Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Presidente da Petrobrás faz críticas à imprensa


Leia abaixo os textos de quarta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


************


Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 17 de novembro de 2006


MÍDIA vs. GOVERNO
Pedro Soares


Petrobras acusa mídia de ‘orquestração’


‘O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou que, em razão dos seus 70 mil fornecedores, é possível encontrar ‘todas as colorações políticas’ e empresas que tenham financiado campanhas do ‘PFL, do PSDB e do PT’.


Também disse que alguns órgãos de imprensa fazem ‘uma campanha orquestrada contra a Petrobras’ e que alguns jornalistas fazem ‘ilações inaceitáveis’ para atacar a empresa.


Gabrielli também chamou de ‘irrealidades’ e ‘falsidades’ reportagens publicadas pela Folha e pelo jornal ‘O Globo’ sobre doações de fornecedoras da estatal a campanhas petistas.


A Folha publicou ontem que a UTC Engenharia doou R$ 1,3 milhão a campanhas do PT. Na segunda-feira, o ‘Globo’ havia noticiado que a Abemi (Associação Brasileira de Engenharia), cujo presidente, Ricardo Ribeiro Pessoa, é proprietário da UTC, tinha firmado convênio com a Petrobras no valor de R$ 228,7 milhões.


‘O que saiu em ‘O Globo’ e o que saiu na ‘Folha de S.Paulo’ é uma completa ilação irresponsável tentando associar situações que não são relacionadas com a ação da Petrobras’, disse o presidente da estatal.


Gabrielli criticou a reportagem da Folha que, segundo ele, vinculou a entidade às doações de campanha feitas por empreiteiras. ‘Os recursos são repassados diretamente às 80 instituições que vão dar os cursos. Nada passa pelas empreiteiras. Portanto, o gráfico que está na ‘Folha de S.Paulo’ de hoje [ontem] é um escândalo de desinformação e de irresponsabilidade profissional.’


Isso porque, diz, os ‘recursos vão para as instituições de ensino’ e não ‘para as empreiteiras’. ‘É muito fácil usar uma coisa positiva que temos no país, que é a declaração formal das empresas que estão contribuindo para as eleições, para identificar aquelas que contribuíram para partido A, B ou C e, a partir daí, buscar quais as relações que têm com a Petrobras. Isso é mau jornalismo. É jornalismo marrom.’


O gráfico mencionado por Gabrielli não afirma que as empreiteiras recebem recursos da Abemi. Setas estabeleceram uma relação entre a UTC e a Abemi, o que confere com a realidade: o presidente da Abemi é o dono da UTC.


A UTC pode não receber recursos da Abemi, como diz Gabrielli, mas recebe recursos da Petrobras. A empreiteira assinou dois contratos este ano, no valor de R$ 177 milhões – o que confirma a relação que o gráfico faz entre negócios das empreiteiras com a Petrobras e as doações de campanha para o PT. Do total doado pela UTC em 2006, 88% foram para candidatos petistas.


Abemi


O convênio com a Abemi está no âmbito do Programa de Mobilização da Indústria Nacional do Petróleo, que visa qualificar a indústria nacional. Os recursos são aportados diretamente pela Petrobras ou têm origem na participação paga à União pela produção de campos gigantes e passam pelo crivo da Agência Nacional do Petróleo. Do valor total do convênio, a ANP autorizou a utilização de R$ 158 milhões neste ano. A estatal tem 13.346 contratos hoje, totalizando R$ 167 bilhões.’


SEGUNDO MANDATO
Lula e a esquerda


Boaventura de Sousa Santos


‘DEPOIS DA inesperada fragilidade revelada no primeiro turno, a vitória retumbante de Lula no segundo deixou o mundo estupefacto. É um acontecimento político notável, e o mérito cabe por inteiro a Lula. Só ele poderia reacender o entusiasmo da mobilização em milhares de militantes magoados e desiludidos pelos desacertos da sua política durante o primeiro mandato. Mas as razões do seu êxito são bem mais profundas e merecem reflexão.


A vitória de Lula representa um ‘choque de realidade’ para as elites políticas que governaram o Brasil até 2002. A distância e a arrogância que as separam do país real e a acumulação histórica de ressentimento que isso criou entre as classes populares não lhes permitiram aproveitar as fragilidades do candidato Lula. 58 milhões de brasileiros, na sua maioria pobres, preferiram correr o risco de votar num governo que os pode desiludir a votar num governo que, à partida, já não os consegue iludir.


É inescapável a perplexidade causada por duas enormes dissonâncias cognitivas reveladas nessas eleições. A primeira consiste na discrepância entre a dramática polarização política, sobretudo no segundo turno, e as diferenças moderadas entre as duas propostas políticas, sobretudo se tivermos em conta as políticas do primeiro mandato de Lula e se descontarmos o tema privatizações.


A segunda reside em que o candidato que conquistou o voto e o coração de milhões de pobres é o mesmo que recebeu efusivas e cúmplices felicitações de Bush, a quem só interessa o bem-estar dos ricos e dos muito ricos.


Essa foi a única eleição recente na América Latina em que o candidato de esquerda não sofreu a interferência da embaixada norte-americana. Significam essas dissonâncias que alguém está a enganar alguém? Não necessariamente. A razão para elas está no fato de a distância que separa as elites oligárquicas das classes populares não ser apenas econômica, apesar de esta ser enorme num dos países mais injustos do mundo. É também cultural e racial.


Isso explica o êxito da política simbólica de Lula, a sua capacidade para ampliar o impacto político de medidas relativamente tímidas, devolvendo a auto-estima a milhões de brasileiros humilhados não apenas pela fome mas também pelas barreiras no acesso à educação e pelo racismo insidioso da suposta democracia racial.


Graças a tal capacidade, medidas não originariamente de esquerda, como o Bolsa Família, puderam ser constitutivas de cidadania social, e pequenas transferências de renda puderam ser transformadas em mudanças qualitativas. Tudo isso foi possível devido a uma sutil inversão do sinal político: atribuído por Lula, o Bolsa Família foi entendido pelos brasileiros como ‘isso é o mínimo que vos devo’; fosse atribuído por um presidente de direita, dissesse o que dissesse, seria sempre entendido como ‘isso é o máximo que vos devo’. Essa inversão escapou aos analistas políticos.


O segundo mandato de Lula terá de ser diferente do primeiro. Com a lucidez habitual, Tarso Genro formulou o óbvio, que, em política, é quase sempre tabu: a era Palocci acabou. Só que acabou já há tempo, pelo menos desde que, no final de agosto, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social aprovou por unanimidade os ‘Enunciados da Concertação’. Entre eles, a baixa da taxa de juros para níveis médios internacionais nos próximos cinco anos e a duplicação da parcela da renda nacional apropriada pelos 20% mais pobres nos próximos 15.


A partir de 1º de janeiro, Lula terá de começar a preparar o pós-lulismo: uma forma de governação de esquerda que não dependa da capacidade de um líder carismático para disfarçar com o discurso da antipolítica a incapacidade para substituir a velha política por uma nova. Essa nova política tem de ser preparada de modo consistente, e o primeiro passo é certamente a reforma do sistema político e a reforma do Estado. Só elas permitirão concretizar as políticas de justiça social, cultural e racial em que os brasileiros depositaram a sua esperança.


