‘A Justiça Eleitoral tirou a TV Record do ar por 22 minutos, a partir das 23h06m de ontem. Atendendo a representação do PT, o juiz Luiz Márcio Victor Alves Pereira, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), entendeu que o programa exibido pela emissora sobre o projeto Fazenda Nova Canaã favorecia o candidato do PL a prefeito do Rio, Marcelo Crivella. A Record é ligada à Igreja Universal do Reino de Deus, da qual o pastor Crivella, sobrinho de Edir Macedo, é um dos principais líderes.
O juiz inicialmente determinou à Record que não veiculasse o programa justamente porque iria, indiretamente, fazer propaganda eleitoral para Crivella.
– O oficial de Justiça chegou na Record às 19h30m e ficou mais de duas horas na sede sem ser recebido por ninguém. Então determinei que fosse para o Sumaré (onde ficam as torres de transmissão) para que a decisão fosse cumprida lá porque, caso contrário, o programa iria todo ao ar e a decisão judicial seria inócua – explicou o juiz.
O advogado do PT, Luiz Paulo Viveiros de Castro, argumentou que a exibição do programa sobre a Fazenda Nova Canaã favoreceria Crivella quando a lei 9.504-97 proíbe que, em período eleitoral, qualquer TV dê tratamento privilegiado a qualquer um dos candidatos.
– Ordem judicial é para ser cumprida – disse o advogado, que representa a campanha do candidato petista a prefeito, Jorge Bittar.
O juiz Luiz Márcio disse que mandou suspender o programa porque era propaganda subliminar do candidato Crivella, já que ele faz toda a sua campanha eleitoral citando a Fazenda Nova Canaã. O programa de ontem da Record enaltecia o projeto, sem apresentar qualquer denúncia ou crítica.
– Em toda a sua propaganda eleitoral, Crivella sempre apresenta o projeto da Fazenda Nova Canaã como um diferencial dele. O programa começou às 22h30m e só foi tirado do ar às 23h06m e, por isso, a Record pode ser multada em R$ 100 mil – explicou o juiz.
Ele disse ainda que encaminhará ao Ministério Público o relato do oficial de Justiça sobre o que aconteceu e que os procuradores vão preparar a ação para que outro juiz arbitre a multa.
Segundo Luiz Márcio, a Record passou o dia inteiro exibindo chamadas para o programa. Mesmo com a decisão da Justiça, o programa ainda foi exibido por 36 minutos até ser tirado do ar. A emissora só pôde voltar a exibir programação depois que a exaltação ao Nova Canaã deixou de ser exibida em São Paulo.
Procurada pelo GLOBO, a assessoria de Crivella disse não ter encontrado o candidato ontem à noite para comentar a decisão da Justiça.’
Carlos Marchi
‘Desconfiado, exigente, arisco’, copyright O Estado de S. Paulo, 19/09/04
‘O eleitor está mais desconfiado do que nunca e muito mais exigente do que era em 2000. Ele rejeita de saída qualquer oferta de promessa mirabolante e rechaça embalagens fantasiosas, que usem os recursos modernos de TV, como miragens e trucagens virtuais. E só acata como elemento de convencimento eleitoral as realizações concretas dos candidatos. Ele busca um conjunto de informações sobre os candidatos que antes não o preocupavam.
Este é o novo eleitor de São Paulo, revelado pelas pesquisas de perfil realizadas pelos institutos de pesquisa.
Foi esse eleitor exigente que não se encantou com propostas como o CEU-Saúde, da prefeita Marta Suplicy, e o Cartão PAS de Paulo Maluf, ambas promessas que vinham embaladas em alegorias que os analistas qualificam como pouco convincentes. Promessas que não ostentavam uma base real que expurgasse a desconfiança que esse novo eleitor tem com os políticos e os partidos em geral. Esse novo eleitor escolhe seus candidatos aferindo a sua capacidade administrativa e seus dotes de liderança e não demonstra grandes atenções ou preferências com as siglas partidárias.
