Sunday, 10 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1313

Partidarismo da mídia
vira debate na imprensa


Leia abaixo os textos de segunda-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Globo


Segunda-feira, 25 de setembro de 2006


ELEIÇÕES 2006
Adauri Antunes Barbosa


Petista ataca o ‘partidarismo da imprensa’


‘A menos de uma semana das eleições, com a divulgação das pesquisas que indicam aumento da possibilidade de segundo turno, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou os militantes petistas a ‘lutar até o último voto’ nas ruas e voltou a usar a antiga tática de atacar o que chama de partidarismo da imprensa. A nova estratégia ficou evidente nos comícios deste fim de semana, especialmente no interior de São Paulo, e na última edição do boletim eletrônico do PT, distribuído no sábado.


O texto de abertura, intitulado ‘Força do povo, fraqueza da mídia’, afirma que a mídia ‘continua elitista e não aceita que o povo seja capaz de pensar, sem depender da intermediação dos autoproclamados formadores de opinião’.


Em discurso em Jacareí, interior de São Paulo, no sábado à noite, Lula criticou os artigos que tem visto nos jornais, em que os oposicionistas estariam nervosos porque o povo pobre não vota mais neles:


– Quando o povo pobre votava nos políticos do PFL, por causa do voto de cabresto, eles não se incomodavam. Agora que o povo está votando porque não precisa pedir favor, isto deixa eles incomodados demais.


Lula diz que oposição tem ‘inveja maldita do torneiro mecânico’


Em Araraquara (SP), anteontem à noite, Lula atacou a imprensa que, segundo o presidente petista, não tem com ele um ‘tratamento republicano’:


– Eu nunca vi tanto preconceito. Porque se a imprensa brasileira tivesse comigo apenas o tratamento republicano, nada mais do que isso… Não queiram que a imprensa seja chapa branca, mas não quero que seja também uma imprensa totalmente contra. Quero que seja uma imprensa verdadeira, que garanta a democracia neste país, falando a verdade, doa a quem doer. É essa a imprensa que vai ajudar este país a ser muito mais sério, justo, solidário, humano. É quando a gente tiver todas as instituições, do Parlamento à imprensa brasileira, sempre justas, nem contra nem a favor. É isso que nós queremos.


Ao lado dos candidatos Aloizio Mercadante (PT), ao governo de São Paulo, e Eduardo Suplicy, ao Senado, o presidente disse que tinha descoberto ‘a razão do ódio’ de seus opositores, ‘a maldita inveja’.


– Eles perceberam que um torneiro mecânico de formação pode cuidar melhor do Brasil do que eles, pode cuidar melhor do povo, pode cuidar da educação melhor. É isso que incomoda, a maldita inveja. Uma pessoa que fez pós-graduação na Sorbonne, em Harvard, depois chega aqui e vê que um torneiro mecânico entende mais de povo que ele, que conhece mais o povo do que ele. Então, isso é inaceitável da parte deles – disse Lula.


Na última semana de campanha, o presidente convocou a militância a sair às ruas:


– Eu queria pedir a vocês, de todo o coração, nós temos uma semana pela frente, então vamos sair com nossa bandeira pelas ruas, não vamos ter vergonha e muito menos medo. Vamos dizer para eles, pesquisa é importante, mas mais importante que pesquisa é a vontade do povo brasileiro – concluiu o presidente.’


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 25 de setembro de 2006


ELEIÇÕES 2006
Mauro Paulino


Datafolha e Ibope


‘DUAS PESQUISAS nacionais divulgadas no final de semana e encerradas no mesmo dia revelaram resultados e tendências semelhantes do ponto de vista estatístico. Mas as diferenças numéricas, dentro da margem de erro de cada instituto, geraram interpretações distintas. Ambas, em graus diferentes, injetaram ânimo à campanha tucana e preocupação aos petistas, aumentando o suspense quanto à realização de segundo turno.


Para o Datafolha, que concentrou todas as entrevistas na sexta-feira, Lula oscilou de 50% para 49% e sua diferença em relação aos demais candidatos passou de dez para oito pontos, em comparação com a pesquisa anterior feita nos dois primeiros dias da mesma semana. Lula contava, na sexta, com 55% dos votos válidos e venceria no primeiro turno se a eleição fosse realizada naquele dia.


Alckmin oscilou de 29% para 31% e sua curva, ascendente, mostrou-se inversamente proporcional à de Heloísa Helena, que perdeu dois pontos, o que não contribui para levar a eleição ao segundo turno.


O Ibope distribuiu suas entrevistas entre quarta e sexta e comparou seus resultados com a pesquisa feita também no início da semana, entre segunda e quarta. Lula, que já havia oscilado um ponto no levantamento anterior, perdeu mais dois, chegando a 47%. Com 52% dos votos válidos, considerando o limite da margem de erro, poderia ter que disputar o segundo turno se a eleição fosse nos dias da pesquisa.


Sua vantagem em relação à soma dos demais candidatos caiu de sete para três pontos percentuais entre os três primeiros e os três últimos dias da semana.


Alckmin cresceu três pontos e Heloísa Helena perdeu apenas um e isso colabora para que a eleição vá para o segundo turno pois, aparentemente, Alckmin começa a avançar sobre o eleitorado de Lula, segundo o Ibope.


Mais do que alimentar a disputa saudável entre os institutos, as sutis diferenças entre as duas pesquisas agregam informação e ajudam a despertar o interesse pelo momento político. As rodadas a serem divulgadas nesta semana recuperam a curiosidade roubada pela monotonia da campanha.


