Pedro Butcher

‘São muitos os motivos para desconfiar de ‘O Melhor da Juventude’: sinopse que descreve uma saga familiar, seis horas de duração… Fortes sinais de um academicismo sonolento. Mas deixe de lado preconceitos. Vê-lo é uma experiência comparável a outros grandes filmes que foram concebidos para TV e acabaram no cinema (como ‘Fanny & Alexander’, de Bergman, ou ‘Berlin Alexanderplatz’, de Fassbinder).

‘O Melhor da Juventude’, de Marco Tullio Giordana, foi produzido pela RAI -outro motivo de desconfiança na Itália de Berlusconi- e deveria ter sido exibido só na TV. Mas os produtores ficaram tão entusiasmados que resolveram lançá-lo em cinema.

Selecionado para Cannes, levou o único prêmio da mostra Un Certain Regard. No Brasil, tem chance de ser visto no Cinemax.

Como ‘As Invasões Bárbaras’, de Denys Arcand, se propõe a fazer o balanço de uma geração -que chegou à adolescência nos turbulentos anos 60, foi às ruas e, possivelmente, foi a última que viveu a política na carne. Mas tanto os meios como os resultados dos filmes são opostos. Ainda que carinhoso, o balanço de Arcand é cínico e pessimista. Giordana, ao contrário, estende-se com objetividade, oferecendo um balanço melancólico, porém otimista.

O espectador é convidado a acompanhar a história da família Carati a partir da trajetória de seus dois filhos homens: Nicola (Luigio Lo Cascio) e Matteo (Alessio Boni). A história tem início em 66, quando ambos são estudantes.

Um episódio será divisor de águas na trajetória dos dois. Matteo, trabalhando como voluntário em uma instituição psiquiátrica, não se conforma com o tratamento de choque dado a uma jovem paciente. Resolve ‘roubá-la’ e, com o irmão, tenta levá-la de volta à família, sem sucesso. Ela termina presa, e eles a perdem de vista.

A partir daí, a vida dos irmãos toma rumos opostos. Nicola tem uma reação afirmativa: torna-se psiquiatra e vai liderar a reforma das instituições para doentes mentais.

Matteo, por sua vez, tem uma reação niilista: abandona os estudos, nega tudo o que aprendeu e se alista no Exército. O caminho deles se bifurca a ponto de raramente voltarem a se cruzar. Episódios da história italiana vão pontuar o filme, ora aproximando os irmãos, ora afastando-os.

Giordana propõe uma visão crítica da juventude dos anos 1960, lúcida em relação à opção pela violência e com uma certa cegueira em relação a dogmatismos.

A riqueza dos personagens impede que o filme se torne maniqueísta, mesmo quando avança no tempo (a ação termina em 2003). O tom é melancólico, as escolhas nem sempre se revelam certas, as surpresas da vida às vezes não são agradáveis. Mas o sentimento final é um otimismo pé-no-chão -e emocionante.

O MELHOR DA JUVENTUDE. Quando: amanhã e terça, às 20h15, no Cinemax.’

‘É bem-vinda a portaria do Ministério da Justiça que flexibiliza o acesso de crianças e adolescentes a filmes classificados como impróprios para suas idades. É ridículo até mesmo imaginar que censores lotados em Brasília possam aferir com mais precisão do que pais ou responsáveis o que cada jovem está preparado para assistir.

A iniciativa, no entanto, cria um complicado mecanismo que permite o acesso do menor apenas à categoria de classificação imediatamente superior à de sua idade. Assim, crianças de 10 e 11 anos, acompanhadas dos pais ou responsáveis, só podem ver filmes considerados impróprios para menores de 12 anos. Também escoltados pelos pais, adolescentes de 12 e 13 podem entrar em exibições catalogadas como para 14 anos, e aqueles com 14 e 15 anos têm o direito de comparecer a sessões só adequadas para maiores de 16 anos. Mas os que têm 16 e 17 anos não podem assistir a filmes vetados para menores de 18, a menos que sejam legalmente emancipados.

