‘Para o escritor Gay Talese, um dos maiores repórteres americanos, o ‘New York Times’ nunca foi independente do governo dos EUA nem exerce um jornalismo suficientemente crítico. A atual atitude do jornal de maior prestígio dos EUA em relação à Guerra no Iraque é fácil: ‘A imprensa só passou a ser crítica porque a guerra está indo para o inferno’. Autor do livro mais conhecido sobre o ‘Times’, ‘O Reino e o Poder’, Talese, 72, critica a imprensa americana de forma geral e os jornais diários em particular. Responsável por relatos minuciosos que o tornaram um dos principais nomes do jornalismo literário, ele diz que a mídia ‘não relata a notícia porque não a vê’, confiando em informações do governo.
Além disso, não mantém o distanciamento necessário de suas fontes, e os jornais, concorrendo com as redes de notícia 24 horas, não têm tempo para ‘pensar’. A seguir, trechos da entrevista, feita por telefone.
Folha – Como o sr. vê o texto dos editores do ‘Times’ reconhecendo erros antes da Guerra do Iraque?
Gay Talese – Desde antes de a guerra começar me parecia que as reportagens dos jornais não questionavam, não eram céticas, não tinham independência em relação à propaganda provinda do Pentágono e da boca de gente como Condoleezza Rice [assessora de Segurança Nacional da Casa Branca]. Era um problema também dos editores, que não foram suficientemente céticos -mas eles estavam mergulhados no espírito de patriotismo que se seguiu aos ataques do 11 de Setembro. É um clichê dizer isso agora.
Os problemas começaram com os repórteres ‘embutidos’ [em pelotões do Exército]. Fosse eu o editor do ‘New York Times’ ou de qualquer outro jornal, jamais teria permitido que um jornalista estivesse lá, dentro de tanques. Isso torna o repórter um mascote do ‘time’. É preciso separar o jornalismo do governo, dos ministros da propaganda.
Folha – Há algo específico no ‘New York Times’ que permitiu que isso acontecesse por lá?
Talese – Sobre o ‘New York Times’, há algumas coisas que são tão verdadeiras hoje quanto eram há 30 anos, quando escrevi meu livro sobre eles. É um jornal do establishment. Sua saúde financeira, a economia do ‘Times’, é em grande medida baseada na economia das forças que mandam no país. As políticas do governo americano estão bastante em linha com os interesses do ‘New York Times’ enquanto um jornal do establishment.
Independentemente dos editores que, de tempos em tempos, dizem ‘somos independentes, independentes, independentes’, eles não são economicamente independentes. Nunca foram realmente independentes, com exceção de alguns episódios.
No caso do Vietnã, o primeiro repórter a soar o alarme, pelo ‘Times’, foi Harrison Salisbury. Em 1965, ele relatou o bombardeio de Hanói. Todos no Departamento de Estado disseram que ele era um mentiroso, um comunista, blá, blá. Depois, a guerra começou a desandar, e o governo não pôde mais vender essa história.
Pulemos para 2004. É a mesma coisa. A mídia faz parte da operação, toda a mídia. Eles vão com os vencedores. A idéia é ficar do lado de quem está ganhando. Não há dissidência neste país.
A imprensa só passou a ser crítica porque a guerra está indo para o inferno. Não era há seis meses. Só o é quando as coisas vão mal, porque então é seguro estar do lado da crítica. Isso não é coragem.
Folha – O sr. vê falhas maiores agora do que no passado?
Talese – O problema é que ela não relata a notícia porque não a vê. A notícia é entregue à mídia por alguém -pelos generais, pelo pessoal de relações públicas do presidente. No afã de conseguir informações de dentro, exclusivas, os jornalistas se tornam ‘embutidos’ justamente com as pessoas das quais eles deveriam estar desvinculados.
Mas, quando os carros do Exército começam a explodir, quando bombas explodem edifícios, quando as pessoas morrem, incluindo líderes no Iraque dessa administração de fantoches que estão criando, então, muito bem, a história é outra.
A mídia age como um bando de lobos. Movem-se dessa maneira. Vêem uma carcaça e pulam sobre ela. Quando essa carcaça era um monstro, quando estava viva com toda a mitologia de americanos sendo bem recebidos com flores no Iraque, a mídia apoiou.
Folha – Houve algum momento ao longo do século 20 em que a imprensa tenha sido mais crítica?