Neste ano, o eleitor foi fartamente exposto às pesquisas dos quatro institutos que fazem, e divulgam, levantamentos com representatividade nacional, auxiliando no processo de definição do voto e percepção da cidadania.


Por outro lado, a ampla repercussão de cada pesquisa agrega dividendos às marcas das empresas de pesquisa e de quem as contrata. A comparação dos últimos números com o resultado das urnas é um risco sem margem de erro.


Espera-se que, nessa semana crucial, todos os institutos e as contratantes desfrutem do direito conquistado de divulgar suas pesquisas, inclusive no dia da eleição, e contribuam para decifrar os últimos movimentos.


MAURO PAULINO é diretor-geral do instituto Datafolha’


Folha de S. Paulo


TRE veta anúncio do governo paulista no ‘Diário Oficial’


‘O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo concedeu ontem liminar suspendendo a propaganda institucional do governo paulista na capa do ‘Diário Oficial’ do Estado. O juiz James Siano acatou pedido da Procuradoria Regional Eleitoral, que apontou que a conduta ‘afeta a igualdade de oportunidades entre os candidatos’, já que favoreceria os candidatos ‘que tenham relação com os detentores do governo estadual’. A propaganda é diária e feita por meio de sobrecapa no ‘Diário Oficial’.


O procurador eleitoral Mario Luiz Bosaglia entrou com representação contra o diretor-presidente da Imprensa Oficial do Estado, Hubert Alquéres, por entender que a veiculação de propaganda do governo fere a lei das Eleições, que veda a realização de publicidade institucional no período de três meses que antecede a realização do pleito.


O governo do Estado ainda poderá recorrer da decisão. Por meio de sua assessoria de imprensa, o governo informou que não havia sido notificado da decisão judicial até a conclusão desta edição.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Números, números


‘Com diferença de horas, ontem, primeiro a agência Associated Press despachou sua reportagem especial destacando no título que ‘É provável que Silva, do Brasil, seja reeleito’. Depois, ‘Nova pesquisa mostra que presidente pode enfrentar segundo turno’.


No site do ‘Wall Street Journal’, em edição da Dow Jones, primeiro ‘Pesquisa põe presidente à frente com 55% dos votos’, depois ‘Nova pesquisa’ etc.


É resultado do contraste entre Datafolha e Ibope no fim de semana. A agência Reuters, que juntou os dois, deu no despacho, em título, ‘Pesquisas: Lula venceria apesar do escândalo’. E ontem já mudou de assunto, ‘Lula e Alckmin trocam acusações de corrupção’.


PARANORMAL


O correspondente Jonathan Wheatley, do ‘Financial Times’,escolheu uma pesquisa para noticiar, no site -a do Ibope, com três pontos de diferença entre Lula e demais, não oito, como o Datafolha.


Por outro lado, na ‘agenda’ desta semana, sob o título ‘A última chance de Geraldo’:


– A oposição pode se confortar também com o paranormal Jucelino Nóbrega da Luz. Um entrevistador perguntou a ele quem venceria a eleição? Sua resposta: Geraldo Alckmin, em uma inesperada virada de segundo turno.


SEM-VERGONHICES


Mais sisudo, o ‘El País’ deu ontem uma entrevista de J. Marirrodriga com Alckmin, ‘Não se pode fazer governo só com amigos’, mais o perfil ‘Lula ainda encanta o Brasil’.


No editorial ‘Não basta o carisma’, o jornal espanhol aponta a ‘aglomeração de sem-vergonhices no entorno do líder brasileiro’ e diz que, se eleito, ele ‘está obrigado a atacar com mão de ferro o clima de vale-tudo que impregna a política de seu país’.


‘SENHOR’


E chegou a vez do ‘Times’ londrino de dar sua longa reportagem ‘Policiais do esquadrão da morte mataram centenas em ataques de vingança’ contra ações do PCC.


Faz críticas ao ‘senhor’ (em português) Alckmin e ao ‘senhor’ Castro Abreu, ‘cotado para alto cargo federal se seu mentor vencer a eleição’.


QUEIMANDO PONTES


O ‘Wall Street Journal’ de sábado deu longa reportagem do correspondente Matt Moffett sobre como Lula, ‘prestes a ganhar novo mandato’, pode obter uma ‘vitória cara’.


Seria resultado, ‘em parte, da estratégia’ que ele próprio vem empregando para ‘responder às acusações de corrupção’. Lula estaria ‘queimando pontes’ com sua ‘retórica de guerra de classes’:


– Quanto mais a mídia o ridiculariza, mais Mr. da Silva eleva a retórica para sua base.


DIAS ANTES


Larry Rohter, sexta passada no ‘New York Times’ , entrou finalmente com a nova crise, em reportagem intitulada ‘Dias antes de o Brasil votar, novo escândalo para líder’.


O correspondente dá destaque sobretudo às declarações de Marco Aurélio Mello, presidente do TSE, de que Lula, se eleito, ‘poderá ter a sua vitória nas urnas anulada’.


A reportagem foi parar no blog Passport -dos editores da influente ‘Foreign Policy’.


REALIDADE DISTANTE


No site do ‘Washington Post’, que segue ignorando a crise neste final de campanha, a colunista Marcela Sanchez falou sobre a ‘quase certa’ reeleição sob um prisma mais crítico -o que de Lula, apesar de Bolsa-Família, Pró-Uni e tudo mais, ficou devendo as ‘soluções radicais’ que prometia, contra a desigualdade.