Para a analista de pesquisas Fátima Pacheco Jordão, o eleitor brasileiro – e o de São Paulo, em particular – evoluiu magnificamente nos últimos anos e tem estrita noção dessa evolução. ‘Ele diz nas discussões de grupos que está mais esperto do que antes’, afirma ela, como se gozasse esse amadurecimento como um grito de independência regenerador.
‘O eleitor está muito mais racional e muito menos intuitivo’, concorda o especialista Rubens Figueiredo. Além de mais exigente e sofisticado, o eleitor busca mais informações sobre os candidatos e vasculha de forma estritamente racional as propostas que lhe são apresentadas. Acima de tudo, não se deixa iludir facilmente por promessas nem cai na tentação de votar por paixão ideológica ou partidária.
A razão principal desses cuidados e daquela desconfiança, para Fátima, está na frustração causada por promessas de campanha, quando o eleitorado se deixa cativar pelas promessas de profundas mudanças e nem todas se concretizam imadiatamente.
A mais notória delas, inescapável nas discussões de grupo – até porque é um número facilmente memorizável – foi a menção aos 10 milhões de empregos prometidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, ainda que ele explique, hoje, que falava em empregos necessários, não prometidos. Quando viu que as promessas de mudanças radicais se esfarinharam, o eleitor caiu num estado de ceticismo ‘nunca visto antes’, atesta Fátima. A frustração nivelou por baixo os partidos e os políticos – são todos iguais, define o eleitor.
Mobilização – Quando elege suas prioridades, o eleitor tem uma postura cristalina. As pesquisas de perfil que apuram as demandas do eleitorado em 2004 mostraram que dois temas sensibilizam e mobilizam o eleitor – desemprego e saúde. Quanto ao desemprego, o eleitor sabe que o prefeito não pode resolvê-lo, mas pode encaminhar políticas públicas de estímulo à geração de emprego. Quanto à saúde, existe uma expectativa total.
Segundo Fátima, a rede pública de saúde foi sobrecarregada nos últimos anos porque muita gente perdeu o emprego ou o serviço de saúde subvencionado pelas empresas. As unidades se mostraram despreparadas quanto ao número de profissionais disponíveis e freqüentemente desabastecidas em medicamentos. A preocupação com a saúde tornou-se vital e superou as antigas reivindicações por segurança – demanda que caiu para terceiro lugar nas prioridades do eleitor.
Rejeição – Desde o início da campanha, os candidatos tinham claros elementos indicando que, na campanha paulistana, as novas prioridades seriam emprego e saúde. E o eleitor evidenciou isso com todos os números quando a candidata Marta Suplicy, pressionada por demandas específicas na saúde, lançou a idéia do CEU-Saúde em seu programa de TV, abusando dos efeitos virtuais para mostrar as futuras policlínicas prometidas. O candidato Paulo Maluf embarcou na mesma canoa e lançou a versão virtual do Cartão do PAS, uma tentativa de ressuscitar seu antigo programa para a área. O eleitor rejeitou as duas promessas, segundo as pesquisas.
‘O eleitorado quer saber se o candidato já fez coisas concretas. Se fez, quer vê-las sem muito balangandã, sem papel de presente’, diz Fátima. ‘Os eleitores querem coisas factíveis, concretas. E está rechaçando, também, toda e qualquer improvisação’, completa Rubens. Mas, se avançou por um lado, retrocedeu por outro. Fátima anota uma involução institucional no desprezo às claras opções ideológicas e aos alinhamentos partidários, depois que a frustração com as promessas de Lula nivelou os partidos e os políticos.
‘Como todos os políticos são iguais, o eleitor resolveu ser pragmático para escolher o melhor’, assinala Fátima.’
Mauro Chaves
‘Cai a ditadura dos marqueteiros’, copyright O Estado de S. Paulo, 18/09/04
‘Se a usurpação que os marqueteiros fizeram da comunicação política, provocando a substituição da pregação doutrinária – de partidos e candidatos – pela ‘venda’ de produtos/candidaturas, é um fenômeno que atingiu em cheio as democracias representativas do mundo contemporâneo, é claro que num país como o Brasil, submetido à influencia avassaladora da comunicação eletrônica de massas e no qual apenas 15% da população escapa do ‘analfabetismo funcional’, esse fenômeno haveria de ser mais intenso e acachapante – especialmente pela possibilidade de manipulação despudorada de imagens e ‘efeitos especiais’, na propaganda do horário gratuito da televisão, propiciada pelo nosso sistema eleitoral.