A regulamentação parece ficar aquém do mandamento constitucional que torna a classificação etária de diversões públicas apenas indicativa. Não é preciso ser expoente da hermenêutica jurídica para concluir que o termo ‘indicativo’ aqui opõe-se a ‘obrigatório’. E o bom senso sugere que a decisão sobre o que cada criança e adolescente poderá assistir fique a cargo dos pais, que formariam seu juízo a partir das indicações de conteúdo fornecidas pelo ministério.

Vale lembrar que em outros países a questão nem sempre passa pelo poder público. Nos EUA, por exemplo, a classificação é feita por uma associação privada, à qual os produtores só submetem os filmes se desejarem. É perigosa a lógica segundo a qual tudo aquilo a que jovens tenham acesso precisa passar por alguma forma de controle do Estado -raciocínio que poderia levar, por exemplo, à classificação de livros.’

‘A Net está exibindo jogos das séries A e B do Campeonato Brasileiro no canal de ‘pay-per-view’ de ‘Fama’. Muitos assinantes compraram um canal, pelo qual pagaram R$ 60, pensando que teriam o ‘reality show’ o dia todo, mas as transmissões têm sido interrompidas durante horas.

Segundo assinantes do ‘pay-per-view’ (pague para ver) de ‘Fama’, as transmissões do ‘reality show’ têm sido bloqueadas de três a cinco horas, à tarde e à noite. Ocorrem nos fins de semana e nas terças e quartas. Na terça, no lugar de ‘Fama’, no canal 77 de São Paulo, foi apresentado Londrina x Caxias, pela Série B.

O problema vem ocorrendo porque a Net tem limitações de canais. Em São Paulo, dependendo da região, a Net tem espaço para quatro ou cinco canais de ‘pay-per-view’. E esses canais já estão comprometidos com o futebol.

André Guerreiro, gerente de produtos da Net, reconhece. ‘Temos um alto número de produtos de ‘pay-per-view’. Em alguns momentos, temos que priorizar um produto, mas quem determina o que é prioridade é a Globosat. Em nenhum momento foi dito ao cliente que ‘Fama’ é um produto 24 horas’, afirma. A programadora Globosat não se manifestou.

A priorização, que de praxe é feita pela Net (não pela Globosat), tem uma regra simples. ‘Fama’ vendeu só 5.000 pacotes de ‘pay-per-view’, contra 256 mil do futebol _40% das vendas são da Net.

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Sumiu 1 De acordo com o resumo dos capítulos divulgados pela Globo, a segunda fase de ‘Senhora do Destino’ só começaria no final do capítulo de anteontem, mas, de fato, isso ocorreu na quarta-feira. Praticamente um capítulo e meio desapareceu.

Sumiu 2 Aguinaldo Silva, autor da novela, diz que o telespectador não perdeu nada. Diz que os capítulos das novelas da Globo estão mais longos e que ele errou os cálculos, escrevendo menos.

Sumiu 3 Silva conta que os dois primeiros capítulos viraram um só, o de segunda, e que o de quarta foi absorvido pelo de terça. E que a audiência vai muito bem, batendo recordes.

Estafa 1 Amigos de Silvio Santos estão preocupados. Ele tem gravado três programas simultaneamente e anda muito estressado. Quarta-feira, Silvio demitiu um sonoplasta que o acompanhava havia décadas por causa de um erro de captação de som.

Estafa 2 Com a audiência do SBT em baixa, pequeno elenco de apresentadores e faturamento aquém do projetado, Silvio tem acumulado serviço. Já teria cancelado suas férias de julho.

Sonoro Um diretor da Band propôs a Jorge Kajuru, recém-demitido pela emissora, que fizesse um merchandising da Brahma após o ‘Jornal da Band’. Ouviu um monte de palavrões.’

‘A cantora Kelly Key, do hit ‘Baba’, estréia na Band já na próxima segunda-feira. Ela e a série de desenho animado japonês ‘Os Cavaleiros do Zodíaco’ vão tirar 50 minutos do telejornal policial ‘Brasil Urgente’. Ocuparão a faixa das 17h30 às 18h20, hoje preenchida por José Luís Datena.

