‘‘O papel dos ‘media’ na cidadania estará em discussão no VI Congresso Internacional do Jornalismo de Língua Portuguesa que amanhã e depois decorre em Lisboa. A organização do encontro espera entre 200 a 300 jornalistas e estudantes universitários oriundos dos oito países de língua oficial portuguesa para ‘discutir o papel dos ‘media’ num contexto de crises internacionais e saber se isso implica algumas alterações nos paradigmas tradicionais do jornalismo’, disse à Lusa o presidente do Observatório de Imprensa, Joaquim Vieira.
A influência dos ‘media’ na formação da opinião pública, as pressões sobre os jornalistas e os conceitos de serviço público são alguns dos temas agendados para os dois dias de congresso.
Mário Mesquita, professor na Escola Superior de Comunicação Social, o jornalista do ‘Expresso’ José Pedro Castanheira, Graça Franco, da Rádio Renascença, José Alberto Carvalho, da RTP, e José Manuel Fernandes, director PÚBLICO, são alguns dos conferencistas do Congresso a realizar no Fórum Telecom, em Lisboa.
O objectivo é sobretudo reflectir sobre aquelas temáticas, mas Joaquim Vieira não exclui a hipótese de no final do encontro ser redigida ‘uma espécie de declaração’, com as conclusões do congresso.
Para o presidente do Observatório da Imprensa, a mais-valia deste encontro está em ‘pôr os jornalistas em contacto uns com os outros’ e na ‘troca de experiências’. ‘Abrem-se portas a novos negócios’ e os jornalistas ‘contactam com os problemas vividos nos outros países’, explica.
De acordo com Joaquim Vieira, ainda existem ‘muitas diferenças em termos de conceitos, práticas, concepção da profissão e da liberdade de expressão’ nos diversos países.
‘Mas cada congresso gera formas de aproximação maior entre as comunidades de jornalistas nos diversos países que usam a língua portuguesa como instrumento de trabalho’, assinala. O ministro de Estado e da Presidência, Nuno Morais Sarmento, fará a intervenção final na sessão de encerramento do encontro.
O VI Congresso Internacional do Jornalismo de Língua Portuguesa é organizado pelo Observatório da Imprensa – Centro de Estudos Avançados de Jornalismo, em parceria com o Projor – Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo e o Observatório da Imprensa do Brasil.’
TELES NA MÍDIA
‘Teles investem em mídia própria’, copyright Valor Econômico, 6/01/05
‘A Oi, empresa de telefonia móvel da Telemar, colocou no ar ontem, em Belo Horizonte, a Oi FM. A emissora é uma parceria com o grupo mineiro Bel, dono da concessão para a faixa 93,9 FM na região metropolitana de Belo Horizonte. A Oi será a principal patrocinadora da rádio, com direito a participar da definição do conteúdo. A operadora não revela o valor do investimento.
A iniciativa vem dois anos depois do lançamento, pela Oi, de uma revista própria, que é distribuída aos seus clientes e também vendida em banca.
Mais do que uma tacada de marketing, ações do gênero marcam a incursão crescente das empresas de telecomunicações no terreno da mídia. O movimento é alimentado por inovações tecnológicas (que permitem, por exemplo, veicular programas de TV pelo celular) e pela estratégia das teles de estabelecer um relacionamento mais estreito com os clientes.
A rádio poderá ser levada a outras capitais onde a empresa de telefonia atua. A emissora customizada – a primeira do gênero no país – pretende atrair o público jovem em geral e não apenas os assinantes da Oi.
No entanto, na programação não faltarão incentivos para o uso dos serviços de voz e dados da operadora. Por exemplo, para saber o nome de uma música que tocar na rádio, e de seu cantor, o ouvinte terá de enviar uma mensagem de texto de seu celular. Em seguida, receberá a resposta no aparelho. Da mesma forma, poderá acessar o conteúdo dos programas jornalísticos e ainda ouvir a programação da rádio por telefone.
O mesmo é feito na revista Oi, que estimula o acesso a conteúdos adicionais por meio do celular. A revista é bimestral e já está na 14ª edição. A tiragem é de 100 mil exemplares, sendo quase 90 mil distribuídos gratuitamente para os clientes que mais usam os serviços da operadora. O restante é vendido em banca, por R$ 7,90.
