará inevitável.

Em todo o caso, nada será como é hoje. Um jornal online é outro produto. Mesmo se encontrar um jeito de continuar impresso, o jornal do futuro terá de ser substancialmente diferente do que é hoje.’

 

RÁDIO
Ethevaldo Siqueira

Hélio Costa abandona projeto de rádio digital

‘A mudança de posição foi radical. Depois de ter defendido abertamente durante quase três anos e meio o padrão de rádio digital norte-americano (Iboc ou HD), apresentando-o como o único aceitável para o Brasil, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, acaba de retirar seu apoio àquela tecnologia, também preferida pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). O ministro reconhece agora o que todos os técnicos independentes vinham afirmando desde 2006: em todo o mundo, a tecnologia de rádio digital ainda tem muitos problemas que não permitem sua adoção no Brasil.

O recuo de Hélio Costa, embora tardio, é um fato positivo, pois seria muito pior se o País adotasse o padrão Iboc. O maior prejuízo ficaria com as 5 mil emissoras de rádio brasileiras, que seriam levadas a investir numa tecnologia que aindafunciona precariamente. O que mais estranhou os observadores nesse episódio foi a posição da Abert, ao defender apaixonadamente o padrão norte-americano, mesmo diante da comprovação de seus problemas.

MARCHA A RÉ

Hélio Costa anunciou sua nova posição no domingo passado, em artigo no jornal O Estado de Minas (leia-o no site Caros Ouvintes, http://www.carosouvintes.org.br/blog/?p=2111), em resposta à jornalista e professora Nair Prata, que havia cobrado do ministro, no início de dezembro, o cumprimento de suas promessas quanto ao rádio digital. Entre as diversas opiniões citadas no artigo de Hélio Costa, uma das mais convincentes foi a de Sarah McBride, editora de tecnologia do Wall Street Journal (http://online.wsj.com/article/SB122575904804195337.html).

Na realidade, o jornal norte-americano apenas confirmou a conclusão já conhecida havia muito tempo: depois de quase 5 anos de introdução nos Estados Unidos, a nova tecnologia digital não conta hoje sequer com 10% da adesão das emissoras. Para se ter idéia da baixa penetração do rádio digital nos Estados Unidos, basta lembrar que, do lado dos ouvintes, mesmo com preços subsidiados, apenas 0,15% da população norte-americana adquiriu seu receptor digital.

PROBLEMAS

Uma das características do padrão conhecido pelo nome de In Band on Channel (Iboc) ou HD Radio, criado pela empresa Ibiquity, é utilizar o mesmo canal de freqüência para transmitir um único programa, simultaneamente, tanto no modo analógico quanto no digital. A idéia é excelente, mas, até agora, o sistema não tem funcionado de forma satisfatória.

Nas transmissões em AM e FM, o padrão Iboc apresenta, entre outros, o problema do atraso (delay) de 8 segundos do sinal digital, em relação ao analógico. Como o alcance do sinal digital é menor do que o analógico, nos limites de sua propagação, a sintonia oscila entre um e outro, com grande desconforto para o ouvinte.

Embora pareça ser a grande saída, a idéia de usar o mesmo canal para transmissões analógicas e digitais, adotada pela empresa Ibiquity, não tem tido sucesso na prática. O fato indiscutível é que essa tecnologia ainda não está madura e apresenta diversos problemas sérios, como a impossibilidade de se utilizarem receptores portáteis – pois o consumo de energia é tão elevado que as baterias se descarregam em poucas horas.

Na Europa, outras tecnologias têm sido propostas em faixas de freqüências exclusivas para o rádio digital, o que, no entanto, obrigaria à troca de todos os receptores. Conclusão: ainda temos que esperar que o mundo desenvolva uma solução melhor para a digitalização do rádio.

ANÚNCIOS PRECOCES

O ministro Hélio Costa, desde que tomou posse no Ministério das Comunicações, em julho de 2005, tem anunciado numerosos projetos puramente imaginários que nunca se concretizam ou que se revelam inviáveis. Na abertura do evento internacional Américas Telecom, em outubro de 2005, em Salvador (Bahia), ele anunciou que o Brasil já vivia ‘a era do rádio digital’ (quando apenas algumas emissoras iniciavam os primeiros testes com o padrão norte-americano HD Radio ou Iboc). Na mesma ocasião, anunciou ao auditório que a Grande São Paulo veria as imagens da Copa do Mundo de 2006 com imagens da TV digital, que só entrou no ar em 2 dezembro de 2007. Entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura, em 2005, afirmou categoricamente que o Ministério das Comunicações iria investir não apenas o montante de R$ 600 milhões anuais dos recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), bem como o saldo acumulado então superior a R$ 4 bilhões. Até hoje o Brasil não utilizou praticamente nada do Fust. No ano de 2006, o ministro garantiu que o Japão havia concordado em instalar uma indústria de semicondutores (circuitos microeletrônicos) no Brasil, em contrapartida à escolha do padrão de TV digital nipo-brasileiro. Na verdade, o Japão jamais prometeu essa fábrica.