A estréia de Kelly, a ‘nova Xuxa’ de Marlene Mattos, será ‘parcial’. Neste mês, ela apresentará apenas os dois episódios que a Band exibirá por dia de ‘Cavaleiros’. Em agosto, ela entra com seu programa ‘definitivo’, que terá um episódio do desenho japonês, musicais e ‘games’.

‘Os Cavaleiros do Zodíaco’ são a esperança da Band de conquistar o público infanto-juvenil no fim das tardes, preparando terreno para Kelly Key. A emissora já comprou metade dos 145 desenhos da série, apresentada com sucesso pela extinta Manchete.

Segundo Celso Tavares, diretor de programação da Band, os episódios foram remasterizados e ressonorizados e ganharam nova dublagem. A emissora, no entanto, terá que cortar cenas violentas. Na última terça, o Ministério da Justiça indeferiu recurso da Band para que o desenho fosse liberado para o horário livre (até 20h). Deve liberar agora, com o compromisso de corte de violência.

Datena será compensado pelos 50 minutos que perderá. No segundo semestre, ele terá um programa semanal, noturno, de entretenimento, segundo Tavares.

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Avaliação

A Globo está fazendo nesta semana em São Paulo pesquisas com telespectadores para avaliar os humorísticos ‘A Diarista’ (que deve ficar até o final do ano) e ‘Sob Nova Direção’ (que deve passar por mudanças).

Grade

A Record já reservou espaço para Tom Cavalcante (que pediu rescisão contratual à Globo) em sua programação do segundo semestre. Será às sextas-feiras, das 22h à meia-noite.

Clipe

Diretor de ‘Big Brother Brasil’ e ‘Fama’, J.B. de Oliveira, o Boninho, vai comandar as gravações do Prêmio TIM de Música, que ocorre dia 7. A exibição será na noite do dia 11, na Globo.

No ar

Já está na internet site (www.protagonistasdenovela.com.br) para inscrições de candidatos ao ‘reality show’ ‘Casa dos Artistas Apresenta Protagonistas de Novela’, do SBT. O vencedor do programa, com estréia prevista para agosto, ganhará o principal papel de novela da emissora.

Gestação

A Rede 21 está preparando um ‘talk show’ matinal. Terá o nome ‘2+1’, que lembra o ‘Dois a Um’, do SBT. Será apresentado por uma dupla, que entrevistará um convidado.

Oh, coitada

A humorista Gorete Milagres, ex-SBT, está tentando emplacar um programa semanal na Record.’

‘A Globo vai questionar a Record por ‘falta de ética’. Seus diretores interpretam que a concorrente está desrespeitando acordo entre as redes que estabelece que uma emissora não pode assediar profissional contratado de outra.

Esse acordo é informal e nunca foi cumprido à risca. Mas, agora, a Globo avalia que a Record está exagerando. A gota d’água foi a proposta de contratação de Tom Cavalcante, âncora do ‘Zorra Total’, cujo contrato com a Globo só vence em dezembro.

Em abril, a Record já havia tirado da Globo o jornalista Celso Freitas. A Globo identifica atualmente uma ofensiva da Record contra seus contratados. Além de atores, a concorrente tem feito propostas ‘pesadas’ a ‘pessoas importantes’, como os jornalistas Pedro Bial e Zeca Camargo.

O caso Tom Cavalcante promete. Os ânimos na Globo são de disposição para ‘guerra’. Segunda-feira, o empresário do humorista, Doddy Sirena, enviou carta pedindo a rescisão imediata do contrato. Anteontem, a Globo respondeu que não aceita. Quer o cumprimento do contrato até o final ou irá cobrar multa rescisória.

Cavalcante não deve mais gravar na Globo. O material já gravado deverá ir ao ar, mas há determinação para que ele não apareça nas chamadas do ‘Zorra Total’.

A Record afirma que ‘não existe acordo formal ou informal entre ela e a Globo e que o que pesa é a vontade do artista’.

