Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O Estado de S. Paulo

TELEVISÃO
Keila Jimenez

PlayboyTV invade canal kids

‘Pais americanos que costumam deixar seus filhos tranquilamente assistindo a desenhos em um canal pago infantil levaram um susto na manhã de terça-feira. Os canais Kids On Demand e Kids Preschool On Demand exibiram, por causa de uma falha técnica, durante duas horas seguidas (das 6h às 8h), imagens do canal erótico Playboy TV. A operadora responsável pelos canais, a Time Warner Cable, TWC, só percebeu a falha após inúmeros telefonemas de pais aflitos com a confusão.

No momento da troca, um desenho de super-heróis foi substituído por um menu que dava acesso a vídeos de mulheres nuas para serem baixados. Além de pedir desculpas publicamente, a TWC promete conversar com seus assinantes para explicar o ocorrido.

A seguir, as porradas dos próximos capítulos: as duplas Marcos (José Mayer) e Bruno (Thiago Lacerda), e Helena (Taís Araújo) e Dora (Giovanna Antonelli) vão se estapear em Viver a Vida, a novela da Globo.

Filmes e até a Supernanny estão sendo cogitados no SBT para assumirem o horário do Show da Gente, que deixa a grade em abril.

A Consumídia diz que não tem nenhuma participação no contrato de trabalho dos funcionários do Show da Gente. Segundo a empresa, o pagamento deles cabe somente à emissora. A Consumídia apenas comercializa merchandisings no programa de Netinho.

Operação de Risco, reality show policial da RedeTV!, virou livro. A obra traz fotos e as histórias do formato da Medialand.

Na Band, há os que acreditam que, mesmo prestes a perder o seu programa, Adriane Galisteu não faz parte do mesmo barco de Daniella Cicarelli e Lorena Calábria: o sem rumo. O contrato da loira com o canal vai até o final do ano.

‘Cobrir não, porque o Serginho não cobre nada…’ Piada assumidamente de mau gosto de Pedro Bial, anteontem, no BBB 10, ao falar para os confinados que o Mais Você iria cobrir (acompanhar) a viagem dos BBBs Fernanda e Serginho. O reality também bateu recorde das quintas-feiras: registrou média de 34 pontos.

Amor & Sexo, de Fernanda Lima, volta ao ar em segunda temporada na Globo, no segundo semestre, com novos quadros.

Betty Faria manda avisar a oposição que está mais do que satisfeita com o visual de sua personagem na novela Uma Rosa com Amor, exibida pelo SBT.

Os desenhos Uma Escola para Cachorro e Os Pequenos Cientistas estão entre as novidades da TV Cultura para a turma dos 3 aos 6 anos, que estreiam em abril.’

 

Etienne Jacintho

Jamie Oliver em início de carreira

‘Jamie Oliver, um garoto com dislexia, nunca foi bem na escola. Já com a culinária, criou intimidade desde cedo. Seus pais tinham um pub e Jamie, uma banda. Da escola de gastronomia em Westminster ao estrelato foi um pulo. Quando uma produtora viu o simpático estudante, que trabalhava em um restaurante, percebeu seu potencial e o convidou para fazer o programa Naked Chef, que estreou no Reino Unido em 1998.

Naked Chef teve apenas duas temporadas, mas rendeu a Jamie Oliver a fama e seus quatro primeiros livros de receitas: The Naked Chef, The Return of the Naked Chef, Happy Days with the Naked Chef e The Naked Chef Takes Off. Daí em diante, Jamie não parou mais e é hoje talvez o maior representante do tema na TV mundial. Sua banda até deu certo por um tempo, impulsionada pelo sucesso do chef. Mas logo Jamie ficou sem tempo para fazer música e escolheu a cozinha.

No Brasil, o GNT já exibiu várias séries protagonizadas pelo chef, mas, pela primeira vez traz os episódios que marcam o debut de Jamie Oliver. The Naked Chef estreia hoje no canal pago. No capítulo que abre a série, Oliver prepara um cordeiro assado e um caldo de frutos do mar.’

 

CENSURA
Cláudia Trevisan

Google prepara-se para deixar a China

‘O Google, maior site de buscas do mundo, poderá encerrar suas operações na China em 10 de abril, segundo reportagem veiculada ontem pelo jornal estatal China Business News. De acordo com a publicação, a empresa americana poderá fazer na segunda-feira um anúncio oficial de seus planos em relação ao país asiático.