– A justiça social permanece uma realidade distante.


CICARELLI EM NÚMEROS


Num blog, o gráfico do Technorati, com a evolução dos posts sobre Daniella Cicarelli na blogosfera, até ontem


Ontem nos ‘+ lidos’ da Folha Online , predominância de Daniella Cicarelli, outra vez. E a notícia do dia, depois também no G1, novo portal das Globos, era que, por conta do vídeo, em setembro o Brasil será proporcionalmente o país com mais internautas no You Tube, no mundo.


De outro lado, a repercussão com humor fez o blog Kibe Loco! elevar em 10% sua audiência, seguido de outros de mesma linha, como Desciclopédia e Jacaré Banguela.


E o Blog de Guerrilha, de crítica de mídia, sob o título ‘A nossa Paris Hilton’, pesquisou no serviço de busca de blogs Technorati e comentou que o vídeo, ‘intencional ou não, funcionou’ como ‘ação de marketing viral’.’


CENSURA / EGITO
Folha de S. Paulo


Egito proíbe circulação de jornal europeu


‘Um decreto emitido pelo Ministério da Informação do Egito baniu a entrada dos jornais ‘Le Figaro’, da França, e ‘Allgemeine Zeitung’, da Alemanha, segundo a agência estatal de notícias Mena, por conterem artigos que ‘denigrem’ e ‘insultam’ o islã.


Na edição do jornal alemão do dia 16 havia um artigo do historiador alemão Egon Flaig, dizendo que Maomé, fundador do islã, foi um líder militar de sucesso durante sua vida. Flag ainda apresentou outros argumentos, sustentando a visão de que o islã tem uma história violenta.’


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 25 de setembro de 2006


ELEIÇÕES 2006
Carlos Alberto Di Franco


Conveniência do segundo turno


‘Se nós, caros leitores, imaginávamos que nossa capacidade de indignação já tinha ultrapassado todos os limites, podemos tirar o cavalo da chuva. O PT, os assessores e amigos do presidente Lula demonstraram, mais uma vez, sua infinita capacidade de surpreender a sociedade brasileira.


Eleito para moralizar a vida partidária do PT depois do terremoto do mensalão, o presidente do partido, Ricardo Berzoini, está no epicentro do maior escândalo da campanha eleitoral. A revista Época revelou que foi procurada pelo petista Oswaldo Bargas, ex-secretário do Ministério do Trabalho e responsável pela elaboração do capítulo de Trabalho e Emprego do programa de governo de Lula, que ofereceu um dossiê contra o candidato a governador de São Paulo José Serra e o ex-ministro da Saúde Barjas Negri. Segundo a Época, Bargas – que estava acompanhado de Jorge Lorenzetti, também vinculado à campanha de Lula – disse que Berzoini foi avisado do encontro, embora supostamente desconhecesse o conteúdo do dossiê. Além de Berzoini, já haviam sido envolvidos no episódio dois amigos de Lula – Freud Godoy e Jorge Lorenzetti – que trabalhavam no Palácio do Planalto ou em seu comitê de campanha. Em nota divulgada, Berzoini, que dias antes ocultara seu conhecimento do assunto, admitiu que tinha sido informado do encontro de Bargas com um repórter da revista, mas sustentou a versão de que não sabia o que seria conversado na reunião.


Inúmeras perguntas, feitas pelo jornal O Globo, estão sem resposta:


Quem autorizou Jorge Lorenzetti, curiosamente denominado analista de risco e mídia da campanha de Lula, a negociar a compra de dossiês contra Serra e Alckmin?


Como Berzoini pode saber da reunião de Jorge Lorenzetti com um jornalista da revista Época e não saber do que foi tratado lá?


Por que um funcionário da Secretaria da Presidência (Freud Godoy) estava encarregado de ações rigorosamente partidárias, como cuidar da segurança do comitê de Lula? Por que Lula não evitou essa promiscuidade ilegal?


O episódio, mais um, de uma sucessão estarrecedora de escândalos, segue invariavelmente o mesmo roteiro. Nega-se a evidência. Comprovado o fato, assume-se um eventual erro, mas jamais a prática de um crime. E o presidente da República, após a encenação de um discurso moralizante, acaricia a cabeça dos criminosos, acolhe-os no seu palanque eleitoral e joga a ética, a verdade e a decência na lata de lixo da vida pública. Diante do envolvimento crescente de homens de confiança de Lula, o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, César Rocha, decidiu abrir investigação contra o presidente da República, seu ministro da Justiça, Berzoini e outros petistas.


O presidente da República, lamentavelmente, é o grande responsável pela crise moral que devasta a política brasileira. Supondo que Lula não tenha sido informado deste novo capítulo de delinqüência eleitoral, mesmo com tanta gente ligada diretamente a ele envolvida, sua aberta leniência com os delitos configura crime de responsabilidade. O primeiro aval do presidente da República aos desmandos de todo tipo foi dado em sua famosa entrevista concedida em Paris. Naquela ocasião, penosa e constrangedora, o presidente da República justificou o dinheiro que circulou do PT para os partidos aliados como sendo de caixa 2 de campanha eleitoral, ‘o que se faz tradicionalmente no Brasil’. Lula justificou e deu sua chancela para a prática do crime.