Mas tudo isso só acontecerá se os brasileiros não se limitarem a esperar. E tudo leva a crer que assim sucederá. A plataforma política dos movimentos sociais -’Treze Pontos para um Projeto Popular para o Brasil’- apresentada a Lula em 19/10 é um sinal de que o tempo dos cheques em branco acabou e de que a luta contra a cultura política autoritária terá de ser travada com decisão para impedir que o golpismo ocorra, mesmo que a coberto da lei (exemplo grotesco dessa possibilidade é a vergonhosa sentença judicial contra o grande intelectual e democrata Emir Sader). Algures, entre os enunciados de concertação e os 13 pontos, a governação do segundo mandato será uma nova era.


BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS, 65, sociólogo português, é professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal). Escreveu, entre outros livros, ‘A Gramática do Tempo: para uma Nova Cultura Política’ (Cortez, 2006).’


Elio Gaspari


Lula dedica-se ao vídeo-governo


‘O PROFESSOR Leôncio Martins Rodrigues foi na mosca: ‘Político, quando não tem o que fazer, defende a reforma política’. Político não tem o que fazer quando seu mandato está no fim. Não conta o que está fazendo quando tenta influir na formação de um novo governo. Em Brasília, quando o ano vai para o seu final, também não há o que fazer. Juntaram-se as três condições: a legislatura agoniza, Nosso Guia diverte-se armando uma equipe e o Natal vem aí. Diante disso, reforma política para a patuléia.


É fácil encontrar quem a defenda, mas é difícil achar duas pessoas com a mesma opinião. (Ou mesmo com qualquer opinião que faça sentido e que possa ser exposta ao público.) Lula pensou em organizar uma cavalgada de governadores pela praça dos Três Poderes, mas como já fez isso em 2003 e deu em nada, desistiu. Quer unir o PMDB, como quiseram FFHH, Itamar, Collor e Sarney. Todos conseguiram algo que lhes pareceu união, mas a conta ficou para a Viúva. Por falta do que fazer, anunciou que vai conversar com os quatro ex-presidentes. Primeiro falou-se que ouviria conselhos, depois torturaram-se as palavras e apareceu a idéia de reunir um conselho. Seria o cenáculo dos malditos, pois a maioria deles já disse do outro coisas que não se repete em casa de família. (Sobretudo Lula.) A idéia de buscar as opiniões de pessoas respeitadas pelo presidente é velha e boa. Ele pode chamar quem quiser, e cada um dos seus antecessores tem a obrigação de ir, mas reuni-los como se fossem princesas da Festa da Uva é levar longe demais a opção preferencial pelo vídeo-governo. Desse jeito, acabarão patinando no Faustão.


No entardecer da ditadura o general Golbery do Couto e Silva costumava brincar: ‘Você pode ir para a rodoviária e correr os guichês pedindo um desconto na passagem. É difícil, mas é possível ser atendido. Mesmo assim, de uma coisa você não se livra: tem que dizer para onde quer ir’.


Para que se tenha uma idéia da persistência do lero-lero reformista, vale lembrar que a manifestação de apoio ao presidente João Goulart, realizada no dia 13 de março de 1964 (uma sexta-feira), chamava-se Comício das Reformas. A embromatina reformista é um pretexto dos governantes, partidos e coligações interessadas em evitar o duro serviço de governar. É como o chefe de seção que evita o expediente e planeja a reforma do serviço. Em geral, trata-se do velho e bom enrolador.


Governar, por exemplo, seria algo próximo de pedir aos doutores do ministério e da Infraero que, por caridade, parassem de dizer tolices. Ou avisá-los de que há 2006 anos as festas de Natal estão marcadas para o dia 24 de dezembro.


Desde a noite de sua reeleição, Lula não tem idéia do que deverá fazer para cumprir o que prometeu: desenvolvimento econômico. Sabe que, enquanto estiver amarrado ao dólar barato e aos juros altos do comissariado da banca, tudo o que tem a oferecer será um pouco mais da mesma coisa. Nosso Guia diz que ‘as condições estão dadas’ para que haja progresso. A frase não quer dizer nada e, ainda assim, vem sendo repetida desde 1995. Sua estagnação é prima da ruína tucana.


Como o único avião que sai na hora (com deslumbrados convivas) é o AeroLula, não pode haver outro tema relevante: a reforma política.’


CONSCIÊNCIA NEGRA
Marcelo Coelho


Negros, brancos e Emília


‘HÁ FERIADOS demais nesta época, e o ideal seria que fossem mais bem distribuídos ao longo do ano. Mesmo assim, acho bom que tenha sido criado o Dia da Consciência Negra, comemorado em São Paulo anteontem.


Escrevo isto sem estar inconsciente, de minha parte, dos riscos de chatice inerentes ao espírito politicamente correto. Há outro risco em jogo, mais complicado.


A política atual se faz tanto pela ‘reivindicação de direitos’ quanto pela ‘afirmação de identidades’. Direitos tendem ao universal: o direito de não ser discriminado, por exemplo, vale para todo ser humano.


Identidades são, contudo, particulares por definição. Afirmar sua própria identidade -’identidade negra’, por exemplo- pode ser importante num ambiente em que ser negro é motivo de preconceito, humilhação ou vergonha. Mas seria terrível se ganhassem força movimentos de identidade em sentido contrário.


Quem se mobiliza para afirmar a ‘identidade branca’, por exemplo, com certeza tem um pé no nazismo. Felizmente, o feriado estimula reflexões em torno de uma bandeira menos complicada, a da ‘consciência negra’, não a da ‘identidade’. Com isso, o âmbito da discussão se amplia bastante. Não se trata, a meu ver, de uma bandeira exclusiva dos movimentos negros, mas de uma consciência que brasileiros de todas as cores devem adquirir.


Passo a alguns exemplos concretos. Dois clássicos da literatura infantil brasileira caíram nas minhas mãos recentemente. Em ‘Viagem ao Céu’, livro de Monteiro Lobato publicado em 1932, a história começa num mês de abril -tempo de férias totais no Sítio do Picapau Amarelo. A ordem é ficar ‘lagarteando’, mas Emília não fica quieta nunca e resolve encomendar a Tia Nastácia que conserte o Visconde de Sabugosa, reduzido a um toco sem cabeça numa aventura anterior. Mas não era um mês de férias?


‘Negra velha’, responde Emília, ‘não tem direito de repousar’. Narizinho se indigna: ‘Quem neste sítio tem mais direito de descansar do que ela, que é justamente quem trabalha mais? Então negra velha não é gente?’. O raciocínio de Narizinho não é contestado, e comparece, em teoria, como uma fala anti-racista.


Mas a prática, como sempre, funciona mais que a teoria, e Tia Nastácia acaba fazendo o que Emília queria. Menos que apontar ‘racismo’ nesse trecho, interessa justamente ver o papel do ‘anti-racismo’ na consciência brasileira. O direito de Tia Nastácia ao descanso, em nome da igualdade universal, aparece sob o signo da exceção; é preciso lembrar a Emília que ‘negra velha também é gente’. Os claros salões da humanidade abrem então uma fresta, pela qual os negros podem ingressar, mas só em teoria, porque, no fim, acabam obedecendo.