Em 12 de janeiro, a companhia surpreendeu o governo de Pequim e o mundo com o anúncio de que poderia fechar o google.cn, seu site em chinês, caso não chegasse a um acordo com as autoridades locais para operar sem o crivo da censura.

Desde então, representantes do governo afirmaram em diversas ocasiões que empresas estrangeiras devem obedecer às leis do país e deixaram claro que não há possibilidade de acordo com o Google nesse ponto.

Apesar de ter condicionado sua permanência no país à suspensão da censura, o site apontou como razão para sua possível saída uma série de ataques de hackers que operam na China.

O comunicado, divulgado em janeiro, afirma que essas ações levaram ao roubo de propriedade intelectual do Google e atingiram pelo menos outras 20 companhias americanas.

A eventual saída da China de uma das maiores empresas do mundo representa um duro golpe para a imagem do país como destino preferencial de investimentos estrangeiros.

Essa posição começou a ser abalada em agosto, quando quatro executivos da mineradora australiana Rio Tinto foram presos sob a acusação de roubar segredos de Estado. Posteriormente, a denúncia foi modificada para corrupção e roubo de segredo de empresas, punidos com penas mais brandas.

O julgamento dos funcionários da Rio Tinto está marcado para a segunda-feira e será observado de perto por empresas estrangeiras que realizam negócios na China, onde o Judiciário não possui nenhuma independência em relação ao Partido Comunista.

O caso Google também aumentou as tensões entre a China e os Estados Unidos. Depois que a empresa anunciou que poderia deixar o país asiático, a secretária americana de Estado, Hillary Clinton, fez um duro discurso em defesa da liberdade do fluxo de informações na internet, no qual criticou nominalmente a China.’

 

ÁFRICA
Adaobi Tricia Nwaubani

Na Nigéria, não há mais más notícias

‘Já ouvi pessoas comentando que nós, os nigerianos, somos o povo mais feliz da Terra. Somos também acusados de nos manter passivos diante de questões que em outros países seriam o estopim de revoluções.

Um exemplo: faz pouco mais de uma semana desde que episódios de violência étnico-religiosa deixaram centenas de mortos nas imediações de Jos, uma cidade na região central da Nigéria, mas o massacre de nossos concidadãos parece já ter sumido das manchetes locais e das conversas entre os nigerianos. A reação geral diante do anúncio de que a polícia tinha detido alguns dos assassinos parece ser ‘Ah, é mesmo?’. Poucos dentre meus conhecidos nem sequer se importam com o que os brutos têm a dizer em defesa própria.

Alguém chamou isso de ‘amnésia nigeriana’ – a tendência de bloquear os traumas nacionais observada entre os nigerianos. Na verdade, se não fossem as constantes reportagens veiculadas nas redes de TV BBC e CNN, ninguém lembraria que centenas de nigerianos inocentes, mulheres e crianças, foram massacrados enquanto dormiam naquela noite de domingo.

Quando olho para a TV da redação onde trabalho, em geral vejo um repórter estrangeiro com expressão extremamente grave, com cenas de Jos passando ao fundo. A cada vez que a Nigéria passa por um episódio de violência, parecemos nos calar enquanto o restante do mundo fixa a atenção no problema.

Talvez seja compreensível que tenhamos começado a nos ressentir destes jornalistas estrangeiros que insistem em se concentrar nos nossos desastres. ‘Estas pessoas nunca trazem notícias positivas sobre a Nigéria’, diz um colega. ‘É questão de pura malícia. Eles têm uma imagem específica da África que querem retratar repetidamente ao mundo.’

Minha amiga Ruona tem uma teoria para explicar por que não reagimos de forma mais enérgica: os nigerianos são obrigados a encarar a carnificina o tempo todo – tornamo-nos acostumados à violência e por isso a tratamos com indiferença -, enquanto a mídia ocidental a vê com um olhar novo.

Mas, mesmo que decidíssemos levar nossas calamidades mais a sério, os acontecimentos de Jos, por mais terríveis que tenham sido, teriam de esperar sua vez. Enquanto Jos é afetada por episódios de violência étnico-religiosa, as pessoas do Estado de Ebonyi, que falam o mesmo idioma e partilham da mesma religião, estão matando umas às outras na disputa pelos recursos naturais.