De lá para cá, Lula só avançou no processo de instauração do clima de cinismo que tomou conta da política brasileira. Em discurso dirigido à platéia presente ao jantar comemorativo dos 26 anos do PT, por exemplo, Lula manifestou notável condescendência com os companheiros de agremiação envolvidos em graves denúncias de irregularidades. ‘Errar é humano’, disse ele, referindo-se aos petistas ‘que erraram’. O presidente da República, num reiterado exercício de engodo semântico, comentou as seqüelas que as denúncias deixaram no partido. ‘Eu sei quantas vezes vocês ficaram magoados. Já cometemos erros, mas temos muitos acertos’, frisou Lula. Os ‘pequenos erros’ mencionados pelo presidente derrubaram ministros, destituíram dezenas de diretores de estatais e mandaram para o espaço a cúpula do seu partido. Agora, como num filme já visto, tudo indica que estamos reiniciando uma nova sessão.


Na verdade, as mentiras seguidas de confissões públicas de acordos azeitados a dinheiro; os pagamentos na boca do caixa de bancos; o troca-troca de partidos estimulado a partir do Palácio do Planalto, no que parecia uma estratégia política superior e se revelou, ao final, uma simples compra e venda de consciências; os dólares na cueca e nas malas; o pagamento recebido em contas no exterior pelo publicitário oficial do governo; o milionário episódio do suposto dossiê contra os tucanos; tudo o que caracterizava o esquema aviltante e promíscuo de poder só foi possível graças à leniência do presidente da República.


O Brasil foi irresponsavelmente atirado na sua pior crise ética. O presidente Lula, ausente dos debates e da necessária acareação com a verdade, precisa mostrar sua verdadeira face. Ele deve, como presidente e candidato, inúmeras respostas à sociedade. Eleito no primeiro turno, Lula não só não responde, mas, o que é pior, canoniza a política do vale-tudo, dá um tiro de morte na ética e na cidadania. Impõe-se, por isso, o segundo turno. Caso contrário, mergulharemos no pântano do cinismo, que, certamente, não é o melhor companheiro para a viagem democrática.


Carlos Alberto Di Franco, diretor do Master em Jornalismo, professor de Ética e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco-Consultoria em Estratégia de Mídia E-mail: difranco@ceu.org.br’


TELEVISÃO
Marili Ribeiro


Record, vice-líder no horário nobre, ganha novo status publicitário


‘A chegada da Record ao segundo lugar na audiência no horário nobre da televisão (18 às 24 horas), pelo menos na Grande São Paulo – feito reconhecido até pelo rival SBT -, trouxe mudanças no mapa publicitário. A Record passou a contar com uma participação maior na distribuição do bolo da propaganda que, apenas para as TVs, movimentou cerca de R$ 10 bilhões no ano passado.


A prova de que a Record ganhou novo status no meio publicitário é que a empresa reajustou sua tabela de preços em 27% no último semestre, enquanto a líder Globo elevou os preços em 8% e o SBT, em 7%. Mesmo assim, a rede vendeu sem esforço seus pacotes de novelas e futebol. Mais que isso, os preços da Record no horário nobre estão cada vez mais próximos dos da Globo.


Incomodado com o crescimento da rival, o SBT começou a divulgar um informe publicitário que mostra que a audiência acumulada do mercado nacional, como um todo, segue dando à rede o segundo lugar na preferência do telespectador. ‘Uma sutileza’, diz Marta Moraes, diretora de Planejamento e Pesquisa de Mídia da NeogamaBBH. ‘O mercado paulista é quem dita a tendência de audiência nos planejamentos de mídia.’


Para Marta, houve sim uma nítida mudança de atitude dos anunciantes em relação à Record nos últimos anos. Opinião partilhada pelo consultor João Rozário, que por 12 anos comandou a área comercial da Perdigão. ‘O avanço da Record, caso se mantenha dentro dos objetivos que a rede vem traçando, traz uma opção de mídia para as empresas.’


Ambição não falta à Record. A emissora quer chegar a 2009 empatada em audiência com a Globo. Mas o mote ‘a caminho da liderança’ é tratado com deboche nos corredores do SBT. O consultor comercial do SBT, o argentino Victor Tobi, sugere que o crescimento da Record é decorrência dos grandes investimentos realizados, mas talvez não tenha consistência para se manter. ‘Precisamos considerar o quanto disso vai ser revertido em receita para o negócio ser saudável’, diz.


‘Nosso crescimento é consistente’, diz o superintendente comercial da Record, Walter Zagari. ‘Investimos US$ 100 milhões em dois anos para criar uma programação completa em todos os segmentos que uma televisão deve oferecer, do jornalismo à linha de shows.’


Pelas projeções de Victor Tobi, o SBT fechará 2006 com uma receita de R$ 850 milhões – excluídos os investimentos em anúncios do próprio Grupo Silvio Santos (Baú da Felicidade, Banco Panamericano e Telesena). ‘Não tivemos um bom ano porque ficamos fora dos lucros da Copa do Mundo’, diz.


A meta da Record é chegar ao fim do ano com receita de R$ 945 milhões. Caso isso se confirme, deixará mais uma vez o SBT em terceiro lugar em faturamento. ‘Dobramos de tamanho em dois anos’, diz Zagari, executivo que por 20 anos trabalhou na área comercial do SBT. ‘Temos 80 horas de produção de conteúdo, o dobro do SBT, temos 3 mil profissionais contratados em todo Brasil. Não precisamos dar descontos no valor da tabela para reter o anunciante.’