Na verdade, o marketing eleitoral é uma das mais despercebidas aberrações éticas introduzidas nas democracias contemporâneas. Tem ele o propósito, muito pouco disfarçado, de fazer passar gato por lebre. Quando, em nossas campanhas eleitorais habituais, prevalecem os critérios ‘mercadológicos’ sobre o que antigamente se denominava coerência político-ideológica ou doutrinária, tudo se transforma em apelos, seduções superficiais e tentativas de atração do consumidor/eleitor, tal como se tratasse da venda de sabonetes – e não da persuasão quanto às qualidades de quem pretende cuidar da coisa pública. E depois das eleições pouco adianta cobrar promessas mirabolantes não cumpridas, muito menos coerência entre programas e ações de governo – pois, afinal de contas, uma vez no poder, se tem tempo de sobra para arrumar as justificativas mais estapafúrdias para a incoerência ou a inação.
Mas há sinais alentadores de que essa grande falsificação comunicológica esteja com os dias contados. Tal como já ocorreu em inúmeros outros aspectos da evolução política brasileira, em que a consciência da cidadania foi despertando e se libertando do engodo, parece que nosso eleitorado também vai chegando à idade da razão, que o deixa mais protegido contra as escamoteações – pelo menos as mais evidentes. Nesse sentido, a desastrosa tentativa da campanha da prefeita Marta Suplicy de fazer – no campo da saúde – do limão da inação a limonada da empulhação, que foi o CEU Saúde, talvez se torne um marco emblemático da resistência da inteligência do eleitorado paulistano – desastre do qual a candidatura da prefeita poderá até se recuperar, mas não será fácil.
Às vezes, o revertério provocado pelo exagero é a melhor solução – uma forma de se entender o ditado inglês ‘the worst is better’. Os marqueteiros exageraram na ruptura da lógica ao tentarem passar para o eleitorado (claro que com palavras diferentes) a seguinte sugestão, no campo da saúde: reeleja a prefeita para que ela possa fazer o que não fez. Seria, realmente, uma espécie de segunda época administrativa. Só que o programa dessa repetência se resumia à apresentação de uma maquete branca pela prefeita, toda vestida de branco (e não do vermelho habitual), além do barbaçudo e abdominoso personagem (pouco associável ao viés sanitário) que parecia fazer (como se imagina em fantasias celestiais) as honras de entrada no CEU.
A última vez que se ousara aproveitar ao máximo o formidável recurso das imagens na televisão para ‘vender’ ao eleitorado um simples pensamento desejoso (wishful thinking) fora a do embuste do Fura-Fila. Mas a mercadologia eleitoral, que tem tomado o lugar do discurso político em nosso país, não se restringe à exibição de animações ou maquetes, porém se estende a toda uma linguagem de campanha eleitoral, com suas escolhas de intensidade e matizes, com suas dosagens, maiores ou menores, de emoção, informação ou argumentação, de suavidade ou contundência. Ora os marqueteiros fazem as campanhas e os candidatos trilhar o caminho da ‘paz e amor’, ora os fazem partir para as traulitadas explícitas em seus adversários, ora os deixam livres, fazendo jorrar solto o pensamento (quando o têm), ora os transformam em derrisórios robôs, de caras meio imbecilizadas, plugados nos pontos de ouvido ou nos teleprompters.
Seja como for, as pesquisas eleitorais das atuais campanhas municipais – como a de São Paulo – já revelam os limites dos poderes persuasórios dos marqueteiros. Parece esboçar-se no horizonte a volta ao natural discurso político – mesmo com a carga pesada de demagogia que muitos deles transportam. É que os candidatos vão percebendo que a comunicação mais confiável que podem manter com seu eleitorado não nasce de regras impostas pelos espertos (e às vezes nem tanto) do marketing político, mas sim das idéias espontâneas que, por acaso, lhes saiam do bestunto.
