Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O Estado de S. Paulo

LIBERDADE
Gaudêncio Torquato

Curvas nos caminhos da liberdade

A liberdade de expressão e a liberdade de imprensa, ao lado do livre exercício da religião, do direito de as pessoas se reunirem e poderem reivindicar reparações às ofensas recebidas, constituem o lume da democracia moderna. Essas liberdades são objeto da Primeira Emenda à Constituição americana. Em 1791, Thomas Jefferson, impressionado pelos acontecimentos que vivenciara na França em 1789, onde era embaixador, propôs que a Carta abrigasse dez artigos (Bill of Rights). Desde então, esse ideário patrocinado pelas Revoluções Francesa e Americana tem sido o facho que ilumina as democracias contemporâneas, servindo, ainda, de baliza para enquadrar regimes que tentam, de forma aberta ou latente, negar ou escamotear seus valores. As Constituições democráticas abrem grandes espaços para o escopo das liberdades e dos direitos à informação.

O Brasil é um exemplo de país que disseminou a semente dos direitos. O inciso XIV do artigo 5.º da Constituição assegura o acesso à informação e resguarda o sigilo da fonte; o inciso XXX assegura o acesso às informações de órgãos públicos; o inciso IV, a manifestação do pensamento; o inciso IX, a liberdade de expressão; o inciso X, a inviolabilidade da vida privada; enquanto o artigo 220 proíbe a censura. O cidadão pode-se considerar protegido por um cinturão de direitos. Diante de tão extensa muralha normativa, há perigo de soçobrar nosso edifício democrático, principalmente as colunas das liberdades de expressão e de imprensa? Essa é a recorrente dúvida que se tem expandido no Brasil, em razão de propensão de alguns perfis a defender sistemas de ‘controle social da mídia’, a partir de conselhos de comunicação, alguns até em estágio de criação por Assembleias Legislativas, como as do Ceará, da Bahia, de Alagoas e do Piauí. O próprio governo Lula, por intermédio do ministro Franklin Martins, da Secretaria de Comunicação Social, tem procurado inserir na agenda o controle da mídia. Um evento realizado em Brasília, na semana passada, exibiu um panorama internacional sobre a questão.

Analisemos os aspectos polêmicos. De pronto, uma constatação: o universo das comunicações sociais e tecnológicas está a merecer amplo foro de debates, principalmente quando se leva em conta a concepção do mundo global, com seu centro de irradiação na Telépolis, espaço sem fronteiras onde infovias e bits propiciam, num átimo de segundo, a integração de linguagens, sistemas e processos de mídias muito diferentes. Vê-se a conjunção de dois planetas, o primeiro circulando em torno do polo das comunicações sociais – onde as mídias da era Gutenberg (meios impressos) se encontram com as mídias da era eletrônica (rádio e televisão) – e o segundo margeando o polo da tecnetrônica (mescla da tecnologia e eletrônica para formar as redes sociais da internet).

Interrogação posta na mesa: os códigos que regulam atividades jornalísticas nos campos impresso e eletrônico devem ser os mesmos? O repertório de abusos que se viram nas infovias da internet, ao longo do pleito deste ano, indica que ‘uma terra de ninguém’, semeada de barbárie, está a carecer de uma base regulatória, mesmo estreita. O direito à livre expressão foi (ab)usado para produção de falsidades, histórias estapafúrdias, glorificação e demonização de perfis, no intuito de corroer ou elevar o pedestal de candidatos. Dizer que o exercício expressivo na internet é regido por nossos códigos – dentre eles, o defasado Código Eleitoral – é ferir a verdade. Outra questão diz respeito aos limites do território das telecomunicações. Como se sabe, esse ambicionado filão, sob regime da livre-iniciativa, forma um dos negócios mais prósperos do País, emoldurando o portfólio de grupos internacionais. A área que opera a plataforma tecnológica não tem competência legal para entrar na seara da comunicação social. Quem produz o prato não pode fabricar a comida. Há, no entanto, sinais de que as telecomunicações produzem conteúdos. Trata-se de concorrência desleal.