O SBT rebate a insinuação de que estaria facilitando a vida do anunciante. ‘Nossa política comercial não prevê descontos ou bonificações para as agências’, diz Tobi. ‘Eles é que fazem isso.’ Zagari, obviamente, discorda. A guerra continua. E o juiz continua sendo a audiência.’


Cristina Padiglione


Roda Viva, 20 anos


‘Ministro da Justiça em 1986, Paulo Brossard inaugurou o Roda Viva em 29 de setembro daquele ano. Hoje, para cravar duas décadas no ar, o Roda recoloca Brossard no centro daquele cenário que é, por si só, responsável por metade do efeito produzido por suas entrevistas.


A Cultura chegou a agendar para hoje uma entrevista com Rogério Ceni, o goleiro bom de defesa, bom de pênaltis e bom de polêmica. Mas, diante da efeméride e da última edição do programa antes das eleições, parecia irresistível rebater na tecla política. Ceni ficou para outro dia.


Será o primeiro retorno de Brossard ao programa. Nesses 20 anos, 979 entrevistados passaram por lá e alguns, por mais de uma vez. Daí o saldo de 1.047 edições que se completam hoje.


No ranking de cópias vendidas pela Cultura Marcas – e considerando que esse comércio só ganhou mais agilidade de dois anos para cá -, a liderança ainda é da entrevista de Roberto Jefferson em 20 de junho do ano passado, quando estourou a crise do Mensalão. Em 2º lugar, está a entrevista do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em 3 de outubro de 2005, e, em 3º, vem a entrevista do presidente Lula em 7 de novembro de 2005.


entre- linhas


O autor Walther Negrão abre esta semana um ciclo de palestras sobre o processo criativo fora da propaganda, organizado pela agência publicitária McCann no MAM.


Pé na Jaca, próxima novela das 7 na Globo, enfrenta drama à parte na escalação de elenco porque boa parte dos contratados da casa já deu sua palavra a autores de outras produções. Mas o time de participações especiais soma lá suas grifes: tem Malu Mader, Antônio Fagundes e Betty Faria.


Monique Alfradique será a substituta de Wanessa Camargo na próxima rodada do concurso Dança no Gelo, do Domingão do Faustão.


Os fãs de Smallville vão adorar: na nova temporada da série está previsto um encontro do jovem Superman com outros super-heróis como Aquaman, em uma espécie de Liga da Justiça.


Ione Borges comemora 26 anos de carreira hoje em um Pra Você especial, às 11h10, na Gazeta.


A rede americana NBC vai transmitir o show Confessions Tour – Live from London, de Madonna, em novembro, mas ainda estuda a hipótese de censurar o trecho em que a cantora aparece crucificada enquanto um telão mostra imagens de crianças vítimas de miséria e doença na África.


O GNT estréia hoje, às 19 horas, Cold Squad, uma espécie de Cold Case canadense. Na série, os crimes arquivados são ambientados em Vancouver.’


INTERNET
Gustavo Miller


Um blog feito para a mãe moderna


‘‘Vamos criar o site da mãe moderna?’ Com essa proposta via e-mail, feita em pleno horário de trabalho, nascia há quatro anos o Mothern, blog que faz sucesso na web, virou livro e programa de TV.


Amigas desde os tempos de faculdade, Juliana e Laura se viam como garotas moderninhas, que gostavam de sair na balada e se divertir, além de namorar bastante. Nada estranho para uma mulher solteira, mas as duas eram casadas e… Mães!


‘O que gostávamos de fazer e ler era para a mulher moderna solteira, que é divertida, trabalhadora e feminina’, diz Juliana. ‘Nós éramos tudo isso, a diferença é que também tínhamos filhos e maridos’, completa Laura.


As duas, então, decidiram recriar o tipo de literatura de que gostavam, repleta de humor ácido, para outras mães modernas como elas.


Assim que recebeu o convite eletrônico de Juliana, Laura comprou a idéia e, minutos depois, já havia batizado o futuro site com o nome de Mothern – uma mistura de mãe (mother em inglês) e modern, que significa moderno.


Com quatro anos de vida, o filhote virtual cresceu e já ganhou irmãozinhos. Após virar um livro no ano passado, desde agosto o Mothern foi parar na telinha da televisão como um seriado de TV no canal a cabo GNT. As autoras também assinam uma coluna na revista TPM.


‘A gente ouve até hoje que o blog serviu para outras mães modernas descobrirem que não estavam sozinhas no mundo’, diz Juliana.


‘Buscamos mostrar que a maternidade pode ser vivida de uma maneira mais leve. Menos culpada e preocupada com a imperfeição, mais real e bem humorada’, comenta Laura. A idéia é contar como é ser mãe nos dias atuais, dividindo-se entre as atividades de casa e do trabalho.


Como procuravam facilidade e não sabiam mexer com linguagem técnica, como código HTML, elas optaram por fazer um blog. Ele nasceu em janeiro de 2002, e o primeiro post foi um parto super tranqüilo.


O texto número um da dupla falava sobre como lidar com o sábado de ressaca, após passar a sexta-feira à noite com os amigos e ser acordada logo cedo pelo filho, louco para querer brincar e ir passear.


Já o segundo comentava sobre aquele dia em que a mãe se prepara toda para ter uma noite especial com o marido. Aí a criança resolve chorar a noite inteira ou ficar doente.