No caso do rádio digital Iboc, o ministro Hélio Costa chegou a sugerir que a indústria brasileira se associasse com a norte-americana Ibiquity, para produzir equipamentos no Brasil, com o eventual apoio do BNDES.’

 

JORNALISMO CULTURAL
Daniel Piza

Balanços, promessas e simpatias

‘Nesta época somos quase coagidos a fazer um balanço do que foi o ano, por causa das festas e férias, a empilhar promessas que mal serão cumpridas – emagrecer cinco quilos, ler mais livros, reencontrar aquele velho amigo – e, pior, a levar a sério as simpatias como pular ondas e comer uvas. Revistas se enchem de artigos conservadores sobre a necessidade da fé para sobreviver num mundo violento. E as TVs vêm com seus ‘especiais’ dominados por musiquinhas açucaradas. É como se encarar a passagem de ano como um simples período de descanso, em que as crianças ficam felizes com os presentes e podemos comer e beber mais à vontade, fosse pouco. A humanidade que teima em pregar idílios é a que não sabe se satisfazer com os prazeres simples da vida. E tome xaropada, dia e noite, até a quarta-feira de cinzas…

A natureza e os políticos não estão nem aí para o calendário festivo. As enchentes continuam revelando a incompetência urbana em criar mais áreas permeáveis e evitar ocupação de morros. Governos como o brasileiro aproveitam a calada do réveillon para lançar pacotes que aumentem as despesas públicas e/ou os impostos que pagamos. E, por mais que desestressar seja importante, qualquer olhar realista sobre 2009 não se deixa iludir. EUA, Europa e Japão estão em recessão; emergentes como China e Brasil crescerão em ritmo bem mais lento, talvez à metade do anterior. Aqui, para complicar, a fraqueza da moeda e a dependência de commodities se traduzem num dólar alto, e a ‘marolinha’ já provoca demissões, fugas de capital, quedas no consumo. A noção de que o Brasil cresce graças ao mercado interno foi fazer companhia a Papai Noel.

Coisas boas acontecem também. Barack Obama não vai realizar nem 10% do que as pessoas esperam que realize, mas, além de uma equipe experiente, ele já anunciou medidas que aliviam o mal-estar deixado por Bush, como a liberação das pesquisas com célula-tronco e o fechamento da prisão de Guantánamo. Gordon Brown, o primeiro-ministro britânico que já tinha feito o pacote mais inteligente para combater a crise financeira, declarou agora que vai tirar suas tropas do Iraque. E o problema principal da economia, a excessiva desregulamentação que permitiu até ‘pirâmides da sorte’, foi identificado – e só em mentes arcaicas resiste a opinião de que o capitalismo morreu, como se o mundo não estivesse melhor hoje do que estava em 1989. Como se vê nas listas de melhores livros, CDs e filmes, tampouco o apocalipse cultural previsto por fascistas e marxistas aconteceu. Há vigor e variedade, sim.

Contabilidades de réveillon, claro, costumam ser egoístas. Fulano quer saber se tem dinheiro no banco, mulher na cama e prestígio na sociedade, não se o país e a humanidade vão bem ou mal. Eu, por exemplo, poderia me queixar da perda de um emprego ou de outras coisas que doem no orçamento e na vaidade. Mas só posso ficar satisfeito com um ano em que fiz duas dúzias de palestras sobre Machado de Assis, inclusive para centenas de adolescentes que prestavam duas horas de atenção contínua, publiquei mais um livro e trabalhei em lugares como China e Antártica. A retórica e o consumismo dos tempos servem apenas para que se esqueça o que é substantivo – como a educação e as amizades – e o que é adjetivo. Reveja 2008, prometa pouco, deixe de crendices. O que vale nem sempre se mede.

REVISÕES DA AMÉRICA

Citei na semana retrasada a biografia Traitor to his Class, de H.W. Brands, sobre F.D. Roosevelt. O título é meio forçado: Roosevelt seria um ‘traidor de sua classe’ porque nasceu em berço de ouro e governou em nome do bem-estar coletivo. O melhor do livro é justamente a descrição de suas oscilações na presidência dos EUA. Brands deixa claro que Roosevelt era um defensor do capitalismo democrático, anti-socialista, e que era contra os especuladores que deixavam de investir durante a depressão. Mostra sua troca de cartas com Keynes e como entendeu a importância de o Estado investir em infra-estrutura para reanimar a demanda. Mas também descreve, como na troca de cartas com Churchill, o interesse de Roosevelt em entrar na Segunda Guerra Mundial para encontrar o impulso e o comprador que de fato tirariam os EUA da crise… Não posso imaginar leitura mais urgente, inclusive no Brasil, onde a mística do New Deal persiste e o governo tem falado em investir mais na infra-estrutura – como se tivesse dinheiro e como se o PAC andasse a passos largos.