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Chip 1

Conforme a Folha antecipou na segunda-feira, o ‘Diário Oficial’ de ontem trouxe medida provisória mudando lei, de 2001, que prevê dispositivo bloqueador de programação nos televisores.

Chip 2

A medida provisória determina que a partir de 31 de outubro de 2006 todos os televisores vendidos no Brasil tenham o dispositivo. O bloqueio será feito por programas, conforme a classificação indicativa, e não por cenas de sexo ou violência.

Chip 3

Determina a medida provisória que as TVs divulguem com antecedência os programas exibidos em horários inadequados. Não deixa claro que elas terão que emitir sinal que permita ao televisor identificar a classificação do programa, e assim bloqueá-lo.

Grana 1

Depois da Band, há dez dias, o SBT está lançando um ‘portal de voz’, serviço em que o telespectador ‘interage’ com a emissora, fazendo pedidos e opinando em enquetes, por exemplo.

Grana 2

Isso representa mais receita para as emissoras. O serviço tem o custo de ligações de telefones fixos para celulares. Só anteontem, a Band recebeu 30 mil ligações em seu portal.

Corte

A Band decidiu tirar do ar a mesa-redonda dominical ‘Show de Bola’, que, sem Jorge Kajuru, despencou no Ibope _de 4 para 1 ponto na Grande SP. Já Kajuru ainda não arrumou outro emprego.’

‘A juíza Izabel Irlanda Castro Correia Araújo, da 2ª Vara Criminal de Osasco, acatou na última sexta-feira denúncia do Ministério Público contra o apresentador Augusto Liberato, o Gugu, do SBT, por supostos crimes decorrentes da exibição de falsa entrevista com ‘membros’ da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Na entrevista, veiculada no ‘Domingo Legal’ de 7 de setembro de 2003, foram feitas ameaças ao vice-prefeito de São Paulo, Hélio Bicudo, e aos apresentadores de TV Marcelo Rezende e José Luiz Datena.

Com o recebimento da denúncia, Gugu passa agora a ser réu em processo criminal. Também foram denunciados Wagner Maffezoli (repórter do SBT que entrevistou dois encapuzados que se diziam membros do PCC e faziam as ameaças), Rogério Casagrande (produtor do SBT que ‘armou’ a entrevista), Amilton Tadeu dos Santos, o Barney (que intermediou a entrevista, recrutando os encapuzados), Antonio Rodrigues da Silva (o encapuzado Beta) e Vagner Faustino da Silva (o encapuzado Alfa).

A juíza marcou para 18 de agosto a audiência de qualificação dos réus e o julgamento. Todos os envolvidos foram denunciados por dois crimes previstos na Lei de Imprensa (publicação de notícia falsa que implica desordem pública ou alarma social e publicação, mediante recompensa, que importe em crime) e um do Código Penal (ameaça). As penas variam de seis meses a quatro anos.

A promotora Ana Gabriela Visconti ofereceu a denúncia no início de novembro. Mas como ela envolve crimes estabelecidos na Lei de Imprensa, todos os envolvidos tiveram direito a defesa prévia antes de a denúncia ser acatada pelo Judiciário.

A juíza Araújo, no entanto, não aceitou os argumentos dos advogados. Ela reconheceu indícios de existência de todos os crimes imputados pelo Ministério Público e recusou pedido de suspensão condicional do processo (nesse caso, ninguém seria réu).

Adriano Salles Vanni, advogado do apresentador do SBT, disse que irá recorrer da decisão da juíza assim que tomar conhecimento oficial dela. ‘Não vejo nem em tese o crime de ameaça’, afirmou. Em setembro passado, Gugu disse que não sabia que a entrevista era falsa.

A assessoria de imprensa do SBT (cujos advogados defendem Maffezoli e Casagrande) não se pronunciou por não ter conhecimento da decisão. Mesmo argumento apresentou a advogada de Beta. O advogado de Barney e de Alfa não foi localizado.

O processo criminal é a terceira ação decorrente da falsa entrevista. As outras duas são ações cíveis (não criminais), que pedem indenização.’