Além de ser inspiração para as mães, as filhas também dão os seus pitacos nos posts. Quando alguma coisa engraçada acontece com elas, perguntam: ‘Você vai por isso no blog, né, mãe?’ Já quando aprontam… ‘Não põe isso no blog, não!’, pedem.


FESTA DA BARRIGA


Apesar de terem estudado juntas na faculdade, Laura e Juliana eram apenas conhecidas. Após a graduação, ficaram anos sem se ver.


Mas quis o destino que, algum tempo depois, Laura fosse contratada para trabalhar justamente na mesma empresa em que Juliana era redatora publicitária (ela já tinha Nina).


Entre 1999 e 2000, as agora companheiras de trabalho tiveram filhos. Laura teve o segundo rebento, Gabriela, e Juliana, Alice.


Com isso, se aproximaram. Trocavam roupas de grávida e gostavam de falar sobre coisas engraçadas e até meio trágicas dos primeiros meses como mãe.


A partir dos primeiros textos, Juliana e Laura perceberam que o blog ficava cada dia mais popular na blogosfera. Encontros reais entre as leitoras da página começaram a ser organizados em várias cidades do País, com a presença das autoras.


O post mais comentado e famoso até hoje é o da Festa da Barriga. É um truque que Laura inventou para as suas filhas comerem legumes.


Funciona assim: a barriga da criança é o salão de festas, e a comida, os convidados. Todo dia é aniversário de algum legume. Se a beterraba é a anfitriã da festa, ela precisa receber os convidados, como o arroz, o alface e por aí vai.


O truque deu certo, e outras mães o testaram com êxito – inclusive ele é citado na orelha do livro por outra mothern, a cantora Fernanda Takai, do Pato Fu.


Depois de três anos na rede, o blog virou livro e atraiu novas leitoras, chegando à terceira edição. Então, uma produtora de TV sugeriu às autoras e ao canal a cabo GNT a produção de um seriado baseado nos textos repletos de humor das duas.


A série estreou no final de agosto e reúne quatro mulheres trabalhadoras, independentes e mães – por isso, já foi apelidado de Sex and the City das mamães.


Elas consideram o blog como um outro filho para elas. Apesar disso, Juliana admite que o site não vem tendo toda a atenção que merece.


‘Ele nunca foi o nosso ganha-pão, mas nosso hobby. Além de blogueiras, somos mães e trabalhadoras’, diz Juliana.


Outra explicação de Juliana, é que, como as crianças vão crescendo, o conteúdo vai mudando. O blog foi criado, inicialmente, para as mulheres que estão começando a se descobrir como mães.


‘Mas daqui a pouco nossas filhas chegarão à pré-adolescência, e novos assuntos vão surgir. Não acaba nunca!’, ri Laura.’


Ricardo Anderaos


A Terra é azul


‘5… 4… 3… Eu estou indo de verdade… Eu te amo, Hamid …1 e começa a suave decolagem. Olhando o lançamento de uma espaçonave Soyuz, nunca imaginei que tudo pudesse ser tão suave dentro da cápsula. É como a decolagem de um avião – até que a força da gravidade começa a pesar.


Então houve a separação do primeiro estágio do foguete. Tudo muito suave. Um raio de luz penetra pela janela da cápsula e aquece meu coração. Acho que eu gargalhei a plenos pulmões. A alegria em meu coração era indescritível…


Depois da separação do último estágio, veio a ausência de peso. Uma maravilhosa sensação de liberdade que coloca um sorriso em nosso rosto. Eu desgrudei lentamente de meu assento e continuei rindo. Eu simplesmente não podia acreditar… para ser honesta com você, essa coisa toda continua parecendo um sonho para mim.


Eu estava amarrada tão fortemente em meu assento que não podia olhar para fora. Quando finalmente ficamos seguros em órbita pudemos abrir os capacetes e soltar os cintos.


L.A. tirou sua luva e ela começou a flutuar pela cabine. Eu não conseguia parar de rir. Finalmente pude olhar para fora e ver a Terra pela primeira vez. Lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. Minha respiração ficou descompassada. Só de pensar nesse momento me enche novamente de lágrimas. Aqui está esse lindo planeta girando graciosamente ao redor de si mesmo, sob o calor dos raios do Sol. Tão pacífico, tão cheio de vida, sem sinais de guerras, sem sinais de fronteiras, sem sinais de problemas, apenas pura beleza.


Como eu gostaria que todas as pessoas pudessem experimentar esses sentimentos em seu coração, especialmente aqueles que estão à frente dos governos em nosso planeta. Talvez essa experiência desse a eles uma nova perspectiva e ajudasse a trazer paz ao nosso mundo.


Acho que por ora é suficiente. Vou contar o que está acontecendo aqui em cima na próxima nota. Estou com fome de comida espacial, falo novamente com vocês na próxima órbita. Estamos sobrevoando o Oceano Pacífico e nos aproximando do México.


Essas foram as primeiras palavras que Anousheh Ansari registrou no blog que está escrevendo do espaço, e que pode ser acessado no endereço http://spaceblog.xprize.org. A primeira turista espacial do sexo feminino é iraniana de nascimento, tem 40 anos e vive no Texas, onde dirige uma empresa de telecomunicações. Pagou cerca de US$ 20 milhões para passar dez dias no espaço. Dia 29 ela retorna à Terra.