Ao lado das abordagens concernentes à convergência, mobilidade e interatividade das novas mídias, desponta o velho nó da propriedade cruzada de meios de comunicação. A tese da democratização do universo comunicativo afasta a possibilidade de um mesmo proprietário ser dono de TV, rádio e jornal numa mesma região. Tais cadeias constituem, como é sabido, extensões da própria cultura política, sendo os meios de comunicação cabeças de ponte para a perpetuação do mandonismo de grupos regionais. Eliminar esse costume seria um golpe mortal nos feudos, meta muito difícil de ser alcançada. Decisão nesse sentido passaria pelo crivo dos próprios interessados.

Outro fator de dissabor – que afeta a classe política – diz respeito à reparação de danos (ofensas, calúnias, injúrias etc.) por conta de matérias jornalísticas envolvendo os atores. Expande-se um sentimento negativo contra a imprensa no Parlamento. A imprensa, é evidente, cumpre o dever de mostrar desvios e ilícitos, mas os implicados sentem a honra maculada quando veem sua vida devassada antes de serem condenados. Aqui, bifurcam-se alas e interesses. De um lado, setores políticos propensos a acatar medidas de controle da mídia; de outro, grupos que exalam um teor ideológico e cuja argumentação procura o escudo de um marco regulatório para o setor, particularmente no sentido de evitar a canibalização da radiodifusão pelas telecomunicações.

A dúvida persiste: a base regulatória implicará controle de conteúdo da matéria jornalística? Procurará apenas aplicar disposições legais, como a indicação constitucional para regionalização de parte dos conteúdos midiáticos? O receio da sociedade é que por trás do tal marco se possa esconder uma teia doutrinária, de matiz socializante e atrelada aos cordões de governos da região que sufocam a liberdade de expressão, como Cuba, Venezuela, Equador, Argentina e Bolívia.

Esse é o porém que, até o presente, os ‘reguladores’ não conseguiram afastar do meio social.

JORNALISTA, É PROFESSOR TITULAR DA USP E CONSULTOR POLÍTICO E DE COMUNICAÇÃO

 

MEMÓRIAS
Patrícia Campos Mello

Quero ser Truman

Pouco depois de ser lançado com estardalhaço, o livro de memórias do ex-presidente George W. Bush, Decision Points, já era alvo de emboscadas. Em ações de guerrilha instigadas pela internet, ativistas começaram a remexer prateleiras de livrarias e pôr o volume não na seção de biografias, com ícones políticos como Winston Churchill, mas ao lado de obras de mistério, crime e serial killers. ‘O livro de Bush defende várias das políticas criminosas que ele adotou em seu governo, entre elas a invasão do Iraque e a tortura com simulação de afogamento’, disse Jasmine Faustino, organizadora do movimento ‘Ponha o livro de Bush em seu devido lugar’.

George W. Bush, o presidente mais vilipendiado da história dos EUA, poderia estar se lixando para os ativistas. Ele recebeu um adiantamento de US$ 7 milhões para escrever sua biografia, que teve tiragem inicial de 1,5 milhão de exemplares. Decision Points já é o número 1 em vendas na Amazon.

Mas dinheiro não é tudo. Bush não quer ser eternizado como o pior presidente dos EUA. Decision Points é apenas o início do que ele espera ser uma ofensiva de reabilitação de sua imagem.

Com o peso da guerra do Iraque nas costas, a economia em frangalhos e a imagem internacional dos EUA na sarjeta, Bush chegou a ter aprovação de apenas 32%. Mas dois anos se passaram desde o melancólico fim de seu governo. Bush ficou quietinho em Dallas, não deu entrevistas, não falou mal da oposição. Enquanto isso, Barack Obama se enterrava na recessão econômica que tomou conta do país. Resultado: pesquisa divulgada pelo Instituto Gallup no dia do lançamento de Decision mostra Bush com 44% de aprovação dos americanos, enquanto Obama se mantinha a duras penas nos 45%.

Amnésia? Negação da realidade? Reversão de expectativas?

Historiadores ainda não conseguiram decifrar os mistérios da popularidade dos presidentes nem identificar o que determina o legado de cada um.