Em ‘Clarita da Pá Virada’ (1939), de Maria Clarice Villac, relançado pela editora La Cruce, a simpática menina surge ao lado da mucama Maria, ‘alta e magra rapariga, mulata clara, toda falante e gesticuladora, ótima criatura’. Nesse ‘ótima criatura’, a ausência de preconceito não poderia ser mais preconceituosa.


Clarita está muito contente porque vai ganhar uma boneca preta de pano. Não que seja menina de ficar brincando com bonecas. ‘É que boneca preta, ainda mais de pano, não é uma boneca como as outras… oh! não é não! é antes um palhaço, uma bruxa, qualquer coisa de grotesco, para fazer graça.’


Há vários anos, numa fila de correio, vi um cidadão implicando com um senhor negro que estava à sua frente. Não me lembro do motivo.


Sei que, em determinado momento, o branco disse ao negro: ‘Sou muito mais brasileiro do que você’. Talvez a frase contenha uma das chaves do racismo brasileiro. Em geral acolhedores com os estrangeiros, muitos brancos tenderiam a ver os negros como um ‘povo exótico’, em que não se reconhecem. A literatura de outros tempos caprichava em arremedar as formas de falar características dos ex-escravos.


É provável, num último paradoxo, que um grande empenho coletivo em renegar o passado escravocrata tenha resultado numa forma especial de racismo. Nos Estados do Sudeste, pelo menos, a condição do negro é absurdamente identificada à de um intruso, de um estrangeiro. ‘Claro, ele tem todos os direitos… mas o que é que está fazendo aqui?’


Se essa análise faz sentido, para muitos brancos brasileiros também faz falta um bocado de ‘consciência negra’; e um feriado em novembro ajuda mais, sem dúvida, do que um mês inteiro de férias no Sítio do Picapau Amarelo.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Jogando charme


‘‘EUA vão ligar o charme na América Latina’, avisa o título no ‘Miami Herald’. Será ‘uma ofensiva para cortejar o poderoso Brasil e outras nações-chave’. O alvo é isolar Hugo Chávez. Segundo o ‘número 2’ do Departamento de Estado, Nicholas Burns, a turnê acontecerá no momento em que ‘a região conclui o ciclo de mais de uma dúzia de corridas presidenciais’. Foi ‘necessariamente um ano de observação’, diz, avaliando que as eleições resultaram na ‘afirmação’ das prioridades dos EUA. Agora, no ‘alto da agenda está estender a mão ao Brasil’ de Lula, ‘esquerdista moderado’. Em pauta, energia, Chávez e até ‘ajudar a conter as ambições nucleares do Irã e da Coréia’.


NÃO CONSEGUE


Ecoando reportagem da Folha, o ‘Clarín’ destaca que, ‘apesar do pedido da ONU, Brasil não abre os arquivos da ditadura’. Iniciando o texto, Lula, como FHC antes, ‘não consegue seguir a trilha de transparência da Argentina na punição dos culpados pelas aberrações nas ditaduras’.


CARTEL DO GÁS


O espanhol ‘El País’ dá que a ‘Rússia alimenta a idéia de uma Opep do gás’. Não seria ‘realista a curto prazo’, mas é ‘considerada pelos dirigentes russos’. O tema já teria sido tratado com a Venezuela de Hugo Chávez, ‘que foi muito receptivo’, e possivelmente com Líbia, Argélia e Brasil.


Na legenda, ‘uma área de floresta desmatada’ antes do fim do sonho


CASTELO DOS SONHOS


Sob o título ‘Vida se esvai de cidades erguidas com a destruição da floresta amazônica’, o ‘Guardian’ publicou longa reportagem desde Castelo dos Sonhos, no Pará. O texto abre e fecha com o bordel Charlooe Drinks Bar, suas ‘dezenas de prostitutas’, inclusive menores, e ‘madame’ dizendo: ‘A cidade acabou’. Não consegue mais clientes.


Mas é uma história de ‘sucesso do governo brasileiro na tentativa de proteger a maior floresta tropical do mundo’, com o plano antidesmatamento iniciado em março de 04. Com a repressão às madeireiras ilegais, foram-se a cidade e a economia. O ‘Guardian’ quer apoio aos sobreviventes.


OS PILOTOS AMERICANOS


O colunista para viagens de negócios do ‘NYT’, Joe Sharkey, que estava no Legacy que bateu no Boeing da Gol, voltou a destacar os ‘pilotos americanos detidos’ e a atacar o inquérito (ilustração acima.).


Mas o ‘Newsday’, jornal de Long Island, subúrbio de Nova York onde moram os pilotos, anda mais contido. Ontem, deu que a ‘detenção é justificada, dizem especialistas’. Para um ex-diretor do Departamento de Justiça, ‘se fosse o oposto, pode apostar que iríamos mantê-los até acabar a investigação’. E mais, ‘funcionário do Departamento de Estado diz que todas as indicações são de que o inquérito é feito com prudência e competência -e em cooperação’.


PÉ NA JACA


Do blog de Ricardo Calil, sobre a nova novela global:


– ‘Pé na Jaca’ oferece mais do mesmo Carlos Lombardi, galãs sem camisa, mulheres com pouca roupa. Mas houve uma novidade: piadas com o governo Lula. Na primeira, Arthur pergunta à mulher: ‘Você acha que Juan está no clube?’ (ele sempre está). Ela responde: ‘Você acha que Lula não sabia de nada?’… Será que estamos diante da primeira pornochanchada política das telenovelas?


OUTRA TV


Longo despacho da agência Associated Press, nos sites dos jornais, diz que na Europa e outras partes as telecoms ‘sonham’ e vêm implantando TV por internet. Um holandês dado como exemplo já assiste futebol -e diz que ‘o controle remoto é lento, mas a imagem é melhor do que no cabo’.


Entre outras, investem no padrão IPTV a americana AT&T, a chinesa PCCW e as européias France Telecom, Deutsche Telekom, Swisscom AG, BT e agora a Telefônica.’


TELECOMUNICAÇÃO
Humberto Medina


Costa quer limitar estrangeiro na TV paga


‘O ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB-MG), anunciou ontem que novas autorizações para prestação de serviço de TV por assinatura via satélite (DTH, Direct to Home) serão suspensas. Costa disse que o governo irá analisar a possibilidade de criar uma legislação específica para o serviço. Ele defendeu que haja restrição ampla à participação de empresas de capital estrangeiro no controle de empresas que atuem nesse segmento. Hoje, só há restrição para oferecer o serviço por meio de cabo.


O anúncio foi feito no mesmo dia em que a Telefônica (multinacional de capital espanhol) publicou comunicado em jornais de grande circulação ratificando sua intenção de operar TV por assinatura com a tecnologia DTH. A autorização já foi pedida à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que ainda não se pronunciou. A empresa não comentou as declarações de Costa ontem.


Segundo o ministro, será criado um grupo de trabalho para tratar da nova legislação, com prazo de 60 dias para concluir seus trabalhos. ‘Enquanto o grupo estiver para apresentar a proposta, você paralisa toda e qualquer ação com respeito a DTH’, disse Costa. Questionado a respeito do pedido da Telefônica, respondeu: ‘Vai ter que esperar. Não pode você autorizar o que não tem lei’.