É claro que técnicas de comunicação, na televisão, que possam fazer o eleitorado simpatizar mais com os candidatos – tais como o tom mais simples na fala, o controle (ou disfarce) da própria arrogância, etc. – têm condições de ajudá-los a obter um melhor desempenho nas urnas. O que importa mais observar, no entanto, é que está caindo a ditadura dos marqueteiros, ou, pelo menos, a ridícula aura de onisciência com que conseguiram engabelar o povo votante com uma sucessão de estelionatos eleitorais – do que a padecida cidade de São Paulo tem sido um exemplo monumental.
Mauro Chaves é jornalista, advogado (PUC-SP), administrador de empresas (pós-graduado pela FGV), escritor, produtor cultural e pintor E-mail: mauro.chaves@attglobal.net’
Leila Reis
‘Linha de fábrica toma horário político’, copyright O Estado de S. Paulo, 19/09/04
‘Dentro de duas semanas, o Brasil vai às urnas escolher seus prefeitos e vereadores. A batalha pelo voto está presente na rua por meio das faixas, bandeiras, cartazes e pichações. Mas é na TV que se percebe o quanto a campanha esquenta com a aproximação do pleito.
Nos noticiários, a cota reservada à disputa vai crescendo progressivamente, os comerciais dos partidos pontuam a programação e o horário gratuito ganha vivacidade quando os candidatos apontam com mais veemência os defeitos dos outros.
Dentre as razões que levam às coligações está o tempo de exposição no horário político. Estar na TV é tornar-se conhecido da massa que vai digitar os números na urna eletrônica (35% dos eleitores admitiram em pesquisa realizada pelo Ibope em 2000 que só ficam sabendo quem são os candidatos pela TV).
Estar bem na TV é conquistar a possibilidade de ser o escolhido no dia 3 de outubro. Por isso é que os partidos investem fortunas na produção dos programas do horário político gratuito.
Assim sendo, a briga não é árdua apenas para os candidatos. Os produtores dos programas têm de nadar contra uma corrente fortíssima para convencer o eleitor de que seu candidato é melhor do que os outros.
A começar pela platéia que se levanta do sofá quando os políticos entram no palanque eletrônico. Desde que começou há um mês, a debandada do telespectador vem aumentando. Dados do Ibope dão conta de que na hora do almoço os aparelhos ligados na Grande São Paulo caíram de 37% para 20% e no jantar, de 70% para 43%. Em contraposição, a audiência da TV paga praticamente dobrou desde que começou a propaganda.
Vender o peixe para o pessoal que permanece na frente da TV, no entanto, não depende só do talento de cada marqueteiro. Na pesquisa nacional que o Ibope fez nas eleições municipais passadas, 52% dos entrevistados disseram que a propaganda eleitoral não exercia nenhuma influência sobre a sua decisão de voto. Cinqüenta por cento garantiram não ter interesse nos programas e 37% disseram estar pouco interessados. Sessenta por cento não gostavam de ter seu lazer atrapalhado pela propaganda.
Mesmo levando todas essas adversidades em consideração, não há dúvidas de que a performance na TV decide uma eleição. E os partidos vêm cada vez mais aperfeiçoando sua comunicação via rádio e TV, atingindo uma qualidade que muitas vezes melhora a imagem do canal na hora da política.
Do ponto de vista técnico, os programas dos grandes partidos são muito bem resolvidos: têm iluminação correta, belas imagens, trilha sonora, enquadramentos que embelezam o candidato, etc. Esse profissionalismo, no entanto, provoca uma certa confusão na cabeça do eleitor, criando várias ‘verdades’. Tome-se como exemplo a disputa à Prefeitura paulistana.
Quem vê a desenvoltura da prefeita Marta Suplicy dentro de seu tailleur vermelho e o panorama de seus feitos no horário político concluiu sem dificuldade que São Paulo nunca conheceu tanto progresso e tantas benfeitorias. Entra o PSDB e o telespectador adquire uma nova certeza:
ninguém fez mais pelo Brasil e por São Paulo do que o candidato José Serra.