Talese – Não. A mídia nunca foi suficientemente crítica. Harrison Salisbury era crítico. Outros repórteres também. Mas isso foi só quando o Vietnã se tornou uma experiência horrorosa. No início, não era crítica.
Folha – O ‘New York Times’ pode sair maculado desses percalços?
Talese – Todo dia eles morrem, e todo dia eles nascem. Todo dia é um novo jornal, e tudo, cedo ou tarde, é esquecido.
Folha – Há alguma publicação hoje nos EUA que o sr. considere suficientemente crítica?
Talese – A melhor publicação é a revista ‘New Yorker’. E [seu colaborador] Seymour Hersh é das poucas pessoas corajosas do país. Mas é uma revista semanal. Têm mais tempo para pensar no que vão escrever. Nos jornais, o que escrevem hoje não tem a ver com o que foi escrito ontem ou será amanhã. Estão correndo tanto para competir com as TVs a cabo, com esses canais de notícias 24 horas. Não deviam competir.’
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‘Para analistas, imprensa em crise já corrige rumos’, copyright Folha de S. Paulo, 6/06/04
‘Para Bill Kovach, um dos principais teóricos do jornalismo nos EUA, a imprensa americana passa por mudanças profundas. Rosental Calmon Alves, professor de jornalismo da Universidade do Texas, fala em crise.
Ambos dizem, no entanto, que o ajuste de contas que pode ser lidos nas páginas dos jornais americanos -particularmente do ‘New York Times’- desde o ano passado, dando conta de plágios, invenções e erros, faz parte de um processo de ‘correção de rumo’ e redefinição do papel da imprensa -positivo, portanto, ou, como diz Alves, ‘o copo está meio cheio’.
‘Todos esses escândalos já aconteciam. Não há nada de novo em plagiar um texto’, declara Kovach, presidente do Comitê de Jornalistas Preocupados, organização dedicada a estudar e aperfeiçoar os padrões da profissão, e ex-diretor da sucursal de Washington do ‘New York Times’.
A novidade, diz, está na necessidade atual da imprensa ‘de desenvolver um novo tipo de relação com seus leitores, mais aberta, mais transparente, trazendo o público para dentro de seu processo de tomadas de decisão’.
O movimento de maior transparência responde a uma crise de identidade da imprensa, dizem, que tem tido de lidar nos últimos anos com uma revolução tecnológica na área de comunicação -internet, canais de jornalismo 24 horas- que tem efeitos sobre o modo como a notícia é feita, tanto quanto no seu acompanhamento, na sua crítica e na competição entre os veículos.
Na prestação de contas mais recente, há dez dias, o ‘Times’ reconheceu que avaliou mal reportagens que indicavam que Saddam Hussein era capaz de produzir armas de destruição em massa e que possivelmente já as tivesse.
As armas nunca foram encontradas. A maioria das reportagens foi feita por Judith Miller, que teria entre suas principais fontes integrantes do governo americano e Ahmed Chalabi, líder iraquiano de oposição a Saddam.
No ano passado, o ‘Times’ já viera a público no caso de invenções e plágios de Jayson Blair e no de Rick Bragg, que assinou texto apurado por outro jornalista.
Alves, que é diretor do Centro Knight para Jornalismo, organização dedicada ao aperfeiçoamento de jornalistas, diz que a crise que vê agora nos EUA é cíclica, geralmente associada a grandes mudanças tecnológicas e ‘excesso de comercialização’ na imprensa.
Kovach afirma que o caso de Judith Miller foi motivado pela mesma razão de fundo do caso Blair: ‘O desejo exacerbado de bater os concorrentes’, mais importante ‘do que se certificar de que a informação era confiável’.
O caso de Larry Rohter é completamente diferente e não faz parte da crise, disse Alves. O correspondente do ‘Times’ no Brasil escreveu há um mês reportagem sobre o consumo de álcool pelo presidente Lula. ‘Não é uma boa matéria e é exagerada na conclusão de que haveria uma preocupação nacional. Mas ele não inventou nada, não fabricou nada’, disse Alves.’
Milton Temer
‘O ‘NY Times’ e o mea-culpa tardio’, copyright Jornal do Brasil, 6/06/04
‘Alberto Dines, aqui; Moniz Sodré, ali; os grandes promotores da reflexão sobre a relação dos meios de comunicação com a questão democrática já tocaram no tema. Mas a peteca não pode cair, não se pode empurrar o assunto para baixo do tapete. A autocrítica do The New York Times, com respeito às deficiências na cobertura dos preparativos e da invasão do Iraque, não é assunto concernente apenas a seus editores, redatores e repórteres. É de um interesse bem mais amplo, determinante na simbologia da Nova Ordem estabelecida a partir da decomposição da União Soviética. Diz respeito à legitimidade, ou não, de os Estados Unidos se pretenderem definidores de paradigmas das sociedades livres. Deve, portanto, se constituir em tema de debate permanente.