‘A idéia é que não pode simplesmente você chegar à Anatel, ter uma licença e botar uma imagem no ar. País nenhum aceita isso. Tente fazer isso nos EUA, tente fazer isso com a Globo nos EUA’, disse Costa, que foi repórter da emissora e, desde que assumiu o ministério, tem assumido publicamente uma defesa aberta dos interesses dos radiodifusores. A participação das gigantes da telefonia no mercado de TV por assinatura contraria o interesse de empresas de radiodifusão.


Em seu comunicado, a Telefônica informou que a entrada no setor ‘é um movimento positivo para a sociedade’ pelo ‘incremento da concorrência’. O texto dizia que a autorização para o serviço via satélite ‘deverá ser dada em breve’.


Questionado sobre a parceria da Telefônica com a empresa Interactive Telecomunicações (de TV via satélite) para fornecimento de pacotes que combinam telefone fixo, internet rápida (Speedy) e TV paga, Costa disse: ‘Espero que entendam direitinho nossa posição. Não fizeram nenhum contato neste ministério, não fizeram nenhuma justificativa’, disse o ministro.’


Janaína Leite


Senador arquiva projeto que permitia a estrangeiro controlar TV a cabo no país


‘O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) pediu ontem o arquivamento do projeto, de sua autoria, que permitia a grupos estrangeiros controlar TVs a cabo no Brasil. A legislação atual determina que a participação de investidores internacionais seja restrita a 49%.


A decisão de Suassuna foi tornada pública logo após o ministro das Comunicações, Hélio Costa, ter falado mal do texto. ‘É preciso ter cautela. Não dá para escancarar 100%’, disse o ministro, em Brasília. Costa e Suassuna são companheiros de partido.


Questionado se a decisão de retirar o projeto de pauta decorreu das críticas do ministro das Comunicações, o senador paraibano negou. ‘Não falei com o governo’, disse ele.


O arquivamento da proposta de Suassuna frusta, pelo menos temporariamente, a ambição de dois grandes grupos de comandar esse tipo de operação no Brasil: o mexicano Telmex e o espanhol Telefónica.


A Telmex é sócia da Globopar (braço das Organizações Globo) na Net, maior operadora de TV a cabo brasileira.


Já a Telefónica é dona da TVA, vice-líder do setor, em parceria com o grupo Abril.


Caso a proposta de Suassuna tivesse seguido em frente e sido aprovada, a Telmex poderia oficializar sua posição de controladora da Net, uma vez que o contrato entre a Telmex e a Globopar prevê compromisso de venda das ações dos brasileiros ao mexicano. O valor dos papéis foi até predeterminado no documento e não aumentaria com a mudança.


A situação da Telefónica também melhoraria, embora a aprovação do projeto de Suassuna não significasse que os espanhóis poderiam controlar a TVA. A Telefónica entrou no Brasil por meio da privatização das teles, em 1998. Segundo as regras, empresas de telefonia adquiridas naquele leilão não podem controlar TVs a cabo (com exceção da Embratel, também da Telmex, que operava telefonia de longa distância).


Ou seja, para comandar oficialmente a TVA, seria preciso alterações também na Lei Geral de Telecomunicações.


Especialistas em teles ouvidos pela Folha apontaram os grupos Globo e Abril como os principais beneficiários com as mudanças vetadas ontem por terem ativos que poderiam vender a estrangeiros.


Segundo a Folha apurou junto a fontes do Congresso, Suassuna tinha apresentado sua proposta depois de conversas com a ABTA (Associação Brasileira de TVs por Assinatura). Teria voltado atrás ao receber pouco apoio da entidade.’


INTERNET
Mariana Barros


Troca de vídeos rompe barreiras entre TV e internet


‘Como uma gripe que se alastra, os vídeos estão passando da internet para a TV, da TV a cabo para os celulares e da internet para os portáteis.


Na tentativa de tentar conter essa epidemia, o site de hospedagem de vídeo YouTube entrou na Justiça norte-americana contra os criadores de ferramentas que permitem salvar no computador os vídeos do site. Segundo a empresa, a gravação contraria os termos de uso do YouTube.


Ao salvar um clipe no PC, também passa a ser possível gravá-lo em DVD ou transferi-lo para um tocador portátil. Uma das ferramentas para isso foi criada pelo site TechCrunch e, até o fechamento desta edição, estava disponível em www.techcrunch.com/get-youtube-movie. Outros endereços que também oferecem mecanismos semelhantes são www.oyoom.com, www. benjaminstrahs.com/ itube.php e uma extensão para Firefox em javimoya.com/blog/youtube_en.php.


Não bastasse a polêmica, o YouTube ainda enfrentará um novo concorrente, o site Lycos (cinema.lycos.com), que, a partir de dezembro ou do início de 2007, começará a hospedar vídeos de seus usuários, que também poderão se agrupar em comunidades. Outro a unir vídeos e contatos é o SyncVue (syncvue.com), que permite transferência de arquivos de vídeo e de áudio entre usuários do Skype. O inconveniente é o preço da licença: US$ 200.


No Reino Unido, estréia em 1º de dezembro um serviço do provedor de conteúdo sem fio 3 Group que levará ao celular canais de TV a cabo. Para isso, será preciso acoplar um adaptador à conexão de internet de banda larga e ao set-up box da TV a cabo. O celular permitirá ainda controlar à distância um gravador digital doméstico ou um gravador de DVDs.’


***


Sites pagam conforme audiência


‘Os produtores de vídeos caseiros já podem investir seu tempo pensando em ganhar dinheiro -e não apenas na fama de ter um vídeo seu bombando no YouTube.


Mais de cinco sites pagam aos autores dos conteúdos um valor proporcional à audiência de cada vídeo, num sistema de pay-per-view inverso.


No site www.metacafe.com, um usuário conseguiu US$ 25 mil.


O eefoof.com, mais eclético, remunera também quem envia fotografias, jogos e conteúdo multimídia. (GVB).’


TELEVISÃO
Folha de S. Paulo


HBO pretende lançar canal de TV na internet


‘A HBO, rede de canais de TV por assinatura, deve lançar um canal na internet, segundo reportagem do jornal ‘Financial Times’. A HBO faz parte do grupo Time Warner.


O canal de programação na internet deve ser disponibilizado só para assinantes do canal na TV por assinatura. Segundo Chris Albrecht, presidente da HBO, a empresa está conversando com operadores de TV por assinatura para lançar um serviço pelo qual os usuários poderiam baixar programas da HBO em seus computadores.


Ele disse, porém, que, para oferecer o conteúdo na internet, precisa de parceria com operadoras de TV por assinatura, já que os canais HBO não têm propaganda e dependem das taxas pagas pelos assinantes.


O canal na internet ajudaria a HBO a alcançar espectadores mais jovens.


Nos últimos anos, vários canais de TV dos EUA passaram a colocar parte de seu conteúdo na internet.


A HBO também já oferece nos EUA o ‘video on demand’, pelo qual o assinante pode ver os programas quando quiser. Essa tecnologia já responde por 10% de sua audiência.