O mais admirável nessa história é a sensibilidade do texto de Anousheh. Desde que o pioneiro russo Yuri Gagarin subiu ao espaço pela primeira vez em 1961, centenas de seres humanos seguiram seu caminho. Alguns foram mais longe e chegaram a pisar na Lua.


Mas foi preciso esperar 45 anos para que uma mulher civil subisse ao espaço, munida de uma ferramenta de publicação instantânea como o blog, para poder compartilhar, através de palavras simples e sinceras, o verdadeiro sentimento do mundo.


Cresci nos anos 60, à sombra da corrida espacial. Como menino, percorri em minha imaginação, inúmeras vezes, o roteiro descrito por Anousheh. Suas palavras ressoaram em minha lembrança como se fossem minhas. O mesmo vale para suas lágrimas e suas risadas. Como não achar a guerra e qualquer forma de violência absurdas, vendo a Terra lá do alto? Como não perceber a beleza e a fragilidade de nosso planeta? Como não se tornar pacifista e ambientalista? Resumindo: como não aceitar que a espiritualidade é uma dimensão inerente e necessária da aventura humana, vendo a Terra lá do alto?’


Pedro Doria


As lições de Lonelygirl15


‘Lonelygirl15 era uma fraude – e a história já foi contada aqui no Link na semana passada. Lá estava uma menina bonitinha de 15 ou 16 anos, dizia que se chamava Bree e, em algum canto do interior dos EUA, falava por vídeos sobre a própria vida. Os vídeos iam para o YouTube. Durante uns três meses, ela foi a maior sensação do maior site de distribuição de filmes.


Até que se descobriu que era uma atriz neozelandeza atuando numa produção de jovens diretores, todos se lançando no mercado. Conseguiram uma audiência enorme, enganaram gente à beça, atriz e diretores já devem estar com contratos lhes sendo oferecidos. Trote à parte, há algumas coisas a se aprender sobre como somos e como é nossa cultura digital.


A primeira é que, decididamente, verdade e mentira estão ficando difusos. Já é assim há algum tempo. Veja um reality show, qualquer um. É tudo fingimento de realidade. No fundo, todo mundo sabe que as pessoas escolhidas para serem lançadas na casa são pinçadas por conta do tipo, do perfil; sabemos que as brigas e situações são um bocado orquestradas; e que o vencedor, no final, já está mais ou menos óbvio desde o início.


Podemos ir além: campanha política. É só ligar a televisão e ver não a mentira óbvia, dos candidatos a deputado, mas a sutil dos candidatos a presidente. O que mostram não é o que são de fato, mas um calculado roteiro. O roteiro é escrito para arrancar emoções a partir de pesquisas feitas em todo o país a respeito de quais as preocupações do povo.


O que uma eleição deveria ser – um exercício racional a respeito dos problemas e uma análise fria de quem está melhor capacitado para resolvê-los – vira uma decisão tomada a partir de um tipo de paixão.


Sempre foi assim, evidentemente. A diferença é que antes valia o carisma individual do político, hoje é a capacidade da equipe que contrata. E é assim mesmo que queremos. Pensar não parece ser lá muito de nosso feitio enquanto espécie.


A diferença de Lonelygirl15 é que não estava claro, no início, se ela era só uma menina solitária e sua vida ou se era fingimento do que deveras sente. No teatro ou no cinema, esperamos fingimento. Mas isto não nos satisfaz mais. Queremos agora a dúvida: o drama real ou que assim parece. E durante todo o verão norte-americano, gente que fala inglês não resistiu à sensação da temporada que não vinha da tevê. A série que mexeu com o povo estava no YouTube.


Só que não satisfaz por mais que um tempo. A cada momento, como num programa bem estruturado com ganchos para o episódio seguinte, Lonelygirl15 soltava um quê mais sobre sua vida. A relação confusa com os pais aparentemente religiosos, talvez com um pé no satanismo; a paixão enrustida pelo rapaz que a filmava embora jamais aparecesse.


Ninguém, na Internet, existe apenas numa tela de vídeo do YouTube. Mas Lonelygirl15 era assim. Nenhum de seus colegas de escola apareceu falando sobre ela. Nenhum perfil em Orkut ou MySpace, o equivalente popular nos EUA. Nada. E ali estava a dica de que, talvez, Lonelygirl15 não existisse.


O drama, o jogo, passa a ser outro. Embora ainda cativa, a audiência parte para outra: agora quer descobrir sobre a menina o que ela não diz. De certa forma, a Internet convida todos a se transformarem em repórteres. Com dúvida a respeito de alguém: ao Google. Ao Orkut. Todos fazemos isso a toda hora.


Embora a descoberta da identidade tenha vindo de um site de jornalismo profissional, várias pistas foram recolhidas por amadores. E compartilhadas entre todos. A fronteira entre verdade e mentira pode estar difusa, mas isso não quer dizer que os conceitos sejam confusos. Talvez, para repórteres, a obsessão pelo furo continue por muito tempo. Mas, para o cidadão, seja num escândalo político ou na busca pela identidade de Lonelygirl15, o que importa é conhecer a verdade no final. Quem descobriu é irrelevante.


Esta foi uma história sobre como o entretenimento mudou. E também sobre como, de alguma forma, quando queremos e nos empenhamos todos, a verdade vem pelos cabos e nós da rede. Talvez seja admirável este nosso mundo novo.’