A Vivo, empresa dos grupos Portugal Telecom e Telefónica Móviles, lançou sua revista em outubro do ano passado. A tiragem é de 100 mil exemplares e a forma de distribuição é parecida com a da revista da Oi. Nos dois casos, as publicações são voltadas para comportamento – moda, cultura, música etc.
As revistas são feitas por editoras contratadas, mas a produção do conteúdo é supervisionada pelas teles. O vice-presidente de marketing da Vivo, Luiz Avelar, diz que a empresa participa do conselho editorial da revista. ‘A Vivo controla a qualidade das matérias, dos textos, de todo o conteúdo’, diz.
As operadoras também estão avançando em outras frentes. A Brasil Telecom lançou no fim de 2004 um serviço de vídeo sobre a rede de banda larga. É uma espécie de ‘pay-per-view’ de filmes que podem ser vistos pelo computador. A Vivo e a TIM fizeram parceria com emissoras de TV para veicular programas pelo celular.
As operadoras já têm concessão ou autorização para atuar na telefonia. Por isso, não podem ter outra concessão de serviços de comunicações, mas podem fazer parcerias com empresas que têm, segundo a Anatel. Foi o que fez a Oi com o grupo Bel.
Na prática, as empresas de telecomunicações estão produzindo ou gerenciando conteúdo, algo originalmente feito com exclusividade pelas empresas de mídia.
Em contrapartida, operadoras de TV paga estão se aproximando da telefonia. A TVA, do grupo Abril, lançou no ano passado um serviço de voz com tecnologia de protocolo de internet. A Net, controlada pela Globopar, tem planos de seguir pelo mesmo caminho.
Como os grupos de comunicação são sujeitos a regras diferentes – inclusive em relação à participação de investidores estrangeiros no negócio -, começa a surgir um debate sobre a atuação das teles nesse tipo de serviço.
‘A convergência tecnológica e de meios é uma realidade. Pode ser a abertura de um caminho incontrolável’, diz o deputado Miro Teixeira (PPS-RJ), ex-ministro das Comunicações.
Na avaliação do parlamentar, as regras dos setores de telecomunicações e mídia precisam ser revistas para abrigar a nova realidade. ‘Não se pode impedir o acesso do consumidor aos resultados dessa evolução’, observa. Porém, Teixeira afirma que é preciso agir com cautela para que não haja regras diferentes para o mesmo serviço.’
MERCADO DE TRABALHO
‘Troca-troca movimenta início do ano’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 5/01/05
‘Foram algumas notícias boas e outras nem tanto, mas o início de 2005 registrou um movimento acima do normal, em termos de vaivém, para essa época do ano.
Mudanças de porte, algumas, como a anunciada nesta terça-feira por Mino Carta para este Jornalistas&Cia, na Carta Capital, em decorrência da saída, em dezembro passado, do redator-chefe da publicação, Bob Fernandes.
A partir de janeiro a publicação ostentará em seu expediente o nome de um novo diretor adjunto, um novo redator-chefe e um novo editor. O diretor adjunto é Maurício Dias, consagrado profissional da imprensa carioca que já atuou ao lado de Mino em outras quatro ocasiões (Veja, IstoÉ, Senhor e IstoÉ/Senhor) e que era o editor-chefe do Jornal do Brasil até a chegada de Nélson Tanure, de lá se retirando em maio de 2002. A bem da verdade Maurício já integrava a equipe de colaboradores fixos de Carta Capital, mas não exercia função executiva. A partir de agora, oficializada sua contratação, assume novas atribuições, inclusive como membro do Conselho Editorial, devendo também participar das reuniões de pauta e fechamento, o que o obrigará a deslocar-se com grande freqüência para São Paulo. A escolha do novo redator-chefe recaiu sobre o nome de Maurício Stycer, três anos e meio de casa e até então editor de Cultura da revista. A outra novidade foi a promoção de Sérgio Lírio, sub de Economia, que a partir de agora passa a dedicar-se a cobertura de temas políticos, com status de editor. Cumpre acrescentar que todas essas mudanças abrem duas novas vagas na revista – uma em economia e outra em cultura – que deverão ser preenchidas nas próximas semanas.