Recuperando o contexto histórico, os desvios de conduta do NYT foram apenas um dado a mais no festival de distorções promovidas pelo clima de patriotismo doentio no qual os Estados Unidos se atolaram, na seqüência do 11 de setembro. Clima doentio que fez renascer o macarthismo, com a legalização da restrição de direitos civis consagrados; tudo se submetendo às novas regras de segurança nacional. Evidentemente, os alvos não poderiam ser outros – os cidadãos do Terceiro Mundo, com preferência acentuada para os descendentes de árabes, ‘suspeitos naturais’ de uma previsível conspiração do ‘terror internacional’.
Escusado recordar quantos terminaram encarcerados – entre eles, brasileiros -, sem culpa, sem direito a assistência jurídica, e passando por vexames e violências não muito diferentes dos impostos aos prisioneiros de Guantánamo.
A autocrítica do NYT é, portanto, assunto concernente à aceitação, ou não, da ideologia bélico-fundamentalista do entourage de Bush, segundo a qual os Estados Unidos se determinam, por cima inclusive de resoluções da ONU, árbitros de quem pode e de quem não pode ser nação livre. No contexto atual, e com a adesão incondicional do governo Blair, na Inglaterra, os Estados Unidos se dão o direito divino de desmoralizar regimes democráticos que lhes contestem a hegemonia, e de prestigiar e dar cobertura a ditaduras, desde que submissas a seus objetivos estratégicos.
Não há como não reconhecer. Os meios de comunicação norte-americanos, em sua quase totalidade, têm papel importante na composição de tal cenário. As manchetes de seus jornais, rádios e redes de televisão mudam ambientes econômicos, desestabilizam moedas a despeito de escoradas em fundamentos sólidos, desqualificam personalidades íntegras, quando não subalternas, com a mesma ‘objetividade’ com que promovem cafajestes, desde que acumpliciados ao Pentágono ou a Wall Street.
O que o NYTimes levanta em autocrítica veio tarde. Na época em que os seus repórteres, com os da CNN e com os da Fox, instalavam-se como membros da tropa de ocupação, nos caminhões e carros de combates dos primeiros movimentos vitoriosos no Iraque, seus colegas da BBC inglesa, das televisões francesas e alemãs, tinham versão distinta sobre ‘objetividade’ da informação. Enquanto os americanos transformavam em ‘perigosas armas ocultas’ pedaços de ferro-velho soterrados, os europeus viam, ali, o contrário. A evidência da inexistência de tais armas.
A verdade é que o retrospecto dos Estados Unidos não é brilhante no item das liberdades individuais, embora este seja mote de seus arautos incondicionais. Até bem recentemente, negros eram submetidos a guetos discriminatórios, sem liberdade de ir e vir. Não era diferente com os judeus. Eles também foram tratados como cidadãos de segunda classe até o início da Guerra Fria. Viraram aliados incondicionais quando Israel aceitou ser o contraponto da ascensão de regimes árabes, laicos, com tendência esquerdista, e gestando alianças com a União Soviética.
O que a autocrítica do New York Times antecipa é a necessidade de olhar com maiores cuidados o que se chama de democracia nos Estados Unidos. E ver até onde, para negros, hispânicos, descendentes de árabes, ela realmente existe. O cineasta Michael Moore que o diga.
PS: Manchete no vetusto Financial Times, londrino, de segunda-feira: ‘Americanos perderam moral para impor autoridade ao mundo’. Com o seguinte subtítulo: ‘Depois de tudo no Iraque, qualquer decisão dos EUA deverá ser vista com desconfiança’. Sem comentários.’
GOVERNO BUSH
‘Suspense em Washington: Tenet escreverá livro ‘contando tudo’?’, copyright O Estado de S. Paulo / Los Angeles Times, 5/06/04
‘Na quinta-feira, Peter Osnos, fundador e CEO da Public Affairs Press, estava para embarcar no um vôo para Chicago, quando ficou sabendo por telefone que o diretor da CIA, George J. Tenet, tinha renunciado. ‘Um mês’, disse ele a um de seus funcionários. ‘Vai demorar menos de um mês para aparecer uma proposta para um livro.’
