Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Painel do Leitor, FSP

‘‘Lamentavelmente, o texto ‘Severino faz lobby a favor de usina de amigo’ (Brasil, 3/6) contém graves distorções e impropriedades merecedoras dos seguintes reparos: 1) Apesar de termos transmitido verbalmente e encaminhado, às 16h57 de 2/6, através de e-mail, informação à jornalista que assina a reportagem que o signatário, Armando de Queiroz Monteiro Neto, não é acionista, tampouco integra a diretoria da empresa citada no texto, fomos surpreendidos com o sobretítulo, que atribui a mim, diretamente, também na condição de presidente da CNI, a propriedade da empresa; 2) A reportagem faz ilações tentando atribuir-me participação em gestões que teriam sido realizadas junto ao presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, em favor da empresa. Essa especulação é absolutamente improcedente. Jamais promovi quaisquer gestões nesse sentido. Desafio o presidente da Câmara a oferecer qualquer versão que contrarie essa posição; 3) A mesma notícia, veiculada no ‘Correio Braziliense’, atribui tais gestões a um deputado da bancada de Mato Grosso. Sobre as opiniões relacionadas aos fatos que são atribuídos na reportagem à Destilaria Gameleira S.A., caberá à empresa prestar a esse órgão de comunicação, e sob sua única e integral responsabilidade, os devidos esclarecimentos.’ Armando de Queiroz Monteiro Neto, presidente da CNI (São Paulo, SP)


Nota da Redação – Leia abaixo a seção ‘Erramos’.


Sabatina


‘No texto sobre a participação do ministro Gilberto Gil na sabatina da Folha (‘PT e PSDB deveriam estar juntos, diz Gil’, Brasil, 31/5), duas menções ao compositor Chico Buarque ficaram sem sentido. Ao responder a uma pergunta no evento, o ministro fez breve comentário sobre entrevista dada por Chico Buarque na semana passada na França e publicada em vários jornais brasileiros. Sobre a entrevista, o ministro disse: ‘Nessa entrevista, ele (Chico) diz que, ainda que o presidente Lula não possa ter atendido as minhas (dele) expectativas, ainda voto nele’. Mais adiante, o ministro volta a citar a entrevista: Chico ‘diz mais das dificuldades, pois tinha um setor que torcia o nariz, que dizia que seria um desastre. Isso não se comprovou. Ele (Lula) foi suficientemente hábil para atrair para o campo da consideração e para o campo da compreensão o seu valor republicano. Ele (Lula) agora é o presidente que precisa ser reverenciado, há todo um setor que foi convencido. É um dos seus grandes êxitos’.’ Luis Turiba, assessor de comunicação do Ministério da Cultura (Brasília, DF)


Ipea


‘Em referência ao texto ‘Radar Social’ do Ipea diz que Brasil tem 53,9 mi de pobres’ (Brasil, 2/6), gostaríamos de esclarecer o seguinte: 1. Nem o Ipea nem o ‘Radar Social’ dizem que o Bolsa-Família não beneficia 9 milhões de pobres. Os dados contidos no ‘Radar Social’ não levaram o Ipea a essa conclusão; 2. Para chegar ao número de 44,8 milhões de pessoas a serem atendidas pelo programa, a reportagem multiplicou o número de famílias-alvo (11,2 milhões) por quatro, considerando que cada família tem quatro pessoas, que é o número médio no Brasil. Mas, ao considerar somente as famílias mais pobres, o número médio de pessoas por família é maior -4,7 pessoas. O Ipea, com base nos dados da Pnad/IBGE de 2003, trabalhou com um total de 53,9 milhões de pobres, número próximo à meta do Bolsa-Família.’ Anna Maria T. Medeiros Peliano, diretora de estudos sociais do Ipea (Brasília, DF)


Resposta da jornalista Marta Salomon – O número médio de pessoas por família usado pela reportagem foi fornecido pela própria diretora Anna Peliano. O Bolsa-Família considera pobres as famílias com renda até R$ 100 por pessoa; o Ipea, as pessoas com renda até meio salário mínimo. Daí a diferença. Sobre a afirmação do Ipea, leia abaixo a seção ‘Erramos’.


Ministério Público


‘A despropositada vinheta ‘O Ressentido’, que encabeçou o texto ‘Eduardo Jorge faz lobby contra procuradora’ (Brasil, 26/5), poderia ser interpretada, ela sim, como ressentimento pelo fato de esse jornal ser réu em ação que movo pelas inúmeras veiculações injuriosas a meu respeito -quando se forjava meu envolvimento no caso do TRT-SP. Julgo mais relevante, todavia, sublinhar que aquele episódio me trouxe -como vítima que fui- uma responsabilidade intransferível: combater, em todos os fóruns, as distorções institucionais que ainda existem no país e promovem a impunidade de agentes públicos que usam mal as credenciais que recebem e a desproteção que disso resulta aos cidadãos e a seus direitos individuais. A atitude comum de silêncio pós-linchamento entre as vítimas de abusos e de arbitrariedades, movida por fundados medos de perseguição e de retaliação, na verdade concorre para a eternização do autoritarismo corporativo, incompatível com o Estado de Direito. Não fui a primeira nem serei a ultima vítima desse tipo de práxis já constatada em muitas instituições brasileiras. Iniciada nos esquadrões da morte -nas polícias-, só foi controlada quando a sociedade e os cidadãos atingidos sustentaram atitude corajosa de denúncia, exigindo das autoridades uma intervenção conseqüente sobre tais processos. A experiência que pessoalmente passei demonstrou que tais práticas subsistem em muitas instituições brasileiras e, muito especialmente, no Ministério Público Federal, onde se estabeleceram verdadeiros ‘esquadrões da morte moral’, razão pela qual luto -com responsabilidade de cidadão- pelo estabelecimento de um controle externo responsável e descomprometido com as causas corporativas, exatamente para que ele possa desempenhar adequadamente esse papel, preservando, dessa forma, a própria instituição, que, diga-se, é reconhecidamente imprescindível ao país. Ao levar ao conhecimento dos senadores os fatos (comprovados) que levei, movi-me pela consciência republicana da necessidade de que esse alto Conselho Nacional do Ministério Público não seja contaminado no nascedouro pelos vícios corporativos que deve controlar. Em lugar de ato de mero ressentimento pessoal, abro com ele a oportunidade de a procuradora Janice Ascari corrigir os desvios que sua biografia apresenta.’ Eduardo Jorge Caldas Pereira, ex-secretário-geral da Presidência da República (São Paulo, SP)’