Com o ‘Financial Times’’


Daniel Castro


Globo toma ‘banho gelado’ no Oscar da TV


‘A TV Globo inscreveu um número recorde de programas e artistas, 21 ao todo, no Emmy International deste ano. Desses, três produções (‘Os Amadores’, ‘BBB 6’ e ‘Sinhá Moça’) chegaram à final, disputada anteontem à noite em Nova York. Num feito inédito, o Brasil ainda foi representado por ‘Mandrake’ (HBO/Conspiração) e ‘Filhos do Carnaval’ (HBO/O2). Mas nenhum brasileiro trouxe uma estatueta.


O resultado desapontou a Globo, que apostava em ‘Os Amadores’. A emissora tanto acreditava num Emmy que enviou dez profissionais para a cerimônia em Nova York.


‘Foi um banho de água fria. A academia é americana e tem coração europeu. Apesar da nossa excelência em produção, os americanos continuam vendo a América do Sul como um subproduto em produção e qualidade. Uma pena. Tirando o vencedor da categoria ‘non-scripted’ [um ‘reality show’ alemão em que crianças têm de freqüentar uma escola como se fosse nos anos 50, rígida], que foi o único programa original, o resto era muito pior do que os brasileiros’, desabafou à Folha J.B. de Oliveira, o Boninho, diretor-geral do ‘non-scripted’ ‘Big Brother Brasil’.


Para Boninho, Globo e HBO terão que ‘melhorar o lobby e fazer produções ainda mais impecáveis’ para terem chances no Emmy International, o ‘Oscar do B’ da televisão (os EUA têm um Emmy à parte).


TERREMOTO 1 A Band, na tentativa de reagir no Ibope, passará por grandes mudanças em sua programação em 2007. Na emissora, já se aposta na mudança do programa de Claudete Troiano das tardes para as manhãs e na exibição de um ‘game’ na faixa das 17h. A permanência do ‘Brasil Urgente’, de José Luís Datena, também é dúvida.


TERREMOTO 2 Oficialmente, a Band apenas confirma que haverá mudanças. E nega que serão essas.


TRISTE FIM A parceria da Record com a Globo pelo futebol está chegando melancólica ao final. Domingo, dividindo com a Globo o jogo do título nacional do São Paulo, a Record chegou a ficar cinco minutos atrás do ‘Late Show’, da Rede TV!.


DUAS SENTENÇAS O Ministério da Justiça liberou a exibição em qualquer horário de ‘Como Fala + Joga’, atração da Gamecorp (que tem um dos filhos do presidente Lula como sócio) que mostrou games violentos. Também ontem, o ministério negou à Record recurso contra a classificação para as 21h de ‘Vidas Opostas’.


RANKING Foram muito bem no Ibope as últimas estréias da Globo. ‘Pé na Jaca’, marcou 41 pontos. E a série ‘Antônia’ cravou 32 pontos, dez a mais que o que a rede vinha dando no horário.


NOCAUTE O SBT deixou de exibir ‘Chaves’ às 18h, depois de ver o seriado mexicano perder para um programa da Record, o desenho ‘Picapau’. No lugar, entraram ‘X-Men’ e ‘Liga da Justiça’.’


***


Futura mostra dois lados da internet


‘Como surgiu a internet e o que podemos esperar dela para o futuro? A partir dessas e de outras perguntas sobre a grande rede mundial, o canal pago Futura estréia amanhã a série ‘Comunidade Brasil – Internet para Todos’, programa em 13 episódios que aborda temas relacionados à influência da rede na sociedade contemporânea e discute assuntos como cultura, educação e inclusão digital.


Em um cenário virtual, a série recorre a animações e a entrevistados como o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e Rodrigo Baggio, presidente do CDI (Comitê para a Democratização da Informática), para mostrar como a internet está presente em nossas vidas.


O primeiro episódio mostra a história da rede, seu surgimento no Brasil e tenta responder a perguntas pedagógicas como: ‘Onde fica a internet?’, ‘É possível desligá-la?’ e ainda comenta a ‘bolha’ de 2000, quando algumas empresas on-line com estruturas milionárias acabaram indo à falência por superestimar o poder do comércio eletrônico.


É no seu quinto programa que a série mostra um dos aspectos mais importantes relacionados ao assunto: a segurança na rede. Se a web pode facilitar a nossa vida, também pode prejudicar. Vide os casos cada vez mais freqüentes de crimes virtuais.


COMUNIDADE BRASIL – INTERNET PARA TODOS


Quando: amanhã, às 16h30


Onde: Futura’


************


O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 17 de novembro de 2006


SEGUNDO MANDATO
Luiz Weis


O espírito de 2002


‘A passagem do governo Fernando Henrique para o de Luiz Inácio Lula da Silva foi um raro momento de maturidade e realismo político. A nova elite dirigente concordou em deixar quieto o passado, em troca da promessa da nova elite oposicionista de ‘não atrapalhar a administração e a governabilidade’, como dizia o então recém-eleito governador de Minas, Aécio Neves, já a estrela nascente do PSDB.


É o que, reeleito e presidenciável, ele continua dizendo, desse modo ou de outro. Mas as coisas mudaram de figura. Em 2002, Lula e José Serra – este, livre dos maus conselhos do PFL, que o enjeitou – se guardaram de recorrer a baixarias.


Agora, depenados na tentativa de tirar o petista do Planalto com a força do povo, os tucanos deram ‘uma exagerada’, na modesta versão do seu líder no Senado, o habitualmente excessivo Arthur Virgílio. E uma parte deles parece pronta a dar uma boiada para não sair do exagero.


Não é segredo para ninguém que o capitão do time da pesada é o arquitucano Fernando Henrique, o que ‘não soube se reinventar como ex-presidente’, na implacável avaliação do mestre-brasilianista Kenneth Maxwell à Folha de S.Paulo.


Aliás, ele concorda com a percepção dos observadores nativos segundo os quais as quizumbas entre o ex e o atual faz tempo que transbordaram da rivalidade política para o terreno movediço das vastas emoções e dos pensamentos imperfeitos. FHC, por sinal, sente em latim: animus bellandi é o que o move em relação ao aliado de priscas eras.


No sábado, Lula disse a Virgílio – esperto, deu-lhe carona no avião presidencial na volta do velório do senador Ramez Tebet, em Três Lagoas – que pretendia convidar o tucano para uma conversa. A sua reação foi típica. Primeiro, lembrou que em quatro anos Lula só o convidou para o enterro do papa. Depois, reduziu o convite a uma ‘bobagem’ – e passou um sabão em Virgílio por tê-lo divulgado.


FHC, de fato, está em outra. O instituto que leva as suas iniciais informou na semana passada que irá ‘planejar ações de mobilização da sociedade civil para o exercício de uma oposição vigilante e responsável em relação ao governo Lula e ao PT’.


É uma iniciativa curiosa, vinda de onde vem. O iFHC se define como entidade apartidária. Surgiu para cuidar do acervo do seu patrono e estimular o diálogo sobre ‘políticas públicas, construção de instituições, relações externas e governança mundial’. Mas isso é de menos.


Demais é o tal do busílis: a quase impossibilidade de o PT e o PSDB, brigando ou se entendendo, aceitarem que os seus governos não são um o avesso do outro. Cada qual com os seus pecados, FHC e Lula compartilham a distinção de terem mudado o Brasil para melhor, indo basicamente pelo mesmo caminho.