O sonho de Bush é ser um novo Harry S. Truman: um presidente brilhante, mas incompreendido em seu tempo, que foi vingado na posteridade. Truman deixou a presidência em 1953 com o Ibope abaixo dos 30%. Era criticado por causa da Guerra da Coreia e escândalos de corrupção. ‘Se você quer ter um amigo em Washington, compre um cachorro’, teria dito o infeliz presidente.

Anos depois, foi alçado ao panteão dos quase-fenomenais, apenas um degrau abaixo dos endeusados Lincoln, Jefferson e Roosevelt. Em retrospecto, conquistas como o plano Marshall, que promoveu a recuperação da Europa no pós-guerra, e a estratégia de contenção da URSS na Guerra Fria garantiram-lhe uma vaga no clube dos admirados.

No entanto, para historiadores, Bush está mais para Richard Nixon que para Harry Truman. Nixon caiu em desgraça depois do Watergate e renunciou para não sofrer impeachment. Hoje, reconhece-se que teve grandes realizações em política externa – arquitetou a reaproximação entre Washington e Pequim e manobrou a saída dos EUA do atoleiro do Vietnã. Mas nada conseguiu desfazer sua reputação de desonesto e vingativo.

Diferentemente de Truman, o potencial de recuperação de imagem de Bush é muito baixo, diz Bruce Buchanan, professor da Universidade do Texas, em Austin, especializado em estudos da Presidência. ‘A reputação de Bush depende do fim das guerras que estão em curso e, mesmo assim, não sei se isso convencerá as pessoas de que havia motivos para invadir o Iraque.’

Além disso, suas possíveis realizações são anêmicas se comparadas ao legado de Truman. O republicano alega que, por causa de suas ações, o país não sofreu novos ataques depois do 11 de Setembro. Afirma também que seu pacote de resgate a bancos evitou que a recessão virasse outra Grande Depressão. ‘Além de serem discutíveis, nenhuma dessas realizações se compara ao Plano Marshall, por exemplo’, diz Buchanan.

Enquanto a posteridade não vem, Bush trata de polir suas credenciais de ‘garotão simplório do Texas, americano médio e orgulhoso disso’. No livro, narra que, poucos dias após deixar a presidência, passeava por Dallas com Barney, o mesmo cão que rosnava para jornalistas nos jardins da Casa Branca. ‘Barney foi até o gramado do nosso vizinho e fez suas necessidades. E lá estava eu, ex-presidente dos EUA, com um saco plástico na mão, fazendo aquilo que eu tinha conseguido evitar nos últimos oito anos.’

Como notou Matthew Norman, colunista político do The Independent, em vez de contribuir para a reabilitação do legado de Bush, essa cena é preciosa para os cartunistas: a charge poderia mostrar Bush recolhendo o cocô de Barney com um saco plástico, seguido de Obama, com uma escavadeira, tentando limpar tudo o que Bush deixou para trás. Pobre Obama, pobre Truman.

 

TELEVISÃO
Patrícia Villalba

Direto do inferno

Quando Cauã Reymond entra num restaurante-floricultura na Barra da Tijuca, não resta dúvida, mesmo sem vê-lo sujo e maltrapilho, de que a volta do personagem Danilo a Passione será impactante. Depois de mais de um mês afastado das gravações por causa de uma cirurgia no quadril, Cauã ainda estará amparado por muletas quando voltar à novela das 9, no capítulo de terça-feira. No período em que ficou fora do ar, o ator continuou os estudos sobre dependência do uso de crack, tema que marca a trajetória do seu personagem, foi com mais frequência à locadora de filmes e assistiu às reprises do canal Viva, enquanto cultivava a barba selvagem e as unhas. De longe, divertiu-se também acompanhando o mistério que o autor Silvio de Abreu tratou de armar para fazer Danilo sumir, em meio ao assassinato do pai.

Na terça-feira, o ex-ciclista que parece ter descido ao inferno, voltará à trama, para iniciar um caminho à recuperação. Será encontrado pelo seu tio Gerson (Marcello Antony), debaixo de um viaduto, vivendo como mendigo. Cauã, que ainda não consegue se firmar em pé, usará muletas também em cena. ‘O Silvio foi muito rápido para encontrar uma saída plausível. Até as muletas vão criar mistério. Onde o Danilo teria se machucado?’, divaga Cauã, que nessa entrevista ao Estado admite que se sente mais responsável, mas também muito orgulhoso, por interpretar um papel que traz um alerta sobre o consumo de drogas.