O Estado de S. Paulo


Google quer ir além do link patrocinado


‘Assim como a Avenida Madison – sede das maiores agências de publicidade do mundo, em Nova York – ajudou a convencer consumidores de que suco de laranja ‘não é mais só para café da manhã’, o Google está recorrendo à Avenida Madison para convencer diretores de marketing que Google não é só anúncios de texto em letra miúda que aparecem ao lado dos resultados de busca.


O Google está se unindo a Goodby, Silverstein & Partners em São Francisco, agência do grupo Omnicom conhecida por sua criatividade inusitada, em um projeto para um dos maiores clientes da agência, a linha Saturn da General Motors. O projeto teve início na semana passada com um teste para uma campanha que mistura diversos produtos e serviços do Google, como videoclipes que podem ser vistos em um clique, o Google Earth, ferramenta de mapas via satélite, e sua tecnologia de localização geográfica de usuários de computador.


Visitantes de vários sites em seis cidades americanas, onde se localizam 22 revendedores da linha Saturn, poderão ver na tela do computador o que parece ser um típico anúncio de banner do Aura, o novo sedã da Saturn. Um clique no anúncio nos leva a uma vista da Terra. Aos poucos, a imagem vai focando no revendedor mais próximo do usuário do computador. Abrem-se as portas da revenda e aparece o próprio gerente, que introduz um breve comercial sobre o Aura. Ao final do comercial, o gerente volta e, de pé ao lado de um Aura, oferece algumas opções, como uma visão 360 graus do carro ou uma inspeção nos motores. A idéia do projeto é estimular a demanda por test-drive do Aura, com um diferencial: os revendedores entregam o carro na casa do consumidor.


Vendedores de anúncios online tentam convencer publicitários de mídia tradicional a destinar mais recursos para a internet. Essa missão ganhou ressonância na semana passada, quando o Yahoo, concorrente do Google, revelou uma inesperada queda nas receitas com publicidade nas duas maiores categorias: automóveis e serviços financeiros.


Google é conhecido por seu expertise no chamado marketing de mecanismos de busca, em que o maior exemplo são os anúncios em texto que aparecem próximo aos resultados de buscas. Agora, quer dar visibilidade a outras formas mais elaboradas de anúncios. ‘Temos tido várias reuniões com agências e clientes para que eles entendam como, em termos de marca, de criatividade e de planejamento de mídia, eles podem aproveitar as nossas ferramentas’, disse Tim Armstrong, vice-presidente de vendas de anúncio do Google.’


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Emissoras de TV pela web criam associação


‘Sites de WebTVs já têm 60 milhões de visitas por mês


As emissoras de televisão que transmitem sua programação por meio da internet, as chamadas WebTVs ou IPTVs, estão crescendo e resolveram se unir para defender seus interesses. Juntas, somam 60,2 milhões de page views, _ visitas aos endereços eletrônicos _ por mês, o equivalente a 8% do movimento de um grande portal como o IG.


Elas acabam de criar a Associação Brasileira das Emissoras de IPTV (ABRAWEBTV), que será apresentada oficialmente durante o 1º Congresso Brasileiro de IPTV e WEBTV, em outubro, no Rio. Sua primeira briga faz parte do calendário eleitoral.


Por um lado, as IPTVs foram proibidas de fazer qualquer propaganda no período de eleições. Por outro lado, ao contrário das emissoras abertas, não puderam usufruir dos benefícios fiscais em contrapartida à obrigatoriedade da veiculação do horário eleitoral. ‘É uma incoerência’, diz Alberto Luchetti, diretor geral da allTV, criada em março 2002. ‘Temos de nos unir para fazer valer nossos direitos nos tribunais.’


Para combater o que considera uma ilegalidade e também defender os interesses das novas emissoras frente à futura regulamentação das emissoras por internet, a empresa de Luchetti se uniu às TVs Climatempo, Flash Amaury Jr, MultiDirector, Super 8, Universidade Estadual do Rio, e Interativa, na nova associação.


O estatuto da associação, preparado no escritório do jurista Manoel Alceu Afonso Ferreira, prevê um conselho consultivo e uma comissão de ética que vão servir de referência para todas as discussões que começam a surgir na categoria. Entre elas, uma das que mais preocupa a essas empresas, de porte médio, é a entrada das companhias de telecomunicações no segmento de IPTV.


As operadoras Telemar, Telefônica e Brasil Telecom (BrT) têm planos para lançar serviços de TV com transmissão por linha telefônica até o primeiro semestre de 2007. A Telefônica pretende lançar o serviço até o fim de 2006.


As atuais emissoras de IPTV iniciaram atividades num cenário sem normas , até por serem pioneiras, em um mercado novo. Hoje, empregam mais de 370 pessoas e têm boas perspectivas de expansão. Por isso, diz Luchetti, é preciso um esforço extra para entender as necessidades e estratégias de sobrevivência do negócio. A associação nasce nesse contexto.’


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Ofensas em site fazem juiz condenar Google


A Google do Brasil foi condenada na semana passada a pagar multa de R$ 14 mil por não ter tirado do ar comunidades ofensivas do Orkut. A decisão é do juiz Alexandre Zanetti Stauber, do Juizado Especial Cível Central. Segundo o site Consultor Jurídico, na ação, de julho, a vítima alegou que foram criadas comunidades e perfis falsos no Orkut que ofendiam a sua honra. O juiz determinou que a Google excluísse as comunidades e identificasse o autor das ofensas. A decisão previa multa de R$ 1 mil por dia.’


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