Foi uma jornada cheia de solavancos, mas sem interrupção, ao longo dos últimos 12 anos – ‘algo que nunca tinha acontecido na história brasileira’, ressaltou Maxwell, referindo-se à diminuição da distância entre ricos e pobres, pouca, mas constante nesse período.


O governo tucano lançou as bases institucionais para o aggiornamento nacional e o controle da inflação, sem o que não se avança no social. O governo petista consolidou a estabilização e levou mais longe do que nunca as políticas sociais do antecessor.


Não custa repetir o que aqui se escreveu entre o primeiro e o segundo turno: os tucanos apelaram na campanha porque não tinham a oferecer ao eleitorado nada de radicalmente diverso do que lhe oferecia o presidente.


E não tinham porque as suas concepções básicas do que é bom para a governança e o País são mais próximas do que os dois lados abominam reconhecer. Por isso, quando se apedrejam, com a agravante de nenhum deles estar credenciado a atirar a primeira pedra, PT e PSDB ficam menores do que o Brasil que ergueram.


É o que acontece, por exemplo, quando Lula, já reeleito, dá de desancar as elites e a mídia. Setores delas até que o merecem, mas não fora de hora, de lugar e de sentido, como na recente ‘recaída’ confessa do presidente, ao participar de um comício pró-Chávez.


É o que acontece também quando órgãos da imprensa atacam o governo por atacar, pavlovianamente. Outro dia, Lula aconselhou os seus a andar na linha, pois, ‘se batem na gente quando não erramos, imagem quando erramos’. Podia ter acrescentado que o PT no poder só começou a apanhar depois que começou a errar.


Mas é também verdade que a mídia costuma investir contra Lula desdenhando do que dizia o legendário jornalista britânico C. P. Scott (1846-1932): ‘A opinião é livre, mas os fatos são sagrados.’


Já o problema dos tucanos em crise de identidade – ser ou não ser beca e capelo do PFL – não consiste em deixar de fazer oposição. Isso nem está no ar, e é bom que não esteja: a última coisa que a democracia brasileira precisa é de um presidente nos píncaros da popularidade sem nenhuma força política a latir nos seus calcanhares.


A questão talvez decisiva para o futuro dos tucanos é a da escolha do tipo de oposição com que enfrentar o reeleito. Ou insistem no oposicionismo à Virgílio (que disse que seria capaz de ‘dar uma surra até em Lula’), e à FHC (que disse que Lula ‘não tem condições morais de exercer a Presidência’), ou combinam a crítica, severa quando necessária, com a negociação, desarmada o quanto possível.


Lula, que tem a perder não mais uma nova eleição, porém a entrada para a História pelo portão principal, está fazendo as expressões corporais que julga apropriadas ao preparo do segundo mandato. A ponto de levar o tucano brigão a quem deu carona a achar que ele ‘está mais maduro’.


A pedra no caminho do resgate do que tenha sobrado do espírito de 2002, naturalmente, são os restos a pagar do escândalo do dossiê antitucano: sabe-se lá o que ainda pode surgir daí, se e quando se apurar até onde subiu a armação. Não sobrevindo o pior, há espaço para a distensão: que dele façam bom uso.


Luiz Weis é jornalista’


MÍDIA vs. GOVERNO
Nicola Pamplona


Gabrielli acusa imprensa de campanha contra Petrobrás


‘O presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, disse ontem que a empresa é vítima de uma ‘campanha orquestrada’ por parte de órgãos da imprensa, que divulgaram nos últimos dias denúncias sobre suposto favorecimento de ONGs ligadas ao PT e de empresas que doaram recursos para campanhas petistas. Por duas ocasiões, Gabrielli fez críticas ao trabalho da imprensa e qualificou de ‘irresponsáveis’ as notícias.


Gabrielli é mais um integrante do governo a lançar mão de críticas à imprensa. O atual presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, que coordenou a campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chegou a recomendar que os órgãos de imprensa fizessem uma ‘auto-reflexão’ sobre seu papel na campanha eleitoral. Garcia considerou que seu partido e o governo foram prejudicados pela cobertura jornalística. O próprio Lula referendou essa posição semana passada, na Venezuela.


‘Liberdade de imprensa é valor fundamental, mas exige responsabilidade nas notícias que são dadas’, disse Gabrielli, em entrevista coletiva convocada na tarde de ontem exclusivamente para comentar as denúncias. Segundo ele, foi uma entrevista ‘não usual’, porque trataria do trabalho da imprensa e não de fatos relacionados a negócios da estatal.


Dizendo-se revoltado, o executivo constrangeu um dos repórteres, afirmando que ele não é bem-vindo na empresa.


As notícias que irritaram o presidente da Petrobrás levantam suspeitas sobre doações da estatal que beneficiaram filiados ao PT, por meio de programas sociais. Além disso, sugerem que a estatal vem repassando recursos a campanhas petistas por empresas com as quais tem contratos. Gabrielli argumentou que a Petrobrás tem mais de 70 mil fornecedores e 1.751 projetos sociais em andamento e não tem gestão sobre interesses político-partidários de fornecedores ou ONGs beneficiadas.


‘São 70 mil fornecedores. Selecioná-los por critérios éticos, étnicos, ideológicos, políticos ou quaisquer outros, é possível’, afirmou. Mais cedo, em palestra para executivos do mercado financeiro, o presidente da Petrobrás já havia tratado do tema: ‘Pode encontrar empresas que o dono tem um metro e vinte; empresas que o dono não gosta de futebol; que o dono é baiano, que o dono doou para o PFL. Vai encontrar de tudo. Pode procurar que acha’, ironizou.


Gabrielli disse que a Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), que tem um convênio de R$ 268 milhões com a estatal, não vai receber o dinheiro. ‘Os recursos serão repassados diretamente para as instituições que vão treinar profissionais.’ A Abemi, formada por empreiteiras que, segundo as denúncias, doaram recursos para petistas, foi convocada para organizar os cursos para qualificação de 70 mil profissionais nos próximos anos, explicou a empresa.


O presidente da Petrobrás afirmou ainda que os repasses para ONGs beneficiadas pelos programas sociais são feitos com base em análises técnicas. ‘Não pedimos filiação partidária ou coloração político-ideológica.’’


DIPLOMA EM DEBATE
O Estado de S. Paulo


Jornalista não precisa de diploma, diz STF


‘Os ministros da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmaram ontem por unanimidade decisão tomada na semana passada pelo vice-presidente da Corte, Gilmar Mendes, que dispensou a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Os ministros referendaram a decisão de Mendes, que é uma liminar. Ela deverá vigorar até que a 2ª Turma julgue o mérito da ação proposta pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. Não há previsão de quando esse julgamento ocorrerá.


Pela decisão do Supremo, está liberado o exercício da atividade jornalística independentemente de registro no Ministério do Trabalho ou de diploma de curso superior na área. O caso começou a tramitar na Justiça em 2001, quando o Ministério Público Federal protocolou ação civil pública na Justiça contra a exigência do diploma. Na primeira instância, a decisão foi favorável ao pedido. No entanto, em seguida, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região decidiu contra.


Na ação, o procurador-geral da República alega que ela é necessária ‘para evitar a ocorrência de graves prejuízos àqueles indivíduos que estavam exercendo a atividade jornalística’, independentemente de registro ou diploma na área.