Militantes descontentes no Delta do Rio Níger ameaçam aleijar a economia por meio de atos de vandalismo contra os oleodutos. Políticos são assassinados rotineiramente no oeste do país; os pais e mães de filhos prósperos são sequestrados e trocados por resgate no leste. E sabemos que é apenas questão de tempo até que haja no norte a erupção de novos distúrbios entre muçulmanos e cristãos.

Nosso país é um dos maiores produtores mundiais de petróleo bruto, e ainda assim uma debilitante escassez de combustível nos assola, e as pessoas brincam dizendo que as filas nos postos de gasolina se estendem até Calcutá.

E a quem podemos nos queixar? Apesar dos boatos de que o presidente Umaru Yar’Adua – que não é visto em público desde que partiu para a Arábia Saudita em novembro para cuidar da saúde – tenha sofrido morte cerebral, sua devotada mulher e um leal círculo dos membros de sua tribo parecem bastante contentes em governar no lugar dele.

Lamentamos por aqueles que morreram em Jos e também pelos sobreviventes. Estamos todos perturbados com a sequência de desastres que os acometeu. Mas tomamos o cuidado de não produzir em nós mesmos uma overdose de agonia. Até os psicólogos reconhecem que a amnésia pode ser um mecanismo de defesa, útil para a preservação da sanidade.

Tradução de Augusto Calil

Escritora e editora do jornal nigeriano ‘Next’’

 

INTERNET
Reuters

Viacom acusa Google de permitir vídeos ilegais no YouTube

‘A Viacom acusou o Google de fechar os olhos a vídeos ilegais no site do YouTube, em um esforço para atrair audiência, de acordo com documentos judiciais divulgados ontem. A Viacom, empresa que controla as redes de TV a cabo MTV e Comedy Central, alegou, entre outras coisas, que executivos do Google e do YouTube estavam cientes de que vídeos estavam sendo postados ilegalmente no site, e nada faziam para impedi-lo. E, em certos casos, acusa a empresa, eles teriam violado a lei ao disponibilizar eles mesmos vídeos protegidos por direitos autorais.

‘O YouTube foi construído intencionalmente sob a violação de direitos, e existem incontáveis comunicações internas da empresa demonstrando que os fundadores do YouTube e seus funcionários tinham por objetivo lucrar com essas violações’, afirmou a Viacom em comunicado na quinta-feira, quando os documentos foram divulgados.

O Google rebateu a acusação alegando que os executivos da Viacom continuam enviando conteúdo sigilosamente para o YouTube, mesmo depois que a companhia de mídia abriu processo de US$ 1 bilhão contra o site por violação de direitos autorais, em 2007. Segundo o Google, a Viacom teria utilizado o site para promover sua programação de TV a cabo.

Mensagem suspeita. Como parte de suas provas, a Viacom apresentou trechos de e-mails trocados em 2005 entre os cofundadores do YouTube, Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim, antes de vender o site para o Google. Os trechos sugerem que pelo menos um deles estava mais preocupado em abastecer o site com vídeos piratas do que em cumprir a lei.

Em mensagem de 19 de julho de 2005, por exemplo, Chen escreveu a Karim, com cópia para Hurley, que ‘teremos dificuldades para defender que não somos judicialmente responsáveis pelo material sob direitos autorais presente no site, alegando que não fomos nós que o subimos (postamos), quando um dos cofundadores rouba conteúdo abertamente de outros sites e tenta convencer a todos que o assistam’.

Zahavah Levine, diretor jurídico do YouTube, afirma em post no blog da empresa que a petição da Viacom ‘interpreta de maneira isolada certos trechos de umas poucas mensagens de e-mail.’ O Google deve alegar que executivos da Viacom continuaram subindo material para o YouTube. ‘A Viacom muitas vezes deixou no site vídeos de seus programas subidos por usuários para o YouTube.’’

 

Steve Lohr

Na internet, privacidade desaparece aos poucos

‘Se um estranho o abordasse numa rua, você lhe daria seu nome, número da Previdência Social e endereço de e-mail? Provavelmente não.

No entanto, as pessoas frequentemente disponibilizam toda sorte de informações pessoais na internet que permitem que esses dados sejam deduzidos. Serviços como Facebook, Twitter e Flickr são oceanos de minúcias pessoais – cumprimentos de aniversário enviados e recebidos, fofocas de escola e de trabalho, fotos de férias familiares, filmes assistidos e livros lidos.