Quem também começa 2005 numa nova posição é Luiz Fernando Gomes, editor executivo do Jornal da Tarde, que aceitou convite de Walter de Mattos Jr para comandar a área editorial do Lance, com responsabilidades sobre as equipes de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Luiz Fernando é velho conhecido do presidente do diário Lance com quem trabalhou anos atrás em O Dia, no Rio de Janeiro, nos tempos em que o jornal era dirigido por Ruth de Aquino. Ele entra numa função que está vaga desde a saída, cerca de um ano atrás, de Marcos Augusto Gonçalves e terá a responsabilidade adicional de desenvolver e coordenar novos projetos e novos negócios, coisa, aliás, que já vinha de certo modo fazendo no JT e também em O Dia. A má notícia é que não está previsto, ao menos por enquanto, um substituto para ele no Jornal da Tarde. Suas atribuições foram absorvidas pelos dois outros editores executivos, Fernando Fernandes e José Maria dos Santos, e pelo editor chefe Celso Kinjô.
A movimentação também não parou no segmento de assessoria de imprensa. Na área pública, por exemplo, esse movimento tem sido intenso em todo o Brasil com a chegada dos novos prefeitos e das mesas diretoras das câmaras municipais. Em São Paulo, por exemplo, Sérgio Rondino, nome de projeção nacional (ex-Jornal da Tarde, ex-Band e que estava como âncora do Jornal Eldorado), assumiu a assessoria de imprensa do recém-empossado prefeito José Serra, na capital paulista, num núcleo que conta com o comando de Sérgio Kobayashi, ex-presidente da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.
Algumas organizações da iniciativa privada também começaram o ano com novidades. Lígia Cruz, titular da assessoria de imprensa da Vasp por quase nove anos, saiu e vai aproveitar alguns dias para se recompor dos dias difíceis ali vividos nos últimos meses, para só depois definir que rumo tomará. O Grupo VR (Vale Refeição), conduzido pela família Szajman, decidiu seguir o exemplo de inúmeras empresas e optou por terceirizar os serviços de comunicação. Desse modo, saíram a gerente da Assessoria de Imprensa, Marina Leão, e a assessora de imprensa, Dora Vieira.
Tudo isso em São Paulo.
No Rio de Janeiro, em fase de muda, o BNDES, cujo titular de comunicação, desde a chegada de Guido Mantega à Presidência, é Ricardo Moraes, contratou Mônica Magnavita para integrar a equipe e promete uma nova contratação para os próximos dias. Mônica, desse modo, deixou a Gazeta Mercantil e a Economia do Jornal do Brasil.
Em Brasília, Ricardo Pedreira, que já foi do Jornal do Brasil, da tevê Globo, e das revistas Veja e IstoÉ, além de secretário de imprensa do Governo Sarney, aceitou convite para assumir a imprensa da Associação Nacional dos Jornais – ANJ, na vaga anteriormente ocupada por Vera Pinheiro, que saiu da instituição em dezembro passado.
Também a Comunicação do Governo Aécio Neves, em Minas Gerais, abre 2005 com reforço. Chega para compor a equipe liderada por Eduardo Guedes Sérgio Esser, vindo do Banco Rural, onde comandou por uma temporada a Diretoria de Comunicação.
A parte das vagas diretas nas organizações, há ainda a movimentação nas agências, com contas novas chegando, caso da RLC, de Rui Xavier e Leila Reis, que passou a atender a Varig Log, da Rede Inform, presidida por Carlos Eduardo Mestieri, que fechou com a Bandeirante Emergências Médicas – BEM e Mauser Security Technologies, da Texto & Imagem, de Jane Cruz, que incorporou à sua carteira as contas da Crivo Solutions e da Dicico, e da VipComm, nova assessoria de imprensa da Brasil Telecom.
Um bom exemplo de crescimento vem da Holofote, dirigida por Almir Soares e Teka Nogueira de Sá – e que a partir de agora passa a ter Eduardo Pugnali como sócio: a agência registrou, em 2004, um crescimento de 100%, passando a atender 25 organizações, com uma equipe que de oito passou para 15 funcionários.
E isso é só o começo – esperemos!’