As pessoas que conhecem Tenet, o obstinado e politicamente sagaz agente, dizem que ser improvável que ele venha a a escrever memórias ‘revelando informações confidenciais e constrangedoras’ de seus sete anos como diretor da Agência Central de Inteligência. Mas, num ano em que o ex-secretário do Tesouro Paul O’Neill e o ex-assessor do Conselho Nacional de Segurança Richard Clarke faturaram enormes best sellers com seus relatos de bastidores da vida no governo Bush, o mundo editorial está salivando.
‘Isto será grande’, disse Phillipa Brophy, presidente da Sterling Lord, que representa escritores. ‘Ele tem de dizer alguma coisa, e as pessoas pagarão muito dinheiro não importa o que ele disser.’
Duas semanas antes de o presidente Bush tomar a decisão final de ir à guerra no Iraque, segundo outro recente best seller, do repórter The Washington Post, Bob Woodward, Tenet disse a Bush que estava ‘forçando a barra’ de que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa.
Agora editores e agentes literários especulam se Tenet foi demitido como um bode expiatório dos erros do governo ou se cometeu um suicídio político para dar ao presidente maiores chances de reeleição.
‘Se ele foi demitido, será que vai revelar os segredos de alguns de seus amigos que sentavam ao redor da mesa?’ especula um outro poderoso agente literário que pediu para não ser identificado. ‘Será que culpará outros ou sairá silenciosamente?’ Quanto um livro contando tudo poderá render? ‘Um milhão e meio’, disse outro agente de Nova York, querendo dizer US$ 1,5 milhão.
Dada ao cronograma de produção, é altamente improvável que Tenet possa escrever um livro para ser publicado antes da eleição – a menos que ele o venha acalentando às escondidas.
Na CIA, um funcionário do serviço de informações disse que Tenet estava pensando em escrever um livro. Mas se seria um livro político ou uma prestação de contas que dê nomes aos bois e entre em detalhes íntimos, isso não se sabe.
‘Ele teve uma perspectiva única sobre o mundo durante pelo menos 12 ou 13 anos’, disse o funcionário. ‘Tem algumas histórias e pontos de vistas interessantes.’’
ECOS DA GUERRA
‘O Kalili tinha razão’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 4/06/04
‘Você se lembra da entrevista de Sérgio Kalili aqui nesta coluna (‘Outro lado é uma Mentira’), em janeiro? A polêmica grassou, sobretudo porque ele ousou discordar de um princípio jornalístico fundamental: devemos ouvir todos os envolvidos e buscar equanimidade na análise. Kalili, que acabou de ser selecionado para estudar em Harvard, voltara de sua missão de correspondente no Iraque, onde trabalhara para o portal AOL.
Apesar da celeuma sobre o ‘outro lado’, chamaram-me a atenção, em um mesmo nível, as denúncias de abusos contra iraquianos pelas forças de ocupação ocidentais. Kalili alertava para a prisão e o para sumiço de jornalistas, para o empastelamento de jornais, para a censura, para a tortura de prisioneiros e a ingenuidade de jornalistas europeus.
Não custa relembrar este trecho: ‘O europeu não conhece a história de tortura e de abuso da política internacional americana na Ásia e na América do Sul e Central como a gente conhece. A gente teve o Chile, a Argentina, o Brasil, El Salvador, Nicarágua, Cuba. A gente sabe que os caras torturam, abusam, matam, fazem guerra suja, apóiam ditador e terrorista para conseguir os objetivos deles. Oferecem dinheiro mesmo, contratam bandido. A CIA está de volta aí com autorização para matar, como tinha antigamente, na época dos anos 70 até 80. O europeu não acredita nisso. ‘Ai, você acha que o americano vai torturar? Não vai. Eu não acredito. Só vendo’. O cara quer ver o cara sendo torturado, na frente dele. E aí você vê que três soldados foram afastados por tortura, por abusar dos prisioneiros. Mas você vê isso na mídia porque o exército falou. Quando o exército fala, eles acreditam’.