Cientistas da computação e especialistas políticos dizem que esses pedaços pequenos, aparentemente inócuos, de autoexposição podem ser cada vez mais coletados e remontados por computadores para ajudar a criar um quadro completo da identidade de uma pessoa, chegando às vezes ao seu número da Previdência Social.

‘A tecnologia tornou obsoleta a definição convencional de informações pessoalmente identificáveis’, disse Maneesha Mithal, diretora executiva da divisão de privacidade da Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês).

Num projeto de classe no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Carter Jernigan e Behram Mistree analisaram mais de 4 mil perfis de alunos do MIT no Facebook, incluindo conexões entre amigos online. A dupla criou um software que previu, com uma precisão de 78%, se um perfil pertencia a um homossexual. A técnica foi verificada usando um grupo de alunos que haviam livremente se identificado como homossexuais.

Por enquanto, esse tipo de garimpo de dados, que depende de correlações estatísticas sofisticadas para construir dossiês individuais, pertence principalmente ao reino dos pesquisadores universitários, e não a ladrões de identidade e marqueteiros.

Mas a FTC está preocupada porque as leis e regulamentos que protegem a privacidade não acompanharam a mudança tecnológica, e a agência realizou esta semana o terceiro de três workshops para tratar justamente desse assunto.

Suas preocupações são de longo alcance. No do ano passado, a Netflix, empresa que recebe pedidos de aluguel de vídeo por e-mail e entrega os vídeos em domicílio, entregou US$ 1 milhão a uma equipe de estatísticos e cientistas da computação que venceu um concurso de três anos para analisar o histórico de aluguel de filmes de 500 mil assinantes e melhorar a acuidade de previsão do software de recomendação da Netflix em pelo menos 10%.

Na semana passada, a Netflix comunicou que estava engavetando planos para um segundo concurso – curvando-se às preocupações sobre privacidade colocadas pela FTC e um litigante privado. Em 2008, dois pesquisadores da Universidade do Texas mostraram que os dados de clientes liberados para aquele primeiro concurso, apesar de desprovidos de nomes e outras informações de identificação, poderiam com frequência ser identificados pela análise estatística dos distintos padrões de classificação e recomendações de filmes.

Nas redes de relacionamento social, as pessoas podem aumentar suas defesas contra a identificação adotando controles estritos de privacidade sobre informações em perfis pessoais. Mas as ações de um indivíduo, segundo os pesquisadores, raramente são suficientes para proteger a privacidade no mundo interconectado da internet.

A pessoa pode não expor informações pessoais, mas seus amigos e colegas online podem fazê-lo em lugar dela, referindo-se a sua escola ou empregador, gênero, local e interesses. Os padrões de comunicação são reveladores, dizem os pesquisadores.

‘A privacidade já não é uma questão individual’, disse Harold Abelson, o professor de ciência da computação no MIT. ‘No mundo online de hoje, o que sua mãe lhe disse é verdade, só que mais ainda: as pessoas realmente podem julgá-lo por seus amigos.’ Quando são reunidas, as informações sobre cada indivíduo podem formar uma ‘assinatura social’ distinta, segundo os pesquisadores.

Identificação. O poder de computadores de identificar pessoas partindo apenas de padrões sociais foi demonstrado no ano passado em um estudo da mesma dupla de pesquisadores que ‘arrombou’ a base de dados anônimos da Netflix: Vitaly Shmatikov, um professor adjunto de ciência da computação na Universidade do Texas, e Arevind Narayanan, pesquisador em pós-graduação na Universidade Stanford.

Ao examinar correlações entre várias contas online, os cientistas mostraram que podiam identificar mais de 30% dos usuários tanto do serviço de microblogs Twitter como no Flickr, apesar de as contas terem sido despidas de informações identificadoras como os nomes e endereços de e-mail das contas. Na primeira rede, os internautas deixam comentários sobre o que estão fazendo e divulgam ideias. No Flickr, os usuários compartilham fotos online.

Ainda mais enervante para os advogados da privacidade é o trabalho de dois pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon. Em um estudo publicado no ano passado, Alessandro Acquisti e Ralph Gross mostraram que podem apontam com precisão os nove dígitos que compõem o número do Seguro Social de 8,5% das pessoas nascidas nos Estados Unidos entre 1989 e 2003 – o que significa cerca de 5 milhões de indivíduos.

Tradução de Celso M. Paciornik’

 

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