Um personagem como o Danilo, que representa um problema social, vem com um peso maior?

Depende da forma como se constrói, porque alguns personagens lançam um assunto mas não aprofundam. Não tem sido esse o nosso caso, porque eu tenho tentado me aproximar ao máximo da realidade do dependente químico. Mas não usaria o termo peso, mas responsabilidade. É uma responsabilidade de trazer o assunto à tona e retratá-lo diante dos limites que o veículo proporciona. A novela fala com muitos públicos, e há ainda uma limitação de faixa etária. A gente tem de lembrar que estamos falando também para crianças, então não dá para mostrar o consumo da droga. Me sinto ainda mais responsável, mas ajuda. Fico orgulhoso de fazer um personagem que trata de um assunto tão sério.

O Danilo protagoniza cenas bem pesadas. Qual é o processo para entrar naquela energia?

No começo era mais difícil, mas com o tempo você aprende a entrar e sair com mais facilidade. É como se fosse um mecanismo. Tem certos exercícios que eu repito antes de entrar em cena que me ajudam. E tem uma concentração no carro, quando estou indo para o trabalho, boto uma música mais excitante e mais pesada. Mas é claro que se esvai uma energia enorme. Preciso de um banho de sal grosso depois.

Qual foi a cena mais difícil que gravou até agora?

Foram as primeiras vezes em que o Danilo usou drogas. Por não ter convivido num ambiente de gente que se droga, não tinha muita consciência de como era. Daí, o primeiro contato foi um mergulho no escuro. Mas depois, conforme fui recebendo o feedback positivo e também algumas correções das pessoas com que eu conversei no Narcóticos Anônimos e nas clínicas que frequentei, foi ficando mais fácil.

Então, enquanto parte do elenco estudava italiano você pesquisava sobre drogas.

É. Já sabia bem antes como o personagem seria, então fui à Cracolândia, ao Narcóticos. Mas não queria que as pessoas soubessem que ele seria dependente químico para não estragar a surpresa, porque ele começou como atleta. Já tive respostas positivas sobre o personagem, de gente que convive bem com a dependência. Também tenho uma pessoa na família que está internada com dependência, então a resposta vem diretamente.

Muita gente torce para que ele se recupere no final. Não sei se você vai me perguntar qual final que eu espero para o Danilo, já respondi muitas vezes que eu queria que ele se recuperasse. Mas se ele não se recuperar, hoje em dia mais maduro nesse processo, eu te digo que se ele não se recuperasse seria bacana também, porque muita gente não se recupera. E pode ser importante um fim negativo, para amedrontar um pouco os que pensarem em consumir crack.

Você acha que uma mensagem sobre os efeitos do consumo da droga numa novela pode ter maior eficácia do que numa campanha dirigida a isso?

Acho que uma coisa pode complementar a outra. Deve haver campanhas, discussões sobre o tema nas escolas, e em casa com os pais. O Silvio se compromete a ter uma função nessa discussão, mas a novela é uma ficção. E só a ficção não dá conta, é preciso um movimento amplo.

Você já conhecia o assunto?

Não, nada! E agora sei que tinha algumas opiniões até mesmo ingênuas sobre isso. Pensava, por exemplo, que a pessoa poderia largar a droga quando quisesse, o que não é verdade.

Como o Danilo reaparece?

Sei que ele volta como morador de rua, ainda viciado. Estou tentando criar, porque como a gente só vai saber o que está acontecendo no final da novela, tenho de me preparar. Se o Danilo for o assassino, tenho de ter isso dentro de mim. Mas meu voto no ‘quem matou?’ é para o Arturzinho (Júlio Andrade).

Você teve uma carreira de modelo promissora no exterior, fotografou com Bruce Weber e Mario Testino. Naquela época, já pensava em ser ator?

A ideia para eu me matricular num curso veio do meu pai. Mas minha mãe falava isso desde que eu era mais novo, mas eu não dava bola – ela é astróloga, e meu mapa astral é todo voltado para as artes. Estava em Nova York, e meu pai me sugeriu que fizesse uma aula de interpretação. A professora gostou de mim e me deu uma bolsa de estudos (no Actor’s Studio), porque eu não tinha dinheiro para pagar. E eu dava aulas de jiu jitsu à noite para me manter.