Pois é, isso foi tempos antes da divulgação daquelas fotos tenebrosas no presídio de Abu Ghraib. O escândalo não serviu apenas para desmoralizar a ‘política do bom mocinho do Oeste’ de George W. Bush e de um número significativo de seus antecessores (ainda que estes ao menos tentassem disfarçar): veio também para descortinar o preconceito dos jornalistas contra fontes que não lhes são familiares – nacional, étnica e culturalmente. É certo que há excelentes correspondentes americanos e europeus, profissionais que não se curvam diante do próprio umbigo sócio-cultural. Porém, muitos oferecem ao seu ‘consumidor’ um cardápio local, provinciano que jamais lhe parecerá indigesto. Até algum tempo atrás, falar em tortura infligida por americanos desceria muito mal. Hollywood costuma mostrar o contrário. Para citar um só exemplo, os abusos no Vietnã sempre ficaram em segundo plano.
Mas, como disse o Kalili, agora as atenções só começaram a ser despertadas após as primeiras denúncias feitas por militares americanos, ou seja, por fontes oficiais. Aí eu me pergunto: por que diabo precisamos de um repórter que despreza uma torrente de informações prestadas por cidadãos nativos? Nada mais se investiga, se não for ‘crível’ e oficial? Será que ele acha mesmo que os guerreiros ocidentais são nada menos que santinhos no cumprimento de uma missão patriótica? Só valem as tábuas da lei ditadas por seus compatriotas?
Preconceito e ingenuidade ao largo, concluo que muitos repórteres europeus e americanos têm sido furados (jornalisticamente) pelo Exército. Leia este trecho de um despacho recente da agência AFP: ‘Prisioneiros iraquianos detidos em setembro de 2004 em Basra, no sul do Iraque, foram sistematicamente torturados por soldados britânicos, na presença de um oficial. A informação é divulgada pela edição de hoje do jornal britânico The Independant. O jornal cita testemunhos desses prisioneiros, recolhidos pela Polícia Militar britânica, que investiga a morte de um deles, a recepcionista Baha Mussa. Segundo o The Independant, os testemunhos contradizem radicalmente a versão segundo a qual as torturas infligidas aos prisioneiros no Iraque pelas tropas britânicas foram casos isolados, por causa de algumas ovelhas negras’. The Independant ? No meu tempo, era The Independent… Detidos em setembro de 2004? Eu, hein…
Notou o que interessa? Não fosse uma investigação da PE britânica, ninguém diria nada. Ao menos parece que os jornalistas acordaram de seu sonho no país das maravilhas. Mas o que seria deles se não houvesse um relatório, uma sindicância, um inquérito, uma ‘investigação interna’?’
Bons repórteres, esses militares. Bom repórter, esse Kalili.’
O Estado de S. Paulo
‘TV árabe exibe vídeo com os três italianos seqüestrados no Iraque’, copyright O Estado de S. Paulo, 2/06/04
‘A TV árabe por satélite Al-Jazira, com sede no Catar, transmitiu ontem um vídeo em que aparecem três seguranças italianos seqüestrados no Iraque.
Eles estão sentados a uma mesa, comendo. Um deles, Salvatore Stefio, diz que estão sendo bem tratados. ‘Hoje é segunda-feira, 31 de maio de 2004. Nós dizemos ao governo, ao papa, à Igreja Católica e a nossas famílias que até agora temos sido tratados de modo excelente e estamos bem’, afirmou Stefio.
É a segunda vez que os raptores – que se denominam Brigada Verde de Maomé – enviam uma fita mostrando os três reféns.
A Al-Jazira também exibiu um comunicado do grupo, no qual exorta os italianos a se manifestarem contra o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, e o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que chegará hoje a Roma (ler na página A15).
A guerrilha iraquiana seqüestrou em 12 de abril quatro italianos que trabalhavam para uma firma americana de segurança e matou um deles a tiros, depois que a Itália se recusou a atender à exigência de retirar suas tropas do Iraque. Os rebeldes enviaram a uma TV árabe um vídeo mostrando Fabrizio Quattrocchi sendo executado.
Outra TV árabe, a Al-Arabiya, de Dubai, exibiu um vídeo em que um grupo iraquiano ameaça matar um egípcio e um turco seqüestrados no Iraque, se os seus países não condenarem a ocupação americana.
Ontem, Bagdá foi alvo de dois atentados com carro-bomba em dois bairros. No mais mortífero, 5 iraquianos morreram e 32 ficaram feridos. No outro morreu apenas o extremista. Nas cidades de Kufa e Najaf, 6 iraquianos morreram e 30 ficaram feridos nos confrontos entre tropas americanas e milícias xiitas. As milícias acusam o Exército dos EUA de não respeitar um acordo para não entrar na cidade. (AP, AFP e Reuters)’