CAMPANHA
Marina mira internet para compensar TV
‘Diante da perspectiva de enfrentar uma janela de tempo estreitíssima no horário gratuito da propaganda eleitoral na TV, os responsáveis pelo marketing político da pré-candidata do PV à Presidência, Marina Silva, miram a internet com avidez. Já criaram um blog para a senadora, montaram um perfil no Facebook e a puseram no Twitter – para que possa se comunicar de maneira mais direta e rápida com eleitores.
Ainda são trabalhos experimentais, que passarão por completa reformulação nas próximas semanas. Mas tanto o blog quanto o Twitter já permitem à senadora debater de maneira mais ampla assuntos delicados e polêmicos – como o aborto e o ensino do criacionismo nas escolas – e também expor publicamente aspectos de sua vida privada.
Os 4.680 seguidores da senadora no Twitter (número registrado até a sexta-feira à noite) já sabem, por exemplo, que ela não come carne vermelha, doces, frituras, nem refrigerantes. Ela também contou que passou os feriados de carnaval cuidando de coisas na sua casa. Foi ao supermercado três vezes, costurou, consertou um colar quebrado e cuidou de sua fé, fazendo preleções religiosas em dois encontros de jovens da Assembleia de Deus, igreja da qual ela faz parte.
Isso é comum. Segundo especialistas no assunto, as comunidades virtuais do Twitter, que permite compartilhamento de mensagens curtas, com até 140 caracteres, destinam-se sobretudo a aproximar e criar certa intimidade com seus membros. O governador José Serra, virtual candidato do PSDB à Presidência, sabe bem disso.
Ele conversa com seus 166.470 seguidores de maneira extraordinariamente informal. Dá dicas sobre filmes, conta que músicas está ouvindo e relata passo a passo suas viagens.
No blog, conectado ao Twitter, Marina pode aprofundar a conversa. E até agora não demonstra receio de tocar em assuntos polêmicos. Em relação à descriminalização do aborto, reivindicada por parcelas da sociedade brasileira, informa que a decisão cabe ao Congresso. Mas defende que, pela complexidade da questão, o melhor seria o eleitor decidir diretamente, por meio de plebiscito.
Com receio de que, na campanha, algumas versões de fatos se tornem mais importantes que os próprios fatos, ela criou dentro do blog um janela com o nome Versões & Fatos. Foi ali que explicou na sexta-feira que não é a favor do ensino do criacionismo em todas as escolas – como teria sido veiculado por alguns meios de comunicação.
O que ela defende é que as escolas confessionais ou religiosas possam ensinar o criacionismo, desde que também apresentem aos estudantes os princípios de teoria evolucionista de Charles Darwin. Segundo a senadora, isso permitirá ao estudante ‘formar seu próprio pensamento depois.’’
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