O livro New Art City, de Jed Perl (Companhia das Letras), também é muito bom. É sobre como Nova York se tornou capital cultural do pós-guerra, com ênfase na produção e no debate das artes visuais. O holandês De Kooning, meu predileto, e Jackson Pollock são os principais nomes dessa geração que renovou o modernismo importado da Europa dando-lhe uma energia bem americana, neo-romântica, e pondo a cidade na vanguarda do mundo. Os críticos que promoviam e interpretavam essa arte eram os três ‘bergs’: Harold Rosenberg, meu predileto, Clement Greenberg e Leo Steinberg, cuja coletânea Outros Critérios (Cosac Naify) é um destaque editorial de 2008 que esqueci de mencionar. Perl passeia pelo comportamento, pela economia, pela intelectualidade, pelo estabelecimento do MoMA, pela escultura do grande David Smith, pela arte de Guston, Gorky, Rauschenberg e outros imigrantes ou descendentes. Faz, enfim, um brilhante recorte na história cultural de Nova York, ainda por merecer panorâmica maior.

RODAPÉ (1)

O libreto de Ian McEwan citado também na coluna retrasada, For You, está traduzido por José Rubens Siqueira na mais recente versão brasileira da revista Granta. Essa edição comemorativa do centésimo número, lançado na Inglaterra no ano passado, está cheia de outros grandes nomes. Há bons contos de Doris Lessing, Hanif Kureishi e Julian Barnes e um ensaio de Salman Rushdie, para citar meus destaques. Mas há também nomes menos conhecidos como Lucy Eyre, que escreve sobre o ‘safári humano’, a deprimente moda turística de observar tribos africanas como se pessoas fossem paisagens, e Isabel Hilton, sobre a Groenlândia, terra mais afetada pelo aquecimento global.

RODAPÉ (2)

Demorei um pouco para ler O Homem que Queria Salvar o Mundo, de Samantha Power (Companhia das Letras), biografia de Sérgio Vieira de Mello, porque tinha lido trechos e assistido a entrevistas que, assim como o título, me fizeram imaginar que seria mais uma hagiografia. Mas não. Embora o livro se detenha demais nas atividades diplomáticas, mostrando pouco sua personalidade ou suas leituras, a autora mostra como havia resquícios de seu idealismo juvenil, antiimperialista, em suas missões em lugares como Kosovo, Timor, Camboja e Iraque. E diz que ele terminou soterrado pelo peso da ONU, a qual defendia sem meios tons (como na réplica ao filósofo Bernard Henri-Lévy), e todos sabemos quanto a ética de seu chefe Kofi Annan e a estrutura burocrática e lenta da instituição mereceram as muitas críticas. Mas ela também mostra seu pragmatismo, sua habilidade e sua coragem raras, na ONU ou fora dela.

ZAPPING

É Michel Gondry, não Charles (Charles é seu ex-parceiro, Charlie Kaufman), como escrevi na semana passada. Alice sai de Tocantins, não de Goiânia. E a novela, claro, se chama A Favorita. Esqueci também de chamar atenção para alguns diálogos difíceis de ver em rocambole audiovisual como um entre Donatella e Gonçalo quando este descobriu a verdade sobre Flora: ele observou que nosso país tem uma ‘cultura do coitadinho’ e Flora, fingindo ser a vítima frágil, tomou o lugar de Donatella, mulher forte que, por isso, era considerada ‘arrogante’. Touché!

POR QUE NÃO ME UFANO

Vejo uma discussão boba sobre se o jornalismo cultural era melhor nos anos 80. Certamente havia mais opinião e ousadia; hoje o domínio é do ‘serviço’, isto é, da agenda de eventos tratada em tom de press-release, de divulgação com oba-oba. Mas nos anos 80 também havia muita ingenuidade, uma mentalidade juvenil em que tudo que vinha de fora era bom, até mesmo banda que só existia em playback… E a picaretagem? Pepe Escobar, por exemplo, foi pego em vários plágios, muito mais numerosos que os de Jayson Blair. Na década seguinte, seguramos seu emprego até onde pudemos. Paulo Francis dizia que ele tinha talento e não caráter. Hoje o talento, limitado, sumiu; o caráter continua desaparecido. Esse tipo de jornalismo felizmente já não cola.

INTÉ

Esta coluna se ausenta por duas semanas. Bom descanso.’

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