Entra Paulo Maluf e o público passa a ter a convicção de que todas as obras e programas sociais importantes desta cidade foram do candidato do coração vermelho.
O pecado dessa eficiência é não conseguir diferenciar um do outro. Ninguém quer arriscar e isso acaba gerando uma linha de produção.
Se a qualidade nivela as mensagens, a falta dela também. No terreno dos partidos nanicos, as palavras de ordem disparatadas e as bravatas dos candidatos colocam todos na vala comum do absurdo.’
Marcelo Onaga
‘Marqueteiros e programas de TV bonitos já não convencem’, copyright O Estado de S. Paulo, 19/09/04
‘A idéia de que alguns políticos e marqueteiros conseguiam eleger até um poste com seu carisma, estratégias e recursos tecnológicos pode ter sido verdadeira num passado recente, mas eleição após eleição ela fica cada vez mais enterrada. Promessas de transformar o caos em paraíso, de criar milhões de empregos em meio a um ambiente recessivo e de acabar com os congestionamentos de uma cidade como São Paulo estão em baixa. ‘Já acreditei em promessas. Hoje quero saber mais sobre o passado do candidato, o que ele fez e se o que diz que vai fazer é factível’, declara o engenheiro Victor Brecheret Filho, que é filho do criador do famoso Monumento às Bandeiras.
‘Já votei com preocupações sociais, pensando no bem da sociedade, mas ultimamente passei a ser mais ‘egoísta’ e prático no meu voto. Quero saber o que o candidato pode fazer para facilitar minha vida, como melhorar o trânsito’, diz Brecheret. Como ele, muitas pessoas tomam as suas decisões na eleição partindo de seus problemas. Não é à toa que os temas desemprego e saúde estão sempre entre os mais citados pela população.
Cansados de serem iludidos por programas eleitorais bem produzidos, eleitores paulistanos buscam na informação uma arma para não cair em ‘histórias da Carochinha’. ‘O que vários candidatos tentam nos passar é pura coreografia. Para votar bem é preciso buscar informações sobre a história do candidato, saber o que ele fez de bom e de ruim’, diz o pediatra Clóvis Constantino. ‘É claro que precisamos ouvir as propostas e é importante que elas sejam ambiciosas. Mas tem de haver discernimento para não sermos iludidos’, completa a estudante Renata Salles.
Partido ou pessoa – A figura pessoal do candidato, para muitos eleitores, conta mais do que o partido que representa. ‘Estou convencida de que são as pessoas que podem resolver os problemas da cidade, do Estado ou do País. Não acredito nos partidos’, afirma Leona Cavalli, atriz do filme Olga. Constantino concorda e acrescenta: ‘O importante é ter uma liderança que saiba guiar o resto, independentemente de que partido seja.’
Há quem discorde e considere a fidelidade partidária necessária para melhorar a atuação política no Brasil. ‘Só criando uma identidade maior entre candidatos e partidos é que se poderá cobrar coerência de quem for eleito’, avalia o advogado Luiz Antônio Caldeira Miretti. ‘Mas só isso não adianta. É preciso rejeitar a ilusão que o marketing político tenta vender ao eleitor’, completa.
Com tantas notícias sobre corrupção envolvendo personalidades políticas, a ética dos candidatos também está entre as grandes preocupações dos eleitores de São Paulo. ‘Acho que tão ou mais importante que as propostas para as áreas de saúde e educação, por exemplo, está o comportamento do político. Se ele não for confiável, de que adianta ter boas idéias?’, questiona a advogada Amanda Melo. ‘Além de o candidato ter obrigação de ser honesto, exijo que ele tenha respeito pelos adversários. Candidato que pauta sua campanha em ataques aos concorrentes é desprezado por mim’, afirma Constantino.
Assim como os marqueteiros e os políticos, o eleitor paulistano mostra-se melhor preparado para esta eleição. ‘As preocupações básicas com educação, cultura e saúde continuam existindo, mas hoje estou mais atenta à posição dos candidatos. Já me decepcionei com algumas pessoas em quem votei e me tornei uma eleitora mais rigorosa’, afirma Leona Cavalli.’