Em qual momento da carreira você sentiu que já era respeitado como ator?

Ah, isso é uma construção longa… Mas sinto que a minha virada pessoal foi em Belíssima (2005), quando senti que algo mudou em mim para que eu visse a profissão de um jeito diferente. Para o público, a minha virada foi A Favorita (2008), na TV, e Se Nada Mais Der Certo (2007), no cinema. Depois, não precisei mais provar que sou capaz. Deixei de fazer teste, por exemplo. Cada personagem é uma oportunidade de mostrar que tenho interesse de fazer outras coisas, personagens que a princípio não sejam óbvios.

Você namora a Grazzi Massafera e forma um dos casais mais comentados. Fica incomodado por ‘namorar em público’?

Ah, a gente não namora em público, vai… (risos)

Estou brincando.

Eu sei, tudo bem. Já me incomodou mais. Acho que como eu vinha de uma outra relação que já era pública (com a atriz Alinne Moraes), aprendi a lidar. Hoje sofro muito menos. Tenho meus limites e os veículos perceberam que não é uma relação para aparecer. Tinha um colega que quando a pessoa pedia autógrafo, ele ficava tentando convencê-la de que ele não era melhor do que ela (risos). Só que a pessoa quer o autógrafo, né? Por isso, se estou de mau humor fico dentro de casa.

Mas como é aquele momento em que está surfando e percebe que foi fotografado?

Ai, eu não surfo há tanto tempo… Lembro de uma coisa que me incomodou bastante. Um dia antes da operação, meu médico falou para eu ir surfar, para ver como ia ser. Fui, mas não surfei legal. De repente, vi o paparazzo. Fiquei preocupado, porque ia falar com minha diretora no dia seguinte, para dizer que precisaria me afastar. E eu pensava ‘como vou explicar que preciso me afastar se aparecer surfando um dia antes?’. Nesse momento, me senti mal. Fiquei pensando ‘que droga, não consigo fazer mais nada’. Ainda bem que o pessoal compreendeu.

DA CARTOLA

Já se tornaram piada interna, não sem certa dose de humor negro, as histórias sobre baixas no elenco das novelas de Silvio de Abreu. Nos oito meses que costuma durar uma novela, mais ou menos, não é raro algum ator ser posto de molho – em Passione, aconteceu com Clayde Yáconis, atualmente afastada por causa de uma operação no fêmur, e com Cauã Reymond, que passou por uma cirurgia no quadril.

Silvio tem sempre boas cartas na manga – e, se não tem, trata de inventar soluções mirabolantes com rapidez. Drogadito, Danilo sumiu. E a gente imagina que o bonitão esteve perambulando pela Cracolândia.

Por sorte, e para completar, a saída de Danilo de cena coincidiu com o assassinato de seu pai, Saulo (Werner Schunemann), por quem o moço não morria de amores. Assim, quando ele reaparecer, até mesmo as muletas de Cauã servirão para alimentar o mistério. Onde Danilo teria se machucado?

Aconteceu coisa parecida em Guerra dos Sexos (1983), centrada nos personagens Otávio e Charlô, de Paulo Autran e Fernanda Montenegro. Autran sofreu um infarte, teve de se afastar das gravações.

E como a diversão de Otávio era atormentar Charlô, Silvio fez o personagem simular o próprio sequestro, situação narrada em cartas divertidíssimas enviadas pelo falso sequestrado. A brincadeira rendeu tanto que Autran chegou a gravar, na cama do hospital, um telefonema em que deixava Charlô mais intrigada.

Em Belíssima (2005), Glória Pires, a protagonista Júlia, contraiu hepatite. Era complicado tirá-la de cena, porque Bia Falcão (Fernanda Montenegro) e Vitória (Cláudia Abreu), outras duas personagens importantes, estavam supostamente morta e presa, respectivamente. Ainda bem que Júlia tinha um marido crápula – André (Marcello Antony), internou a heroína numa clínica, onde a manteve sob efeito de calmantes.

 

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