Blog do Nassif, 1/04
Luis Nassif
Por que o Estadão faz marcação sobre Tiririca?
A marcação do Estadão com o Tiririca ainda vai suplantar, em ridículo, a contagem diária sobre a ‘censura’ – que tenta equiparar um episódio irrelevante de bloqueio judicial de notícia às grandes batalhas do jornal contra sucessivas ditaduras. Tanto grande tema para ser desenvolvido e o Estadão escolhe Tiririca como alvo de sua nova guerra santa. Aliás, diga-me a quem combates, que te direi quem és.
Manchetes espalhafatosas, espaços imensos no jornal, artigos em tom pedante, mencionando ‘malfeitorias’, tudo porque Tiririca contratou como assessores parlamentares… palhaços, justamente pessoas da sua origem, do perfil que lhe garantiu a maior votação do estado de São Paulo.
Queriam o quê? Que contratasse lentes da Faculdade de Direito, catedráticos da Faculdade de Filosofia?
A resposta do deputado foi perfeita: ‘O deputado Tiririca nomeou os assessores levando em conta o critério de conhecê-los pessoalmente e também o fato de serem dois comunicadores que vão colaborar e desenvolver trabalhos dentro da temática que o deputado atua’.
São ridículas as críticas de que ele até agora não apresentou nenhum projeto de lei. Quem apresentou? Quantos não apresentaram?
Tiririca pertence ao baixo clero da Câmara, a maior representação entre todos os partidos. São deputados eleitos por suas bases, que seguem os votos dos formadores de opinião, quase nunca apresentam projetos de lei. A única diferença dos demais foi sua estrondosa votação.
Qual a intenção do jornal de transformá-lo em personagem de tal vulto, merecendo manchete de tal dimensão? Apenas populismo barato, dificuldade de aprimorar a pauta para levantar fatos relevantes e atraentes.
Ou então a intenção de desmoralizar esse anacronismo, a democracia representativa, substituindo o voto por concursos públicos, cuja banca será presidida por jornalistas brilhantes da casa.
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O Estado de S. Paulo, 31/3
Leandro Colon
Tiririca emprega os amigos humoristas, que ficam em SP, com salário de R$ 8 mil
Deputado mais votado do Brasil, com 1,3 milhão de votos, o palhaço Tiririca (PR-SP) usa dinheiro da Câmara para empregar humoristas do programa A Praça é Nossa. Em 23 de fevereiro, foram nomeados como secretários parlamentares os humoristas José Américo Niccolini e Ivan de Oliveira, que criaram os slogans da campanha eleitoral do deputado. Ambos recebem o maior salário do gabinete, de até R$ 8 mil, somadas as gratificações.
Niccolini é presença semanal na TV com o personagem Dapena, uma sátira do apresentador da TV Bandeirantes José Luiz Datena. No ano passado, durante as eleições, o humorista foi protagonista de um quadro cômico que interpretava os então candidatos José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).
Os humoristas nomeados por Tiririca moram em São Paulo e não cumprem expediente diário como servidores da Câmara – até porque Tiririca não tem escritório político na capital paulista. Niccolini e Oliveira ajudaram a fazer dois dos slogans principais da campanha: ‘Vote no Tiririca, pior do que está não fica’ e ‘O que é que faz um deputado federal? Na realidade, não sei. Mas vote em mim que eu te conto’.
Ideias. Procurado pelo Estado, Niccolini justificou a sua contratação na Câmara com a seguinte frase: ‘A gente é bom para dar ideias’. ‘Ele (Tiririca) escolheu a gente porque ajudamos na campanha, só por isso. Porque acredita que podemos dar boas ideias.’
Os dois secretários parlamentares de Tiririca fazem parte do grupo de humor Café com Bobagem, que, entre outras coisas, tem parceria com o A Praça é Nossa, programa da emissora SBT, onde conheceram o palhaço há dez anos. Por sinal, é no escritório do Café com Bobagem, em São Paulo, e não num lugar ligado ao mandato de Tiririca na Câmara, que os humoristas contratados trabalham diariamente.