STJ


Em julgamento de mérito em outro caso, há duas semanas, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu pela obrigatoriedade de diploma específico para o exercício do jornalismo. No caso do STJ, o julgamento é referente apenas ao médico José Eduardo Marques, de Bauru, que tem um programa na área de saúde na imprensa local.’


MEMÓRIA / ROBERT ALTMAN
Luiz Zanin Oricchio


Morre Altman, um dos grandes mestres das telas


‘Em uma das cenas de A Última Noite, um personagem octogenário morre nos bastidores de um show de música country. Uma mulher bonita, que personifica o anjo da morte, comenta algo do tipo: ‘A morte de um homem de mais de 80 anos não é nada, não deve nem ser lamentada. O show continua.’ E não é que o danado do Altman estava sendo profético e falando dele mesmo neste que agora vai ficar para a história como seu derradeiro filme? Robert Altman, o grande mestre do cinema americano, se foi na segunda-feira, com 81 anos muito bem vividos.


Não é somente um modo de dizer. Com o desaparecimento de Altman, chega ao fim uma trajetória de 55 anos no cinema, na qual atuou como diretor, produtor e roteirista. Altman recebeu este ano um Oscar pela carreira, reconhecimento tardio da Academia, que nunca o havia premiado. Várias vezes ele quase havia chegado lá, mas sempre viu a estatueta escapar-lhe das mãos. Como diretor foi indicado por MASH, Nashville, O Jogador, Short Cuts e Assassinato em Gosford Park. Além disso, Nashville e Gosford Park foram indicados para a estatueta de melhor filme. Nunca venceram. Altman sentia que sua proposta de cinema não era lá muito adequada ao gosto médio da Academia. Comentou certa vez: ‘Na loja de Hollywood vendem sapatos e eu fabrico luvas.’ Nenhum juízo de valor: são apenas produtos diferentes.


Ironia refinada no tom, essa era a marca registrada dele, como pessoa, e que estendia aos seus filmes, pelo menos aos melhores. E entre os trabalhos mais bem-sucedidos de Altman estão exatamente aqueles que foram indicados para o Oscar mas não chegaram a receber o prêmio. Entre eles, MASH e Short Cuts, que não foram reconhecidos em sua terra, mas ganharam dois dos três principais festivais europeus: MASH venceu Cannes em 1970 e Short Cuts, o Leão de Ouro em Veneza em 1996. Como Oeste Selvagem já havia vencido Berlim em 1976, Altman detém o privilégio de ter abiscoitado a tríplice coroa dos mais importantes festivais da Europa. No velho continente, Altman era considerado um autor completo, um mestre da arte cinematográfica.


E de que outra forma qualificar um diretor que transforma uma comédia talvez banal, como MASH, num satírico e delicioso libelo contra a presença americana no Vietnã? O fato é que os filmes de Altman eram, desde então, dotados daquela fluidez narrativa só encontrável nos diretores de cinema de alto nível. O trabalho com a imagem, com os enquadramentos, com a seqüência de planos que se sucedem como se tudo só pudesse ser daquela maneira e não de outra: seu cinema parece um rio, que escorre livremente.


É dessa forma, intensa e natural, que ele registra os bastidores da música country no notável Nashville. Ou retrata Hollywood e seus produtores cheios de cobiça em O Jogador. Ou o cotidiano de pequenos personagens em Short Cuts, adaptado de Raymond Carver. Altman incisivo, mas ao mesmo tempo amigo do prazer cinematográfico, dialoga com outro de seu calibre, Jean Renoir, no campestre Assassinato em Gosford Park. E coloca sua ironia fina de novo em ação quando trata de retratar o fútil universo da moda em Prêt-à-Porter, que conta com ninguém menos que Sophia Loren e Marcello Mastroianni.


Não cabe aqui uma análise filme a filme, mas apenas um exemplo de como Altman trabalhava uma idéia e a transformava em imagens. Ele mesmo conta que combateu o tédio de uma viagem entre Paris e Nova York lendo os pequenos relatos de Raymond Carver. No meio do vôo, adormeceu e sonhou. E, no sonho, as histórias cheias de humanidade de Carter dialogavam entre si. Os personagens de uma entravam em outra, como se os enredos tivessem abolido suas fronteiras e aberto portas para que seus personagens passassem livremente e se comunicassem. Quando acordou, Altman decidiu que essa seria uma boa maneira de levar a prosa de Carter para o universo cinematográfico. E assim o fez. Entrelaçando ações, de modo que, ao final, o que se tem é um microcosmos de L.A., vista como se fosse um tecido de vidas humanas.


É claro que nessa filmografia extensa nem tudo é genial. Mas mesmo os filmes ‘menores’, como os recentes Kansas City, A Fortuna de Cookie e Dr. T e as Mulheres, respiram livremente, graças às melhores qualidades do cineasta: o frescor, aliado ao domínio pleno da técnica; o rendimento do elenco e a maneira nunca banal de colocar a câmera ou pensar a fotografia ou a música. O artefato cinematográfico pensado por Altman se volta para o prazer visual do espectador, essa pulsão tão desprezada pela imensa maioria do cinema produzido hoje em dia. Altman, da mesma forma que um grande pintor, usa suas obras para nos ensinar a enxergar. E mais do enxergar, a ver, pois é disso que se trata no cinema.


E, sim, Altman agrega à capacidade artística aquela alegria das pessoas bem resolvidas e portanto bem-humoradas. Como sabia muito bem que era um mestre, não precisava fingir que se levava demasiado a sério. Ia fazendo seus filmes que, para nós, cinéfilos, eram uma dimensão muito concreta da felicidade que se pode ter nesta vida. Vá ao cinema e assista A Última Noite para ver se não é assim mesmo.’


INTERNET
Karine Rodrigues


Fiocruz aproveita tempo ocioso de computadores


‘Um projeto da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) foi selecionado para participar do World Community Grid, programa mundial que utiliza o tempo ocioso dos computadores pessoais em todo o mundo para processar dados científicos. O estudo concorreu com outros 13. Dos quatro aprovados, é o único não proposto pelos Estados Unidos. África do Sul, França e Canadá também apresentaram projetos.


Ambicioso, o estudo brasileiro pretende comparar proteínas codificadas no genoma de mais de 400 organismos. A idéia é identificar semelhanças que ajudem na criação de remédios, vacinas e diagnósticos. O término da análise deve ocorrer em dois meses.


O chefe do Laboratório de Genômica Funcional e Bioinformática da Fiocruz e um dos autores do Projeto de Comparação de Genomas, Wim Degrave, explica que o estudo surgiu da vontade de ampliar um trabalho em curso na instituição para analisar genes de parasitas e de bactérias.


‘As relações entre os microorganismos são muito complexas. É algo complicado de ser estudado porque precisamos avaliar uma grande quantidade de dados, quatro milhões de seqüências. Daí a necessidade de uma grade de computadores.’ Um único dia na World Community Grid equivale a 81 anos de processamento em um só computador.


BACTÉRIAS


Os dados dos mais de 400 genomas incluídos no estudo são de uso público e já começaram a ser processados na semana passada. Entre eles, está o seqüenciamento genético do homem, de bactérias, invertebrados e plantas, todas espécies de interesse médico, comercial ou industrial. Cada genoma contém todos os genes, compostos por DNA. Este, por sua vez, transcreve ou decodifica uma determinada proteína que dirige as atividades funcionais e estruturais das células.


Análises de computador podem predizer que regiões do genoma codificam quais proteínas. Porém, a predição é, na maioria das vezes, hipotética e feita fora do padrão, o que pode levar a inconsistências e incorreções.


‘Só uma pequena fração das proteínas preditas teve suas funções confirmadas por experimentos laboratoriais. No genoma de parasita, entre 25% e 50% das proteínas preditas não têm função prevista. Esperamos melhorar isso’, diz. A partir das informações processadas, será montada uma base de dados de referência para a comunidade científica. O conhecimento das funções das proteínas ajudará os cientistas a entender como as doenças relacionadas a elas funcionam, possibilitando, por exemplo, o desenvolvimento de novos medicamentos.


‘Há as proteínas conhecidas do HIV. Por meio dos computadores compartilhados, podemos procurar de forma rápida e segura novas drogas. Se temos 100 mil moléculas para análise, podemos refinar os dados e baixar isso para 40 moléculas. E, entre elas, pode haver alguma enzima inibidora do HIV’, explica Degrave.


Além dos mais de 400 genomas que integram o projeto, outros poderão ser incluídos na medida em que forem descobertos. Atualmente, há mais de 1.500 projetos de seqüenciamento em andamento, segundo Degrave.


Pesquisador do Serviço de Genética do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Gerson Carakushansky comentou que o estudo é particularmente importante por comparar genomas de espécies diversas, o que permite a compreensão da evolução e também a pesquisa de novas drogas.


‘Muitos medicamentos são testados em animais e depois em seres humanos. Conhecendo as diferenças entre os genomas desses animais submetidos aos testes farmacológicos, vai ser possível avaliar se realmente o resultado alcançado pode ser transportado para os humanos.’’


***


Ação do Google supera a casa dos US$ 500


‘São Francisco – O preço das ações do Google ultrapassou ontem pela primeira vez a linha dos US$ 500 na bolsa eletrônica Nasdaq – fechou em US$ 509,65, uma alta de 2,95% em relação ao dia anterior -, atingindo um valor de mercado de US$ 156 bilhões. Com isso, o Google se tornou o segundo negócio mais valioso do Vale do Silício, superando a Intel – maior fabricante mundial de chips para computadores – e a Hewlett-Packard, empresa que teve sua origem há 67 anos, também em uma garagem, como o Google. A única a superar o site de buscas é a fabricante de equipamentos para redes Cisco Systems, com valor de mercado de US$ 164 bilhões.


O desempenho do Google é ainda mais espetacular levando-se em conta que foi criado há apenas oito anos pelos estudantes da Stanford University Larry Page e Sergey Brin. Hoje, com 33 anos, eles e o executivo chefe da empresa, Eric Schimidt, são multibilionários.


Levou, na verdade, pouco mais de um ano para as ações do Google pularem de US$ 400 para US$ 500 – a mais longa jornada entre um patamar e outro desde que a empresa fez a primeira oferta pública, a US$ 85 por ação, em agosto de 2004. No primeiro dia, elas chegaram a US$ 100, e em menos de três meses custavam US$ 200. Em junho de 2005 as ações chegaram a US$ 300 e em novembro do ano passado atingiram a casa dos US$ 400.


O surto de otimismo registrado ontem veio com a crença de que o Google vai apresentar novas formas de anúncios online após a aquisição do YouTube por US$ 1,65 bilhão. ‘O Google está se posicionando para participar de um mercado emergente que será muito significativo’, avalia David Garrity, diretor de pesquisas da Dinosaur Securities.


Como outras ações de empresas virtuais, o Google também está passando por uma alta sazonal antes das compras online de Natal. Com uma fatia de mercado de 45% nos Estados unidos, a empresa deve direcionar muito do tráfego das compras online. ‘E ela ainda não está operando em níveis obscenos’, diz Martin Pyykkonen, analista da Global Crown Capital. Ele estima que as ações cheguem a US$ 550 ainda este ano.’


***


Sete portais se unem de olho na publicidade


‘Sete dos principais portais com operação na internet brasileira – MSN, Google, UOL, Terra, Yahoo, iG e Globo.com – resolveram se unir, pela primeira vez, em torno da entidade Interactive Advertising Bureau Brasil (IAB Brasil). Os portais querem dar mais visibilidade ao fato de a internet ser a 2.ª maior mídia de massa no País. E, apesar dos 32 milhões de usuários, a receita publicitária soma apenas 1,9% do total investido em mídia no Brasil.’


TELEVISÃO
ABTA X Telefônica


Keila Jimenez


‘A Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA) voltou a protestar na sexta-feira contra o fato de a Telefônica entrar no mercado de TV paga.


A entidade enviou no final da tarde de sexta um documento à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ratificando sua posição contrário ao novo concorrente, alegando que a operadora espanhola está ditando as normas de controle da Astralsat (parceira da Telefônica), empresa que vai operar o serviço em DTH (televisão por satélite). A empresa também reclama de irregularidades na recente aproximação da TVA com a Telefônica.


O protesto vem ao encontro dos boatos de que a Telefônica já estaria disponibilizando no mercado nos próximos dias pacotes de TV por assinatura do novo serviço, a preços convidativos.


Até o início da tarde de ontem a Anatel não havia se manifestado sobre o protesto.


A Telefônica, por meio de anúncio oficial na imprensa, diz que está entrando no negócio sem infringir nenhum obstáculo regulatório, e que espera para os próximos dias a aprovação da Anatel para que possa começar a vender os pacotes do serviço em DTH.


Promovido a bom velhinho


De galã a Papai Noel. Reginaldo Faria será o bom velhinho em Papai Noel Existe, especial de fim de ano da Globo que vai ao ar em dezembro.


entre- linhas


Pé na Jaca estreou bem. A nova novela das 7 da Globo obteve média de 41 pontos de audiência, com 61% de share.


De olho no mercado carioca, a Record leva mais uma de suas atrações para o Rio a partir do dia 15: o Hoje em Dia. O programa será exibido ao vivo de lá até o carnaval, quando volta para os estúdios em São Paulo, com novo cenário.


Silvio Santos voltou atrás e agora quer que Adriane Galisteu fique exatamente onde está: a loira grava programas inéditos para janeiro e volta ao expediente em fevereiro.


A permanência de Galisteu na grade do SBT não anula os planos da série Minha Vida É Uma Novela, feita de casos reais dramatizados e até então destinada ao horário da loira. O novo programa começa a ser gravado na próxima segunda-feira.


A propósito, 40 atores já foram contratados para o Minha Vida É Uma Novela. Alguns já têm cara conhecida pela TV, mas boa parte vem do teatro. Obra do bom farejador de casting Fernando Rancoleta, diretor de elenco do SBT, que não dispõe de fortunas, como a Record, para seduzir grifes.


Por falar em Record, o último capítulo de Cidadão Brasileiro, novela de Lauro César Muniz, anteontem, registrou honrosos 13 pontos de média no Ibope da Grande São Paulo.


Assim como Diogo Villela, Natália Lage passa a fazer parte do elenco de participações fixas na Grande Família em 2007.’


************